“Espiritismo: fraude cativante” (Rafael Gason, ex-espírita convertido à fé evangélica)
1ª
Edição: 2014
Rio de Janeiro/RJ
Pr. Joel Santana
Copyright©2013
por Joel Santana
Direitos autorais salvaguardados pela
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro
SANTANA,
Joel
O
Espiritismo Kardecista e suas Incoerências
Rio de
Janeiro/RJ
154 pp
– 15cm x 21cm
Data
Religião
Para pedidos desta obra e convites
para pregações, conferências e palestras sobre seitas, escatologia, evangelismo
e discipulado, soteriologia, entre outros, sirva-se dos telefones e e-mail
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PREÂMBULO
O Espiritismo Kardecista prega a
“boa-nova” de que “ninguém será condenado
eternamente! Mais cedo ou mais tarde, todos, sem exceção alguma, seremos
salvos! Um dia, todos atingiremos a perfeição moral e intelectual, e, então,
viveremos felizes para sempre!” E, como alcançar essa tão desejada
felicidade eterna com Deus (alvo este que, segundo o Kardecismo, não se atinge
sem o nosso concurso, nem tampouco à parte de inúmeras reencarnações),
constitui o que podemos chamar de O
Evangelho dos Kardecistas, o qual está fundamentado em oito livros. Os
adeptos dessa religião fazem ecoar em todos os rincões do mundo, que: “esse ensino não desdenha o sacrifício de Jesus, não colide com a razão, se
harmoniza com a justiça de Deus, foi confirmado por espíritos superiores, e se
calca nas palavras de Jesus Cristo”. O mentor dessa dogmática, cujo
pseudônimo é Allan Kardec, chegou a dizer que “O Cristianismo e o
Espiritismo ensinam a mesma coisa” (O
Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: Federação Espírita
Brasileira. 109 Ed., 1994, p. 47). Porém,
nestas linhas questiono o mérito dessas alegações. E o faço à luz da razão
pura, sem, sequer, recorrer à Bíblia, como tira-teimas. Realmente, creio que a
Bíblia é a infalível Palavra de Deus, mas não me valho dela neste livro. Sim, foge
ao escopo deste trabalho, fazer apologias à Bíblia. E uma de minhas razões para
isso, reside no fato de que, considerando que por ora me limito a trazer à
baila as incoerências kardecianas, então o bom-senso nos basta.
A PROPOSTA DESTE LIVRO
Nestas linhas questiono o mérito das alegações
acima. E o faço à luz da razão pura, sem, sequer, recorrer à Bíblia, como
tira-teimas. Realmente, creio que a Bíblia é a infalível Palavra de Deus, mas
não me valho dela neste livro, nem lhe faço apologias. Uma de minhas razões
para isso, reside no fato de que, considerando que por ora, me limito a trazer
à baila as incoerências kardecianas, então o bom-senso nos basta. Sim, embora
mui respeitosamente, o livro que você ora lê desmascara essa inverdade,
exibindo provas documentais incontestáveis de que a incoerente dogmática
kardeciana é diametralmente oposta ao genuíno Cristianismo.
O PORQUÊ DO PLEONASMO NA
EPÍGRAFE
Aos
verdadeiros kardecistas parece que a locução “Espiritismo Kardecista” é pleonasmo
desnecessário, visto entenderem que “se é Espiritismo, então tem que ser
Kardecismo, e vice-versa”. E não é sem qualquer razão que assim argumentam,
visto que “Espiritismo” (do francês spiritisme)
é vocábulo cunhado pelo mentor do Kardecismo, a fim de denominar a codificação
do que hoje conhecemos por este título, a saber, a doutrina espiritista por ele
elaborada. Acontece, porém, que na conceituação dos que não são peritos em
questões religiosas, “espiritismo” é substantivo comum, aplicável a todas as
religiões que evocam espíritos e praticam a mediunidade. Por isso, não é raro
os umbandistas, os candomblecistas, os quimbandistas, etc., se identificarem
como espíritas. Isto se dá porque poucos
sabem que só aos kardecistas cabe a legitimidade moral __ e não
legal __ desta designação. Os termos “Espiritismo” e “espírita” são
(ou foram) neologismos da autoria daquele que os kardecistas creem ter sido “o
primeiro espírita do mundo, o pai do Espiritismo” __ Allan Kardec. Ora,
um bom comunicador é aquele que se faz entender aos seus receptores. E é óbvio
que eu não atingiria este objetivo, grafando apenas “Kardecismo”, ao intitular
esta obra, já que muitos ignoram que se trata duma ramificação do que se
conhece por Espiritismo. Também não
seria inteligente grafar apenas “Espiritismo”, visto que poucos sabem que só o
Kardecismo o é historicamente. Convenhamos, portanto, que certo ou errado,
“Espiritismo Kardecista” é nome que o vulgo deu à seita que o seu heresiarca se
limitou a chamar de “Espiritismo”. E, como bem o dizem os linguistas, “quem faz
a língua é o povo”. Até mesmo o renomado dicionarista Aurélio, define o
vocábulo Espiritismo como
Doutrina baseada na crença da
sobrevivência da alma e da existência de comunicação, por meio da mediunidade,
entre vivos e mortos, entre os espíritos encarnados e os desencarnados.
Ora, esta certíssima conceituação parece englobar todas as instituições
religiosas que praticam a mediunidade, não concedendo ao kardecismo o monopólio
da denominação de “Espiritismo” (embora eu reconheça a ambiguidade da definição
aureliana). Logo, está justificada a redundância constante do título deste livro.
E esta informação é necessária, para que não se pense que este autor não está à
altura de desempenhar, a contento, a tarefa a que se propõe, que é a de trazer
a lume uma literatura capaz de ponderar o Kardecismo, de cadeira. Eu sei sim o
que estou fazendo e não ignoro como devo fazê-lo. Se o leitor perscrutar todo
este livro, verá por si mesmo que o presente compêndio é uma hábil circunspeção
do Kardecismo.
O QUE NÃO ALVEJO
Ridicularizar os
kardecistas
Não alvejo afrontar e/ou ridicularizar
os kardecistas, e sim, estender-lhes a mão amiga, objetivando ajudá-los a
saírem do tenebroso labirinto que os confina. Evidências disso, reside no fato
de que, em parte alguma deste livro, abro mão das boas maneiras; antes, primo
pelo eufemismo e outros galanteios, embora Allan Kardec não tenha agido com a
mesma lisura. Sim, ele comparou os evangélicos com os demônios. Contudo, não
pagarei na mesma moeda, tachando Kardec e seus discípulos de demônios, pois
estou seguro de que posso atingir o meu alvo __ que é levar a luz do
verdadeiro Evangelho a todos, inclusive aos kardecistas __ sem
descer a essa rispidez. Até porque o revanchismo nunca foi atitude digna de um
cristão. É, pois, com boas maneiras, gentilezas, galantarias, muito amor e não
pouco respeito, que exponho aqui o que penso do Kardecismo. Creio que se em
algum ponto deste livro, eu tachasse os kardecistas de demônios, nenhuma pessoa
inteligente e decente deveria gastar o seu precioso tempo lendo este compêndio.
E se o leitor duvida que Kardec tenha sido tão atrevido, terminará dando as
mãos à palmatória, se me conferir a generosa honra de ler esta obra do prólogo
ao epílogo, pois exibirei a prova documental desta ousada declaração.
Condenar o Kardecismo
Não devo, não posso e nem quero condenar
o Kardecismo ou qualquer outra religião, pois, felizmente, existe no Brasil a
liberdade de culto. Logo, por aqui, a liberdade de consciência não é só moral,
mas legal também. Com efeito, há, na nossa querida Pátria, a liberdade de
expressão, contanto que não se falte com a verdade e o devido respeito à pessoa
(física ou jurídica) a que se refere. E folgo com estas conquistas! Quão bom é
podermos agir de acordo com os ditames da nossa consciência, quer abraçando ou
rechaçando esta ou àquela ideia! Não aspiro, pois, ressuscitar a famigerada
“Santa” Inquisição, violentando a consciência de quem quer que seja; antes, anelo que o bom senso prevaleça. E até
oro ao Senhor para que Ele, servindo-se deste singelo trabalho, arranque do
kardecismo as pessoas bondosas e sinceras que, por não saberem que o Novo
Testamento veio para ficar (2Co 3.11; Hb 13.20; Jd 3; Ap 2. 25), abraçaram o
que chamam de Terceira Revelação de Deus
à Humanidade -- o Kardecismo.
Este é obra do já mencionado, Allan Kardec. Este criptônimo decorre do fato de
que, segundo Kardec, um espírito lhe disse que “numa precedente existência”
(isto é, numa das encarnações anteriores à daquele momento), este era o seu
nome.
O QUE ALVEJO
Empreendo prestar um serviço a Deus, à
Sua Igreja, bem como aos que desconhecem a eficácia do sangue que Cristo verteu
na cruz do Calvário. É, pois, imbuído destes nobres sentimentos que estendo a
mão amiga aos kardecistas! Porém saliento desde já, que neste livro, mesclo
amor e respeito com ousadia, coragem e franqueza. E tudo isso porque quero
morar no Céu com os meus caros e respeitáveis leitores.
Embora o revanchismo não seja o motor dos
verdadeiros cristãos, o fato de Kardec tachar a mim e aos meus irmãos de
demônios, somado ao fato de que seus ensinos são perniciosos às nossas almas, me
conferem bons motivos para vindicar o meu direito de treplicar as suas réplicas
à fé evangélica, da qual sou adepto com galhardia. Logo, sou impulsionado por
três eixos propulsores: o direito de defesa que me assiste; o amor a Cristo,
que jaz encerrado no meu peito (2Co 5.14); e o anelo pela libertação das almas
sedentas de salvação, as quais levaram gato por lebre, isto é, o Espiritismo
por Cristianismo.
MEU ÚNICO TEMA
Embora, popularmente, o vocábulo Espiritismo designe todas as confissões
religiosas que se comunicam com espíritos, evocando-os, nesta obra concentro
minha atenção no Espiritismo Kardecista, não discorrendo sobre as demais
ramificações espíritas (Umbanda, Quimbanda, Candomblé ...), senão de passagem.
Este livro não é um confronto do
Kardecismo com a Bíblia. E ajo assim, porque os kardecistas não reconhecem a
Bíblia como autoridade; não tendo-a, pois, como regra de fé e prática. Com
efeito, limito-me a salientar as incoerências kardecianas e a refutá-las à luz
do bom-senso. Eu disse à luz do bom-senso,
e não à luz da Bíblia. Sim, com
sobejas exibições de fragmentos pinçados da literatura oficial da religião ora
posta em xeque neste livro, este autor prova cabalmente que os kardecistas, por
serem dignos de respeito, merecem algo melhor do que o Kardecismo. Este é
indigno de seus adeptos. E, intuindo estabelecer isso como fato incontestável,
exibirei provas cabais de que os livros kardecianos, apresentados ao público
ledor como filosóficos, científicos e religiosos, não merecem senão o nosso desdém.
Ver-se-á, portanto, através destas páginas, que creditar confiança nos livros da
lavra do mentor da seita em lide, não é uma atitude louvável, visto tratar-se
de um monturo de contradições. Logo, a fé nos escritos de Kardec não é capaz de
sobreviver a um confronto com a razão.
COMO E QUANDO NASCEU O
KARDECISMO
Sob este cabeçalho identifico os
progenitores e os genitores do Kardecismo.
Os genitores
Assistindo às sessões espíritas a que
foi convidado, Rivail consultou a diversos espíritos e anotou as respostas de
seus consultores. Estes registros, mais alguns argumentos próprios, somados às anotações
de alguns de seus amigos, contidas em cinquenta cadernos, se tornaram tão
volumosos que ele decidiu publicá-los em forma de livro. Deste modo, em 1857
veio a lume O livro dos espíritos. Este é o primeiro, de um total de 8
livros, a título de codificar o Espiritismo. Então podemos considerar o ano de
1857 como a data de fundação (de fato e não de direito) do Kardecismo.
Irmãs Fox __ eis as progenitoras
O que levou Kardec a assistir às sessões
espíritas e a outros envolvimentos com o Espiritismo? Resposta: Em dezembro de
1847, duas irmãs norte-americanas, Kate Fox e Margaret Fox, de dez e doze anos
respectivamente, do Estado de Nova York, U.S.A., disseram que tinham detectado
coisas sobrenaturais no interior da casa onde residiam: pancadas em diferentes
pontos da casa; cadeiras, mesas e lençóis sendo removidos por mãos invisíveis;
e uma mão fria tocando o rosto de uma delas. As ditas meninas teriam então
criado uma maneira de se comunicar com o autor de tais fenômenos, o qual teria
passado a respondê-las, usando, para tanto, o código previamente combinado:
pancadinhas. Os meios de comunicação de massa de então, anunciaram esse
ocorrido, o que incrementou a propagação de sessões espíritas por todos os
rincões da América do Norte. E as coisas não pararam por aí. Esses fenômenos
viraram manchetes na Inglaterra também, e daí, irradiou para outros países da
Europa, como, por exemplo, a França. Sessões espíritas, com mesas se
movimentando por mãos invisíveis, seguidas de comunicações inteligentes através
de códigos previamente estabelecidos entre os consulentes e os invisíveis
consultores, tornaram-se comuns em toda a França, vindo a ser a febre daqueles
dias. Então, Rivail, atendendo a um convite para comparecer a uma dessas
sessões, ficou impressionado com o que viu e ouviu, e quis saber mais. Em
decorrência, empreendeu a minuciosa pesquisa supracitada, donde nasceu a
doutrina religiosa, ora questionada por este autor.
Segundo muitos autores, as irmãs Fox se
retrataram, confessando que tudo não passava de truques. Veja este exemplo: “Tanto Katie como Magie se retrataram [...]
acerca da farsa que engendraram. [...]” (R. R. Soares. Os falsos
profetas. Rio de Janeiro: Graça
Editorial, 1 ed. 1985, p. 72). E como prova dessa afirmação, Soares cita
os seguintes jornais: New York Herald, edições de 24/09/1888 e
10/10/1888; e The World, de 22/10/1888.
As irmãs Fox falaram a verdade quando se
retrataram? Há controvérsia, mas entrar no mérito dessa questão foge ao escopo
deste livro. Aliás, não necessito disso para atingir os meus alvos, que são: a)
Provar que o Kardecismo é incoerente e, por conseguinte, indigno de crédito. (E
o leitor verá que para pensarmos assim, bastar-nos-á o uso da razão); e b) Uma
vez provado que o Kardecismo não merece a nossa confiança, sugerir às suas
vítimas que troquem Kardec por aquEle que disse: “Eu sou a verdade” __ Jesus.
NÃO SOU CRÍTICO
GRATUITO
À primeira vista, este livro tem por
meta criticar o Kardecismo. Mas não é este o caso. A crítica aqui tecida é
apenas o caminho a ser palmilhado para atingir a meta, que é ser útil à Igreja,
aos kardecistas, aos simpatizantes dessa seita, e, sobretudo, a Deus. Até
porque o Kardecismo é tão estapafúrdio que sequer merece minhas críticas. Contudo,
por generosidade me dou ao trabalho de refutá-lo, tachando-o de incoerente e
provando isso mediante amostras das contradições lavradas nos livros que consignam
sua codificação, elaborada pelo seu pensador, que já sabemos ser aquele, cujo
pseudônimo é Allan Kardec. E uma dessas discrepâncias é o fato de ele dizer uma
coisa num livro, e outra diametralmente oposta, noutro. Há, inclusive,
ocorrências de incoerências dentro de um mesmo livro, e até num mesmo
parágrafo. Ademais, veremos que essas discrepâncias nem sempre advêm da
ignorância (antes fosse), pois demonstrarei que Kardec agia assim
maquiavelicamente, como se os fins justificassem os meios. Provo neste livro
que Kardec subestimava a inteligência de seus leitores, aos quais mentia
descarada e propositalmente. Mas se o respeitável leitor se melindrar por causa
destas declarações, e, com efeito, desistir de prosseguir na apreciação desta
obra, continuará nessa ilusão até à morte; por outro lado, se você prosseguir
na leitura deste trabalho, e se for sincero, verá por si mesmo que este autor,
longe de ser um detrator gratuito, questiona a seita em lide não só com muito conhecimento
de causa e não pouca franqueza, mas também com respeito e altruísmo. Porém, se
você persiste em parar com esta leitura, que pare; mas não se atreva a me
retaliar. Aos que alegarem não terem “tempo a perder com o exame deste livro”,
parece-me justo sugeri-los que também não o tenham para opô-lo.
Não ombreio os que dizem que “a suposta
mediunidade é hiperestesia ou um fenômeno ainda
inexplicável pela Ciência”. Antes, entendo que embora no Espiritismo não haja
verdade, há, contudo, realidade, ou seja, os espiritistas, com muita
frequência, realmente incorporam espíritos. E estes, por sua vez, de fato
impressionam. Logo, não discuto aqui se os espíritas recebem ou não espíritos
(este ponto é pacífico entre espíritas e evangélicos).
ASSISTINDO E/OU EQUIPANDO
O POVO DE DEUS
Este livro pretende auxiliar os obreiros
de Cristo, no seguinte:
Armando a tropa de
Cristo
Uma
de minhas indisfarçáveis finalidades é fornecer mais uma arma aos soldados do
SENHOR dos Exércitos (isto é, meus irmãos em Cristo), tornando-os mais hábeis
na renhida guerra contra Satã e suas hostes. Por isto empreendi ler a
literatura espírita, agindo como espião, entrando no “campo” do Inimigo (Satã),
a fim de descobrir onde está o seu “calcanhar de Aquiles” e informar isso aos
meus colegas de “caserna”, a saber, os constituintes do Exército de Jeová, de
cujo Pelotão sou componente. Logo, narrar o que lá encontrei, é, naturalmente,
relevante aos meus “patrícios”, isto é, aos meus co-cidadãos do Céu. Estes
sabem que os espíritas são vítimas do engano, querem ajudá-los, mas nem sempre
se saem bem quando empreendem expor o Espiritismo segundo o Evangelho às
vítimas do Evangelho segundo o
espiritismo. Tal se dá porque, não raramente, os reencarnacionistas, além
de se escudarem em vários versículos bíblicos isolados de seus respectivos
contextos, ainda recorrem a fenômenos deveras intrigantes: paramnésia, crianças-prodígio,
desigualdades sociais, exposições feitas em sono hipnótico,
etc. Por tudo isso, amiúde encontramos irmãos em Cristo ávidos por maior preparo
para evangelizar os adeptos do Espiritismo. E este livro (embora sem a
pretensão de esgotar este tema, ou de ser a última palavra sobre este assunto,
ou ainda de decifrar todos os enigmas) se ajusta a essa necessidade como uma
luva.
Equipando os agropecuaristas
do Senhor
Qual foice nas mãos dos ceifeiros, este
humilde trabalho ajudará aos que anelam maior habilidade quanto ao trabalho na Vinha
do Senhor, do qual, um é o urgente labor nos campos que já estão brancos para a
ceifa (Jo 4.35). Que, também, esta obra os ajude a arrebanhar as ovelhas
perdidas, as quais, como presas fáceis dos predadores (Satanás e seus asseclas),
vagueiam longe do Redil e distantes do Pastor (Mt 9.35-38).
Norteando os guerreiros
Este livro é, por assim dizer, o mapa de
um dos campos do arque Inimigo das nossas almas; viabilizando, por conseguinte,
que os militantes comandados pelo Marechal dos marechais se orientem quanto ao
campo de batalha, conhecendo, de antemão, as áreas minadas pelo Adversário.
Equipando os pescadores
de almas
Esta obra pode ser, ainda, comparável a
uma bússola e/ou a um sonar, a serviço dos pescadores de almas para o Reino de
Deus. Logo, compulsando suas páginas, e com Cristo no barco, partamos à
pescaria! (Mt 4.19).
Instrumentar os
enfermeiros do Dr. Jesus
Conhecer as doutrinas erradas das falsas
religiões é algo importantíssimo, pois é com veneno de cobra que se fabrica
antídoto. E este autor coletou esse veneno quando compulsou a literatura oficial
da confissão religiosa ora em
análise. Li todos os livros espíritas de Kardec, dois livros
de Xico Xavier, e diversas outras obras (livros, revistas, jornais...) alusivas
ao tema ora trazido à baila. Com efeito, o presente livro é o antídoto que
fabriquei, o qual pode e deve ser levado pelos auxiliares do Médico dos médicos,
às vítimas da “Serpente” que, em Adão, nos picou e nos matou no Éden.
ELITE ESPIRITISTA
Por ser Kardec portador de vasto saber científico e
vernacular, compôs seus escritos com uma cadência tal, que impressiona a todos
os que o leem. E, como se ao Kardecismo não bastassem os predicados de seu
mentor, o tradutor da maior parte das obras desse erudito, para a nossa língua,
foi o inteligentíssimo Dr. Guillon Ribeiro, que foi jornalista, engenheiro
civil, poliglota, vernaculista, etc. Ribeiro se fez jus aos elogios do famoso jurisconsulto,
estadista, orador inflamado e filólogo, a saber, o genial águia de Haia __
Dr. Rui Barbosa. Por tudo isso, os livros de Kardec, publicados pela FEB __
Federação Espírita Brasileira __ , jazem vertidos num português
castiço, próprios para a elite social, por ser esta mais escolarizada. (Sim,
“português castiço”, pois os pouquíssimos erros nelas existentes devem-se a
irrelevantes equívocos de digitação, e não à inabilidade intelectual de Kardec
e/ou de seus tradutores). Talvez se deva a essa inegável erudição o fato de que
a maioria dos kardecistas praticantes é constituída de pessoas cultas,
inteligentes e abastadas. Não é, por conseguinte, sem razão que, a meu ver, o
Kardecismo deve sim, integrar ao chamado Alto Espiritismo. E, embora saibamos que
o chamado Baixo Espiritismo (Candomblé, Umbanda, Quimbanda, Pajelança, Catimbó,
Vodu, entre outros) também tenha adeptos cultos, ricos e famosos, não me parece
justo negar que este é mais singelo do que aquele; sendo, por isso mesmo, mais
atraente aos menos escolarizados do que a doutrina Kardeciana.
