quinta-feira, 18 de junho de 2015

SOBRE O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

 Acerca do batismo no Espírito Santo não quero, irmãos, que sejais ignorantes.

Pr. Joel Santana


joelangrasantana@gmail.com






Introdução

       Renomados teólogos pentecostais não hesitam em afirmar que a maior necessidade dos que já são salvos pelo sangue de Jesus é o batismo no Espírito Santo. E parece-me que há bons motivos para se pensar assim. Abaixo, pois, discorro sobre este relevante tema _ o batismo no Espírito Santo _, na esperança de que os que ainda não receberam esta bênção, busquem-na até recebê-la, tornando-se assim, mais abundantes na Obra do Senhor.


  

CAPÍTULO I

CORRENTES TEOLÓGICAS SOBRE O BATSIMO NO ESPÍRITO SANTO



       Sobre a bênção chamada batismo no Espírito Santo, há, entre os evangélicos, várias correntes teológicas, tanto entre os pentecostais, quanto entre os não-pentecostais. Vejamos abaixo tais correntes:

1.1. Correntes não-pentecostais

       Os evangélicos não-pentecostais convergem que as línguas estranhas não são a prova do batismo no Espírito Santo. Contudo, há, entre os tais, algumas divergências quanto a que seria esta bênção, e como alcançá-la. Veja estes dois exemplos (expresso com minhas palavras):

1.1.1. Primeira corrente

       “Todos os verdadeiros cristãos são batizados no Espírito Santo. Receberam este batismo (ou este selo, Ef 1.13) na hora em que se converteram ao Evangelho, segundo 1Co 12.13. Logo, não há porque buscá-lo em oração”.

1.1.2. Segunda corrente

       “Ser batizado no Espírito Santo equivale a ser cheio do Espírito Santo. E como nem todos os crentes são cheios do Espírito, concluímos que nem todos os salvos são batizados no Espírito Santo. E é dedicando-se à oração, se santificando e se envolvendo com as coisas de Deus, que se obtém esta bênção, segundo Ef 5.18-21. Esta interpretação fundamenta-se no fato de que no original grego, ‘enchei-vos’ é gerúndio (‘estai-vos enchendo’), o que prova tratar-se de um processo proporcional ao nosso crescimento espiritual. Mas nenhum dom, especialmente o dom de línguas, é, necessariamente, a prova do recebimento desta bênção. Por que um dos menores dons, como é o caso do dom de línguas (1Co 14.5), seria eleito dentre os demais, como a prova da maior das bênçãos, depois da salvação?”.

1.2. Correntes pentecostais

       Que o batismo no Espírito Santo é uma bênção distinta da conversão e, por conseguinte, subseqüente à salvação, convergem todos os pentecostais. Todavia, não somos unânimes em tudo, quanto à evidência externa do recebimento da bênção em lide. Vejamos tais diferenças (expresso com minhas palavras):

1.2.1. Primeira corrente

       “Invariavelmente, o batismo no Espírito Santo se faz acompanhar do falar em outras línguas pelo poder do Espírito Santo; constituindo por isso a glossolalia, na evidência do recebimento do batismo no Espírito Santo, segundo At 10. 45-46”.

1.2.2. Segunda corrente

       “O falar em outras línguas pelo poder do Espírito não é, necessariamente, a prova do batismo no Espírito Santo, segundo 1Co 12.30. Até porque o crente, ao ser batizado no Espírito, pode, ao invés de ser agraciado com o dom de línguas, receber algum outro dom mais relevante do que o dom da glossolalia, como, por exemplo, o dom de profetizar. Este dom, segundo o apóstolo Paulo, é superior ao dom de línguas (1Co 14. 1-5)”.

                                                                            ***

       Donde advém toda essa confusão? Parece-me obvio que essas divergências decorrem do fato de que embora a Bíblia seja um todo harmonioso, está repleta de aparentes contradições. Deste modo, salta aos olhos que um estudo dos paradoxos bíblicos sobre o tema em análise pode ser um adendo nesta questão. Partamos, pois, ao capítulo seguinte.



CAPÍTULO II

PARADOXOS SOBRE AS ATUAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO



       Paradoxo é aquilo que é incoerente, ou que aparenta sê-lo. Neste opúsculo, uso esta palavra nesta última acepção. O porquê disso reside no fato de que embora a Bíblia esteja vazia de contradições, está repleta de afirmações que, à primeira vista, nos parece contraditórias.

2.1. Paradoxos pré-pentecostes

      Relembro que a Bíblia não é contraditória, e que estou, portanto, catalogando apenas o que aparenta sê-lo.
       O Espírito Santo sempre esteve aqui? Sim, ou não? Você verá que a maneira certa de responder a esta pergunta deve ser: Depende. Ou seja: De certo modo, sim; e de certo modo, não. Veja o sim e o não, como dispostos abaixo:

Sim:
       Abra a sua Bíblia, leia os versículos a seguir indicados, e veja com seus próprios olhos que o Espírito Santo está presente na Terra desde a fundação do mundo: a) na criação da Terra (Gn 1.2); b) com Davi (Sl 51.11); c) com João Batista (Lc 1.15); d) com Isabel (Lc 1.41); e) com Zacarias (Lc 1. 67); f) com Simeão (Lc 2.25); g) com Jesus (Lc 10.21); h) com os apóstolos (Jo 14.17; 20.22). Sim, estes textos bíblicos que acabamos de indicar, deixam claro que o Espírito Santo não passou a estar presente e atuante no mundo apenas a partir do Pentecostes, e que os apóstolos já usufruíam da Sua presença até mesmo antes da morte de Jesus.

Não:
        Os apóstolos deviam pedir o Espírito Santo ao Pai (Lc 11.13), e Jesus promete enviar o Espírito Santo aos apóstolos (Jo 14. 26; 15.26; 16.7, 13. Logo, eles ainda não O tinham.

                                                                            ***

       Claro está que os apóstolos não teriam que orar, pedindo o Espírito Santo ao Pai, se já O possuíssem. Tampouco Cristo poderia prometer aos Seus discípulos que no futuro lhes enviaria o Espírito Santo, se este já estivesse com eles. Assim, acabamos de ver uma aparente contradição na Bíblia, a saber, ela diz que o Espírito Santo já estava no mundo muito antes do Pentecostes, e que os apóstolos então já O possuíam; como também diz que o Espírito Santo ainda não estava com os apóstolos antes da morte de Jesus. Por que isso?! Antes de responder a esta pergunta, vamos ver mais alguns paradoxos sobre este assunto.

2.2. Paradoxos pós-pentecostes

       Atualmente, todos os salvos têm o Espírito Santo? Sim, ou não? Desta vez também, a resposta deve ser depende. Senão, semelhantemente ao proceder acima, vejamos o sim e o não a baixo dispostos:

SIM:
       Leia na Bíblia At 5.32; Rm 8.9; 1Co 1.22; 4.30; e Ef 1.13, e veja que, segundo estes versículos, todos os cristãos verdadeiros têm o Espírito Santo, e que O receberam na hora em que se tornaram crentes em Jesus. Portanto, para que pedirmos o Espírito Santo a Deus?

NÃO:
       Agora, leia At 8. 14-19; e 19. 1-7, e veja que, segundo estes versículos, tal como fora antes do Pentecostes (Lc 11.13), os salvos ainda devem pedir em oração que Deus lhes dê o Espírito Santo. Logo, nem todos os salvos O têm. Sim, buscar o Espírito Santo em oração seria desnecessário aos crentes em Cristo, se todos O recebessem no ato da conversão à fé cristã.

2.3. Aclarando os paradoxos

       Os paradoxos (ou seja, as aparentes contradições) oriundos das multiformes atuações do Espírito Santo, nada mais são que uma questão de relatividade.
       No nosso dia-a-dia somos paradoxais amiúde, embora nem sempre percebamos isso. Dizemos que não temos dinheiro, com dinheiro na carteira; e dizemos que um copo está vazio, mesmo sabendo que basta o mesmo estar molhado por dentro, para podermos afirmar que há água nele, e que, portanto, não está vazio, exceto em termos relativos. Nestes casos, não ter dinheiro significa não estar de posse do valor necessário para a aquisição de um determinado bem. Exemplo: Não compro aquela fazenda porque não tenho dinheiro. E quanto ao copo vazio, ou sem água, embora com o seu interior molhado, não há dúvida de que, neste caso, queremos dizer apenas que não há nele a quantidade de água necessária para que se possa dizer tratar-se de um copo d’água.
       Na Bíblia encontramos diversos casos de relatividades. Veja estes exemplos: Em Fp 3.12 Paulo confessa que ele não era perfeito, mas no versículo 15 ele afirma que o era. Esta aparente contradição se explica assim: Paulo era um ser humano, um descendente de Adão e, portanto, imperfeito. Mas, como ele estava sob a graça que procede da cruz, as suas imperfeições não lhe eram imputadas; antes, eram como se não existissem, pois perfeito é o perdão que Deus nos dá em Cristo. Do mesmo modo, todo cristão ainda não batizado no Espírito Santo tem, não obstante, uma operação “x” deste Espírito na sua vida. Mas isso é “nada”, quando comparado com o que Deus projetou para nós. Portanto, os apóstolos podiam dizer que todos os salvos têm o Espírito Santo (Rm 8.9); e, ao mesmo tempo, orar pelos salvos que ainda não haviam recebido o Espírito Santo, para que também O recebessem (At 8.14-17; 19.1-6).
     Com quem os apóstolos aprenderam a fazer toda essa “confusão”? Resposta: Com Jesus. Sim, com Jesus. Jesus disse aos apóstolos que seria enviado a eles, Aquele que já habitava com eles, como já vimos (Jo 14. 16-17, 26; 15.26; 16.7,13). Como enviar aos apóstolos Aquele que já habitava com eles? Em primeiro lugar, não se preocupe, Jesus é assim mesmo. As coisas de Deus são profundas e misteriosas. Aleluia por isso! Em segundo lugar, salta aos olhos a relatividade.
       Há quem diga que as paradoxais palavras de Jesus, constantes de Jo 14. 16-17, 26; 15.26; 16. 7,13, devem ser explicadas assim: Antes do Pentecostes os apóstolos tinham o Espírito Santo habitando com eles, mas a partir do Pentecostes o Espírito Santo passou a estar neles. Mas essa “explicação” mantém o enigma por desvendar, posto que:

1º) De um jeito ou de outro, o mistério continua, pois Jesus promete enviar aos discípulos Aquele que já estava com eles: “...habita convosco...” foi o que disse o Senhor (Jo 14.17). Veja que Ele não falou aos discípulos assim: “Rogarei ao Pai, para que Ele faça habitar em vocês Aquele já habita com vocês”. Mas o que Ele disse é que mediante Seus rogos o Pai iria enviar a eles Aquele que já habitava com eles. É verdade que Ele disse que Aquele que já estava com eles, um dia passaria a morar neles. Mas Ele não disse só isso, e estamos analisando o fato Dele haver dito que iria enviar a eles Aquele que já estava com eles. Sim, Jesus disse também que o Espírito Santo seria enviado a eles. E é aqui que reside o mistério que ora analisamos. Mas este intrigante enigma é minimizado, quando compreendemos que há relatividade nas páginas da Bíblia. É que, de certo modo, o Espírito já estava com eles; e de certo modo, Ele ainda estava por vir a eles;