Às nomenclaturas ”Baixo Espiritismo” e “Alto
Espiritismo” não adiro, senão para fins de estudo; visto que, como o leitor
verá, as mais diversas modalidades de Espiritismo nada mais são que farinha do mesmo saco. Realmente, o fato
de os kardecistas: a) não crerem em Exu
e na sua fêmea Pombajira; b) terem os
preto-velhos e Zé Pelintra na conta de “Espíritos ainda atrasados”, mais
carentes de instrução do que hábeis a ensinar; c) não fazerem “despachos” nas encruzilhadas; d) não desejarem o mal ao próximo; e e) trabalharem com “Espíritos superiores” como “São Luis”, “Santo
Agostinho”, “Emanuel”, “André Luis”, etc., e ainda primarem pelo racionalismo,
filosofando suas doutrinas, não encanta os que sabem que isso “não é maravilha,
porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz” (2Co 11.14).
“ESPÍRITA” É DIFERENTE
DE “ESPIRITISMO"
Eu disse acima que as muitas modalidades
de Espiritismo nada mais são que farinha do mesmo saco. Porém, não confunda Espiritismo com espírita. Este autor desenha o Espiritismo, não os espíritas. Estes
são, neste livro, objetos de amor, compaixão, respeito e justiça. Ademais,
tachar todos os kardecistas de farinha do
mesmo saco não seria uma generalização inteligente, pois conheço não poucos
adeptos dessa crença que deveras são pessoas de brio, sérias, sinceras,
generosas, humanas, sensatas, abnegadas, resignadas, altruístas, etc. Posso
mesmo asseverar sem medo de errar que o kardecista que não comporta esses adjetivos
é um falso kardecista. É o falso dentro do espúrio.
CONSOLADOR PAGINADO?
Seguindo às orientações de seu Pioneiro,
os kardecistas creem que o conteúdo dos oito livros acima mencionados, que
constituem a codificação espírita elaborada por Kardec, é o Consolador que
Jesus prometera, conforme consta dos capítulos 14-16 do Evangelho Segundo João.
“KARDECISMO” E
“ESPIRITISMO”
Rivail adotou o pseudônimo acima
informado, ao publicar em forma de livros a sistematização de suas ideologias
espiritualistas, as quais são vistas pelos espíritas como religiosas, filosóficas
e científicas. Com efeito, esse corpo de doutrinas recebeu mais tarde o título
de Kardecismo; Kardec, porém,
limitou-se a intitulá-lo de Espiritismo, sendo ele o neologista deste
vocábulo.
ESPÍRITA, ESPIRITISTA E
ESPIRITUALISTA
Espíritas
e espiritistas são, segundo o
Kardecismo, vocábulos que definem os adeptos do verdadeiro Espiritismo; já a
palavra espiritualista, designa os
que, embora não sejam materialistas, rejeitam as postulações do Kardecismo,
como, por exemplo, a evocação de espíritos, a mediunidade, o dogma da
reencarnação, entre outras, como é o caso deste autor. Ou seja, eu e todos os
evangélicos somos espiritualistas, na concepção kardeciana. Neste caso,
“espiritualista” é antônimo de “materialista”.
DE VOLTA AOS LIVROS DE
KARDEC
Kardec produziu muitos livros e artigos
sobre diversos assuntos; mas neste livro, só cito os que ele elaborou visando
codificar o Espiritismo. São, ao todo, os oito livros (produzidos originalmente
em francês) a seguir relacionados:
1)
A gênese
2)
A prece segundo o evangelho
3)
Obras póstumas
4)
O céu e o inferno
5)
O evangelho segundo o espiritismo
6)
O livro dos espíritos
7)
O livro dos médiuns
8)
O que é o espiritismo.
NOTAS
Primeira nota
Ao reportar-me à literatura kardeciana supracitada, não
me submeto ao padrão acadêmico de citações, a saber, não anteponho ao título do
livro o nome de seu autor, nem posponho o nome da editora e o endereço desta.
Limito-me a pospor ao título da obra os dados que me parecem indispensáveis aos
que queiram se certificar da autenticidade dos fragmentos pinçados, como, por
exemplo, data de edição, número de página, etc. Nem mesmo na Bibliografia sou
fiel à ABNT. Tomo a liberdade de fazê-lo. Por tudo isso, julgo indispensável
notificar que, salvo outra possível indicação, as citações de Kardec aqui
contidas são, sem exceção, extraídas das traduções oficiais do Kardecismo,
editadas pela FEB, sediada no Rio de Janeiro/RJ.
Segunda nota:
Abreviaturas
usadas neste livro:
FEB
__ Federação Espírita Brasileira; FESP __ Federação
Espírita do Estado de São Paulo; ARA __ Almeida Revista e Atualizada
(uma das versões da Bíblia traduzida por João Ferreira de Almeida); ARC __
Almeida Revista e Corrigida (uma das versões da Bíblia traduzida por João
Ferreira de Almeida).
O AUTOR
CAPÍTULO I
OS NAIPES ESPIRITISTAS
Embora estejamos agora no primeiro capítulo, observo que o mesmo também é
preambular, ou seja, nele prosseguirei tomando medidas preliminares, como as que
se seguem: a) disserto superficialmente sobre algumas das religiões que também
se envolvem com “espíritos dos mortos”, exemplificando assim, que não se deve confundir
o Kardecismo com outras instituições que também arrogam a si o título de Espiritismo; b) vindico o direito que me
assiste de treplicar as réplicas de Kardec à fé evangélica, da qual sou adepto
com galhardia; c) sintetizo as crenças kardecianas, antecipando sumariamente as
questões que virão à baila nos capítulos subsequentes...
1.1. DEFININDO O KARDECISMO
O que é o Kardecismo
O dicionarista Aurélio define o
Kardecismo assim: “[...] Doutrina
religiosa de Allan Kardec, pensador espírita francês [...]” (Grifo nosso).
É, pois, evidente que o Kardecismo é uma ramificação do que hoje conhecemos por
Espiritismo.
Data de fundação
Essa confissão religiosa veio a lume em
18 de abril de 1857. (Tomo por base, não o momento em que essa religião
tornou-se pessoa jurídica, mas a data do lançamento do primeiro livro espírita
de Kardec, O livro dos espíritos).
Síntese doutrinária
Prega a mediunidade, a caridade como
tábua de salvação, a reencarnação, etc. Esta é considerada necessária à
evolução dos espíritos. Estes, através das vicissitudes da vida e das boas
obras, podem expiar suas culpas, reparar seu passado e acumular méritos e
sabedoria até se tornarem perfeitos em termos morais e intelectuais. Essa
anelada perfeição nunca se igualará à de Deus, pois se limitará à perfeição que
a criatura comporta. Alcançar a salvação é, na linguagem espírita, atingir essa
inevitável perfeição. Digo inevitável
perfeição, porque o Kardecismo prega que ninguém será condenado
eternamente, considerando que, mais cedo ou mais tarde, todos os espíritos
avançarão rumo à perfeição e alcançá-la-ão indubitavelmente. A top model Raica
Oliveira, referindo-se ao Kardecismo, do qual é adepta, disse: “Do que mais gosto em minha religião é que sempre
temos uma segunda chance” (Época, nº 42413, de 03/07/2006,
p. 66. Grifo nosso). Sempre temos uma segunda chance?! Ora, o que sucede à
segunda, é a terceira, que, por sua vez, precede a quarta. Logo, essa expressão
não está bem articulada; e, portanto, não é nem um pouco filosófica. Contudo,
notifico à referida modelo que Deus realmente nos dá uma segunda chance,
mediante o Calvário. A primeira chance nos foi dada no Éden; a segunda, no
Calvário; e a terceira inexistirá. Sim, enganam-se os que contam com uma
terceira oportunidade, ou com chances infindas!
A revista supracitada observa que Kardec
sustentava que a doutrina por ele sistematizada “unia os conhecimentos científico, filosófico e religioso” (Ibid.,
p. 71). E realmente, isso é doutrina espírita. Entretanto, seria uma
displicência de minha parte olvidar de registrar que Kardec fez constar “que o
Espiritismo não é da alçada da Ciência” (O
livro dos espíritos, 74 ed. p. 29).
Os kardecistas se consideram cristãos,
pois se julgam adeptos da Terceira
Revelação de Deus à Humanidade, da qual __ segundo creem __
Jesus falara ao prometer enviar o outro Consolador, conforme consta dos
capítulos 14-16 do Evangelho segundo João.
Embora o Kardecismo pregue que Deus já
fez três grandes revelações à Humanidade, sendo o Antigo Testamento a primeira,
o Novo Testamento a segunda, e o Kardecismo a terceira, nesta obra empreendo
demonstrar que essas reivindicações não resistem a um confronto com o bom-senso.
Assim, provarei que essa confissão religiosa, muito longe de ser a alegada Terceira Revelação de Deus, não honra o
título de cristã que, injustamente ela arroga a si própria.
1.2. OUTRAS RAMIFICAÇÕES ESPÍRITAS
Há
muitas ramificações espiritistas, e nenhuma delas é, obviamente, igual às
demais. Logo, é injusto não reconhecer tais distinções e diferenças. Vejamos,
pois, os exemplos a seguir:
1.2.1. Os cultos afro-brasileiros
Vejamos a seguir alguns dados que me
parecem relevantes quanto às religiões oriundas do sincretismo do paganismo
africano com o Catolicismo Romano, somados às crenças ameríndias.
Sobre os deuses
Quem são os orixás? Os adeptos dos cultos
afro-brasileiros (candomblecistas, umbandistas, quimbandistas...) creem em
muitos deuses, aos quais chamam de orixás. Talvez essa afirmação lhe
surpreenda, mas os orixás são divindades (deuses) na ótica dos verdadeiros
macumbeiros, ou seja, na ótica daqueles que realmente sabem em que creem. Daí,
o dicionarista Aurélio definir orixá assim: “[...] Divindade africana [...].”
E, como sabemos, quando, em termos religiosos, se afirma que um determinado ser
é uma divindade, o que se quer dizer
com isso é que o mesmo é uma deidade, ou seja, que é deus. Defino divindade como sendo a essência da natureza divina. Agora,
veja as classificações de alguns desses deuses:
Xangô: Este é, segundo se crê, um dos
orixás mais poderosos;
Orixalá ou simplesmente
Oxalá: Esse espírito
é visto pelos umbandistas como o grande Orixá que, geralmente, devido ao
sincretismo do paganismo africano (que os escravos importados da África
trouxeram para o Brasil) com as doutrinas da Igreja Católica Romana, é
confundido com o Senhor Jesus Cristo.
Exu: Esse orixá, segundo o Novo
Dicionário Aurélio “representa as
potências contrárias ao homem”, isto é, os adeptos dos cultos
afro-brasileiros sabem que ele é mau. Ademais, já ouvi alguns
ex-candomblecistas dizerem que, antes de se converterem ao Evangelho, elogiavam
a esse Orixá mais por temê-lo do que por acreditarem na sua bondade. E
realmente, o dicionarista Aurélio afirma que Exu é “[...] assimilado ao Demônio [...] porém cultuado [...] porque o temem” (Grifo nosso).
Ora, quem estuda o Kardecismo sabe que o mesmo não admite essas crenças.
Iemanjá: Crê-se que essa deusa, cognominada Rainha do Mar, é mãe de quinze Orixás,
entre os quais um tal de Ajé-Xalugá (ou Ajé-Xalucá). Esse “é o deus nagô da
saúde, da medicina, juntamente com Ajá e Oxambim” (KOOGAN/HOUAISS. Enciclopédia e Dicionário. Rio de
Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1993, p. 920). Pouquíssimos são os que ainda
cultuam a Ajé-xalugá e a seus irmãos, mas a deusa que lhes deu à luz tem
milhões de adoradores no Brasil e no exterior.
Os cultos afro-brasileiros são
conhecidos por diversos nomes por esse Brasil afora: Catimbó, Pajelança, etc.
Das muitas maneiras de o leitor se
certificar da autenticidade das afirmações constantes deste subcapítulo, uma é
consultar um bom dicionário, como, por exemplo, o Novo dicionário Aurélio, para, deste modo, se inteirar dos
significados dos seguintes vocábulos: Orixá, Xangô, Orixalá, Oxalá, Candomblé,
Quimbanda e Exu.
Do exposto neste tópico, já se pode
divisar uma nítida distinção entre o kardecismo e os cultos afro-brasileiros,
também chamados de Baixo Espiritismo.
Cavalos e burros?
É dificílimo definir as crenças dos
adeptos dos cultos afro-brasileiros, visto que, via de regra, eles __
por serem mais práticos do que teóricos __ não têm um corpo de
doutrinas definido. Até sobre Exu, há controvérsias entre eles. Por exemplo,
entre os candomblecistas (que também cultuam a Exu), não é raro encontrarmos os
que dizem que Exu não é um dos orixás, mas apenas seus (dos orixás) serviçais,
e que não pode ser incorporado. Os umbandistas, porém, dizem que incorporam
Exu. Quem está sendo enganado?
Sou testemunha ocular de que na Umbanda,
os médiuns são chamados de cavalos. Além disso, o Novo Dicionário Aurélio nos informa que uma das definições da
palavra possessão é: “Nas religiões
afro-brasileiras, ato em que o iniciado ou filho-de-santo recebe o seu orixá,
tornando-se o seu cavalo e
materializando a divindade” (Grifo nosso). E há registros de que na Quimbanda,
os que incorporam os orixás são cognominados de burros (George A. Mather
& Larry A. Nichols. Dicionário de religiões, crenças e ocultismo,
São Paulo: Editora Vida, 2000, p. 82). Por tudo isso, perguntei certo dia a um
adepto da Umbanda sobre o porquê de os espíritos defini-los assim. E ele me
respondeu:
Nunca
parei pra pensar nisso. Ignoro a razão de ser desses títulos, mas deve haver
uma boa explicação pra isso.
Certo adepto da Umbanda me disse que no
seu Terreiro, Exu só faz o bem. Perguntei-lhe então se o Exu que se manifesta
no seu Terreiro de Umbanda é o mesmo que faz atrocidades em outros centros
espíritas. Ele, respondendo positivamente a esta pergunta, asseverou-me que há
um só Exu. Ora, disse-lhe eu, sendo assim, o seu Exu tem dupla personalidade,
ou, como se costuma dizer, ele tem duas caras. Aí ele se calou. Contudo, convém
notar que o dito umbandista não me pareceu profundo conhecedor do assunto,
pois, segundo me consta, a Umbanda admite que há muitos exus:
[...] na
Umbanda os exus são [...] vistos como espíritos em estado de evolução
[...] (Dicionário de
religiões, crenças e ocultismo, op. cit., p. 157. Grifo nosso).
Como o leitor pode ver, este texto fala
da pluralidade dos exus.
1.2.2. O espiritualismo
Nem todas as instituições religiosas que
praticam a mediunidade são reencarnacionistas. Quanto a isso, algumas
instituições espíritas, por não serem fundamentalistas, não se posicionam
doutrinariamente, deixando seus adeptos bem à vontade. Outras, porém,
pronunciam contra. Disse frei Battistini:
...os
espíritas da Alemanha, Holanda, Inglaterra, Estados Unidos, quase em bloco
negam a reencarnação
Um famoso
espírita, conhecido no mundo todo, [num] congresso internacional ... sobre
espiritismo, disse: “posso dizer que a reencarnação tal como tem sido exposta
até agora não passa de teoria boba para crianças de escola primária” (Frei
Battistini. A Igreja do Deus vivo. Petrópolis: Editora Vozes. 33 ed.
2001, p. 35. Colchetes nossos).
A esse ramo do Espiritismo, alguns
preferem intitular de Espiritualismo,
mas a maioria o chama de Espiritismo
Inglês, ou ainda de Espiritismo
Europeu. Estes títulos se fazem necessários para distingui-lo do kardecismo
e outras ramificações espíritistas. Trata-se de um movimento religioso também
datado do século XIX, oriundo dos EUA, segundo o qual, ao separar-se do corpo
mediante a morte, o espírito não renasce num corpo físico, como o ensinam os
reencarnacionistas, e sim, num corpo espiritual (Dicionário de Religiões,
Crenças e Ocultismo, op. cit., pp. 152-153). Stainton Moses foi para esse
tipo de espiritismo o que Kardec foi para o Kardecismo. Ele escreveu sob as
orientações de dois espíritos, que se identificaram como Kabilla e Imperator.
1.2.3. O Racionalismo
Cristão
Embora o Racionalismo Cristão tenha
muitos pontos em comum com o Kardecismo e com os cultos afro-brasileiros,
diverge tanto destes como daquele quanto ao que ensina sobre Deus. Veja estes
exemplos: a) Os kardecistas creem que há um só Deus e oram e adoram a Ele. Já o
Racionalismo Cristão prega que cultuar a Deus é uma atitude tola e ridícula.
Confessam textualmente que não adoram a nenhum Deus (Racionalismo Cristão.
Centro Redentor, 30 ed., 1976, pp. 53, 55, 63 e 75 [Citado em Série Apologética.
São Paulo: ICP - Instituto Cristão de Pesquisas -, vol. IV, 1
ed. 2002, pp. 134-137]); b) Como vimos, os racionalistas cristãos não admitem
nenhuma divindade, enquanto os cultos afro-brasileiros não se contentam com um
só Deus, prestando culto a diversas deidades africanas, às quais chamam de Orixás.
1.2.4. Sobre a LBV
A LBV - Legião da Boa Vontade -,
fundada oficialmente em 1950 pelo famoso Alziro Zarur, se julga a quarta
revelação de Deus (Jesus- A Saga de Alziro Zarur III). Logo, embora essa
religião não destoe do Kardecismo quanto à sequência das três primeiras
revelações, colide frontalmente com o mesmo quanto à quantidade. Contudo,
considerando que os legionários também veem o Kardecismo como a Terceira Revelação de Deus, era de se
esperar que essas duas seitas convergissem em vários pontos doutrinários. E, de
fato, de ambos se pode dizer que: a) são reencarnacionistas; b) negam que a Bíblia
é a Palavra de Deus; c) são unitarianos e, portanto, rejeitam a Doutrina da
Trindade, isto é, não creem que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três
Pessoas distintas, igualmente divinas, constituindo um só Deus. Não admitem,
pois, a triunidade de Deus em hipótese alguma; d) não reconhecem como autêntica
a fé evangélica sobre a eficácia e eficiência do sangue de Jesus na purificação
de pecados; e) não veem o diabo como um anjo decaído e irrecuperável (a LBV
prega que o diabo é nosso irmão e que precisamos amá-lo e orar por ele [para se
certificar da veracidade desta denúncia, leia o “Poema do Irmão Satanás”,
constante de um dos livros da LBV intitulado “Mensagem de Jesus Para os Sobreviventes”, pp. 29-31]), etc. Assim
fica claro que os legionários da boa vontade têm muitos pontos em comum com os
kardecistas, mas não podemos confundir estes com aqueles, pois são distintos e
diferentes. Aliás, basta-nos saber que os adeptos da LBV creem que estão na
quarta revelação de Deus, para entendermos que não são kardecistas.
Outra relevante diferença entre os
kardecistas e os legionários da boa vontade é que aqueles creem que o
Consolador que Jesus nos prometeu é o Kardecismo, enquanto estes pregam que o
Consolador é o senhor José de Paiva Neto, atual sucessor do Zarur na
presidência dessa corrente espírita (cf.: José de Paiva Neto, Saga de Alziro
Zarur, 10ª edição, p. 88).
***
Volto a registrar que não obstante os
quatro exemplos acima expostos (de 1.2.1 a 1.2.4) serem uma acanhada demonstração,
certamente deixam claro que revela falta de conhecimento confundir os
kardecistas com os macumbeiros e demais espíritas. Como eu já disse, nenhuma
das seitas espíritas pode ser confundida com as demais, pois cada uma, de per
si, difere das outras, apesar de, em termos espirituais, serem tudo farinha do mesmo saco. Logo, não
obstante os tão conhecidos termos “Baixo Espiritismo” e “Alto Espiritismo”
serem apenas classificações humanas, são, contudo, necessários para fins de
estudo, pois fazem saltar à vista que não é tudo igual, como geralmente pensam
muitos dos que ainda não se deram ao trabalho de estudar as religiões.
Muitos dos que se dizem kardecistas
sequer sabem o que estão falando. Por exemplo, conheço “kardecistas” que fazem
oferendas a Iemanjá. Logo, o que abordei acima, tem, entre outros, valor
cultural.
1.3. É JUSTO CRITICAR O KARDECISMO?
Tenho boas razões para responder
positivamente a esta pergunta, e as exponho a seguir. Sou altruísta. A crítica construtiva é uma demonstração de amor, o
que, por si só justifica a sua procedência e lhe confere o direito de, pelo
menos, ser apreciada. Tenho um dever.
Todos os cristãos autênticos têm o dever de lutar com todas as suas forças em
prol da salvação de todo aquele que desconhece o poder do sangue de Jesus (Rm
1.14-15; 1Co 9.16). E, considerando que este é o caso dos kardecistas, aqui
estou dando cumprimento à incumbência que, como cristão que sou, trago sobre os
ombros. Crítica clássica. Neste
livro, nem sempre uso o vocábulo “crítica” na sua moderna, popular e mordaz definição
de “retaliação (ou malhação) da vida alheia”. Antes, o uso também na sua
conceituação etimológica. Como bem observou a Drª Marilena Chauí,
Em geral
julgamos que a palavra “crítica” significa ser do contra, dizer que tudo vai
mal, que tudo está errado, que tudo é feio ou desagradável. Crítica é mau
humor, coisa de gente chata ou pretensiosa que acha que sabe mais que os
outros. Mas não é isso que essa palavra quer dizer.
A palavra “crítica”
vem do grego e possui três sentidos principais: 1) capacidade para julgar,
discernir e decidir corretamente; 2) exame racional de todas as coisas sem
preconceito e sem pré-julgamento; 3) atividade de examinar e avaliar
detalhadamente uma ideia, um valor, um costume, um comportamento, uma obra
artística ou científica [...].
(Marilena Chaui. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática. 13 ed.
1ª impressão, 2003, p. 18).
Da transcrição supra se subentende que
embora a crítica clássica possa ser tanto aprobativa quanto desaprobativa, nunca
é, contudo, sinônimo de retaliação, mau humor, coisa de gente chata e pretensiosa,
etc. Logo, elogiar um feito qualquer, é criticá-lo aprobativamente; e o
contrário disso __ detratar, refutar, etc. __ é criticar
desaprobativamente. O presente trabalho, por exemplo, é uma crítica
desaprobativa, mas não passa de um “exame racional [...] sem preconceito e sem
pré-julgamento”.
A
deixa de Kardec. O
próprio Kardec reconheceu o direito de expressão que deve ser assegurado ao
indivíduo, porquanto ele também criticava àqueles de quem ele discordava; e com
a agravante de às vezes criticar preconceituosamente, isto é, sem
conhecimento de causa, qualificando-se, pois, como indigno de crédito, já que
ele, longe de qualificar-se como crítico no sentido etimológico desta palavra,
não passou de um detrator gratuito.
Vejamos, pois, a seguir, as citações das
provas documentais de que realmente ele também era um crítico:
a)
Críticas à Igreja Católica
A Igreja
tem caminhado sempre erradamente, não levando em conta os progressos da ciência (O céu e o inferno. 38 ed.,
capítulo 9, nº 9, p. 123);
Deus a
julgou e a reconheceu inapta [...]. [...] a Doutrina Espírita causará dor viva
ao papado [...] (Obras
póstumas. 26 ed., pp. 310-311);
b)
Crítica ao apóstolo Paulo
Todos os
escritos posteriores, sem exclusão dos de S. Paulo, são apenas [...] opiniões pessoais, muitas vezes
contraditórias [...]
(Ibid., pp 121-122. Grifo nosso).
c)
Crítica aos materialistas
[...] o
materialismo [...] (é) um incentivo para o mal [...] (O
evangelho segundo o espiritismo. 109 ed. pp. 47-48. Parênteses nossos).
d)
Críticas aos evangélicos
Kardec tachou os evangélicos de
ignorantes e nos comparou com os demônios. Senão, vejamos:
Ignorantes:
Certas
pessoas não admitem a prece pelos mortos [...]. Há neste modo de pensar uma ignorância
da lei divina [...]. (A
prece segundo o evangelho. 44 ed., pp. 58-59. Grifo nosso).
Demônios:
Há
demônios, no sentido que se dá a esta palavra? Se houvesse demônios, seriam
obra de Deus. Mas, porventura, Deus seria justo e bom se houvera criado seres
destinados eternamente ao mal e a permanecerem eternamente desgraçados? Se há
demônios, eles se encontram no mundo inferior em que habitais e em outros
semelhantes. São esses homens
hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo e que
julgam agradá-lo por meio das abominações que praticam em seu nome (O livro dos espíritos. 76
Ed. Primeira parte, capítulo I, nº 131, p. 100. Grifo nosso).
Das transcrições supra se pode ver
nitidamente que o Kardecismo sustenta que os evangélicos são ignorantes quanto
à Lei de Deus sobre o verdadeiro estado dos mortos; e que os demônios não
existem. Kardec acreditava que os demônios nada mais são que “esses homens [...] que fazem de um Deus
justo um Deus mau e vingativo [...]”. Isso significa que após negar a
existência dos demônios, Kardec, ironicamente, passa a dizer que os demônios
realmente existem, e os identifica: São aqueles que creem que os demônios existem,
e que afirmam que eles (os demônios) serão eternamente atormentados no fogo do
Inferno. Logo, os evangélicos o são, já que cremos que o diabo e os demônios
existem, e que arderão no Inferno eternamente. E posso provar que não estou
interpretando-o erradamente. Veja que Kardec afirmou que se os demônios
existissem e estivessem fadados à desgraça eterna, então Deus não seria bom e
justo. Disse ele: “Deus seria justo e
bom se houvera criado seres destinados eternamente ao mal e a permanecerem
eternamente desgraçados?” Ato contínuo, ele diz que os “que fazem de um
Deus justo um Deus mau e vingativo” são demônios. Em outras palavras: O diabo e
os demônios são aqueles que, por pregarem que eles existem, que são
irrecuperáveis, e que serão eternamente desgraçados no Inferno, projetam uma má
imagem de Deus, visto que estas declarações equivalem a dizer que Deus é mau. Então,
está claro: Eu sou um demônio, pois creio, prego e ensino que os demônios
urrarão eternamente no Inferno. E a FEB é cúmplice de Kardec nessa ousada
manifestação, já que ela chama esse intrépido homem de “Mestre amado, pensador
arrojado [e] metódico”, etc. (O que é o
espiritismo, 35 Ed. pp. 9-10. Colchetes nossos), além de traduzir e publicar
seus livrescos, elogiando-os sobejamente e recomendando a leitura dos mesmos! E
não me venham com essa de que “Kardec apenas registrou o que o Espírito
superior ditou”, porque quem tem que responder pelo conteúdo desses escritos é
o senhor Rivail (que os elaborou) e a FEB (que os edita com louvor), e não as
almas do Além.
Mas não pense o leitor que estou
melindrado com a intrepidez do senhor Kardec; antes, trago à tona que, por respeito
aos kardecistas, opto por não ser tão disfêmico na presente refutação ao
Kardecismo, bem como brado por data venia
para, comedidamente, me defender das acusações kardecianas.
Embora o fato de Kardec nos criticar
nos confira o direito a réplica, não o faço apenas por revanche, e sim, porque
julgo que fazê-lo é um gesto altruístico. O amor é o meu único motor à
elaboração deste livro. Por amor a Deus, a mim e ao próximo, selei com Cristo irrevogável
pacto de jamais algemar a Mensagem da Cruz (Rm 1.14-15; 1Co 9.16).
1.4. ELES “DETESTAM” CRÍTICA
Certo kardecista, ouvindo-me dialogar
com um católico sobre a inconsistência do Catolicismo, educadamente me pediu
licença para participar da nossa conversa, o que não lhe foi negado. E então,
sugerindo-me respeito para com todas as crenças, aconselhou-me a parar de
criticar a religião alheia. “Religião
não se discute, Pastor Joel”, disse ele enfaticamente. Então lhe falei,
exibindo provas, que o fundador de sua
religião não pensava assim; e que, portanto, ele não será um verdadeiro
kardecista enquanto não seguir o exemplo de seu mentor espiritual, o qual
criticava todas as ideias religiosas que lhe pareciam erradas, bem como treplicava
as réplicas de seus interlocutores. Eu disse-lhe ainda que no livro O que é
o espiritismo consta o registro de um acirrado debate entre Allan Kardec e
um Padre católico romano. E que, portanto, não foi com Kardec que ele aprendeu
o silêncio que me sugeriu. Com estas e outras palavras lhe demonstrei que suas
palavras nada mais eram que desarrazoado; e, então, ele silenciou-se.
Há críticos que “detestam” críticas. Aspei
detestam porque os tais adoram
críticas, quando estas são endereçadas a outrem; odiando-as, apenas, quando são
eles os destinatários das mesmas. Os tais não apercebem que estão sendo
paradoxais. Eles não se dão conta de que sugerir aos críticos que parem de
criticar, também é criticar. Eles não veem que quem critica um crítico se flagra
na prática do ato que condena. Aliás, dizer-me que não devo criticar as falsas
religiões equivale a criticar a minha igreja, já que este meu proceder, longe
de ser um ato isolado, goza da sua sanção.
Com certo senhor, que intentava me
convencer que “é errado criticar religião dos outros“, conduzi o seguinte colóquio:
EU: A minha igreja me ensinou o
contrário. Segundo ela, fazer isso é demonstrar amor às vítimas do engano
religioso. Você diria então que a minha igreja está errada neste ponto?
Meu interlocutor: Claro que sim.
EU: Mas você não me disse há pouco, que
não se deve “criticar religião dos outros”? Como então ousa dizer que a minha
igreja está errada? Você não consegue ver que está sendo incoerente?
Meu interlocutor: Silêncio.
Não
há uma só religião que não critique as outras, mas em todas elas há os que,
quando confrontados, se melindram e se sentem perseguidos; e, salvo raríssimas
exceções, os kardecistas não são diferentes. Realmente, apesar de o Kardecismo ser
franco, e até mesmo mordaz, em suas criticas, há inúmeros kardecistas que não aceitam
que se critique o Kardecismo. Convém, então, informá-los que “quem fala o que
quer ouve o que não quer”.
1.5. UM ALERTA AOS CATÓLICOS
Tanto aqui no Brasil, como em toda a
América Latina e noutros países dos demais Continentes, não é pequeno o número
de católicos simpatizantes do Espiritismo, nas suas mais diversas modalidades.
E a Igreja Católica é culpada disso, como veremos a seguir.
1.5.1. Diálogo com uma jesuíta
Certa jovem senhora, adepta do
Catolicismo, estudante de Teologia católica, membro da ordem Jesuíta, falou-me
das aparições de santa Rita e outros santos. Então eu lhe disse que isso é
Espiritismo, não Cristianismo.
1.5.2. Literatura elaborada pelo clero
A
Igreja Católica prega oficialmente que os mortos podem se comunicar com os
vivos e vice-versa. Ora, repito que isso é Espiritismo. E, se o leitor duvida,
lhe desafio a ler o livro Glórias de Maria, de autoria de “Santo”
Afonso de Ligório, Doutor
da “Igreja”, editado pela Editora Santuário, 14ª edição de 2002, pp. 42-43,
211. Nesse livro, “Santo” Afonso nos narra duas histórias de aparições de
almas: a) uma alma apareceu pedindo
Missas para sair do Purgatório; e, após ser atendida, reapareceu cheia de gratidão,
“mais resplandecente do que o Sol”, e informando que já se despregara do
Purgatório e que estava indo para o Céu; b)
ainda segundo “Santo” Afonso, um espírito apareceu a uma mulher promíscua,
acusando-a de ser a culpada por ele estar no Inferno. E Glórias de Maria é livro oficial da Igreja Católica? A resposta é
“sim” por diversas razões, sendo a mais forte, o fato de constar do próprio
livro que o mesmo foi aprovado pela Igreja Católica, após cuidadoso exame: “[...] a Igreja [...] aprovou-lhe os escritos
depois de percorrê-los cuidadosamente” (p. 13). Todo bom católico é,
pois, um bom espírita, já que a sua “igreja” promove práticas espíritas. Ou
canonizar um homem que pregava que há comunicação entre mortos e vivos,
elevá-lo a Doutor da “Igreja”, aprovar seu livro textualmente, traduzi-lo para
diversos idiomas, prefaciá-lo com sobejos elogios, recomendá-lo e publicá-lo
não é comprometedor? Existe cumplicidade maior do que essa?
Também a literatura católica, elaborada
com o fim de refutar o Espiritismo, falha nesse propósito, já que enquanto
tenta provar que o Espiritismo é falso, ensina que os católicos podem aceitar
as manifestações espontâneas dos espíritos, rejeitando apenas as que forem
provocadas mediante evocações. Em outras palavras, o católico não deve chamar
nenhum espírito, mas aqueles que aparecem por livre e espontânea vontade são
bem-vindos e com eles se podem travar diálogos. Veja a prova:
Os cristãos admitem sem dificuldade
as manifestações espontâneas, mas se negam a aceitar as provocadas mediante a
evocação [...] (Frei Boaventura kloppenburg. Espiritismo. Orientação para os católicos. São Paulo: Edições
Loyola. 7 Ed. junho de 2002, p.26).
1.5.3.
As “bíblias” católicas
a) Perigo nos apócrifos
Mas o perigo não para nos livros que os clérigos
católicos escrevem “contra” o Espiritismo. Até mesmo as “bíblias” católicas são
comprometedoras, visto conterem livros polêmicos __ que os
evangélicos tacham de Apócrifos e os
católicos intitulam de Deuterocanônicos
__ , os quais, além de ensinar que os mortos oram a Deus por nós (2Macabeus, 15. 11-16), e que nós também
devemos rezar por eles (Ibid., 12. 40-46), ainda sustentam que tais almas do Além
podem nos contatar pessoalmente (Sabedoria,
8. 19-20; 9.15; Eclesiástico, 46.23).
É nessas bíblias espúrias que os católicos se inspiram para falar das supostas
aparições dos “Santos”, como já observei em 1.5.1; e em 1.5.2.
b) Perigo nas notas
“explicativas”!
Como nota explicativa de Eclesiástico, capítulo 46, versículo 23,
consta do rodapé de uma “bíblia” oficial da Igreja Católica, um comentário sobre
1Sm 28 (In loco), que a alma de Samuel
foi evocada por meio de uma necromante e apareceu a Saul
anunciando-lhe a derrota de Gelboé e a morte um dia depois [...].” (“Bíblia”
traduzida pelo Padre Matos Soares, 9ª Edição de agosto de 1981, publicada pela
Edições Paulinas, p. 788. Grifo nosso).
c) Perdoemos o
“hagiógrafo”
E há como provar cabalmente que os
Apócrifos são falsos? A resposta está em 2Macabeus, 15. 38-39, onde o
autor desse livro confessa que não escreveu sob a Inspiração Verbal e Plena,
própria das Escrituras. Senão, vejamos:
[...] Porei aqui fim à minha
narração. E se ela está bem organizada e como convém à história, isso é também
o que eu desejo; mas se pelo contrário foi escrita com menos dignidade,
deve-se-me perdoar (Bíblia de versão católica, traduzida pelo Padre Antônio
Pereira de Figueiredo. São Paulo: Novo Brasil Editora LTDA).
Ora, esse pedido de perdão prova tanto a
humildade do autor, como a falta de inspiração divina. Claro, Deus não pede
perdão. Perdão de quê, se Ele não erra? Logo, podemos dizer que o livro em
questão, e o seu autor são réus confessos. Aliás, podemos até mesmo asseverar
que o próprio Catolicismo já deu as mãos à palmatória, considerando que a
versão de Figueiredo é patrimônio tombado dessa seita. Sim, a Igreja Católica e
suas “bíblias” são indisfarçavelmente falsas.
Provar que as “bíblias” católicas contém
livros que induzem à abominável necromancia é relevante, visto que este fato pode
impelir os católicos à troca de Bíblia, à abjuração do Catolicismo, e ao
desencanto com o Espiritismo.
***
Ora, os fragmentos acima comprovam que o
Catolicismo não é tão avesso ao Espiritismo, como geralmente insinuado pelos
Padres. Realmente, a aparente oposição católica ao Espiritismo não devia impressionar
nem os leigos em
Teologia. Deveras , não há o alegado hiato entre a Igreja
Católica e o Espiritismo; antes, daquela a este é um pulinho. Um autêntico
católico é, necessariamente, um espiritista.
1.6. DE OLHO NAS INCOERÊNCIAS
A
seguir, considero algumas das muitas contradições kardecianas.
1.6.1.
Por que considerar as incoerências?
Como o prezado leitor já sabe, O Espiritismo kardecista
e suas incoerências é o título deste livro. Isto, segundo me parece, deixa
claro que a principal coisa que pretendo expor nestas linhas é que o Kardecismo
é contraditório. E por que empreendo expor isso? Este empreendimento deriva do
amor cristão que me impele, e objetiva provar aos kardecistas que o kardecismo
não merece crédito, para, deste modo, prepará-los à exposição do Evangelho que
os libertará (Jo 8.32).
1.6.2. Bastam-nos as
incoerências
Não trato aqui só das incoerências do
Kardecismo, mas certamente me bastaria provar a veracidade de que o Kardecismo
é contraditório, para subsidiar os meus leitores na emissão de precisos diagnósticos
patológicos dessa seita. As discrepâncias kardecianas que virão à baila nos
capítulos subsequentes deixam claro a qualquer pessoa de bom-senso que essa religião
não merece crédito. Onde não há contradição, temos que examinar para sabermos
se há ou não erros; mas a incoerência dispensa maior exame. Uma instituição
auto-contraditória, expõe-se a si mesma ao ridículo, não necessitando, sequer,
que alguém se dê ao trabalho de fazê-lo.
1.6.3. Imprescindíveis
à iniciação
Para que alguém possa se considerar
adepto de uma religião, são imprescindíveis os seguintes passos: a) tal religião
precisa existir. Claro, como ser adepto de uma religião inexistente? b) conhecer
as doutrinas da mesma; c) concordar com os seus ensinos; e d) abraçar suas
doutrinas. Logo, não posso dizer que sou muçulmano. O Islamismo existe e
conheço as suas doutrinas, mas discordando das mesmas, refuto-as. Eu não creio
em Alá (o deus dos muçulmanos), duvido do Alcorão (o principal livro sagrado
dos muçulmanos) e rejeito Maomé (o fundador do Islamismo) como profeta do meu
Deus. Mas eu assumo que não sou muçulmano. Então, os muçulmanos podem discordar
de mim, mas não podem, com justiça, me tachar de incoerente. Tal não é, porém,
a sorte dos kardecistas, já que dos quatro quesitos acima, expostos como
condição sine qua non para o ingresso numa religião, eles só preenchem os dois
primeiros: a) o Cristianismo existe; b) eles conhecem as doutrinas cristãs.
Porém, eles não concordam com o corpo de doutrinas do Cristianismo, e, por
conseguinte, rejeitam-no e o combatem. Ora, como pode uma pessoa discordar das
doutrinas de uma religião e, portanto, rebatê-las veementemente e ainda assim
se considerar membro da mesma? Ser kardecista equivale, pois, a dizer o
seguinte: Sou cristão, mas discordo e desdenho o Cristianismo. O
Cristianismo é uma religião ridícula e absurda, por cujo motivo o rejeito, o
desdenho, o repilo ... embora eu também seja cristão.
Neste livro não discuto se o
Cristianismo é ou não verdadeiro; antes, empreendo tão somente salientar que os
kardecistas precisam se posicionar. “Ser
ou não ser: eis a questão”. Mas, como eles não o fazem, salta aos
olhos que o Kardecismo é um sistema fraudulento à luz da razão.
Obviamente, assiste aos kardecistas o
direito de negarem todas estas doutrinas; mas eles podem rejeitar estes
ensinamentos, e, ainda assim, se considerarem cristãos? Será que esse tipo de
“cristão” não é comparável a um dicionário sem letras e a um rio sem águas?
Será que estou mesmo equivocado quando concluo que um kardecista cristão é
anômalo? Se existisse kardecista cristão, existiriam também ladrões que não
roubam, assassinos que não matam e mentirosos verdadeiros. Será que os kardecistas
não têm mesmo que escolher entre negar as doutrinas cristãs e assumirem outra
fé, ou se propagarem cristãos, mas, concomitantemente aceitar as doutrinas da
fé cristã? Sei que os kardecistas, respondendo negativamente a estas perguntas,
dirão que este meu argumento não é consistente, porque [falo com minhas
palavras] as doutrinas tidas por cristãs, das quais o Kardecismo diverge,
não constituem, em grande parte, o Cristianismo original pregado por Jesus, e
sim, interpolações e deturpações cometidas por Paulo, Marcos, Lucas, bem como
por muitos outros através dos séculos. [Em defesa deste argumento, é
possível que apelem para as diferenças entre os manuscritos]. Assim, o
Espiritismo codificado por Kardec, é, não só a restauração do verdadeiro
Cristianismo (e diga-se de passagem, um “cristianismo” tão “refinado” que
nem os apóstolos conheceram coisa igual), mas, também, a revelação que
estava por vir, conforme prometera o Cristo em Jo 16.12, ao falar do outro
Consolador, promessa esta que se cumpre a partir de 1857, quando os livros de
Kardec sobre o Espiritismo começaram a vir a lume.
1.7. UMA “SALVAÇÃO” EXÓTICA
O Kardecismo prega que “os planetas são mundos semelhantes à Terra
e, sem dúvida, habitados [...]” (A gênese, 37 ed. capítulo V,
número 12, p. 100). Os kardecistas aguardam, pois, evoluírem, para, deste modo,
se habilitarem a ocupar mundos melhores do que este no qual vivemos. Urge,
portanto, que lhes preguemos o verdadeiro Evangelho, que os libertará dessas
ilusões, mostrando-lhes que só pelo sangue de Cristo podemos ingressar desde já
numa vida melhor (a nova vida em Cristo), bem como vislumbrar um futuro deveras
brilhante. E é com isto em mente que elaborei este livro.
***
Síntese das doutrinas
bíblicas negadas pelos espíritas
E é verdade que o Kardecismo,
incoerentemente, rejeita os pilares do Cristianismo? É verdade que o
Kardecismo, embora se propague cristão, rejeita e refuta o Cristianismo? A
resposta é “sim”. E vou provar isso como dois mais dois são quatro. Para tanto,
nada mais terei que fazer, além de provar que o Kardecismo nega as seguintes
doutrinas do Cristianismo clássico: a) a veracidade da Bíblia como sendo 100% a
Palavra de Deus; b) a triunidade de Deus; c) a Divindade de Jesus; d) a
personalidade e Divindade do Espírito Santo; d) a unicidade de nossa existência
neste mundo (ou seja, a doutrina bíblica de que não há reencarnação); e) a
eficácia do sangue de Jesus na purificação de pecado; f) a ressurreição dos
mortos; g) a segunda vinda de Jesus; h) o arrebatamento da Igreja; i) o Juízo
Final; j) a existência do diabo e dos demônios segundo a Bíblia; k) o tormento
eterno no Inferno para o diabo, os demônios e os homens que se perderem; l) a
negação da mediunidade e, por conseguinte, a proibição de consulta aos mortos;
m) batismo; n) a Santa Ceia do Senhor; o) que todos descendemos de um tronco
único: Adão e Eva, etc.
Concluo este capítulo considerando que,
visto que as provas das denúncias acima nos bastam, posso, por ora, me limitar
à decisão de exibi-las paulatinamente, ao longo dos capítulos que se seguem.
Portanto, partamos aos demais capítulos deste livro e vejamos o que Deus ainda
tem para nós. Com a ajuda do Espírito Santo, e com as armas que Ele nos
disponibiliza nestas páginas, “entraremos
no forte do Inimigo e tiraremos os cativos de lá”, como bem o diz um de
nossos hinos.
CAPÍTULO II
BÍBLIA __
O LIVRO SAGRADO DO CRISTÃO
Cristão sem Bíblia é soldado sem espada,
pastor sem cajado, navegante sem bússola, viajor sem mapa, céu sem estrelas,
rio sem água, matemática sem números, veia sem sangue e dicionário sem letras. E
tal é o estado dos kardecistas.