2º) como já sabemos, os que argumentam que antes do Pentecostes o Espírito Santo não habitava nos apóstolos, mas sim com eles, baseiam-se no fato de o Senhor lhes ter dito que o Espírito Santo “habita convosco” e “estará em vós. Mas continuaremos a ver que nestas palavras do Mestre encerram-se mistérios que devem ser desvendados à luz do contexto, e não aleatoriamente. Quem nos autorizou a dar asas à imaginação na interpretação da Palavra de Deus? Um ponto de vista teológico deve ser extraído da própria Bíblia. Doutro modo é invencionice.
       Se o fato de Jesus haver dito que o Espírito Santo habitava com os apóstolos, e que futuramente estaria neles, nos desse base para dizermos que antes do Pentecostes eles tinham o Espírito Santo habitando com eles e não neles, poderíamos dizer também que nem mesmo depois do Pentecostes os apóstolos tinham o Espírito Santo morando neles, pois que Jesus lhes disse também que após receberem o Espírito Santo, este ficaria com eles para sempre. Veja que Jesus não disse assim: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que habite em vós para sempre”, e sim, “para que fique convosco para sempre”. Logo, se o fato de Jesus lhes dizer “habita convosco” provasse que antes do Pentecostes eles não tinham o Espírito Santo habitando neles, mas apenas com eles, o fato de Jesus dizer “para que fique convosco”, provaria também que nem após o Pentecostes o Espírito Santo habitava neles, mas apenas com eles. Sim, pois o Senhor, falando do que ocorreria a eles após receberem o outro Consolador, disse: “para que fique convosco...”. Afinal, convosco, ou em vós? Resposta: convosco e em vós, segundo Jesus, visto que Ele faz ambas as afirmações. Logo, o fato de Jesus dizer que os apóstolos, após receberem o batismo no Espírito Santo, teriam o Espírito Santo habitando com eles, prova que o fato do mesmo Jesus lhes ter dito antes de batizá-los no Espírito Santo, que este habitava com eles, não prova que o Espírito Santo não habitava neles antes do Pentecostes. Se provasse, então os apóstolos nunca teriam sido habitação do Espírito Santo, visto que Jesus disse também que o Espírito Santo viria para ficar com eles. Portanto, todo verdadeiro cristão, quer seja batizado no Espírito Santo, quer não, tem o Espírito Santo habitando tanto consigo quanto em si. Antes de Jesus me batizar no Espírito Santo, eu já sentia o Espírito Santo em mim, e não apenas perto de mim, junto de mim, e comigo. E esta é a experiência de todo crente fiel, sendo ou não batizado no Espírito Santo. Ora, se Jesus era capaz de dizer que Ele ia enviar aos Seus discípulos, Aquele que já estava com eles, não seria capaz de dizer também que a partir do Pentecostes eles teriam morando neles Aquele que já habitava neles? Ele disse realmente “habita convosco e estará em vós”, mas também disse “para que fique convosco”, referindo-se à então futura vinda Daquele que, segundo Ele, já habitava com eles, como acabamos de ver.
       Aclarando: Quando a Bíblia diz que todos os crentes têm o Espírito Santo (Rm 8.9; Ef 1.13)), está se referindo a uma determinada operação do Espírito Santo. Esta é comum a todos os salvos não batizados no Espírito Santo. E quando diz que nem todos os salvos têm o Espírito Santo (At 8.14-17), está se referindo a uma maior operação do Espírito, que na Bíblia recebe, entre outros, os seguintes nomes:

·         Derramamento do Espírito Santo;
·         Vinda do Espírito Santo;
·         Batismo no Espírito Santo;
·         Encher-se do Espírito Santo;
·         Descida do Espírito Santo;
·         Caída do Espírito Santo;
·         Recebimento do Espírito Santo.

2.4. “Explicando” os paradoxos

       Usei aspas na epígrafe acima (“explicando”), em desdém à errônea explicação que passo a enumerar.
       Certo dia alguém tentou explicar as aparentes contradições que ora consideramos, dizendo que houve nos primeiros anos do Cristianismo quatro igrejas. Nestas, a manifestação do Espírito, na fase inaugural de Seu Ministério, tomou diferentes formas, até atingir o seu ápice, quando então se estabeleceu um padrão único. A estas supostas “diferentes formas da manifestação do Espírito Santo na fase inaugural do Ministério do Espírito”, o dito expositor chamou de “Evolução do Espírito Santo”. Ele argumentou mais ou menos assim:

2.4.1. Primeira “explicação”

       “No dia de Pentecostes (At 2) o Espírito Santo tratou com uma igreja cem por cento judia. Ao receber o Espírito Santo, aquela igreja teve experiências ímpares: som como que de um vento veemente e impetuoso que encheu toda a casa, e línguas como que de fogo que pousaram sobre suas cabeças;

2.4.2. Segunda “explicação”

       “Em Samaria (At 8), o Espírito Santo tratou com uma igreja mista, a saber, uma igreja composta de judeus e gentios (os samaritanos eram uma miscigenação de judeus e gentios). Diferentemente da igreja que estivera no cenáculo no dia de Pentecostes, estes crentes (de Samaria) não falaram em outras línguas, não viram línguas como que de fogo, tampouco ouviram um som como que de um vento veemente e impetuoso. Ademais, a eles não ocorreu o que ocorre a nós, atualmente, isto é, não receberam o Espírito Santo na hora da conversão à fé cristã, mas sim, depois, quando Pedro e João foram lá e oraram por eles;

2.4.3. Terceira “explicação”

       “Em Cesaréia (At 10 e 11) o Espírito Santo lidou com uma igreja formada só por gentios, o que a difere da igreja de At 2, bem como da igreja de At 8. Diferentemente da igreja de At 2, bem como da igreja de At 8, esta igreja (a igreja gentia de At 10) recebeu o Espírito Santo no ato da conversão a Cristo. E tal qual a igreja de At 2, a igreja de At 10 falou línguas sobrenaturalmente, mas não viu línguas como que de fogo, nem ouviu som algum, como ocorrera à igreja de At 2;

2.4.4. Quarta “explicação”

       “Os discípulos de Éfeso (At 19), sequer sabiam da existência do Espírito Santo. Ora, isso explica o fato de não terem recebido antes, o batismo no Espírito Santo”.

2.4.5. Quinta “explicação”

       “A evolução das operações do Espírito Santo atingiu o seu clímax ainda nos dias do apóstolo Paulo; por cujo motivo, mais tarde este apóstolo deixou claro que todos recebem o Espírito Santo na hora da conversão à fé cristã (Rm 8.9; Ef 1.13)”.

2.4.6. Sexta “explicação”

       “Portanto, os pentecostais equivocam-se por ensinar que o crente deve orar pedindo a Deus que lhe dê o Espírito Santo, pois já O temos desde o momento em que nos convertemos ao Evangelho. Não foi assim no cenáculo, não foi assim em Samaria, não foi assim em Cesaréia, e não foi assim em Éfeso, mas é assim pelo menos desde que a Epístola aos Romanos foi composta”.

2.5. Rejeitando as “explicações”

       Despido de arrogância, peço licença para discordar das “explicações” supra, conforme exposto abaixo:

       Parece-me que a verdade é outra. Creio que, à luz da Bíblia, os novos convertidos de Samaria receberam o Espírito Santo na hora em que aceitaram a Jesus como Salvador de suas vidas (Rm 8.9; Ef 1.13). Mas, se assim é, porque diz então a Bíblia que os apóstolos Pedro e João oraram por esses novos crentes a fim de que recebessem o Espírito Santo (At 8.14-17)? A resposta certa é: Neste caso, receber o Espírito Santo diz respeito ao recebimento do batismo no Espírito Santo, o que, na maioria das vezes não ocorre no ato da conversão à fé cristã, por cujo motivo deve ser buscado em oração (Lc 11.13; At 8.14-17; 19. 1-7).
       Não existe esse negócio de evolução das manifestações do Espírito Santo (a não ser individualmente) dentro de uma mesma Dispensação. De uma Aliança para a outra há, sim, operações distintas. Abel, Enoque, Abraão, Noé, Moisés, Elias, Isaías, etc., nunca falaram em outras línguas. Por que isso? Resposta: Durante as Dispensações nas quais eles viveram, o falar em outras línguas não fazia parte do programa de Deus para aquele momento. Deus reservou isso para a dispensação atual, chamada de Era da Igreja. Isto, e mais nada. Portanto, de certo modo, o Espírito Santo já habitava com os servos do Senhor antes do Pentecostes (“O Espírito ... habita convosco...” [Jo 14.17], disse Jesus aos Seus discípulos). Mas de certo modo, ninguém tinha ainda o Espírito Santo (“... se eu não for, o Consolador não virá” [no futuro] “a vós” [Jo 16.7]). Sim, ratifico que antes do Pentecostes, todos os cristãos “tinham” e “não tinham” o Espírito Santo. E, atualmente, ainda há os que não O têm, tendo (não se trata de erro gráfico. Eu quis dizer “não O têm tendo”). Estes que não O têm, tendo, são os salvos que ainda não são batizados no Espírito Santo. É que os tais, embora já tenham o Espírito Santo _ posto que se ainda O não tivessem, não seriam de Cristo, e sim, do diabo (Rm 8.9) _, mas ainda não receberam o batismo no Espírito Santo, também chamado, por uma questão de relatividade, de recebimento do Espírito Santo. Relembramos que, de certo modo, é correto dizer que todos os que são de Cristo sempre tiveram e têm o Espírito Santo. E que, também de certo modo, podemos, segundo a Bíblia, dizer que nem todos os crentes verdadeiros têm o Espírito Santo.
       Essa tal de “evolução do Espírito Santo” ou “evolução das manifestações do Espírito Santo”, nada mais é que especulação, invencionice e devaneios. Toda essa argumentação se baseia em premissas falsas que, por sua vez, se fundamenta no seguinte silogismo (expresso com minhas palavras):

“Uma vez que embora o apóstolo Paulo tenha dito que todos os crentes têm o Espírito Santo (Rm 8.9), a Bíblia nos diz em At 8.14-17, que certos crentes não receberam o Espírito Santo no ato da conversão à fé cristã, deve ter ocorrido uma evolução nas operações do Espírito Santo. Logo, nos primeiros anos da Igreja, nem todos recebiam o Espírito Santo na hora em que se convertiam a Cristo, mas, quando a Epístola aos Romanos foi escrita, já não era mais assim”.

       Portanto, tudo não passa de dar asas à imaginação. O correto, porém, é abrirmos a Bíblia e vermos o que Deus tem a nos dizer, como o fez Josué: “... Que diz meu Senhor ao seu servo?” (Js 5. 14). Imitando a Josué, perguntemos: “Que diz a Bíblia?”. E, como vimos, muito antes do episódio de At 2, que narra o momento em que o Espírito Santo veio aos apóstolos, Jesus disse que aos Seus discípulos que o Espírito Santo já habitava com eles. Afinal de contas, o Espírito Santo já estava aqui, habitando com os apóstolos, ou veio a eles somente a partir do dia de Pentecostes? Você já sabe a resposta. Ele desceu sem descer, e veio sem vir. É que não se trata de uma descida ou vinda literal, uma vinda ou descida do Céu à Terra, mas de uma “descida” especial à nossa vida, uma “vinda” singular ao nosso coração. É neste sentido que ele desceu no dia de Pentecostes, segundo At 2. E uma prova a mais de que não se trata de uma vinda ao pé da letra, e sim em termos transcendentais, é o fato de que, embora Jesus tenha dito que o Espírito Santo viria para ficar conosco para sempre (o que se cumpriu no Dia de Pentecostes), os apóstolos oraram pelos novos convertidos de Samaria, para que os tais recebessem o Espírito Santo. E nos diz a Bíblia que então o Espírito veio sobre eles (At 8. 14-17). Ora, se o Espírito Santo veio (ou desceu) para ficar conosco para sempre, a partir do Pentecostes, então Ele está conosco desde então. E, se Ele está conosco, então Ele não voltou para o lugar de onde veio. E, se Ele não voltou para o lugar de onde veio, então não há porque nem como vir outra vez. Mas, contrariando a lógica humana, a Bíblia nos diz que Ele continua vindo. Ele continua descendo. Veja novamente: “... sobre nenhum deles tinha ainda descido ...” (At 8.16. Grifo nosso); “... caiu o Espírito Santo sobre todos...” (At 10.44. Grifo nosso); “...veio sobre eles o Espírito Santo ...” (At 19.6. Grifo nosso). Então o Espírito Santo que “veio” no dia de Pentecostes, já estava aqui antes disso, o que nos soa um tanto inusitado. E, como se não bastasse, continua vindo, apesar de não ter voltado para o lugar de onde veio; e continua descendo, embora não tenha subido para o lugar de onde desceu. Sim, leitor, embora Ele não tenha se ido após vir, pois “veio” para ficar, continua “vindo”. Isto prova que precisamos estar cientes de que o que a Bíblia diz acerca das operações do Espírito Santo, é coisa profunda que transcende às fronteiras da razão humana. Segundo a Bíblia, acerca de cada crente não-batizado no Espírito Santo, se pode dizer que o mesmo ainda não tem o Espírito Santo; embora se possa dizer também que o tal já tem o Espírito Santo: recebeu-O no momento da conversão. Lembre-se: No dia de Pentecostes “veio” para ficar com os apóstolos Aquele que já habitava com eles, assim como também, todo fiel cristão, ao ser batizado no Espírito Santo, recebe Aquele mesmo Espírito Santo que ele já havia recebido no exato momento em que aceitou a Jesus. É isto que a Bíblia diz, e isto é mistério. Isto nos intriga, mesmo quando sabemos tratar-se de uma questão de relatividade. Sim, leitor, segundo a Bíblia, assim como no dia de Pentecostes, veio para ficar com os apóstolos Aquele que já habitava com eles, todo crente, ao ser batizado no Espírito Santo, recebe o mesmo Espírito Santo que ele já havia recebido na hora em que aceitou a Jesus. É mistério, ou não é? Obviamente que sim, mas o fato de sabermos que se trata de uma questão de relatividade, minimiza o enigma.
       Segundo a Bíblia, o Espírito Santo não foi dado, senão depois da glorificação de Cristo (Jo 7.38-39). Isto, somado ao fato de Jesus haver dito aos apóstolos que o Espírito Santo “habita convosco, e estará em vós”, leva muitos a pensarem que antes do Pentecostes, o Espírito Santo não morava nos servos de Deus, mas apenas com eles. Mas essa não passa de mais uma conclusão equivocada, embaraçada nos paradoxos. Para cientificar-se da fragilidade desse ponto de vista, basta lembrarmos que muito antes do Pentecostes já havia pessoas cheias do Espírito Santo. João Batista, Isabel e Zacarias eram cheios do Espírito Santo (Lc 1.15,41,67). Ora, como poderiam eles serem cheio do Espírito Santo, tendo-O apenas com eles, e não neles? Até mesmo os servos do Senhor do Antigo Testamento, não tinham o Espírito Santo apenas com eles, mas neles. Um claro exemplo disso, consta do Sl 51.11, onde o Davi suplica que Deus não retire dele o Seu Espírito Santo. Logo, Davi tinha o Espírito nele, e não apenas com ele. Veja que Davi não disse assim: “Não retires o teu Espírito de perto de mim”, mas sim, “Não retires o teu Espírito de mim”. Então o Espírito estava nele, e não apenas com ele. Ora, por que os apóstolos não poderiam ter o Espírito Santo neles, antes do Pentecostes, se Davi, João Batista, Isabel e Zacarias puderam tê-Lo? Ademais, parece-me não-bíblico, crer que Elias, Eliseu, Daniel, Josué, Ezequiel, Jeremias, Isaías, etc., não eram cheios do Espírito Santo. Certamente, pois, que os apóstolos também tinham o Espírito Santo morando neles, e eram cheios Dele. Mas há, a partir do Pentecostes, uma maneira especial de se ter o Espírito Santo. E é neste sentido que eles só O receberam após a glorificação do Senhor. Aliás, neste sentido, ainda é grande o número de crentes, verdadeiramente salvos que, não obstante, ainda não O receberam. São como os crentes de Samaria, pelos quais oraram os apóstolos Pedro e João, para que recebessem o Espírito Santo.
       Parece-me evidente que já não há dúvida alguma no leitor, de que muitos dos que tentam entender o que a Bíblia realmente diz acerca do batismo no Espírito Santo, não atingem o alvo porque se emaranham nos paradoxos.