2.1. O CRISTIANISMO TEM UM LIVRO
Verdade ou mentira, certo ou errado, o
Cristianismo tem a sua Escritura Sagrada __ a Bíblia. Segundo o Novo
Testamento, Jesus __ o fundador e fundamento do Cristianismo __
autenticou todo o Antigo Testamento (Mt. 4: 4-10; 24:37-39; Mc. 12:24; Lc. 24:
25-27; Jo. 5:39, etc.), o que equivale a sancionar mais de 70% dos Escritos
Sacros da fé cristã. Ainda no Novo Testamento encontramos provas textuais de
que os seus hagiógrafos o compuseram sob o sopro divino (1Co 14:37; 1Tm. 5:18;
2Pe 3:15-16; Ap 1:11, etc.). É, pois, evidente que arrogar a si o título de
cristão implica em crer na Bíblia, ainda que este Livro não fosse o que alega
ser: a Palavra de Deus. Mas, pasme o leitor, ratifico o que já denunciei de
passagem no primeiro capítulo, isto é, que o Kardecismo, embora também se
professe cristão, afirma com todas as letras que a Bíblia não é a pura, santa,
perfeita, inerrante e infalível Palavra de Deus. Por isso me vi na necessidade
de elaborar este capítulo, o qual tem três finalidades: a) provar que o
Kardecismo nega a Bíblia; b) provar que o Kardecismo é indigno de crédito, já
que se diz cristão sem crer no Livro Sagrado do Cristianismo; e c) trazer à tona
que Kardec fingia crer na Bíblia, deixando ao mesmo tempo claro que ele agia
assim com segundas intenções, ou seja, para não espantar a presa. Ele cria,
como sugerira Niccolò Machiavelli em O
príncipe, que os fins justificam os
meios. Ora, provar esta denúncia é provar que Kardec era incoerente e
pérfido; e, por isso mesmo, indigno de crédito. E disso se pode inferir a
importância deste capítulo, visto que o mesmo pode ajudar os sinceros a se
livrarem dos engodos kardecianos. Vejamos, então, as linhas a seguir:
2.2. KARDEC NEGA A BÍBLIA
EXPLICITAMENTE
O leitor verá que: a) Kardec negava a
Bíblia, no que é seguido pelos kardecistas; b) Kardec cometeu a incoerência de
se dizer cristão, sem crer na Bíblia; c) Kardec se deu ao papelão de negar a
Bíblia explicitamente, enquanto fingia crer nela. Eis as provas:
2.2.1.
Era Moisés um impostor?
Segundo afirmou Kardec, os Dez
Mandamentos são, sim, a Lei de Deus; mas os outros mandamentos contidos no
Pentateuco são decretados por Moisés e intitulados de Lei de Deus apenas para
conter, pelo temor, um povo turbulento e indisciplinado (O evangelho segundo
o espiritismo, capítulo 1, nº 2). Essa declaração __ que tenta fazer
de Moisés um embusteiro da mesma laia de Kardec __ não é, obviamente,
de autoria de um cristão, já que Cristo e os cristãos, muito longe de pregarem
isso, sempre sustentaram que Moisés escreveu sob inspiração divina.
O fato de Cristo dizer que “nem um jota ou um til se omitirá da lei sem
que tudo seja cumprido” (Mt. 5:18) é um abono prévio ao título de “sagradas letras” (2Tm 3.15) que o
apóstolo Paulo mais tarde atribuiria à Bíblia, ou, mais especificamente, ao
Antigo Testamento.
2.2.2. Dos milagres
Sabemos que a Bíblia registra vários
milagres operados por Jesus. Ele ressuscitou a filha de Jairo (Mc 5.21-43), o
filho de uma viúva (Lc 7. 11-17) e Lázaro (Jo 11). Mas, segundo Kardec, é impossível
fazer um morto reviver; e que, portanto, Jesus não ressuscitou ninguém. Kardec
afirma que a filha de Jairo, o filho da dita viúva, e Lázaro, não estavam
mortos, mas apenas em letargia ou síncope; e que, portanto, eles foram curados,
não ressuscitados (A gênese. 35 ed., capítulo XV, nº. 37-40, pp.
331-334);
Kardec tentou provar ainda, que Jesus
não transformou água em vinho, nem tampouco multiplicou pães e peixes (A
gênese. 35 ed. capítulo XV, nº 47-51, pp. 337-342). Na cuca dele, o relato
bíblico sobre a transformação de água em vinho, "Mais racional é se
reconheça aí uma daquelas parábolas tão frequentes nos ensinos de Jesus
[...]" (Ibid., nº 47, p. 338). Em outras palavras, Jesus teria proposto
alguma parábola (onde "água" teria sido "transformada" em
"vinho") que, ao ser narrada, foi deturpada pelo apóstolo João. E
algo similar teria ocorrido acerca da multiplicação de pães e peixes. Esta
narração, que, segundo Kardec, "tem de ser considerada como alegoria"
(Ibid., nº 48, p. 340), também não é relato fiel.
2.2.3. Paulo era um
impostor?
O prezado leitor por certo se lembra que
fiz constar do capítulo I que Kardec criticou os escritos do apóstolo Paulo,
tachando-os de “opiniões pessoais e
contraditórios”. Ora, isso é desdenhar o Novo Testamento, já que Paulo
(o principal hagiógrafo neotestamentário) asseverou que suas epístolas eram “mandamentos do Senhor” (1Co 7.10;
14.37).
2.3. A FEB NEGA A BÍBLIA EXPLICITAMENTE
O fato de Moisés registrar que Deus se
arrependeu de haver criado o homem (Gn 6. 6-7), é visto pela FEB (Federação
Espírita Brasileira) como uma monstruosidade: “Esta doutrina monstruosa é corroborada por Moisés [...]” (O
céu e o inferno, 38 ed., p. 122, nota de rodapé).
***
Os exemplos acima provam cabalmente que
Kardec e seus seguidores não veem a Bíblia como a Palavra de Deus. E, deste
modo, está claro que essa instituição não é cristã, assim como eu não sou
muçulmano. Mas, como Kardec e seus discípulos teimam em dizer que são cristãos,
aqui está, pois, uma demonstração de incoerência.
Muitos pensam que as divergências que há
entre evangélicos e Kardecistas, apenas giram em torno das interpretações que
cada um desses segmentos, de per si, tem da Bíblia. Pensam que ambos a
reconhecem como a Palavra de Deus, embora a vejam de ângulos diferentes. Mas
está claro que não é este o caso, e que isto prova que o Kardecismo não é
Cristianismo, mas um sistema que discrepa de si próprio, não merecendo, por
isso, que lhe creditemos nossa confiança. Conseguintemente, os kardecistas
sérios e inteligentes (e muitos o são) devem renegar essa barafunda na qual se
meteram.
Atribuir ao “arrependimento” de Deus,
uma monstruosidade, é ignorar a existência do que em Teologia chamamos de
antropomorfismo, que é o ato de Deus “tomar” a Si atributos humanos para se
fazer entender pelos mortais, ou, pelo menos, dar um vislumbre de uma grandeza
transcendental, exclusiva do Infinito Ser Sempiterno.
2.4. KARDEC FINGIA CRER NA BÍBLIA
2.4.1. Fingindo crer
Por que muitos pensam que os kardecistas
também creem na Bíblia? A resposta é: Para que o dito fique pelo não dito,
Kardec às vezes fingia que também tinha grande apreço pela Bíblia; e que,
portanto, se identificava conosco, comungando da mesma fé. E ainda,
propositalmente, ensinou os seus discípulos a forjarem a mesma ambiguidade, para, deste modo, não espantarem a presa.
Senão, vejamos:
a) “O
Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa” (O evangelho segundo o
espiritismo, 109 ed., Introdução, nº VII, p. 47);
b) “Todos os evangelistas narram as aparições de Jesus, após sua morte, com
circunstanciados pormenores que não permitem se duvide da realidade do fato”
(A gênese, capítulo XV, nº 61, p. 349);
c) “[...] tudo o que está predito no evangelho tem de cumprir-se [...]”
(Obras póstumas, 26 ed., p. 321);
d) referindo-se a Jo 16. 7-14, onde
Jesus nos promete outro Consolador, Kardec disse: “Esta predição, não há contestar, é uma das mais importantes, do ponto
de vista religioso, porquanto comprova, sem a possibilidade do menor
equívoco [...]” (A gênese, capítulo XVII, nº 37, p. 386).
e) E, para não cansar o respeitável
leitor com inúmeras transcrições comprobatórias do que afirmei na introdução a
este tópico (2.3), veja só mais uma cópia de um texto de kardec, no qual se
diz: “[o] Evangelho — garantia única da vossa crença —
segura estabilidade da vossa fé!” (A prece segundo o evangelho.
44 Ed., p. 24. Grifo nosso).
2.4.2. Justificando o fingimento
[...] Se alguém tem uma convicção bem firmada sobre
uma doutrina, ainda que falsa, necessário é lhe tiremos essa convicção, mas
pouco a pouco. Por isso é que muitas
vezes nos servimos de seus termos e aparentamos abundar nas suas ideias:
é para que não fique de súbito ofuscado e não deixe de se instruir conosco.
Aliás, não é de bom aviso atacar bruscamente os preconceitos [...]. (O livro dos médiuns. 58 ed,
capítulo XXVII, nº 301, p. 392. Grifo nosso).
Espertinho, não? Que astúcia! Que sagacidade!
Que falta de vergonha! Contudo, Kardec deve o seu sucesso na arte do engano, a
esse vergonhoso estratagema.
Considere que Kardec, que já confessou não
crer na inerrância da Bíblia, nos diz agora que não há como contestar o que
está escrito em Jo 16. 7-14. Veja o leitor, que confusão dos infernos: Kardec nega
a Bíblia, afirmando ao mesmo tempo que é cristão, o que podemos chamar de
incoerência “a”; e citam um texto bíblico, observando concomitantemente que o
mesmo é incontestável, o que podemos chamar de incoerência “b”. Ora, não há
como dormir com um barulho desses. Afinal, a Bíblia é ou não é confiável? E,
como vimos, essa barafunda tem alvo bem definido: fazer com que o dito fique
pelo não dito, para, deste modo, não espantar a presa. É bonito isso?
Kardec não acreditava na Bíblia, mas
quando algum versículo parecia favorecê-lo, então ele lançava mão do mesmo,
descontextualizando-o e construía sobre essa “base” mais uma cidadela, sob a
alegação de que estava respaldado pela
inquestionável Palavra de Deus exarada na Bíblia. Ele tinha jogo de cintura.
E é desse molejo kardeciano que o diabo se serve para fazer suas vítimas em
todo o mundo.
2.5. RÉUS CONFESSOS
Que o fato de os Kardecistas negarem a
Bíblia prova que essa seita não é cristã, é confessado pelo próprio Kardecismo.
Veja as confissões abaixo.
2.5.1. Primeira confissão
Nem a
Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. O Espiritismo não é um ramo do Cristianismo como as demais seitas
chamadas cristãs. Não assenta os seus princípios nas Escrituras. Não rodopia junto
à Bíblia... Mas a nossa base é o ensino dos espíritos, daí o nome - Espiritismo (À margem do espiritismo, p.
214, citado em Análise do espiritismo kardecista [Apostila], elaborada
pelo Pastor Natanael Rinaldi, pesquisador do ICP __ Instituto
Cristão de Pesquisas -, p. 34. Grifo nosso).
2.5.2. Segunda confissão
A bem da verdade, o próprio Kardec
reconheceu que a seita por ele fundada não é cristã. Doutro modo, ele não diria
que “O Cristianismo e
o Espiritismo ensinam a mesma coisa” (Grifo nosso). A
presença da conjunção aditiva “e”, constante da locução “O Cristianismo e
o Espiritismo ensinam a mesma coisa”, é uma escapadela que funciona como gol
contra. Kardec caiu na esparrela que ele mesmo confeccionou. Digo isso porque
percebo que nesta estrutura frasal Kardec, sem querer, deixa vazar que ele
sabia que o Cristianismo é uma coisa e o Espiritismo outra.
2.6. TERCEIRA REVELAÇÃO?!
2.6.1. Fragmento comprobatório
É oportuno registrar que Kardec alegou
que o Antigo Testamento é a primeira revelação; o Novo Testamento, a segunda; e
o Espiritismo codificado por ele, a terceira. Esta teria sido prevista por
Jesus em João 16. 12-13, bem como pelo autor do livro bíblico intitulado Atos dos Apóstolos. Veja a cópia abaixo.
Jesus
promete outro consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece,
por não estar maduro para o
compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as
coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito de
Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não
dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse
foi esquecido ou mal compreendido... O Espiritismo vem, na época predita,
cumprir a promessa do Cristo.
A primeira
revelação teve a sua personificação em Moisés, a segunda
no Cristo, a terceira não a tem em indivíduo algum. As duas
primeiras foram individuais, a terceira coletiva; aí está um caráter essencial
de grande importância. Ela é coletiva no sentido de não ser feita ou dada como
privilégio a pessoa alguma; ninguém, por consequência, pode inculcar-se como
seu profeta exclusivo; foi espalhada simultaneamente, por sobre a Terra, a
milhões de pessoas, de todas as idades e condições, desde a mais baixa até a
mais alta da escala, conforme esta predição registrada pelo autor dos Atos dos
Apóstolos: “Nos últimos tempos, disse o Senhor, derramarei o meu espírito sobre
toda a carne; os vossos filhos e filhas profetizarão, os mancebos terão visões,
e os velhos, sonhos”. (Atos, cap. II, vv. 17, 18.) (O evangelho segundo o
espiritismo, capítulo VI, nº 4, p. 128. Grifo nosso).
2.6.2. Reinventando a roda
Segundo o Kardecismo, à medida que a
Humanidade se evolui moral e intelectualmente, vai, por conseguinte, se
habilitando a maiores revelações da parte de Deus. Logo, a Segunda Revelação é
mais panorâmica do que a Primeira, assim como a Terceira é mais ampla e
perfeita do que a Segunda. Porém, quando examinamos os escritos de Kardec, não
encontramos nenhuma revelação nova, considerando que mediunidade, reencarnação,
auto justificação, carma, incoerências e outros engodos, são mais velhos do que
andar para a frente. O Kardecismo se gaba do reinvento da roda.
2.6.3. Nisso os pagãos já criam
provei acima,com transcrição, que Kardec
ensinou à “base” de Jo 16.12-13, que nos dias de Cristo o mundo ainda não
estava preparado para receber as revelações que constituem o Kardecismo: “[...]
por não
estar maduro para o compreender”. Porém, esse parecer não sobrevive a um
confronto com os fatos, visto que, segundo a História Universal, os pagãos (os
gregos, os romanos, os indianos, etc.) sempre creram em reencarnação, carma,
mediunidade, etc. Ora, como crermos que os contemporâneos de Cristo não estavam
preparados para receberem uma doutrina na qual já acreditavam há milênios? Certamente
que os apóstolos não teriam sofrido tantas adversidades, se tivessem pregado a
“nova” revelação Kardeciana. Digo isso porque, nesse caso, apenas ratificariam
o que o mundo já aceitava como verdade. Logo, ainda estou para saber o que o
Kardecismo trouxe de novo, já que essa doutrina é anterior à Lei Mosaica.
2.6.4. Pregou ou não pregou?
Veremos no capítulo X que Kardec alegou
que Cristo era reencarnacionista. E, quando o leitor examinar o capítulo XI, verá
que os kardecistas se valem de Mt 17.3 (onde consta que Jesus se comunicou com
o espírito de Moisés) em defesa da mediunidade. E agora pergunto: Afinal, a
consulta aos mortos e a reencarnação foram ou não foram praticadas e
sancionadas por Cristo? Se sim, onde está a novidade na “Terceira Revelação?” E
se não, por que dizem então que Cristo ratificou tanto a reencarnação quanto a
mediunidade? Jesus disse que o nosso falar deve ser “Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna”
(Mt 5.37. Logo, o kardecismo procede das trevas.
2.6.5. Uma “nova” e “profunda” revelação
A Bíblia, que começou a ser escrita
3.500 anos atrás, e foi concluída há quase 2.000 anos, contém mistérios tão
profundos que nenhum homem é capaz de entender só com a ajuda do intelecto. Sim,
precisamos do Espírito Santo para estudar a Bíblia com aproveitamento. E, sendo
os escritos de Kardec uma revelação tão profunda que o homem só se habilitou a
receber a partir da segunda metade do século XIX, é de se supor então, que o
Kardecismo contenha algo muito mais enigmático que os existentes na Bíblia.
Contudo, li todos os livros de Kardec
e consegui entender tudo quanto está escrito lá. Ler Kardec é ler discrepâncias
que saltam aos olhos. Ouso afirmar que entre as coisas impossíveis, uma é entender a Bíblia (em sua totalidade),
e a outra é não entender kardec.
Quem lê kardec raciocinando com a sua própria cabeça, percebe que no Kardecismo
não há nada que os inteligentíssimos homens de 2.000 anos atrás não pudessem entender.
Aliás, o próprio Kardec confessou que deveras, a doutrina da reencarnação já
havia sido difundida pelo mundo afora muito antes de Cristo vir à Terra.
Não há, pois, duvidar de que, sob o nome de ressurreição, o princípio
da reencarnação era ponto de uma das crenças fundamentais dos judeus, ponto que
Jesus e os profetas confirmaram
de modo formal; donde
se segue que negar a reencarnação é
negar as palavras do Cristo. Um dia, porém, suas palavras, quando
forem meditadas sem ideias preconcebidas, reconhecer-se-ão autorizadas quanto a
esse ponto, bem como em relação a muitos outros (O evangelho segundo o espiritismo, 109 ed., capítulo IV, nº 16, p. 89.
Grifo nosso).
Volto a perguntar: Se assim é, onde está
a novidade? Que trouxe de novo o Kardecismo? Afinal, Cristo e os profetas
pregaram ou não pregaram a reencarnação?
Certo kardecista me disse que o
Kardecismo levanta o véu, isto é, aclara ou explica os pontos obscuros da
Bíblia, simplificando as coisas. Mas essa pronunciação é contraditória, visto
que se essa doutrina é menos complexa que a Bíblia, por que só pôde ser dada à
Humanidade XIX séculos após Deus nos dar a Bíblia? Por que se diz então que Cristo
não pôde ensinar essas grandezas, em virtude da ignorância daquele tempo?
2.6.6. Da progressividade das revelações
As revelações divinas constantes da
Bíblia são, sim, progressivas, mas essa progressividade deve-se a um programa
divino, indiferente ao progresso intelectual e moral da Humanidade. Até porque
isso não existe.
O que o kardecismo prega hoje, sempre
pôde ser pregado, e, de fato, sempre houve quem o pregasse.
As grandes realizações (boas e más) da
Antiguidade provam que a Humanidade não evoluiu, no sentido kardeciano. O homem
está mais sábio, não mais inteligente, nem tampouco mais espiritual e moral.
Quanto a estas questões, está tudo estável. A promiscuidade, a prostituição, o
adultério, a traição, a avareza, a desonestidade, a bruxaria, a idolatria, as
heresias, a perversidade, o ateísmo... avolumam-se cada vez mais. Por tudo isso,
se o mundo atualmente está preparado para receber essa tal de Terceira
Revelação, então sempre o esteve; e se há 2.000 anos, a Humanidade ainda não
estava em condição de assimilar tão “profunda
revelação”, então ainda é assim. Saia disso, portanto, se você já caiu
no conto do vigário. E não entre nessa, se ainda está de fora. E refugie-se em
Cristo já, se ainda não o fez.
2.6.7. Embustes progressivos?
Volto a bater na tecla de que o
Kardecismo confessa que não reconhece a Bíblia como sendo a Palavra de Deus.
Vimos que, segundo a FEB (Federação Espírita Brasileira), Moisés pregava
monstruosidades. Vimos ainda que, segundo Kardec, Moisés mentiu
propositalmente, quando inculcou nos judeus que o Pentateuco era a Palavra de
Deus. E disso infiro, à luz da lógica, que, de acordo com o Kardecismo, Moisés
era apenas o embusteiro que os judeus mereciam. Mas agora estamos vendo que
essa seita, incoerentemente, finge reconhecer toda a Bíblia, assegurando que o
Antigo e o Novo Testamentos constituem duas revelações distintas e
progressivas, vindas de Deus. Disso nasce a seguinte pergunta: Afinal de
contas, o Antigo Testamento é a primeira revelação que Deus nos deu, ou é um
monstruoso embuste de autoria de um impostor chamado Moisés? Ora, embustes e
monstruosidades jamais vêm de Deus, não é mesmo? Tampouco um impostor pode ser
visto como Mediador e Emissário de alguma Revelação Divina, não é verdade?
Segundo me consta, nenhum teólogo
evangélico nega a progressividade das revelações de Deus nas páginas das
Escrituras, pois a Bíblia no-lo demonstra categoricamente. Mas convenhamos que
os embustes e as monstruosidades não podem ser reconhecidos como “progressivas revelações do Senhor”.
As revelações do Senhor são, sim, paulatinas, porém, de modo algum são
monstruosos embustes. Mas, como os kardecistas conseguem enxergar
monstruosidades, embustes e contradições no Antigo Testamento, custa-me
entender (se bem que estou entendendo tudo) como ousam intitulá-lo de “Primeira Revelação de Deus”.
Interpretando bem, podemos dizer que de
acordo com os Kardecistas, a Bíblia se divide em duas partes: Antigo Embuste e
Novo Embuste. Sim, porque se de fato Cristo não tivesse transformado água em
vinho, multiplicado pães e ressuscitado defuntos, seguir-se-ia que as
falcatruas do Novo Testamento não seriam inferiores às do Antigo. Mas é
justamente aí, a saber, no Novo Testamento, e, mais especificamente, em
Jo.16:12-13, que Kardec, incoerentemente se “fundamentou” para construir sua
cidadela, a qual estou reduzindo a frangalhos, ao exibir as denúncias aqui
contidas, seguidas de minhas refutações. Afinal, o Novo Testamento é a segunda
revelação de Deus, ou é o segundo embuste? Decidam lá os kardecistas como
quiserem, mas deixem de ambiguidade. Saiam de cima do muro. Posicionem-se. Adotem
partido único.
Bem, os kardecistas ainda não provaram
(e nem vão provar) que a Bíblia é o embuste que eles julgam ser, mas as linhas
que ora redijo provam cabalmente que o Kardecismo é incoerente. E, se é incoerente,
não merece crédito.
2.7. KARDECISMO __ A ÚNICA
RELIGIÃO VERDADEIRA
Apesar da babel kardeciana supra exibida,
Kardec julgou dignas de nota certas mensagens mediúnicas, segundo as quais, o
kardecismo não é uma instituição cristã igual às demais, nem tampouco a mais
certa, e sim, a única verdadeira. Eis as provas:
Aproxima-se
a hora em que, à face do céu e da Terra, terás de proclamar que o Espiritismo é
a única tradição verdadeiramente cristã e a única instituição verdadeiramente
divina e humana (Obras
póstumas. 26 ed., p. 308).
‘[...] ensinarei a verdadeira fé, a
fé espírita [...]” (O céu e o inferno,
2ª Parte, capítulo II, # I, nº 5, p. 177).
Cria Kardec na legitimidade dessas
mensagens, ou as registrou apenas para fins de estudo? Será que ele realmente
cria na superioridade, singularidade e exclusividade do seu Espiritismo? Creio
que sim, pelas seguintes razões:
A)
o Kardecismo, visto por Kardec como vindo de Deus, não difere do Cristianismo
bíblico apenas em questões periféricas, mas destoa do seu âmago. Logo, se somos
cristãos, então os kardecistas não o são; e se os kardecistas são cristãos,
então nós não o somos. Deste modo, ou os kardecistas creem na eminência e
exclusividade do Kardecismo ou renegam-no;
B)
na opinião dos kardecistas, Espiritismo mesmo é só o Kardecismo. Poucos sabem
que em 2 de janeiro de 1978,
a FEB (Federação Espírita Brasileira) declarou
oficialmente que
é imprópria, ilegítima e abusiva a
designação de espíritas adotada por
pessoas, tendas, núcleos, terreiros, centros, grupos, associações e outras
entidades que, mesmo quando legalmente autorizados a usar o título, não
praticam [...] o conjunto de princípios básicos codificados por Allan Kardec (Espiritismo, orientação para os católicos,
op. cit., p. 9)
C)
O “jornal espírita”, órgão oficial da
FESP __ Federação Espírita do Estado de São Paulo __,
abril de 1996, num artigo intitulado “O
primeiro espírita”, afirma textualmente: “[...] o primeiro espírita
do mundo: Allan Kardec”.
D)
Além disso, na revista Época consta que, segundo a FEB, “Chamar o
espiritismo de kardecismo é [...] redundância” (Época, 03 de julho
de 2006, nº 42413, p. 71). Em outras palavras: Se é Espiritismo é Kardecismo, e
vice-versa. E por tudo isso, fica nu e patente que não é sensacionalismo afirmarmos
que na ótica dos verdadeiros Kardecistas, a religião deles é a única tradição verdadeiramente cristã, a
única instituição verdadeiramente divina e humana, a única e verdadeira fé. Fora
do Kardecismo não há sequer algo verdadeiramente humano. Espiritismo verdadeiro,
religião ortodoxa, Cristianismo digno desse título, e instituição de fato
humana, são grandezas que Deus outorgou ao Mundo a partir de 1857, e o fez na
instrumentalidade do Mestre Kardec. Logo, ser kardecista implica em ser adepto
de uma seita: a) ambígua __ Creem ou não
creem na Bíblia?; b) exclusivista __
Até as seitas que, com o Kardecismo, formam farinha
do mesmo saco (Racionalismo Cristão, Cultura Racional, Umbanda, etc.), não são
vistas como realmente cristãs, divinas, e humanas. Há exclusivismo, pretensão e presunção superiores a isso?; c) hipócrita __ Confessa,
por exemplo, que se deve fingir crer na Bíblia, para ludibriar os incautos, e, por
conseguinte, não espantar a presa; d)
incoerente __ O Kardecismo, longe de ser sistemático, é, de fato, um
monturo de contradições. Uma colcha de retalhos.
2.8. O NOVO TESTAMENTO ESTÁ DE PÉ
Respeitável leitor, não se deixe levar
por esse negócio de “Terceira Revelação”. Realmente, Deus foi se revelando
progressivamente nas páginas da Bíblia, mas o Novo Testamento, que é o ápice de Suas revelações até o momento, veio
para ficar. Por consequência, pelo menos até que Cristo venha, a
presente Dispensação estará em
vigor. Logo , não aceitemos nenhuma novidade, sob pretexto de
“Terceira Revelação”, ou qualquer outra alegação. Isso é balela. A Bíblia nos
fala da “fé que uma vez por todas foi entregue aos
santos” (Jd 3 [ARA]. Grifo nosso). Neste caso, “fé” refere-se à
totalidade das doutrinas do Cristianismo. E o apóstolo Paulo, contrastando o
Antigo Testamento com o Novo, nos diz que: a) aquele era transitório, enquanto
este permanece (2Co 3.3-11 [ARC]); b) que “ninguém pode lançar
outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1Co
3.11. Grifo nosso); e c) que se ele e/ou os demais apóstolos, ou até mesmo se
um anjo descer do Céu, pregando outro evangelho, deve ser anatematizado (Gl 1.8-9),
isto é, amaldiçoado e excomungado da comunhão dos santos. E tudo isso é abonado
por Cristo, que disse: “Mas o que
tendes, retende-o até que eu venha” (Ap 2.25). E: “Bem-aventurado aquele servo que o seu
senhor, quando vier, achar servindo assim” (Mt 24.46). Isto mesmo, “servindo assim”, a saber, tal
qual prescrito por Cristo há quase dois mil anos, e não à moda Kardec.
Após ler livros, revistas, jornais,
panfletos, etc., publicados pelas federações espíritas, dialogar com diversos
adeptos dessa seita, e entrevistar vários ex-adeptos, concluí que em síntese o
Kardecismo (falo com minhas palavras) prega o seguinte:
Assim como
o Antigo Testamento findou há quase dois mil anos, quando da vinda de Cristo, o
Novo Testamento, por sua vez, tem seu fim com o advento do Espiritismo
Kardecista. A Era que Moisés inaugurara teria esbarrado na Era que Jesus
inaugurou há quase dois milênios. Esta, por sua vez, expirou quando Kardec e
seus espíritos-guia exibiram ao mundo o Novo Código, que é a Terceira Revelação,
a qual estabelece uma Nova Era, a Era dos Espíritos! Essa Codificação Espírita,
elaborada por Kardec, é o Novíssimo Testamento dado pelos Espíritos Superiores
pela instrumentalidade do Grande Mestre, cujo pseudônimo é Allan Kardec! E quem
quiser beber desta Nova Fonte, é só ler, estudar e praticar O evangelho
segundo o espiritismo e as demais obras procedentes da pena do Grande
Codificador, as quais, juntas, constituem o outro Consolador. Consolador este
prometido por Jesus, o qual, na plenitude dos tempos, isto é, em 1857, veio nos
consolar, falando-nos o que o Cristo não pudera dizer (devido à ignorância
inerente aos espíritos dos seus contemporâneos), bem como aclarando os pontos
velados (isto é, obscuros) do que Jesus dissera!
É muita petulância!
2.9. MIRAGEM SOBERBA
A crença nessa tal de Terceira Revelação
faz com que os kardecistas nos olhem de cima para baixo. Já me disseram que nós
somos “espíritos que ainda não se
desenvolveram o suficiente para compreender esta grandeza”. Creem que
nós, os evangélicos, já estamos quase chegando lá. Certo kardecista me disse
que a evolução do Espírito se dá mais ou menos assim: “Primeiro o indivíduo se
torna adepto de uma das religiões não cristãs (Budismo, Islamismo, Hinduísmo,
etc.), depois se torna católico, posteriormente vira evangélico e, a seguir, se
converte ao Espiritismo. O tempo que um espírito precisa, desde que é criado até
se tornar Kardecista, varia de espírito para espírito, pois depende do esforço
de cada um, e pode compreender muitos séculos e até milênios. Ora, por crerem
os kardecistas nessa suposta evolução espiritual, e julgando estarem num
patamar onde só eles alcançaram, sentem até dó dos evangélicos. Vê-se,
portanto, que eles são infelizes e não sabem. E só Deus pode arrancá-los desse
labirinto no qual se encontram. Evangelizemo-los, pois, e deprequemos por eles
com fé e amor (1Tm 2.1). Sem dúvida, o nosso Deus arrancará a muitos desse
“egito”, os libertará de “faraó”, e os conduzirá à “Terra” prometida. Isto
ocorrerá quando aspergirem as aduelas de seus corações com o sangue do nosso
Cordeiro Pascal __ Jesus (Êx 12.7).
2.10. CONTRADIÇÃO ENTRE OS DOIS TESTAMENTO?!
2.10.1. Porque parou?
Muitos kardecistas já me perguntaram: “Se o Antigo Testamento não estava errado,
por que tantas diferenças entre ele e o Novo? Por exemplo, por que não matamos
ainda os adúlteros, os blasfemos, os assassinos, os idólatras, etc.?”
Resposta: Para cada diferença, há pelo menos uma explicação teológica; e quem
não aceita tal explicação, precisa tirar a máscara de cristão, parar de chamar
o Antigo Testamento de “primeira revelação de Deus”, e assumir o seu cepticismo.
Mas, respondendo à pergunta sobre o
porquê de não podermos mais executar os criminosos e outros pecadores, informo
que a Igreja não é um Estado, mas um conjunto de indivíduos.
O motivo pelo qual a Igreja não pune os
criminosos é o mesmo pelo qual ninguém podia matar Caim (Gn 4.15), a saber, só
o Estado pode cuidar de punir os malfeitores. Como a partir de Noé,
estabeleceu-se o Governo Humano, então a pena de morte entrou em vigor (Gn
9.6). A incumbência de punir os criminosos foi e é da competência do Estado (Rm
13.1-7). À Igreja compete: a) dar a outra face ao agressor (Mt 5. 39); b) não
atirar a primeira (nem a última) pedra (Jo 8.7); c) louvar ao Senhor (Ef 1.12);
d) adorar a Deus (Jo 4.23); e) orar ao Pai(1Tm 2.1); f) pregar o Evangelho (1Pe
2.9), etc. Mas isso não é um libelo contra a justiça, que é, repito, da
competência da autoridade para isto constituída (Jo 19.11; Lc 23.41). E que o
Estado desincumba da Missão que recebeu de Deus.
2.10.2. Só Deus pode matar?
Certo kardecista argumentou dizendo que “sendo Deus o único que pode dar a vida,
naturalmente só Ele pode tirá-la. Logo, não podemos crer que Moisés, Josué,
Samuel e outros tenham recebido de Deus a ordem para ceifar tantas vidas. Mas,
como eles mataram muitas pessoas sob a alegação de que o faziam por ordem divina,
salta à vista que seus escritos não são a Palavra de Deus”. Refuto esse
argumento dizendo que Deus, o único que pode tirar a vida, não está
impossibilitado de incumbir um agente Seu, de fazê-lo. Ele pode matar, e não
raramente, Ele mesmo o faz; mas às vezes Ele delega este poder a um anjo.
Outras vezes o confere ao Estado. Por exemplo, Rm 13. 1-7 nos diz que o Estado
está autorizado por Deus a punir os malfeitores com a punição que se fizer
necessária, incluindo a pena capital. Logo, se um policial, em nome da Lei, está
no encalço de um criminoso, deve
trazê-lo vivo ou morto. Por conseguinte, se o dito marginal reagir à voz de
prisão, o referido policial poderá até matá-lo, se isso se fizer absolutamente
necessário. Neste caso, o autor da execução não pode ser visto como assassino,
e sim, como mantenedor da ordem pública.
Rm 13.5 nos diz que a autoridade não
traz a espada debalde, isto é, em
vão. Ela , a espada, não era enfeite. E, como não ignoramos, a
espada (hoje metralhadora, fuzil, pistola, bazuca, etc.) não era instrumento de
correção, como o cassete o é. Não! A espada existia para matar. Assim fica
claro que Deus, o único que dá a vida, e, por conseguinte, o único que pode
tirá-la, se vê no direito de fazê-lo através de um agente Seu, que pode ser ou
um anjo, ou o Estado. Atualmente, Seus agentes, investidos deste poder, são
apenas os anjos (At 12.23 ) e o Estado (Rm 13. 1-7). Este, por sua vez, usa os
poderes Legislativo, Judicial e Executivo para fazer valer este mister. Aqueles,
porém, o fazem por si mesmos, em nome do Senhor dos Exércitos.
2.10.3. A sanção de Cristo
Volto a bater na tecla de que uma das
muitas provas da autenticidade do Antigo Testamento é o fato de o mesmo ter
sido reconhecido por Jesus (Mt. 5.18, etc.). Mas os kardecistas diriam: “Reconheceu mesmo? Tem certeza de que Mateus não pôs
essas palavras na Sua boca? Você o ouviu dizer isso? Quem garante?” A
resposta é: O Novo Testamento no-lo garante. E se não creem no Novo Testamento,
então parem de dizer que a promessa de Jesus, constante de Jo 16.12-13, de nos
enviar outro Consolador, se cumpre a partir de 1857, quando da Codificação
Kardeciana. E digo isto porque se realmente a Bíblia não fosse confiável, já
não saberíamos nem se Cristo teria mesmo feito alguma promessa. Além disso, um ateu
pode se valer dessa deixa dos kardecistas e questioná-los nestes mesmos termos:
“Têm certeza? Vocês viram?”. Quem garante?” Sim, porque afinal de contas, os
kardecistas também não ouviram Jesus fazer qualquer promessa. Os kardecistas devem
também parar de defender trechos bíblicos, dizendo sobre os mesmos que “não permitem se duvide da realidade do fato”;
“não há contestar, porquanto comprova, sem a possibilidade do menor
equívoco”, e outras mais.
Sendo a Primeira e a Segunda Revelações,
dois monstruosos embustes, pergunto: A Terceira Revelação seria o terceiro monstruoso
embuste? Claro que sim, visto que segundo os mais elementares princípios da
lógica, a terceira coisa de uma série tem que ter vínculos com as que a
precedem. A Terceira Revelação de Deus à Humanidade não tem que ser de Deus, se
a Primeira e a Segunda, de Deus não são; a Terceira Revelação de Deus à
Humanidade não tem que ser verdadeira, se a Primeira e a Segunda, verdadeiras
não são. Pensem nisso os que ainda pensam!
2.11. ARGUMENTOS PRÓ BÍBLIA
2.11.1. Primeiro argumento
Bem, os kardecistas questionam a Bíblia.
E eu disse e repito que entrar no mérito desta questão foge ao escopo deste
livro, pois por ora pretendo apenas desmascarar o Kardecismo, para, deste modo,
levar suas vítimas a buscarem a verdade em Deus e no Seu Livro. Por isto,
formulo aos kardecistas as seguintes interrogações: Vocês podem provar as
alegadas adulterações que teriam sido cometidas pelos hagiógrafos e outros
aventureiros ao longo dos séculos? Onde, como e quando ocorreram tais
interpolações? Será que toda essa apelação não passa de grosseira especulação?
Porventura, os achados arqueológicos não deixam evidentes que as inegáveis
provas dos erros cometidos pelos copistas, não impediram que chegassem a nós textos
expurgados, contendo apenas falhas banais que, portanto, não ferem a
integridade dos originais? Será que os kardecistas não sabem que crer na Bíblia
não implica em crer na infalibilidade dos copistas e tradutores das Escrituras,
mas apenas na Inspiração Verbal e Plena dos originais?
2.11.2. Segundo argumento
Introduzi o parágrafo imediatamente
acima, dizendo que “os kardecistas questionam a Bíblia”. Mas qualquer pessoa
está em condição de abrir os livros de Kardec e provar que os mesmos não suspeitam
da autenticidade da Sagrada Escritura da fé cristã. Por que isso? Não ignoramos
a resposta, pois sabemos que Kardec era hipócrita e que seus livros são a cara
dele. Digo isso, porque já provei como dois mais dois são quatro que a literatura
Kardeciana refuta a Bíblia tanto quanto a defende. E isso não é apenas um equívoco,
mas sim, literalmente um erro estapafúrdio e inqualificável. Mas isso conta
ponto para a Bíblia. É que esse gesto constitui mais uma demonstração de que a
Bíblia ataca à hipocrisia, razão pela qual os hipócritas contra-atacam às suas ofensivas.
E nessa luta desigual, apelam até para o vale-tudo, agindo desavergonhadamente.
Por um lado, porém, isso é bom, pois facilita a detecção de fraudes. Quão
difícil seria provar as falsidades de Kardec se ele fosse coerente! Diz-se que “nada
é mais falso do que o idêntico”. Logo, se Kardec tivesse fundado uma falsa
religião parecidíssima com o Cristianismo, seria mais difícil desvencilhar-se
dela. Mas, graças a Deus, o Kardecismo tenta “pagar suas contas com notas de
três reais”.
Quando em litígio, alguém recorre a
falcatruas para “provar” inocência e se defender da acusação, evidencia com esse
gesto que não está de posse da razão. Logo, o Kardecismo é falso, considerando
que não concatena coordenada e coerentemente sua exposição sobre a Bíblia,
disparatando sem qualquer critério normativo, ora retaliando a Bíblia, ora “defendendo-a
ardorosamente”.
2.11.3. Terceiro argumento
A Bíblia é ou não é a Palavra de Deus? As
muitas contradições de Kardec constituem prova esmagadora de que não é com ele
que você vai obter uma resposta substanciosa. Não tenha, pois, Kardec por
consultor; antes, descarte o “auxílio” desse parlapatão biruta e vá pesquisar e
decidir por si mesmo sobre a Bíblia. O heresiarca do Kardecismo não está apto a
lhe orientar na jornada da vida rumo à eternidade. Não confie o seu futuro
eterno aos cuidados desse paroleiro. A sabedoria popular já sacramentou que
“antes só do que mal acompanhado”. Nunca aceite ser consulente de quem sequer
consegue concatenar suas ideias. Quem não fala coisa com coisa não merece ser
ouvido. Fora, pois, com os livrescos kardecianos.
***
Quem
quer que tenha pesquisado o Kardecismo, ainda que preliminarmente, sabe que o
seu mentor foi um dos homens mais cultos que o mundo já conheceu. Contudo,
provei que ele falava como tantã. Poucos conseguem ver isso, porque seus
disparates se escondem por trás de um florido frasal deveras encantador. A sua
erudição disfarça seus desarrazoados. Mas, por que um homem do quilate de
Kardec se dá a esse papelão? A resposta é que de uma pessoa com o diabo no couro
tudo se espera. Não faço estas declarações desaforadamente, mas sim, com dor no
coração! Quão bom seria se a vida e obra de Kardec fossem diametralmente opostas
a essa realidade! Mas aqui está a verdade nua e crua sobre ele. Podemos mentir
sobre os fatos ou camuflá-los, mas não podemos mudá-los, tampouco torná-los
inexistentes. E espero que o fanatismo não o impeça de enxergar isso. Aspiro
ardentemente que o conhecimento dessa triste história real o livre da desdita
de crer nO Evangelho Segundo o Espiritismo.
CAPÍTULO III
KARDEC NEGA A TRINDADE
Neste capítulo não pretendo entrar no
mérito da questão quanto a se Deus é ou não Trino. Tampouco objetivo argumentar
em defesa do Cristianismo. Se o Cristianismo está certo ou não por pregar a Doutrina
da Trindade, não vem ao caso no momento. Estas questões também são importantes,
mas este tema foge ao escopo não só deste capítulo, mas também deste compêndio.
Por ora, viso apenas fazer mais uma demonstração do quanto o Kardecismo é
incoerente.
3.1. NEGANDO A TRINDADE
Não existe cristão unitarista, assim
como também não há cristão ateu. Se os kardecistas fossem ateus e,
concomitantemente, afirmassem ser cristãos, eu os tacharia de incoerentes,
ainda que eu também fosse ateu, visto que o Cristianismo não é uma instituição
ateísta. Não se iluda, o fato de o Kardecismo negar a Doutrina da Trindade, sem
abrir mão do título de cristão, fá-lo incoerente, e, por conseguinte, o
descaracteriza como autêntico Cristianismo.
Crer na Doutrina da Trindade não implica
crer em três Deuses em um, antes significa reconhecer que o
Deus da Bíblia não é uma unidade absoluta, e sim composta, constituída de três
Pessoas distintas, igualmente divinas, constituindo uma só Deidade. Por
“distintas” deve-se entender que nenhuma das três Pessoas é as outras duas; e
por “igualmente divinas”, queremos dizer que cada uma destas três Pessoas é
Deus na verdadeira concepção deste termo.
O fato de a Bíblia dizer que há um só
Deus (1Tm 2.5), sem negar tanto a distinção entre o Pai, o Filho e o Espírito
Santo (14.16; Mt 26.39), quanto a Divindade de cada uma destas três Pessoas (O
Pai é Deus [Jo 3.16], o Filho é Deus [Jo 1.1; 1Jo 5. 20], e o Espírito Santo é
Deus [At 5.3-4]), nos impele a concluir que, segundo a Escritura Sagrada do
Cristianismo, Deus é o que se convencionou chamar de Trindade.
Na doutrina cristã, o vocábulo
“Trindade” designa o dogma da união de três pessoas distintas em um só Deus. Logo,
Deus é Trino quanto ao número de pessoas que O constituem, e Uno quanto à
Deidade. Logo, quem nega a Doutrina da Trindade não pode se considerar cristão,
visto que fazê-lo não é falar coisa com coisa. Deste modo, aqui está mais uma
demonstração de que o Kardecismo não é Cristianismo.
E o Kardecismo realmente nega a Doutrina
da Trindade? Nega. E é fácil provar isso.
3.2. NEGANDO O FILHO E O ESPÍRITO SANTO
Visto que crer na Doutrina da Trindade,
implica em crer na Divindade de cada membro da Deidade, basta provar que o
Kardecismo nega a Divindade do Filho e do Espírito Santo, para ficar claro que
ele é diferente do Cristianismo. E este é o próximo passo.
3.2.1. Negando o Filho
Sabemos que Jesus disse: a) que Ele, de
Si mesmo, nada podia fazer (Jo 5.30); b) que se submetia à vontade de Deus (Mt 26.39);
c) que Ele é inferior ao Pai (Jo 14.28); e d) que encomendou Seu espírito à
proteção do Pai (Lc 23.46). Destas afirmações de Jesus e outras correlatas,
Kardec infere e registra em Obras
póstumas que Jesus e Deus não são a mesma pessoa, e que, portanto, Jesus
não é Deus. Referindo-se a Jesus, ele diz textualmente: “[...] ele não é Deus [...]”. E: “[...] Jesus [...] não era Deus [...]”