CAPÍTULO III

SOMOS TODOS BATIZADOS NO ESPÍRITO?



       Já fiz constar que há quem diga que sim, bem como os que destoam desta opinião. Ademais, não ignoramos que entre os que respondem negativamente à interrogação que deu título ao presente capítulo, há mais de uma corrente teológica acerca da mesma. Mas agora voltamos a considerar estas posturas discrepantes, trazendo à tona mais novidades.

3.1. Somos batizados no Espírito Santo há dois mil anos?

       Há quem responda positivamente à pergunta epigráfica deste subcapítulo. Tais teóricos argumentam mais ou menos assim:

“Já que no dia de Pentecostes, o Espírito Santo que desceu sobre a Igreja, veio para ficar (Jo 14.16), então Ele não voltou para o Céu, antes mantém a Igreja Nele imersa, ou seja, batizada. E, sendo assim, quando uma pessoa se torna cristã, passa a fazer parte da Igreja que está batizada no Espírito Santo desde o dia de Pentecostes. E, considerando que todos os cristãos pertencem àquela que é batizada no Espírito desde o dia de Pentecostes, pode-se dizer, então, em termos espirituais, que os tais são batizados no Espírito Santo há quase dois mil anos: receberam-No no dia de Pentecostes. Como todos os humanos pecam em Adão (Rm 5.12-20), todos os salvos somos batizados no Pentecostes”.

       Mas, como vimos, os apóstolos Pedro e João não pensavam assim, razão pela qual oraram pelos novos convertidos de Samaria, para que recebessem o Espírito Santo. Neste caso, receber o Espírito Santo só pode ser receber o batismo no Espírito Santo, ou ficar cheio do Espírito Santo, já que a Bíblia é categórica ao dizer que todo verdadeiro crente recebeu o Espírito Santo no ato da conversão (Rm 8.9; Ef 1.13; 1Jo 3.24; 4.13).
       Os defensores desse devaneio que ora refutamos, precisam atentar para o fato de que uma vez que o Espírito Santo já estava aqui antes de “vir” para cá, então, embora Ele não tenha voltado (pois “veio” para ficar conosco para sempre, como nos prometera Jesus em Jo 14.16), nada Lhe impede de continuar “vindo”. Lembremo-nos que o Espírito Santo é Deus, e que, portanto, é infinito. Logo, não podemos imaginá-Lo vindo, voltando, subindo, descendo, saindo de um canto e indo para outro, etc. Ele é onipresente e, portanto, já está em todos os lugares simultaneamente.
       Outra prova extraída da Bíblia de que nem todos os cristãos são batizados no Espírito Santo, é o fato de o apóstolo Paulo ter perguntado aos irmãos de Éfeso se eles já haviam recebido o Espírito Santo (At 19.1-7). Ora, se ele pensasse como muitos hoje pensam, jamais formularia essa pergunta, que seria um tanto indiscreta. Sim, para que interrogar assim, se fosse impossível ser crente sem receber o Espírito Santo? Neste caso, faria sentido perguntar se eles eram ou não crentes, mas indagar se haviam recebido o Espírito Santo quando creram, revelaria ignorância. Conseqüentemente, os que dizem que todo crente já recebeu o Espírito Santo, precisam considerar que embora esta afirmação seja relativamente verdadeira, é relativamente falsa, à luz da Bíblia. Ou seja, todos os crentes têm, sim, o Espírito Santo, e O receberam no ato da conversão. Mas, como o batismo no Espírito Santo também recebe, entre outros títulos, o nome de recebimento do Espírito Santo, então, neste sentido se pode dizer que nem todos os crentes já receberam o Espírito Santo, visto que nem todos os crentes são batizados no Espírito Santo. E a prova de que estou na trilha certa é o fato de apóstolo Paulo indagar à igreja de Éfeso: “Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes?” E esta pergunta, ó leitor, tem sua razão de ser ainda hoje, posto que ainda há, de certo modo, muitos “discípulos em Éfeso” e “em Samaria” At 8).
       O ponto alto do que eu disse acima é que, embora todo crente em Cristo tenha o Espírito Santo, paradoxalmente nem todo crente em Cristo tem o Espírito Santo. Isto é, todo crente não batizado no Espírito Santo tem em si uma operação “x” do Espírito Santo, mas nem todo crente tem a operação “xy” do Espírito Santo. E é esta operação xy do Espírito Santo, chamada também de batismo no Espírito Santo que, segundo Jesus e os apóstolos, deve ser buscada em oração (Lc 11.13; At 8. 14-17; 19.1-7). De certo modo, nenhum cristão precisa pedir o Espírito Santo a Deus, pois já O possui (Rm 8.9; Ef 1.13, etc.). E, de certo modo, nem todos os cristãos verdadeiros têm o Espírito Santo, por cujo motivo deve buscá-Lo em oração, até recebê-Lo, como demonstramos acima.