(Obras póstumas. 26 ed. pp. 131, 134). Mas os argumentos que Kardec
apresenta à base destes fatos bíblicos, visando com isso subtrair a Deidade de
Cristo, estão errados pelas seguintes razões: a) Kardec não pode citar a Bíblia no intuito de provar a
“ortodoxia” de suas doutrinas, pois como já deixamos claro, ele não acreditava
nela. Kardec não tem moral para recorrer à Bíblia para nada; b) os cristãos, desde os primórdios do
Cristianismo sustentam que Jesus, por ser Deus (Jo 1.1-3,10; Cl 1. 14-17; 2.9)
e homem (1Tm 2.5), pode falar tanto como Deus (Mt 18.20; Mc 2.10) quanto como
homem (Jo 5.30); c) como já vimos, o
Cristianismo clássico jamais ensinou que o Pai e o Filho são uma só Pessoa.
Essa crença, estranha ao Cristianismo bíblico, bem como rechaçada pelos
católicos, pelos ortodoxos, e pelos evangélicos, é velha conhecida dos teólogos
trinitarianos, que a rotulam de Sabelianismo, Modalismo e Unicismo. E, sendo
assim, por que Cristo não poderia entregar o Seu espírito humano aos cuidados
do Pai, ou seja, aos cuidados da Divindade, da qual Ele é integrante? Salta,
portanto, aos olhos que Kardec, das duas uma: Ou ignorava o que o Cristianismo
prega, ou usou de má-fé. E, em se tratando de um homem da estirpe de Kardec, só
nos resta a última alternativa. Isto digo porque entendo que para nos refutar,
ele deveria solapar as bases sobre as quais nos fundamentamos, e não se valer
de premissas também rejeitadas por todos os teólogos trinitarianos. Tentar
refutar uma ideologia, sem pôr em xeque a premissa que lhe serve de sustentação,
não é uma atitude filosófica, e sim, um desvario. Isso é desconversar. Isso é
desonesto. Isso é esperteza. Isso é apelação. Isso é um papelão. Certamente, Kardec
se viu sem argumento para refutar a Cristologia trinitariana, e, por isso, ao
invés de trazê-la à baila e desbancá-la, saiu pela tangente, apostando mais na
ignorância de seus leitores, do que nos seus “álibis”.
Kardec alega que (falo com minhas
palavras) se Jesus realmente fosse Deus e homem, de humano Ele teria o
corpo, e de Divino Ele teria o Espírito; mas é justamente o Espírito que Ele
entrega nas mãos do Pai, quando de Sua morte (Lc 23.46). Ora, como entregar
Deus aos cuidados de Deus? Mas este argumento não é tão consistente como
talvez possa parecer a uma pessoa desavisada. Senão, veja estas considerações:
A) Kardec “esqueceu” de considerar que o Cristianismo
sempre pregou que de humano, Jesus não possuía só o corpo, mas também o
espírito.
Se de humano Jesus possuísse só o corpo,
Ele não seria 100% homem, como o Cristianismo sempre sustentou, e sim, um ser
parcialmente humano.
B) Jesus, à luz da Bíblia, é o Deus
Todo-Poderoso, Criador dos Céus, da Terra e de tudo quanto neles há (Jo 1.1-3,10;
5.18; 20.28 Hb 1.8-12; Rm 9.5; Cl 1.14-17; 2.9; Tt 2.13; 2Pe 1.1, etc.);
C) Jesus existe desde a eternidade (Mq
5.2; Jo 1.1-3,10; 17.5); logo, não foi criado por ninguém, nem mesmo por Deus
Pai, pois é Criador, e não criatura. Contudo, kardec, no seu inglório afã de
“provar” que Jesus é criatura, serviu-se do fato de Jesus ser chamado na Bíblia
de “o Filho de Deus”. A questão é: Se Ele não é criatura, e sim, Eterno em
absoluto, por que diz então a Bíblia que Ele é o Filho de Deus? Resposta: A
expressão “filho de”, nem sempre significa “gerado por”, ou “criado por”. Não
comparando mal, assim como o diabo não criou ninguém, mas tem muitos filhos (Jo
8.44; At 13.10; 1 Jo 3.10, etc.), Deus não criou Jesus, mas Jesus é o Seu
Filho. Jesus é o Filho de Deus por identidade de natureza (ou igualdade) com o
Pai, ou seja, o fato de Jesus ser o Filho de Deus, fá-lo Deus com inicial
maiúscula. Senão, atente para a exposição baixo:
a) Em Jo 5.18 podemos
ler:
Por isso,
pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o
sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual
a Deus (Grifo nosso).
Segundo o texto supra, as razões pelas
quais os judeus queriam matar a Jesus eram as seguintes: 1) Jesus quebrantava
(ou violava) o Sábado; 2) Jesus disse que Ele era igual a Deus, por dizer que
Deus era o seu Pai; 3) os judeus entenderam muito bem o que Ele estava dizendo;
e 4) ao invés de crerem no que Jesus lhes dizia, isto é, ao invés de crerem que
Jesus era de fato igual a Deus, acharam que Ele estava cometendo a blasfêmia de
usurpar as prerrogativas divinas, razão pela qual o consideraram digno de
morte. Aqui está, portanto, uma prova de que Jesus é o Filho de Deus porque é
igual a Deus; e é igual a Deus, porque é o Filho de Deus.
Há quem diga que Jesus não se
declarou igual a Deus em Jo 5.18, e sim, que “foram os judeus incrédulos que raciocinaram que Jesus procurava
fazer-se igual a Deus por afirmar que Deus era seu Pai.” E
concluem que “Jesus nunca afirmou ser
igual a Deus”. Estas declarações constam de um dos livros da seita dos
testemunhas-de-jeová, intitulado Raciocínios à base das Escrituras, p.
215, edição de 1.985. Mas os que assim dizem só estariam com a razão, se este
texto dissesse assim: “[...] mas
também dizia que Deus era seu próprio Pai, o que fez com que os judeus pensassem que Ele estava
fazendo-se igual a Deus.” Mas não é este o caso.
b) Dizer-se o Filho de
Deus é blasfemar?
Segundo Jo 19.7, os judeus tentaram
convencer a Pilatos de que Jesus era digno de morte, pelo fato de Ele haver
afirmado que era Filho de Deus. Isto é prova cabal de que esta afirmação, à luz
das línguas originais em que a Bíblia foi escrita, não significa criado por Deus, e sim, igual a Deus. Caso contrário, os ímpios
não se apoiariam nisso para acusar a Jesus de blasfêmia. Tampouco se serviria
disso para induzir Pilatos a reconhecer que Jesus era malfeitor, e que,
portanto, merecia morrer.
c) Jesus é um com Deus
Está registrado em Jo 10.30-36, que
Jesus disse que Ele e o Pai são um. Isto equivale a dizer que Ele é Deus e os
judeus quiseram matá-lo por isso, por acharem que o fato de Ele se fazer Deus
era uma blasfêmia. Em outras palavras: Ele confessou que é Deus e os judeus
acharam que Ele estava blasfemando ao fazer esta confissão. Senão, vejamos:
Logo após Jesus dizer que Ele e o Pai são um (v.30), os judeus ameaçaram
apedrejá-lo (v.31). Jesus perguntou, então, por qual motivo queriam matá-Lo a
pedradas (v.32), e eles disseram que era porque Ele havia cometido a blasfêmia
de se fazer Deus (v.33). Nos versículos 34-35, Jesus argumenta citando e
explicando o Sl 82.6, e formula uma pergunta que nos deixa claro que a
afirmação “Eu e o Pai somos um”, equivale a dizer “eu sou o Filho Deus”. Veja o
leitor que embora o debate entre Jesus e os judeus seja em torno do fato de Ele
ter afirmado que Ele era um com Deus, Jesus não disse assim:
“àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, dizeis vós: Blasfemas;
porque eu disse: Eu e o Pai somos um?” (Confere com Jo 10.36). Deste modo,
se compararmos os versículos 30, 33 e 36 de Jo 10, veremos que a expressão “Eu e o Pai somos um”, corresponde a
“Eu sou o Filho de Deus”. Do contrário, Jesus e os seus interlocutores não
falavam coisa com coisa. E, como já sabemos, neste caso, ser o Filho de Deus é
ser Deus, segundo a índole das línguas semíticas (hebraico, aramaico e grego)
nas quais se escreveu a Bíblia.
d) O Filho de Deus na
ótica do diabo
Mt 4.3 nos diz que o diabo, tentando a
Jesus, disse-lhe: “Se tu és o Filho de
Deus, manda que estas pedras se tornem em pães”. Isto significa que na
opinião do diabo, ser o Filho de Deus implica, necessariamente, em ser
onipotente. Será que Satanás estava equivocado? Sabemos que o diabo é o pai da
mentira, e, portanto, indigno de confiança (Jo 8.44). Entretanto, às vezes os
demônios fazem afirmações que não podem ser contraditadas. Exemplos: De Lc 8.28
e de Mc 1.24 consta que os demônios confessaram que Jesus é “o Filho do Deus
Altíssimo”, bem como “o Santo de Deus”. Podemos refutar? Ademais, se Satanás
estava tentando a Jesus, obviamente ele procurava ser o mais “lógico” possível.
Daí podermos perceber que o diabo tentou o Senhor Jesus a se identificar como o
Filho de Deus por identidade de natureza. Das palavras do diabo podemos
“pescar” que ele estava argumentando à base da seguinte lógica: Se Jesus é o
Filho de Deus, então Ele tem, natural e necessariamente, poder sobrenatural. Se
neste ponto Satanás não estava incoerentemente equivocado, como equivocados não
estavam os seus subalternos ao fazerem as confissões registradas em Lc 8.28 e
Mc 1.24, Jesus não é Filho de Deus por criação, pois ninguém tem a obrigação de
ser portador de poder miraculoso só por ter sido criado por Deus. Se Jesus
fosse filho de Deus por criação, a exposição do diabo seria uma incoerência tão
gritante quanto se alguém fizesse os seguintes desafios: 1) “se tu és mecânico,
pinta a minha casa”; 2)“se tu és carpinteiro, faze uma muda de roupa para mim”;
e 3) “se tu és eletricista, corta os meus cabelos e faze a minha barba”.
e) Outras filiações
Além dos exemplos acima, medite no fato
de a Bíblia nos falar dos “filhos
deste mundo” (Lc 16.8), “filhos
da luz” (Ef 5.8), “filhos das
bodas” (Mt 9.15), “filhos da
ressurreição” (Lc 20.36), “filhos
da desobediência” (Ef.2.2), “filhos
da ira” (Ef.2.3), “filhos dos
homens” (Ef 2.5), etc. Em todos estes casos, certamente salta aos olhos
que o vocábulo “filho” não traz em si o conceito de procedência, derivação,
criação, geração, formação, etc., mas sim, a ideia de participação. Porventura,
bodas têm filhos? Ressurreição possui filhos? Ira dá à luz filhos? Luz pare
filhos? Pois bem, quando a Bíblia diz que Jesus é o Filho de Deus, está dizendo
apenas que Ele é membro, integrante, componente ou participante da Divindade,
ou seja, Ele é, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, constituinte da
Deidade. Jesus é o Filho, e não um dos filhos, nem tampouco um
filho.
Relembro que por ora não está em
discussão a autenticidade da Bíblia e do Cristianismo. O que nos interessa
neste momento é: O Cristianismo prega ou não prega a Doutrina da Trindade?
Estamos vendo que sim, e isto torna patente que o Kardecismo não fala coisa com
coisa, já que nega uma das doutrinas centrais da fé cristã, que é a Trindade,
e, simultaneamente quer se passar por cristão. Ora, se o Cristianismo é veraz,
então os kardecistas devem abraçar a Doutrina da Trindade, já que se dizem
cristãos e é isto que o Cristianismo prega. Por outro lado, se a Triunidade de
Deus é um ensino espúrio, os kardecistas precisam abjurar o Cristianismo e
assumir que não são cristãos. Amem-no ou deixem-no. Reneguem-no ou abracem-no.
3.3.2. Negando o Espírito Santo
O Kardecismo tentou destituir o Espírito
Santo de Sua Divindade e de Sua personalidade, conforme a seguir exposto.
Quem é o Consolador?
Pela Bíblia sabemos que: a) Jesus nos prometeu outro Consolador
(Jo 14.16-17,26; 15.26; 16.7-14) e informou que este é o Espírito Santo (Jo
14.26). Neste contexto, tudo que se diz do Espírito Santo, diz respeito ao
Consolador, visto que estes vocábulos designam a mesma pessoa; b) Jesus mandou que os apóstolos aguardassem
a vinda do dito Consolador ; c) Jesus
garantiu que eles receberiam o referido Consolador dentro de breves dias, e que
só podiam sair de Jerusalém para anunciarem o Evangelho ao mundo, após o
recebimento desta bênção (At 1.4-5, 8; Lc 24.49); e d) eles (os apóstolos e
outros cristãos do século I) foram, pois, a um cenáculo e lá permaneceram em
oração (At 1.12-14) até que se cumpriu o que está exarado em At 2. 1-4. Não
pode haver dúvida, então, de que o fenômeno do qual trata este último texto
bíblico (At 2.1-4) é a vinda do outro Consolador, conforme Jesus prometera.
Logo, a bendita promessa se cumpriu há quase dois mil anos, quando os cristãos
receberam o Consolador, isto é, o Espírito Santo. O kardecismo, porém, alardeia
aos quatro ventos que o Consolador que Jesus prometeu é o Espiritismo
codificado por Kardec, isto é, a doutrina Espírita; e que, portanto, a dita
promessa se cumpriu quando Kardec lançou os seus livros espíritas, dos quais
O livro dos espíritos foi o
primeiro a vir a lume (O evangelho segundo o espiritismo. 109 ed.
capítulo 6, nº 4, pp. 128-129; O Reformador: FEB, abril de 1995, p. 6 [A
revista O Reformador é órgão oficial
da FEB]). Salta aos olhos, portanto, que o Kardecismo nega tanto a
Personalidade quanto a Divindade do Consolador. Este não é (segundo o
Kardecismo) uma Pessoa Divina, e sim, um corpo de doutrinas. Por isso exibo a
seguir as evidências de que o Cristianismo clássico tem o Consolador como
Pessoal e Divino. Ao fazer isto, não provo que o Cristianismo é veraz, nem
tampouco a personalidade e Divindade do Espírito Santo, mas demonstro mais uma
vez que o Kardecismo é incoerente. Limito-me a este feito porque creio que fazê-lo
basta para demover a um inquiridor sincero de depositar sua confiança no
Kardecismo. Veja, pois, a exposição abaixo e cientifique-se de que, segundo o
Cristianismo, o Espírito Santo é Deus e Pessoal, não sendo, portanto, cristão,
quem disso destoa. Aclarando: Se quem discorda dessa doutrina cristã está ou
não com a razão, é discutível; mas que o tal não é cristão, é indiscutível, visto
ser isso que o Cristianismo prega desde seus primórdios.
A personalidade do Espírito Santo
Muitos são os que negam a personalidade
e a Divindade do Espírito Santo; e os kardecistas pertencem a esse grupo. É
oportuno, então, que tragamos este fato à baila.
Atos
pessoais são atribuídos ao Espírito Santo. Segundo o renomado teólogo Myer Pearlman,
personalidade “É aquilo que possui
inteligência, sentimento e vontade”. (Myer Pearlman. Conhecendo as doutrinas
da Bíblia. Flórida: Editora Vida. 16ª impressão, maio de 1991, p.
180). E assim fica fácil sabermos se o Cristianismo prega ou não a
personalidade do Espírito Santo. Para tanto, basta lermos a Bíblia. Nela consta
que o Espírito Santo tem:
Inteligência
__ Segundo Jo 16.13,
Ele fala do que ouve. E, como sabemos, só um ser portador de intelecto pode
fazer isso;
Sentimento __ À luz de Ef 4.30, o Espírito Santo pode ser
entristecido, pois aí se pede para não entristecermos a Ele. Ora, a ordem para
não entristecermos o Espírito Santo, equivale a dizer que devemos mantê-lo
alegre, já que qualquer cuidado para não entristecê-lo seria injustificável, se
tristeza fosse o seu estado normal. Então o Espírito Santo pode se alegrar ou
se entristecer. Além disso, Rm 15.30 assegura que o Espírito Santo ama. Ora,
amor é um sentimento. Logo, o Espírito ama, e, portanto, se alegra com o nosso
bem-estar, assim como se entristece com nossas desventuras. E alegria, tristeza
e amor não são sentimentos? Pode uma doutrina fazer isto?
Vontade __
1Co 12.11 garante que o Espírito Santo tem querer, pois diz que Ele distribui
os dons espirituais “como quer”. E em Rm 8.27 consta que Deus sabe qual é a
intenção do Espírito Santo. Vontade e intenção não são atributos pessoais? Pode
um conjunto de doutrinas dar estes expedientes?
Além dos atos pessoais supra, atribuídos ao
Espírito Santo, há outras ações corroborando com a crença na personalidade do
Espírito Santo, das quais listamos apenas estes: 1) o Espírito Santo geme
inexprimivelmente (Rm 8.26); 2) o Espírito Santo discorda (At 16. 6,7); 3) o
Espírito Santo concorda (At 15.28); 4) o Espírito Santo intercede (isto é, ora)
por nós (Rm 8.26); e 5) o apóstolo Pedro disse que Ananias mentiu ao Espírito
Santo (At 5.3). Veja, mentira ou verdade só se fala a uma pessoa. Não se mente
a um fluido, a uma energia, a um objeto, a um corpo de doutrinas, etc. Algo
impessoal não realiza ações como gemer, discordar, concordar, orar, etc. Com
efeito, o Espírito Santo satisfaz todas as exigências que um ser precisa
satisfazer para caracterizar-se como pessoa, pois possui intelecto, volição e
sentimentos. O que kardec entendia por pessoa?
No nosso vernáculo, “pessoa” significa “ser
humano”, mas já deve estar claro que não é isso que queremos dizer quando
afirmamos que o Espírito Santo é uma pessoa. O Espírito Santo não é um ser
humano, nem tampouco um corpo de doutrinas, mas um ser portador de intelecto,
vontade e sentimentos; e a isso, chamamos de pessoa. Esta palavra é pobre para conceituar este membro da
Trindade, mas por não dispormos de um vocábulo melhor, definimo-Lo assim.
3.3.3. A divindade do Espírito Santo
O apóstolo Pedro disse que Ananias mentiu
ao Espírito Santo (At 5.3) e, por conseguinte, a Deus (At 5.4). Se mentir ao
Espírito Santo é mentir a Deus, então Ele é Deus.
1Co 6.19 diz que nós, o conjunto dos
cristãos, somos o templo do Espírito Santo. E, como sabemos, nenhuma frase será
bem estruturada até que haja entre as palavras que a constituem, uma adequada associação
de ideias, formando um todo. A palavra “gaiola” tem que ter alguma relação com
pássaro. E o vocábulo “chiqueiro” tem que estar ligada de alguma forma ao
substantivo “porco”. Igualmente, a palavra “palácio” lembra estadista e
majestade. Quando isso não ocorre, diz-se que não se está falando coisa com
coisa. Deste modo, se somos o Templo do Espírito Santo, então Ele é Deus, já
que só a Deus se erige templo. Pense: Que seria o Espírito Santo, se fôssemos o
seu chiqueiro? E se fôssemos a sua gaiola, não seria Ele um pássaro? E
porventura, não constituiria mais uma prova de Sua Majestade, se a Bíblia
dissesse que somos o seu palácio? Isto posto, então Ele é Deus, pois somos o Seu
templo.
A Bíblia diz que o Espírito Santo é
Senhor (2Co 3.18 ARA). Este versículo, além de provar a personalidade do
Espírito Santo, prova também a Sua Divindade. Claro, algo impessoal não pode
ser Senhor. Ademais, no sentido religioso só Deus é Senhor.
Há, na língua original do Novo
Testamento, duas palavras equivalentes a “outro” em português: héteros e allos. Esta significa “outro” da mesma espécie, da mesma qualidade
e da mesma natureza. Mas aquela significa “outro” diferente. João, por saber
que os membros da Trindade são iguais, ao registrar que Jesus nos prometeu
outro Consolador, grafou allos parácleto.
Allos (outro), parácleto (consolador), querendo dizer com isto, certamente, que
o Consolador que Deus nos deu mediante os rogos de Cristo, é igual a Jesus.
Logo, o Espírito Santo tem que ser tão Pessoal quanto Jesus. Sim, se Jesus é
pessoa, então o Espírito Santo também o é. E se o Consolador é apenas um
conjunto de doutrinas __ como o imaginou Kardec __, então
Jesus também é um conjunto de doutrinas. Deste modo temos em Jo 14.16 mais uma
exibição da Deidade do Espírito. O raciocínio é o seguinte: Se Jesus é igual ao
Pai (Jo 5.18), e não difere do Espírito Santo (Jo 14.6), então este é igual ao
Pai e ao Filho, o que prova a Sua Personalidade e Divindade, já que o Pai e o
Filho são Pessoas.
Bem, estamos cientes de que kardec negou
a Personalidade e a Divindade do Consolador, confundindo-o com os seus livros.
Mas a coisa não para por aí. Literatura oficial do Kardecismo está confundindo
as manifestações do Espírito Santo com mediunidade. Só para citar um exemplo, o
senhor Durval Ciamponi, kardecista de renome entre os seus correligionários,
afirmou:
No dia de
Pentecostes todos os apóstolos foram envolvidos pelos espíritos, ocorrendo a
maior sessão coletiva de manifestação mediúnica na história religiosa do mundo.
[...] os [...] estudiosos irão descobrir que o Espírito Santo nada mais é
que a alma dos homens que se foram [...] (Jornal
Espírita,
órgão oficial da FESP, junho de 1991. Grifo nosso).
Sim,
leitor, circula nos arraiais espiritistas que se deve distinguir o Espírito
Santo do Consolador. Este seria a totalidade das doutrinas espíritas, e aquele
o conjunto das almas dos defuntos. Um kardecista me disse que o Espírito Santo
é o conjunto das almas desencarnadas que já atingiram a perfeição. O
Cristianismo bíblico, porém, sempre entendeu que o Consolador é o próprio
Espírito Santo, e que o mesmo é pessoal e divino, constituindo com o Pai e o
Filho um só Deus.