3.2. “Somos batizados no Espírito Santo desde a conversão”

       Tudo que eu disse acima, em consideração ao subcapítulo 2.1, pode ser dito aqui também, já que os defensores da teoria que ora passamos a limpo, embora não digam que somos batizados no Espírito Santo desde o Pentecostes, insistem na crença de que todos os salvos receberam o batismo no Espírito Santo quando se tornaram crentes em Jesus. Logo, é oportuno que lhes refresquemos a memória, sugerindo-lhes que releiam o que jaz sob o subcapítulo 2.1, além de detidamente meditarem em At 8.14-17; e 19.1-7. Mas, como não basta que recapitulemos os argumentos lá exibidos, faremos no parágrafo abaixo outras considerações.
       Uma das razões pelas quais muitos crêem que todos os cristãos são batizados no Espírito Santo, é o fato de o apóstolo Paulo haver dito que “todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo ...” (1Co 12.13). Mas neste caso, Paulo não se refere ao batismo no Espírito Santo, e sim, ao batismo pelo Espírito Santo. É o Espírito Santo quem nos leva à conversão e, por conseguinte, é Ele quem nos introduz no corpo de Cristo que é a Igreja. Nós nos tornamos membros do corpo de Cristo pela fé no sangue de Jesus (Ef 2.8-9; Rm 3. 25), mas é o Espírito santo quem nos impele à conversão (Jo 16. 8) e, portanto, a nossa inserção no corpo de Cristo não se dá à parte do Espírito Santo. E é a esta introdução no corpo de Cristo que Paulo se refere em 1Co 12.13.
       Na ARA (Almeida Revista e Atualizada) este versículo está melhor traduzido do que na ARC (Almeida Revista e Corrigida). Desta versão transcrevo agora: “...Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo ...” (Grifo nosso). Batizar é imergir, e o texto alude a esta “imersão” do pecador no corpo de Cristo. Esta “imersão” se dá quando o pecador se converte. Na hora da conversão, o pecador se salva, e, conseqüentemente, passa a fazer parte do corpo de Cristo. Paulo está, pois, falando do batismo pelo Espírito Santo, e não do batismo no (ou com, dependendo da versão) Espírito Santo.

  

CAPÍTULO IV

LÍNGUAS ESTRANHAS _ A PROVA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO



       A maioria dos pentecostais cremos que o falar em outras línguas constitue a prova do batismo no Espírito Santo. Ora, do fato de eu dizer que a maioria dos pentecostais cremos assim, se subtende que esta opinião não divide os evangélicos em apenas pentecostais e tradicionais, e sim, que até mesmo nós, os pentecostais, nos fracionamos ante a mesma. Os que opõem ao parecer de que o falar em outras línguas não constitui a prova do batismo no Espírito Santo, argumentam assim (expresso com minhas palavras):

“No dia de Pentecostes, além do falar em outras línguas, ocorreram outros fenômenos: um som como que de um vento veemente e impetuoso que encheu toda a casa, e línguas como que de fogo. Logo, os que dizem que o falar em línguas estranhas (ou línguas estrangeiras) constituem a prova do batismo no Espírito Santo, estariam fazendo uma seleção aleatória ou arbitrária, sem, pois, qualquer base ou critério bíblico”.

    Os tais nos perguntam:

“Por que vocês não exigem também a repetição de dois dos três fenômenos ocorridos no dia de Pentecostes: 1) som como que de um vento e línguas como que de fogo? Por que exigem só o falar em outras línguas?”

       Mas os teológicos pentecostias, que defendem a tese de que as línguas estranhas constituem a prova do batismo no Espírito Santo, não se baseiam cegamente em At 2. 1-4; antes, nos apresentam os seguintes argumentos:

4.1. Primeiro argumento

       Em At 10. 46, consta que foi o falar em línguas que provou aos irmãos judeus que os gentios também haviam recebido o Espírito Santo. O texto diz: “porque os ouviam falar em línguas...”;

4.2. Segundo argumento

       At 8.18-19 diz que Simão presenciou algo tão estupendo que se interessou em aprender a realizar o mesmo fenômeno. E, por tal aprendizado, ele se prontificou a até pagar. Que viu ele? Seja qual for a resposta, o que ele presenciou foi tão forte que lhe impressionou.
       A glossolalia (isto é, o falar em outras línguas) esteve presente textualmente por três vezes em Atos dos Apóstolos (nos capítulos 2, 10, e 19). E, quanto a At 8, sabemos apenas que ocorreu algo tão impressionante que Simão se dispôs a pagar pelo aprendizado da ministração do fenômeno. Deste modo, embora as línguas estranhas não sejam mencionadas textualmente, talvez estejam subentendidas.
       At 8 deixa claro que os apóstolos sabiam que os samaritanos ainda não haviam recebido o Espírito Santo. Que os levou a essa conclusão? Que lhes provou que  igreja de Samaria ainda não havia recebido a bênção? Pensem nisso os sinceros!
       Sabemos pela Bíblia que esta bênção nem sempre se faz acompanhar de línguas como que de fogo, bem como por um som como que de um vento veemente e impetuoso, já que estes dois fenômenos não se repetiram nos capítulos 10 e 19 de Atos dos Apóstolos. Mas, e as línguas estranhas? Estas aparecem textualmente por três vezes e, talvez estejam subentendidas em At.8. 14-17.
       Há quem diga que em At 8 não se repetiu a glossolalia. Mas quem  pode provar isso? O texto não diz nem que sim, nem que não. Logo, é temerário bater o martelo. Lembre-se que Simão jamais ficaria impressionado por uma coisa não impressionante. Que lhe teria impressionado tanto? Que ele presenciou de estupendo? Pensem nisso os que ainda pensam!

4.3. Terceiro argumento

       Já que Deus determinou que busquemos esta bênção até recebê-la (Lc 11.13; At 8 14-17; 19. 1-7), necessário se faz que haja um sinal inconfundível, para sabermos se já a recebemos ou não. Doutro modo corremos o risco de pararmos de buscá-la em oração antes de a recebermos, por confundi-la com alguma outra manifestação do Espírito Santo. Isto posto, pergunto: a) Será que esta negligência não nos traria prejuízos? b) se sim, um sinal inconfundível não nos seria importante e necessário? c) e considerando a importância de tal sinal, é razoável concluirmos que Deus não no-lo deu? E, caso se responda negativamente à primeira interrogação acima, pergunto: Se realmente não faz diferença buscar ou não esta bênção, por que Jesus e os apóstolos ensinaram exatamente o contrário disso, como vimos enquanto analisávamos juntos Lc 11.13; At 8.14-17; e At 19. 1-7)? Pensem e repensem, os sinceros!