Outra relevante prova da Divindade do
Espírito Santo é o fato de a Bíblia o chamar de Espírito de Deus (1Sm 10.10;
19.23, etc.). Já fiz constar acima que nenhum estudante da Bíblia pode ignorar
que a Bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego, e que, portanto, há,
por detrás da fraseologia bíblica, expressões idiomáticas próprias de tais
línguas. Não atentar para isso traz um prejuízo que só vendo. Por exemplo, as
locuções Espírito de Deus, Espírito de Jeová e Espírito do Senhor, tão
comuns nas páginas da Bíblia, equivalem a dizer que o Espírito Santo se
identifica com Deus por ser da mesma essência, isto é, Ele é Deus, Jeová e
Senhor; sendo, pois, Seu fiel representante, e, por conseguinte, capaz de
torná-lo presente e real, e que está a fazê-lo. Uma prova disso jaz em Rm 8. 9,
onde o Espírito Santo é chamado de Espírito
de Cristo. Claro, “Espírito de Cristo”, neste caso, não se refere à alma de
Jesus, e sim, que o Espírito Santo se identifica com Cristo e O representa,
tornando real, concreta e tangível a presença de Jesus, isto é, Ele é, no que
diz respeito à Divindade, tal qual Jesus, por cujo motivo O representa sem deixar
a desejar. De igual modo, da expressão “Espírito de Deus” não se deve inferir
que Deus tem espírito. Ora, do fato de a Bíblia dizer que Deus é Espírito (Jo
4.24), se deduz que Ele não tem espírito. Pode um espírito ter espírito? Logo,
a locução “Espírito de Deus” apenas designa que o Espírito Santo é Deus, bem como
o Agente de Deus, ou seja, Agente da Deidade, da qual Ele é componente, representando-O
a contento.
Do exposto até aqui, certamente está
patente que se os Kardecistas são cristãos, então eu posso me considerar
budista ou muçulmano. Não creio na Tripitaca, mas sou budista. Desdenho o
Alcorão, mas sou muçulmano.
Está, pois, claro que o unitarismo (que
é uma das formas de negar o dogma da Trindade) pregado pelos Kardecistas,
Russelitas, Judaístas, entre outros, não é cristão. Ademais, os trinitarianos
(os que creem no dogma da Trindade), longe de serem antibíblicos, esposam o que
o Cristianismo clássico sempre pregou.
Repito que se quem nega o dogma da
Trindade está ou não com a razão, é discutível; mas que o tal não é cristão, é
indiscutível, já que é isso que o Cristianismo vem pregando através dos séculos
desde de seu nascedouro.
CAPÍTULO IV
NÓS E JESUS JÁ FOMOS BICHOS?
Neste capítulo pretendo trazer à baila duas
contradições de Allan kardec: Primeira: Ele disse em A gênese que todos nós já fomos bichos em existências anteriores,
mas negou isso em O livro dos espíritos. Segunda:
não obstante esses absurdos, arroga a si o título de cristão.
4.1. O HOMEM JÁ FOI BICHO?!
Kardec afirmou em A gênese,
capítulo III, números 20-24, pp. 81-84, que todos os espíritos, ao serem
criados, são simples e ignorantes, e que cabe a eles se evoluírem até alcançar
a perfeição. Nessa trajetória rumo à perfeição os espíritos encarnam,
desencarnam e reencarnam em corpos de animais. Ele disse que a luta pela
sobrevivência entre os animais, onde um come o outro, serve para desenvolver os
espíritos que ocupam seus corpos. Tais espíritos, quando atingem um certo grau
de evolução, deixam de encarnar nos animais e ingressam no seio da Humanidade,
ou seja, passam a encarnar em seres humanos. Está claro em A gênese, que
as pessoas perversas são espíritos que, embora já tenham deixado o mundo
animal, ainda não se despiram da lei do mais forte que vigora entre os
irracionais. Senão, vejamos:
20. — A
destruição recíproca dos seres vivos é, dentre as leis da Natureza, uma das
que, à primeira vista, menos parecem conciliar-se com a bondade de Deus.
Pergunta-se por que lhes criou ele a necessidade de mutuamente se destruírem,
para se alimentarem uns à custa dos outros [
].
Objetar-se-á: não podia Deus chegar ao
mesmo resultado por outros meios, sem constranger os seres vivos a se
entredestruírem? [...].
22. — Uma
primeira utilidade, que se apresenta de tal destruição, utilidade, sem dúvida,
puramente física, é esta: os corpos orgânicos só se conservam com o auxilio das
matérias orgânicas, matérias que só elas contém os elementos nutritivos
necessários à transformação deles. Como instrumentos de ação para o princípio
inteligente, precisando os corpos ser constantemente renovados, a Providência
faz que sirvam ao seu mútuo entretenimento. Eis por que os seres se nutrem uns
dos outros. Mas, então, é o corpo que se nutre do corpo, sem que o Espírito se
aniquile ou altere. Fica apenas despojado do seu envoltório.
23. — Há
também considerações morais de ordem elevada.
É
necessária a luta para o desenvolvimento do Espírito.
Na luta é que ele exercita suas
faculdades. O que ataca em busca do alimento e o que se defende para conservar
a vida usam de habilidade e inteligência, aumentando, em consequência, suas
forças intelectuais. Um dos dois sucumbe; mas, em realidade, que foi o que o
mais forte ou o mais destro tirou ao mais fraco? A veste de carne, nada mais;
ulteriormente, o Espírito, que não morreu, tomará outra.
24. — Nos
seres inferiores da criação, naqueles a quem ainda falta o senso moral, em os
quais a inteligência ainda não substituiu o instinto, a luta não pode ter por
móvel senão a satisfação de uma necessidade material. Ora, uma das mais
imperiosas dessas necessidades é a da alimentação. Eles, pois, lutam unicamente
para viver, isto é, para fazer ou defender uma presa, visto que nenhum móvel
mais elevado os poderia estimular. É
nesse primeiro período que a alma se elabora e ensaia para a vida [...] (A gênese, capítulo III, números 20, 22-24.
Grifo nosso).
[...] No
homem, há um período de transição em que ele mal se distingue do bruto.
Nas primeiras idades, domina o instinto animal e a luta ainda tem por
móvel a satisfação das necessidades materiais. Mais tarde, contrabalançam-se o
instinto animal e o sentimento moral; luta então o homem, não mais para se
alimentar, porém, para satisfazer à sua ambição, ao seu orgulho, à necessidade,
que experimenta, de dominar. Para isso, ainda lhe é preciso destruir.
Todavia, à medida que o senso moral prepondera, desenvolve-se a sensibilidade,
diminui a necessidade de destruir, acaba mesmo por desaparecer, por se tornar
odiosa. O homem ganha horror ao sangue.
.......Contudo,
a luta é sempre necessária ao desenvolvimento do Espírito, pois, mesmo chegando
a esse ponto, que parece culminante, ele ainda está longe de ser perfeito. Só à
custa de muita atividade adquire conhecimento, experiência e se despoja dos
últimos vestígios da animalidade. Mas, nessa ocasião, a luta, de
sangrenta e brutal que era, se torna puramente intelectual. O homem luta
contra as dificuldades, não mais contra os seus semelhantes (Ibid., cap. III, nº 24. Grifo
nosso).
A transcrição supra não deixa dúvida de
que, segundo o Kardecismo, o homem já foi touro, cavalo, cão, rato, cobra,
barata, etc., nas encarnações anteriores. Ora, quem crê nisso pode ser tudo,
menos cristão, já que o Cristianismo nunca pregou isso.
4.2. JESUS JÁ FOI BICHO?!
Todos os que leem Kardec, se são
sinceros, reconhecem que ele admitia a possibilidade de até Jesus Cristo ter
sido bicho nas suas supostas preexistências. Senão, vejamos: Kardec diz em Obras
póstumas, sob o tópico “Estudo da
Natureza de Cristo”, pp. 90
a 118, que Jesus Cristo é um espírito criado por Deus.
Diz também, em O céu e o inferno, 1ª parte, capítulo III, nº 6, que os
espíritos, ao serem criados, são simples e ignorantes. Agora raciocinemos: Se
os espíritos, ao serem criados, são simples e ignorantes; e se na trajetória
evolutiva, o encarnar-se em animais faz parte do programa, então Jesus também
já foi minhoca, cão, porco, cobra, mosca, sapo, urso, macaco, barata, etc., nas
encarnações anteriores, até galgar o patamar no qual se encontra hoje, já que
Kardec sustenta que Jesus também é criatura. E comigo concorda o Dr. Américo
Domingos Nunes Fº, articulista espírita, que num artigo de sua autoria,
intitulado “Reencarnação __ Via Única para o Alcance da Plenitude”, disse:
“[...] Cristo foi gerado simples e ignorante e se “instruiu nas lutas e
tribulações da vida corporal, percorrendo todos os graus da escala evolutiva,
despojando-se de todas as impurezas da matéria [...].’” (Correio Espírita. Ano
IX, nº 104, Niterói, fevereiro de 2014, p. 7). Nesse mesmo artigo, o Dr.
Américo disse que essa sua declaração se apoia em OLE, isto é, em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. Quão
contrária ao Cristianismo é essa doutrina! As informações que nos vêm da Bíblia
acerca da Augusta Pessoa de Jesus, são diametralmente opostas às que provêm de
Kardec. Senão, vejamos: A) de acordo com Miqueias 5.2, Jesus é desde a eternidade;
B) segundo o apóstolo João, Jesus é: a) igual a Deus (Jo 5.18 ); b) digno de ser
tão honrado quanto Deus (Jo 5.23); c) o verdadeiro Deus (1Jo 5.20 ); e) o Deus
Criador dos Céus, da Terra e de tudo quanto neles há (Jo 1.1–3,10 ).
À luz de Jo 1.1-3, Jesus não é criatura,
pois que segundo este trecho, “sem” Jesus, “nada do que foi feito se fez”. Ora,
se “sem Ele nada do que foi feito se
fez”, então Ele fez tudo quanto foi feito. E se Ele criou tudo quanto
foi criado, então Ele não é criatura, pois uma coisa que ainda não existe, não
pode fazer-se a si mesma nem tampouco ajudar o seu criador a criá-la. Conseguintemente,
do fato de a Bíblia dizer que “sem Ele
nada do que foi feito se fez” podemos inferir que se Ele tivesse sido
feito, não poderíamos chegar a nenhuma outra conclusão, se não às seguintes: Ou
Ele fez-se a Si mesmo, ou pelo menos ajudou o seu Criador a criá-Lo. Você não
acha que esse “raciocínio” é tão ilógico que nem merece ser reconhecido como
tal? Este texto Bíblico (Jo 1.1-3) sustenta que Jesus é desde a eternidade.
Jesus “estava no mundo, e o mundo foi
feito por Ele [...]” (Jo 1.1-3,10). Vejamos ainda as considerações
abaixo:
Segundo Hebreus 13.8, Jesus Cristo é hoje
o que foi no passado eterno, e será por toda a eternidade o que hoje Ele é.
Isto prova que, segundo o Cristianismo, Ele não evoluiu, não evolui e nem
evoluirá jamais;
Hebreus 1.8-12 diz que Jesus é o Jeová
Deus, cujo trono subsiste pelos séculos dos séculos, ama a justiça, odeia a
injustiça, fundou os Céus e a Terra, e é imutável. Este trecho (Hb 1.8-12) é constituído
de cópias de duas passagens veterotestamentárias, a saber, os Salmos 45. 6-7; e
102.25-27. Do fato de as palavras destes Salmos se referirem a Jeová, o Deus de
Israel, e o hagiógrafo neotestamentário interpretá-las como referentes a Jesus,
se subentende que o Divino nome Jeová não é privativo do Pai, mas extensivo ao
Filho, o que justifica a fé na Sua Divindade, a qual Lhe é natural e plena.
Em Colossenses 1.14-17, o apóstolo Paulo
diz que Jesus é o Criador dos céus, da Terra e de tudo quanto neles há;
Eis aqui o que prega o Cristianismo.
Ninguém é obrigado a ser cristão, mas quem se considera cristão tem que crer
nisto, sob pena de merecer o título de incoerente, caso rejeite este ensino.
4.3. FOMOS BICHOS OU NÃO FOMOS?
Convido o leitor para, juntamente
comigo, ter a desdita de ver Kardec se contradizer.
Vimos que Kardec disse em A gênese que nós já fomos bichos nas
encarnações anteriores, ou seja, os espíritos que hoje animam nossos
respectivos corpos, já animaram répteis, insetos, quadrúpedes, etc. Agora,
porém, partamos ao subcapítulo seguinte e vejamo-lo se contradizer em O livro dos espíritos.
Um espírito “superior” (bem sei que
espírito é esse), respondendo às indagações de Kardec, assegurou-lhe que os
espíritos dos animais jamais encarnarão em seres humanos, e que a recíproca é
verdadeira. Disse ainda o mencionado espírito consultor, que tanto os espíritos
dos animais, quanto os dos homens, evoluem paralelamente, mas a disparidade
entre estas duas espécies de espíritos é mantida para sempre. Ambos (os
espíritos que encarnam em seres humanos e os que encarnam em animais) chegarão
aos mundos superiores (mundos estes habitados pelos espíritos perfeitos), mas
os espíritos dos animais nunca serão tão perfeitos quanto os dos homens. Os espíritos dos homens serão
perfeitos, e os espíritos dos animais serão aperfeiçoados. Estes nunca conhecerão a Deus; antes, para estes o
homem será um deus. Esse ensino consta de O
livro dos espíritos. Ora, como associar esse ensino, segundo o qual as
almas dos animais são e serão eternamente inferiores às almas dos homens, com o
que está contido em A gênese, já
considerado no primeiro tópico deste capítulo?
Para que o leitor veja que de fato as
coisas são assim, queira ler o texto a seguir transcrito, o qual é constituído
das perguntas que Kardec formulou a um espírito “superior”, assim como das
respostas desse consultor. Tais perguntas constam de O livro dos espíritos e estão enumeradas. Ei-las:
Pergunta
597: “Pois que os animais possuem uma inteligência
que lhes faculta certa liberdade de ação, haverá neles algum princípio
independente da matéria?” Resposta: “Há e que sobrevive ao corpo”;
a) – “[...] Será esse princípio uma alma semelhante à do homem?” Resposta: “É também uma alma, se
quiserdes, dependendo isto do sentido que se der a esta palavra. É, porém,
inferior à do homem. Há entre a alma dos animais e a do homem distância equivalente
à que medeia entre a alma do homem e Deus”;
Pergunta
598: “Após a morte, conserva a alma dos animais a
sua individualidade e a consciência de si mesma?” Resposta: Conserva
sua individualidade; quanto à consciência do seu eu, não. A vida inteligente
lhe permanece em estado latente.
Pergunta
599: “À alma dos animais é dado escolher a espécie de animal em que encarne?”
Resposta: “Não, pois que lhe falta
livre-arbítrio”.
Pergunta
600: “Sobrevivendo ao corpo em que habitou, a alma do animal vem a achar-se,
depois da morte, num estado de erraticidade, como a do homem?” Resposta: “Fica numa espécie de erraticidade,
pois que não mais se acha unida ao corpo, mas não é um Espírito errante. O
Espírito errante é um ser que pensa e obra por sua livre vontade. De idêntica
faculdade não dispõe o dos animais. A consciência de si mesmo é o que constitui
o principal atributo do Espírito. O do animal, depois da morte, é classificado
pelos Espíritos a quem incumbe essa tarefa e utilizado quase imediatamente. Não
lhe é dado tempo de entrar em relação com outras criaturas.
Pergunta
601: “Os animais estão sujeitos, como o homem, a uma lei progressiva?”
Resposta: “Sim; e daí vem que nos mundos
superiores, onde os homens são mais adiantados, os animais também o são,
dispondo de meios mais amplos de comunicação. São sempre, porém, inferiores
ao homem e se lhe acham submetidos, tendo neles o homem
servidores inteligentes. Nada há nisso de extraordinário. Tomemos os nossos
mais inteligentes animais, o cão, o elefante, o cavalo, e imaginemo-los dotados
de uma conformação apropriada a trabalhos manuais. Que não fariam sob a direção
do homem?”
Pergunta
602: “Os animais progridem, como o homem, por ato da própria vontade, ou pela
força das coisas?” Resposta: “Pela força das coisas, razão por que
não estão sujeitos à expiação”.
Pergunta
603: “Nos mundos
superiores, os animais conhecem a Deus?” Resposta: “Não. Para
eles o homem é um deus, como outrora os Espíritos eram deuses para o homem”.
Pergunta
604: “Pois que os animais, mesmo os aperfeiçoados, existentes nos mundos
superiores, são sempre inferiores ao homem, segue-se que Deus criou seres
intelectuais perpetuamente destinados à inferioridade, o que parece em
desacordo com a unidade de vistas e de progresso que todas as suas obras
revelam”. Resposta: Tudo em a Natureza se encadeia
por elos que ainda não podeis apreender. Assim, as coisas aparentemente mais
díspares têm pontos de contacto que o homem, no seu estado atual, nunca chegará
a compreender [...] (O livro dos espíritos. Parte 2ª, capítulo XI,
números 597-604, pp. 296-297, grifo nosso).
***
Está, pois, claro que O livro dos espíritos diz e A gênese desdiz, e que a recíproca é
verdadeira. E assim, acabo de provar que não faltei com a verdade, quando fiz
constar do Prólogo que “Kardec diz uma coisa num livro, e outra, diametralmente
oposta, noutro. E, para concluir este tópico, pergunto: Merece crédito o
Kardecismo? Corra dessa barafunda, ó leitor! Pensem nisso os sinceros que ainda
pensam!
4.4. NÃO HÁ CONVERGÊNCIA
Bem, quanto a se fomos ou não animais no
passado, Kardec diz “sim” e “não” concomitantemente; do que se subentende que
ser kardecista implica em crer simultaneamente em duas “verdades”
diametralmente opostas. Portanto, que dizem os kardecistas sobre essa incoerência
de seu guia espiritual, ao qual intitulam de “mestre arrojado”? Resposta: Eles
não veem nisso nenhum antagonismo; apenas divergem sobre a interpretação de
tais textos discrepantes. Senão, vejamos o que disse o senhor Durval Ciamponi,
articulista espírita:
Eles [os espíritos dos animais] serão sempre espíritos de animais? Alguns intérpretes da Doutrina
Espírita [...] sustentam que sim.
(Jornal Espírita, órgão oficial da FESP, abril de 1996. Grifo e
colchetes nossos).
Ato contínuo, Ciamponi, ombreando renomados espíritas
que consigo convergem, como J. Herculano Pires e Gabriel Delantes, conclui que “A resposta é, portanto, não” (Ibid., grifo nosso).
A seguir, o referido articulista, prosseguindo em sua dissertação sobre sua
crença de que os espíritos que ora animam nossos corpos, antes de se
habilitarem a tanto, já animaram insetos, répteis, aves, e animais diversos,
didaticamente formula algumas perguntas e as responde respectivamente. São, ao
todo, 8 perguntas, das quais só copio 5, e sem me prender à ordem original.
Ei-las:
Primeira
pergunta: “Os animais
têm espíritos?” Resposta: “A resposta é sim”.
Segunda
pergunta: “Os animais sofrem o processo da evolução
através das encarnações?” Resposta:
“[...] podemos dizer seguramente que
sim [...]”;
Terceira
pergunta: “[...] Eles
serão sempre espíritos de animais? Resposta:
“[...] a alma do animal é da mesma
natureza que a humana, apenas diferenciada no desenvolvimento gradativo. A
resposta é [...] não”;
Quarta
pergunta: “Uma cobra poderá vir, em outra encarnação
como outro animal, por exemplo: um animal doméstico?” Resposta: “[...] A natureza não dá saltos [...]. Logo não é concebível que uma
cobra venenosa [...] venha a animar o corpo de um cão, mas poderá vir, em outra
encarnação, animando o corpo de uma jiboia, mais mansa, passível e domesticável
[...]”;
Quinta
pergunta: “Assim como acontece aos homens, os animais
encarnados têm destinos bem diferentes, quando na Terra. Uns são bem tratados,
tendo lar e carinho, outros vivem nas ruas sendo chutados, famintos e sem lar.
Pode-se dizer que isso seja dívida de vidas passadas?” Resposta: “Bela pergunta; resposta difícil. [...]. Não se pode dizer que ele
sofre[1] por causa das
dívidas passadas, mas a tendência de seu comportamento anterior deve ser de
profundo interesse para a decisão dos espíritos encarregados da missão
reencarnatória.” [1]NOTA:
A palavra “sofre”, constante da resposta à quinta pergunta, é, no original,
“sobre”, e não “sofre”. Mas, como o contexto indica tratar-se de uma errata,
tomei a liberdade de efetuar a correção, grafando o vocábulo em questão
corretamente.
4.5. A RESPEITO DA EVOLUÇÃO ZOO/PNEUMA
Como o leitor pode ver, a confusão se
estabelece quando se perde o precioso tempo lendo os escritos nefandos
produzidos por Kardec e seus discípulos. Tais livros pregam duas doutrinas
irreconciliáveis: ora a Humanidade já foi bicho, ora nunca fomos bichos e nem
tampouco havemos de sê-lo um dia. Mas o senhor Ciamponi, como se pode ver ao
ler a transcrição supra, não se atazana com isso; antes, faz de uma dessas
heresias alvo de suas apologias, tentando provar que Kardec, longe de ser
incoerente, está mesmo é sendo mal interpretado pelos que pensam que ele jamais
afirmou que nós já fomos bichos nas existências
precedentes.
Muitos kardecistas teimaram comigo que
Kardec não pregou que nós já fomos bichos nas encarnações anteriores. Entre as
razões para se pensar assim, segundo me consta, figura o fato de que alguns
espíritas (como bem o observou o referido senhor Ciamponi, no seu artigo
supracitado) escrevem a palavra “espírito” de duas maneiras: com inicial
minúscula (espírito) e com inicial maiúscula (Espírito). Esta
grafia designa o espírito que já está pronto
para ingressar na família hominal (isto é, já se habilitou a encarnar em seres humanos), e aquela indica o
espírito que ainda estaria necessitando de mais alguns treinos nos corpos dos irracionais,
a fim de se qualificarem a entrar na família hominal. Logo, qualquer espírita
pode, mesmo crendo na transmigração da alma, afirmar que os espíritos dos
animais não encarnam em seres humanos, visto que, “apoiando-se” em A gênese, inferem que os espíritos só passam a encarnar na
espécie humana, quando se tornam Espíritos,
ou seja, quando se habilitam a tanto. Consequentemente, enquanto o espírito não virar Espírito, não poderá animar um corpo humano.