4.5. Quinto argumento

       Paulo, nos capítulos 12-14 de sua 1 Epístola aos Coríntios, especialmente no capítulo 14, versículos 2, 13, 27 e 30, deixa evidências de que há distinção entre as línguas como sinal do batismo no Espírito Santo, e as línguas como dom. Em outras palavras: a) É possível falar em línguas sem ter o dom de línguas, assim como todo crente pode e deve pregar o Evangelho e, assim, ganhar muitas almas para Jesus, embora saibamos que nem todos são evangelistas (Ef 4. 11); b) todo crente pode curar os enfermos em nome de Jesus, já que este poder é um dos sinais que, segundo o Senhor, seguiriam os que crêem no Seu nome (Mc 16. 17-18), embora saibamos paralelamente que nem todos têm o dom de curar (1Co 12.9,30); c) obviamente, todo cristão verdadeiro têm fé, mas a Bíblia nos informa que o dom da fé não é comum a todos os cristãos (1Co 12.9). Logo, aqui também há distinção entre fé e fé: a fé comum aos salvos, e a fé como dom.




CAPÍTULO V

HÁ DIFERENÇA ENTRE O SINAL E O DOM?



      As evidências bíblicas quanto à distinção entre as línguas como sinal do batismo do Espírito Santo, e as línguas como dom espiritual, são as seguintes:

5.1. Primeira evidência

       Paulo disse que quem fala línguas não fala aos homens, e sim, a Deus, por que em espírito fala mistérios (1Co 14.2). Porém, mais adiante, afirmou que se alguém falar línguas, que se faça isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e que haja intérprete (1Co 14.27-28). Ora, se se está falando a Deus e não aos homens, por que o número de falantes deve se limitar a no máximo três, e por sua vez? Será que Deus não conseguiria atender a todos ao mesmo tempo? Por que tem que haver interpretação? Não conhece Deus todos os mistérios? E, pior ainda: Não conhece Deus nem mesmo os mistérios que procedem Dele mesmo? Estes regulamentos (número limitado de falantes, um de cada vez, e a presença do dom de interpretação) seriam desnecessários se nos versículos 27-28, o apóstolo estivesse falando das mesmas línguas mencionadas no verso 2, já que Deus pode atender a todos ao mesmo tempo, e nem precisa de intérprete, visto que tais mistérios só o são para nós, nunca, porém, para Ele, que sabe todas as coisas, e também porque tais mistérios procedem Dele mesmo.

5.2. Segunda evidência

       No dia de Pentecostes, cerca de 120 irmãos falaram em línguas a um só tempo (At 2). Teria o próprio Espírito Santo, induzido os discípulos a transgredir o que consta de 1Co 14.27-28, já que foi Ele mesmo quem os fez falar em outras línguas ao mesmo tempo?

5.3. Terceira evidência

       Os que não crêem que haja as línguas como sinal, e as línguas como dom, teriam coragem de dizerem que certo culto foi uma desordem, só porque no mesmo o Senhor batizou mil irmãos e todos eles falaram em línguas ao mesmo tempo? Você tentaria calar tais irmãos, se presenciasse coisa assim? Não?! Por que não, se Paulo disse que o falar em línguas só deve ser feito por dois, ou quando muito três, um de cada vez, e só se houver intérprete?
       “Um abismo chama outro abismo” (Sl 42.7). Logo, o erro de não se admitir a distinção entre o sinal e o dom, nos induzirá a pôr fim nos antigos cultos pentecostais, inaugurados há quase dois mil anos, quando, não raramente, a um só tempo multidões falavam em línguas, como bem atesta a Bíblia e a História Eclesiástica.
       Eu conheço um pastor pentecostal que não permite que mais de um irmão por vez fale em línguas em sua igreja. E, aparentemente, ele está cheio de razão, pois assim teria feito e ensinado também o apóstolo Paulo. Mas na verdade, ele está apenas tentando tapar a boca do Espírito Santo. Ele está errado. Mas ele estaria certíssimo, se deveras não houvesse distinção entre o sinal e o dom.

5.4. Quarta evidência

       Paulo deixou claro em 1Co 12.30 que nem todos falam em ouras línguas. Logo, aqui as línguas são um dos dons espirituais. E, como sabemos, nenhum dos dons espirituais é concedido a toda a Igreja, pois há, segundo a Bíblia, uma distribuição dos dons, efetuada pelo Espírito Santo (1Co 12-14). Nesta distribuição, os membros da Igreja recebem diferentes dons. Mas no dia de Pentecostes (At 2.1-4) todos falaram em outras línguas. Temos, então, aqui, mais um paradoxo facilmente explicável: as línguas faladas por todos, eram as línguas que caracterizam o batismo no Espírito Santo, e não o dom de línguas.

5.5. Quinta evidência

       Você já recebeu o batismo no Espírito Santo? Se sim, em que você se baseia para emitir seu parecer? No fato de você pregar com eloqüência, curar os enfermos, se alegrar no Espírito e expulsar os demônios? Se sim, atente para o fato de que: a) Segundo a Bíblia, os apóstolos pregaram o Evangelho do Reino, expulsaram demônios, curaram enfermos, se alegraram, etc., antes do Pentecostes (Mt 10. 7-8; Lc 24.52); b) segundo At 8.8, comparado com os versículos 14-17, a grande alegria que havia em Samaria não levou os apóstolos Pedro e João à conclusão de que os novos crentes daquela cidade já haviam recebido o batismo no Espírito Santo; c) Apolo era eloqüente, fervoroso, poderoso nas Escrituras, etc., e, não obstante, só conhecia o batismo de João (At 18.24-28). Logo, estas coisas nas quais você se apóia para dizer que já recebeu o batismo no Espírito Santo não é uma base sólida. Mas você precisa saber se já é ou não batizado no Espírito Santo, para então, buscar ou não este poder, já que o Senhor determinou que oremos a Ele pedindo-Lhe esta bênção ( como já vimos) até recebê-la.

5.6. Sexta evidência

       Embora a Bíblia nos fale de pessoas que receberam o batismo no Espírito Santo sem pedi-Lo em oração (At 10), a mesma Bíblia diz: “... nada tendes, porque não pedis” (Tg 4.2), e nos manda pedir o Espírito Santo como já vimos reiteradamente. Isto prova que há uma regra que, se transgredida, pode trazer prejuízos inestimáveis. Sim, orar, pedindo esta bênção, é a regra; as exceções competem à soberania de Deus. E quem não se enquadrar, pode sim, ficar no prejuízo, o que só é bom para Satanás. Isto posto, a existência de um sinal inconfundível, no qual se possa se basear par se certificar de se ter ou não recebido o batismo no Espírito Santo, não nos é importante? E será que Deus não pensou nisso? Certamente que sim, e as línguas como sinal do batismo no Espírito Santo exibem naturalmente a sabedoria de Deus, que é de paz, e não de confusão (1Co 14.33).

5.7. Sétima evidência


       A Bíblia diz que Pedro, ao presenciar o que ocorreu na casa de Cornélio, se lembrou da palavra do Senhor que dissera: “... vós sereis batizados no Espírito Santo” (At 11.16). Ora, o fenômeno de At 10 não teria refrescado a memória do apóstolo Pedro se não se tratasse de mais um cumprimento da promessa feita por Cristo. Pedro, por certo, se lembrou então da promessa que Jesus fizera e cumprira no dia de Pentecostes, porque a viu se cumprindo mais uma vez. É que então (no Pentecoste) Pedro passou a saber, por experiência própria e não emprestada, que o batismo no Espírito Santo se faz acompanhar do falar em outras línguas.

                                                                                  ***

       Está, pois _ creio eu _, mais que claro que as línguas como dom espiritual, e as línguas como sinal do batismo no Espírito, são distintas e diferentes. A diferença decorre do fato de que embora derivem da mesma fonte, não têm a mesma finalidade. Ambas as línguas vêm do Espírito e, de certo modo, ambas são dons (dádivas, presentes...) do Espírito Santo, mas são tão distintas que, a rigor, uma é dom, e a outra não. Uma (a que é comum a todos os batizados no Espírito Santo), além de servir de prova de que o batismo no Espírito Santo já se concretizou, habilita o falante a orar bem, dar bem as graças, e, por conseguinte, edificar-se a si mesmo, falando mistérios a Deus (1Co 14.2, 4-5). Em outras palavras: Trata-se de uma língua devocional e, conseqüentemente, para auto-edificação. Já a outra (a que não é comum a todos os batizados no Espírito Santo, por ser dom espiritual num sentido mais restrito), não traz apenas auto-edificação, pois habilita o falante a transmitir uma mensagem de Deus à igreja, edificando deste modo toda a comunidade cristã. E, por ser endereçada à igreja, deve ser interpretada, visto que, doutro modo, não atingirá o objetivo, isto é, não edificará os presentes ao evento, posto que não decodificarão a mensagem.
       Relativamente, as línguas como sinal do batismo no Espírito Santo também edificam a igreja, já que se todos falarem em línguas, cada um edificará a si próprio (1Co 14.4), e, por conseguinte, toda a igreja será edificada. Mas distingue do dom de línguas, que tem por objeto a comunidade. A priori, as línguas como sinal, destinam-se à edificação do falante, e não da dos ouvintes, visto não serem uma mensagem de Deus à comunidade. Mas as línguas como dom, têm por objeto a edificação da igreja. E, obviamente, desta edificação não se exclui o falante, já que ele é parte da igreja que as línguas como dom, visam edificar.

  


CAPÍTULO VI

BATISMO NO ESPÍRITO SANTO _ UM ATO REPENTINO



       O batismo no Espírito Santo não é resultado do galgar de um elevado patamar no processo evolutivo de uma santificação infusa, mas sim, um ato repentino. Logo, não é fruto de um aperfeiçoamento do cristão. Exige-se, pois, para tanto, apenas a santificação forense, posicional e imputada, a qual é instantânea (Jo 14.17), conferida a todos os que crêem em Cristo, no ato da conversão (Rm 5.1). Sendo assim, se o meu indulgente leitor é salvo, então está cem por cento preparado para receber o batismo no Espírito Santo. Não lhe falta mérito algum. Peça-o, pois, com fé até recebê-lo. Talvez você vá recebê-lo ainda hoje. Quem sabe, agora mesmo!
       Quando Deus vai lhe batizar no Seu Espírito, eu não sei, pois não entendo Deus. Mas, como, segundo me parece, esta é uma questão de fé, e mais nada, estou convicto de que você está inteiramente pronto (se é que você já é salvo) para receber a bênção do poder Pentecostal. Discordar do que ora exponho, pode parecer muito lógico em termos humanos, mas esse raciocínio não é Bíblico, e se embaraça nos paradoxos que já conhecemos. Cornélio e os que estavam em sua casa receberam o batismo no Espírito Santo na hora da conversão (At 10-11). Portanto, sem santificação progressiva. Os samaritanos receberam tão logo os apóstolos oraram por eles. Que lhes faltou para também serem batizados no Espírito na hora da conversão? Santificação? Se sim, teriam todos eles se santificado instantaneamente ao mesmo tempo?
       No dia de Pentecostes, cerca de 120 pessoas receberam o batismo no Espírito Santo na mesma hora. Teriam todos atingido o mesmo patamar de santificação ao mesmo tempo? A justificação forense, posicional, não nos basta para recebermos o batismo no Espírito Santo? Se não, por que bastou a Cornélio e aos seus convidados? E se a justificação e o recebimento do Espírito Santo podem ocorrer ao mesmo tempo, como ocorreu a Cornélio, por que os samaritanos não receberam o Espírito Santo na hora da conversão? Resposta: Não sei. Repito: Não entendo Deus. Contudo, não nos atazanemos com isso. Deus é assim mesmo.
       Muitos irmãos batizados no Espírito Santo, não têm a metade da santificação (refiro-me à santificação infusa) de muitos não-batizados. Isso pode não caber na nossa cabeça, mas é assim que Deus trabalha, e eu não posso interferir nisso. A Obra é Dele, e Ele faz como bem quer, sem ter que me dar satisfação pelo que faz ou deixa de fazer.

  

Conclusão

       Caro irmão em Cristo, de sermos cheios do Espírito Santo depende o nosso sucesso na Obra que o Senhor nos confiou! Logo, busque com afinco esta bênção até recebê-la. E se você já a recebeu, mantenha a chama acesa!
      Você ama a Jesus? Quer fazer uma grande obra para Ele? Quer ter um Ministério impactante, revolucionário, contagiante, que marque época e faça diferença? Quer ser como os apóstolos? Então vá à Seara via cenáculo!

                                                                                                                     AMÉM!!!