Tais kardecistas podem ainda dizer que nenhum Espírito encarna em animais, já
que entendem que os espíritos nunca retroagem. Por conseguinte, muitos espíritas creem que todos os espíritos
um dia param de animar corpos de animais e passam a animar corpos humanos, mas
nenhum autêntico kardecista ensina que um Espírito pode animar um animal. Isto
posto, boa parte dos kardecistas crê que os espíritos, ao emigrarem
do “mundo” dos brutos, imigram no dos humanos, mas não me consta que alguém
dentre eles confirme a recíproca. E se há quem o faça, isso se dá sem suporte
kardeciano.
Quanto ao assunto em pauta neste tópico,
os kardecistas estão divididos em duas (ou três?) escolas: a) os que creem que Kardec
não pregou que os espíritos que ora animam nossos corpos, tenham, num
remoto passado, animado os brutos. Isso, a meu ver, ficou claro, quando
informei acima que o Sr. Ciamponi afirmou que “Alguns intérpretes da
Doutrina Espírita [...] sustentam que” os espíritos que animam os animais “serão
sempre espíritos de animais”. b)
os que creem que Kardec pregou que
os espíritos que ora animam nossos corpos, um dia animaram os irracionais, e
que ele nunca desdisse isso. Isso também ficou claro, quando informei que
Ciamponi confessou que “Alguns intérpretes da Doutrina Espírita [...]
sustentam que” os espíritos que animam os animais “serão sempre espíritos de
animais”. Ora, se apenas “Alguns” sustentam isso, então há os que discordam
disso. Ademais, vimos sob o subitem 4.4 que Ciamponi se pôs ao lado dos que
sustentam que os nossos espíritos um dia animaram os animais, e que os
espíritos que agora animam os brutos, um dia vão, também, animar seres humanos.
c) da existência dessa terceira
escola não estou convicto, mas de meu observatório pude divisar ao longe que
há, entre os kardecista, os que admitem que Kardec foi infeliz em algumas de
suas afirmações, das quais, algumas são até contraditórias. Os tais veem as
obras de Kardec como boas, mas não sem carência de expurgos, por cujo motivo arrogam
a si o direito de expurgá-las do que lhes parece contrário à razão, isto é,
abraçam apenas os pontos que lhes soam razoáveis. Que há kardecistas pensando assim,
não abrigo dúvida alguma; o que não posso garantir, é se essa postura já se
qualificou como uma escola kardeciana, ou se ainda é vista apenas como um ato isolado,
de somenos importância.
4.6. QUE JESUS É ESSE?
Não é raro ouvirmos os kardecistas
dizerem que também creem em
Jesus. Porém , o que foi exibido até aqui, esclarece que o “Jesus”
deles é diferente do nosso. O nosso Jesus é o único Deus vivo Todo-poderoso,
Criador dos Céus, da Terra e de tudo quanto neles há. Ele é sem princípio, sem
fim, auto-existente, imutável, onisciente, onipresente, inigualável, etc. Mas o
“Jesus” dos kardecistas é um espírito comum, diferindo de nós apenas na idade e
na evolução; do que se subentende que um dia todos nós seremos iguais a ele. O
“Jesus” dos kardecistas já foi minhoca, barata, rato, etc., não tendo, pois, nada
em comum com o nosso.
Muitos dos que se dizem kardecistas não
leem os livros de Kardec, pois são, na verdade, apenas simpatizantes dessa
doutrina, e não kardecistas praticantes. E, por isto, nem sabem que ser
kardecista implica, necessariamente, em negar a Cristo, destituindo-O de Sua
Deidade natural, plena e própria. Não é, pois, a estes que eu me referi, quando
disse que “o ‘Jesus’ dos kardecistas já foi minhoca, barata, rato, etc”.
Acabei de exibir, pois, mais duas
evidências de que o Kardecismo não é Cristianismo: a) prega doutrinas estranhas
à fé cristã. Sim, dizer que nós e até o Senhor Jesus, já fomos bichos nas
encarnações anteriores, não é portar-se como cristão; b) contradiz-se a si
mesmo. Ora, o Cristianismo é um todo harmonioso, e não essa colcha de retalhos
que, impropriamente, se faz passar por instituição
cristã.
A expressão “kardecista”, nesta obra,
designa exclusivamente os que conhecem e praticam o que Kardec ensinou, não
incluindo os que se dizem Kardecistas, mas creem que Jesus é Deus e O “adoram”.
Estes não podem se considerar kardecistas, pois não o são; tampouco eu os vejo
como tais. Antes, os vejo como ingênuos dignos de dó, pois que sequer sabem onde
estão se metendo.
O ponto alto deste capítulo é que o
Kardecismo contradiz-se a si mesmo, visto que afirma em A gênese que já fomos animais, e nega isso em O livro dos espíritos. Digno de nota também, é o fato de que os
kardecistas, ao invés de enxergarem essa contradição, se dividem em dois
grupos: os que, inspirando-se em A gênese
creem que somos egressos do mundo animal; e os que, à luz (ou às trevas?) de O livro dos espíritos, negam o óbvio,
alegando que Kardec nunca ensinou que já fomos bichos. Assim, os kardecistas,
fazendo vista grossa a essas contradições, não as denunciam; antes, cada um
opta por uma das crendices em pauta, e a difunde e defende. E isso, sem falar
daqueles “kardecistas” mais racionalistas do que seus correligionários, os quais,
recusando seguir cegamente a tudo quanto consta das obras de Kardec, se veem no
direito de pôr em xeque até mesmo o que os “Espíritos superiores” ditaram ao
codificador do Espiritismo, mas que lhes parece contrário à razão. Tais
heterodoxos creem que um verdadeiro kardecista não se guia cegamente pelas
obras de Kardec ou de quem quer que seja; antes, aferra-se à razão. Estes
entendem que pensar assim é ser verdadeiro kardecista.
***
Se há ou não reencarnação, se Jesus é ou
não criatura, e se nós e o Senhor Jesus Cristo já fomos ou não baratas, ratos,
cobras e outros bichos, é discutível; mas que os adeptos dessa metempsicose não
são cristãos, deve ser indiscutível, visto que cada religião tem o seu próprio
corpo de doutrinas, e que, portanto, ninguém pode se dizer adepto de qualquer
delas, sem abraçar os seus dogmas; e com o Cristianismo não é diferente. Logo, que
os kardecistas não são cristãos, não é uma questão subjetiva. O bom-senso que
nos é comum, nos permite bater o martelo objetivamente. Mas, como eles instam
em dizer que o são, aqui está mais uma incoerência kardeciana. E relembro que, invariável
e necessariamente, onde há incoerência, há erro. Os criminalistas veem nas
contradições do réu, uma evidência de seu envolvimento no crime de que é
acusado.
Eu disse na introdução a este capítulo
que objetivava expor “nada menos que três contradições kardecianas”. E acho que
paguei a promessa. Realmente, expus aqui as seguintes incoerências de Kardec: a)
ele diz em O livro dos espíritos que nosso
espírito jamais animou os brutos; b) ele desdiz isso em A gênese, onde assevera que já fomos bichos nas existências que
precederam o nosso ingresso no seio da Humanidade; e c) voltei a observar que
Kardec queria ser reconhecido como cristão, sem satisfazer as exigências de
admissão na Igreja. Sim, quem crê nessa transmigração da alma, não preenche os
requisitos de admissão no Cristianismo; e, portanto, não pode ser admitido no
rol de membros da Igreja, até que se retrate. Aliás, vimos no capítulo II (2.5.1.),
o que nos informou o renomado apologista Pr. Natanael Rinaldi, segundo o qual,
na página 214 do livro espírita intitulado À
margem do espiritismo, se confessa abertamente que de fato “O Espiritismo não é um ramo do Cristianismo
como as demais seitas chamadas cristãs. Não assenta os seus princípios nas
Escrituras. Não rodopia junto à Bíblia... Mas a nossa base é o ensino dos
espíritos, daí o nome – Espiritismo” (Grifo nosso). Oxalá todos os
espíritas fossem tão sinceros! Quem dera Kardec tivesse sido igualmente franco!
CAPÍTULO V
NEGA A EXISTÊNCIA DO INFERNO
Ninguém pode ser tachado de incoerente
só por negar a existência do tormento eterno para o diabo, os demônios e os
homens que se perderem. Cheguei a esta conclusão pela seguinte razão: Já que
ninguém pode ser forçado a se converter à fé cristã, então ninguém é obrigado a
crer que o Inferno existe. Todavia, aquele que se diz cristão, mas não admite o
Inferno como real, é sim incoerente. E só não seria assim, se deveras a
doutrina do tormento eterno não fosse uma doutrina constante do patrimônio
original do Cristianismo. Deste modo, o fato de o Kardecismo rechaçar a ideia
da pena eterna, e, concomitantemente, se dizer cristão, denota que essa
religião é um sistema discrepante consigo mesmo. E, considerando que nenhuma
verdade pode emergir duma auto-contradição, salta aos olhos que o Kardecismo não
é uma instituição cristã, na concepção teológica deste termo.
Relembro que o propósito primário deste
livro não é uma defesa do Cristianismo bíblico, mas apenas demonstrar que o
Kardecismo é hipócrita e incoerente, já que se diz cristão sem arcar com as
implicações desta postura. Portanto, a empreitada primária do presente capítulo
é hastear mais uma vez as incoerências Kardecianas, tornando-as bem visíveis
aos transeuntes da estrada da vida. Estou certo de que isso contribuirá para
livrar os sensatos de palmilhar o falso caminho chamado Kardecismo. Logo, embora eu argumente aqui que a pena eterna não é
incompatível com a bondade de Deus, faço-o de passagem, já que não alvejo
provar e/ou justificar a existência do Inferno, e sim, demonstrar mais uma vez
que Kardec se equivocou ao dizer que a crença no castigo eterno reservado aos
ímpios não é uma doutrina genuinamente cristã. O que ele quis dizer com isso?
Será que ele quer nos fazer crer que esta crença não fazia parte do patrimônio
original do Cristianismo?
Sintetizando o que Kardec escreveu (principalmente
em O céu e o inferno), em seu
inglório afã de provar a inexistência do Inferno como um lugar de suplício
eterno, digo (com minhas palavras) que as “razões” por ele apresentadas são as
seguintes: O castigo eterno não existe
porque: a) Jesus Cristo nunca pregou isso; b) é contrário ao bom senso; c) é repugnante à justiça; d) é oposto ao amor de Deus; e e) desonra o Deus amoroso.
Treplicarei as réplicas acima na
mesma ordem aqui apresentadas:
5.1. JESUS E O INFERNO
Vejamos, a seguir, as considerações
kardecianas acerca do Inferno bíblico.
5.1.1 Jesus falou ou não falou?
Kardec cria (cria mesmo?) que os
contemporâneos de Jesus não estavam em condição de entender a verdade sobre a
pena reservada aos culpados; e que, por isso mesmo, Cristo “absteve-se” de fazê-lo. Jesus,
segundo Kardec, não retificou a crença em “castigos e suplícios corporais”
eternos, nem tampouco ratificou-a, mas silenciou-se sobre a mesma, pois sabia
que com o tempo isso havia de passar, ou seja, mais tarde o Homem iria se
habilitar a ser iniciado “no verdadeiro estado das coisas”, quando então lhe
seria demonstrado o quanto essa crença absurda está distante da verdade. E
observou que o referido tempo de a Humanidade receber a verdade de que ninguém
irá sofrer eternamente no Inferno, já chegou; e que o Espiritismo por ele
codificado, exposto nos seus livros, cumpre, entre outros, esse sagrado ofício.
Kardec confessou que Jesus falara “dos
castigos reservados aos culpados”, mas observou que Jesus não afirmou que tais
castigos são suplícios corporais eternos. Kardec sustenta que Jesus, ao falar
“dos castigos reservados aos culpados”, o fez vagamente. Resumindo: Kardec
concorda que Jesus falou “vagamente” sobre os “castigos reservados aos
culpados”, mas que tais punições são “castigos e suplícios corporais” eternos,
Kardec sustentou que Jesus não falou isso nem mesmo vagamente. Senão, vejamos:
Jesus
encontrava-se, pois, na impossibilidade de os iniciar no verdadeiro estado das
coisas; mas não querendo, por outro lado, com sua autoridade, sancionar
prejuízos aceitos, absteve-se de os
retificar, deixando ao tempo essa missão. Ele limitou-se a falar vagamente da vida bem-aventurada, dos
castigos reservados aos culpados,
sem referir-se jamais nos
seus ensinos a castigos e suplícios corporais, que constituíram para os
cristãos um artigo de fé
(O céu e o inferno. 1ª parte, capítulo IV, nº 6, p. 43. Grifo nosso).
O fato de Kardec não falar coisa com
coisa, dificulta a compreensão de suas exposições. Por exemplo, consideremos
estes “raciocínios”:
Primeiro “raciocínio”: O que Kardec quis dizer quando afirmou
que Jesus jamais se referiu “nos seus ensinos a castigos e suplícios corporais”? Será que ele quis dizer que não há
castigo algum reservado aos malfeitores? Certamente não foi isso que ele quis
dizer, já que ele não negou que Jesus falou “dos castigos reservados aos
culpados”. Além disso, todos os que estudam o Kardecismo sabem que Kardec
afirmou que mais cedo ou mais tarde todos expiam suas culpas através de
sofrimentos, e as reparam por intermédio das boas obras, nesta e/ou noutra (s)
encarnação (ções). Kardec chegou a dizer que o perdão dos pecados nada mais que
a graciosa força que Deus nos dá para que nós mesmos expiemos e reparemos
nossos desvios. Senão, vejamos as três transcrições abaixo:
Toda falta cometida, todo mal realizado é uma
dívida contraída que deverá ser paga; se o não for em uma existência,
sê-lo-á na seguinte ou seguintes, porque todas as existências são solidárias
entre si [...] (O céu e o inferno, capítulo VII, nº 9.
Grifo nosso).
[...] O sofrimento é inerente à imperfeição, assim
como toda falta dela promanada, traz consigo o próprio castigo nas
consequências naturais e inevitáveis [...]” (Ibid., nº 33. Grifo nosso);
Que é o
que pedis ao Senhor, quando implorais para vós o seu perdão? Será unicamente o
olvido das vossas ofensas? Olvido que vos deixaria no nada, porquanto, se Deus
se limitasse a esquecer as vossas faltas, Ele não puniria, é exato, mas
tampouco recompensaria. A recompensa não pode constituir prêmio do bem que não
foi feito, nem, ainda menos, do mal que se haja praticado, embora esse mal
fosse esquecido. Pedindo-lhe que perdoe os vossos desvios, o que lhe pedis é o
favor de suas graças, para não reincidirdes neles, é a força de que necessitais
para enveredar por outras sendas, as da submissão e do amor, nas quais podereis
juntar ao arrependimento a reparação” (O
Evangelho segundo o espiritismo. 112 ed., capítulo X, nº 17, p. 179. Grifo
nosso)
É, pois, dificílimo, senão impossível,
saber aonde Kardec quer chegar. É grande a barafunda!
Segundo “raciocínio”: Será que Kardec quis dizer que tais castigos e
suplícios existirão, mas que não serão eternos? Bem, ele não informou isso, já
que a palavra “eternos” não consta da sentença em pauta. Logo , podemos
até inferir, à luz do contexto remoto, que ele admitia a existência de castigo,
rejeitando apenas a eternidade da pena; mas no trecho em análise, que é o texto
extraído de O céu e o inferno,
1ª parte, capítulo IV, nº 6, p. 43, constante acima, ele não entra neste mérito, limitando-se a dizer que Jesus jamais se
referiu “nos seus ensinos a castigos e suplícios corporais”. Há castigos, mas
estes não são corporais? Não há castigo algum? Há castigos corporais, mas os
mesmos não são eternos? Há castigos, mas estes, além de não serem eternos,
ainda não são corporais? Durma com esse barulho. Como ele ficou sabendo desse é
mas não é? Sei lá. Foi lendo a Bíblia que ele se inteirou disso? Claro que
não, por duas razões: a) da Bíblia não advém nenhuma confusão; b) segundo a
Bíblia, Jesus falou, sim, dos castigos e suplícios corporais reservados aos
ímpios; c) segundo a Bíblia, além de Jesus falar que tais castigos e suplícios
corporais reservados aos ímpios existirão de fato, ainda acrescentou que os
mesmos serão infindos. Então, de que seara Kardec colheu o que nos passou?
Ninguém sabe. Esse “segredo” Kardec não confidenciou a ninguém. Ele levou esse “mistério”
consigo para a sepultura. Ao que tudo indica ele “leu” algum livro do além, ao
qual ninguém, exceto ele, teve acesso. E isso lhe possibilitou acessar os
arcanos de Deus, onde inteirou-se de coisas tão profundas, tão excelsas, tão
sublimes... que até Deus ignora. Kardec sabia das coisas.
Terceiro “raciocínio”: Será que Kardec quis dizer que tais castigos e suplícios
serão aplicados à alma fora do corpo, no estado que o Kardecismo chama de “erraticidade”?
Obviamente que não foi isso que ele quis dizer, visto que, segundo os seus
escritos (e todos os kardecistas sabem disso), as vicissitudes da vida corporal
(doenças congênitas e adquiridas, assim como todas as mazelas pelas quais
passamos neste mundo) existem por causa de nossas imperfeições, como já vimos.
Ora, isso é pregar a existência de castigos e suplícios corporais. Logo, se ele
tivesse acrescentado o vocábulo “eternos” ao seu texto, entenderíamos que ele
teria aquiescido à existência de tais castigos e suplícios corporais, negando
apenas a eternidade de tal punição. Mas, como ele não o fez, aqui o flagramos
se contradizendo dentro de um mesmo parágrafo. Sim, ou ele está se
contradizendo, ou está dissertando com uma profundidade e excelsitude tais, que
nós, meros mortais, não somos capazes de assimilar a grandeza de seu
raciocínio.
Quarto “raciocínio”: Será que Kardec quis dizer que isso não consta dos
Evangelhos? Inadmissível, já que ele lia a Bíblia e, portanto, sabia que segundo
Mateus, Jesus garantiu que Deus fará “perecer no Inferno a alma e o corpo” (Mt
10.28). Ora, isso é castigo corporal;
Quinto “raciocínio”: Será que Kardec quis dizer que Mateus faltou com a
verdade quando escreveu isso? Bem, esta é uma interpretação possível, já que ele
era dúbio quanto a crer ou não na Bíblia, como vimos no capítulo II (2.1 e 2.3).
Mas, visto que, neste caso, ele não fez constar esta observação, esta
possibilidade é apenas uma suspeita fundada;
Sexto raciocínio: Quem sabe Kardec quis dizer que o texto foi
adulterado por algum copista? Bem, eu já provei no capítulo II que Kardec tanto
negava como confirmava a Bíblia, conforme a conveniência do momento. Por
conseguinte, há sim a possibilidade de ele estar querendo dizer que Mt 10.28
não é a expressão da verdade; que Mateus tenha se equivocado (de propósito ou
por lapso), ou que algum copista (culposa ou dolosamente) tenha efetuado esta
interpolação. Mas sobre todas essas possibilidades pairam inúmeras dúvidas que
só Kardec podia dirimir. Mas, como ele não o fez antes de partir desta vida,
agora é tarde. Sim, não há como sabermos o que Kardec queria dizer quando
sustentou que Jesus não falou de castigos e suplícios corporais. Podemos
conjeturar mais à luz de outros escritos seus, do que à luz do texto em apreço,
segundo o qual “Jesus [...] jamais” se referiu “nos seus ensinos a castigos e
suplícios corporais [...]”.
Sétimo “raciocínio”: Mas será mesmo que quando Kardec
falou que Jesus jamais se referiu “nos
seus ensinos a castigos e suplícios corporais”, não estava apenas querendo
dizer que, por uma razão qualquer, são falsos os escritos que atribuem a Ele
esta pronunciação? Insisto em dizer que não, porque nessa hipótese, em que se
baseava ele para afirmar que Jesus “limitou-se a falar vagamente da vida bem-aventurada,
dos castigos reservados aos culpados, sem referir-se jamais nos seus
ensinos a castigos e suplícios corporais, que constituíram para os cristãos um
artigo de fé”? (Grifo nosso). Como ele ficou “sabendo” disso? Raciocinemos: Se
os Evangelhos não são confiáveis, então não podemos ter certeza de coisa alguma.
Mas, pelo visto, Kardec tinha certeza absoluta de que Jesus “limitou-se a falar
vagamente... dos castigos
reservados aos culpados, sem referir-se jamais nos seus ensinos a
castigos e suplícios corporais, que constituíram para os cristãos um artigo de
fé”. Pergunto de novo: Como ele ficou sabendo disso? Em que autoridade ele se
respaldava? Resposta: Ninguém sabe, visto que a história contada por Kardec não
consta dos Evangelhos, nem tampouco de alguma outra alegada Biografia de Jesus.
Volto a dizer que se a
Bíblia não fosse confiável, o fato de constar de Mt 10. 28 que Jesus disse que
perecerão no Inferno a alma e o corpo, não nos acrescentaria nada, já que não
teríamos como sabermos se Ele realmente falou isso. Mas, se o que está escrito
não é confiável, o que não está registrado em lugar algum é que o é? Se o que
está escrito não é confiável, o que eu imagino que ele tenha falado é que o é?
Crer ou não na autenticidade dos Evangelhos é uma questão de fé; mas escrever
que os Evangelhos não dizem o que dizem, é um equívoco do qual se deve pedir
desculpas aos leitores. Logo, Kardec morreu nos devendo essa; e jamais quitará
essa dívida. Assevero, pois, que Kardec, ou subestimou a inteligência de seus
leitores, ou não percebeu que estava sendo contraditório.
5.1.2. Jesus era covarde e impostor?
Se Cristo realmente tivesse se abstido
de retificar as crenças erradas de então (como, por exemplo, a crença no tormento
eterno no Inferno), como Kardec o acusa, Ele teria sido covarde. Mas quem lê a
Bíblia sabe não ser este o retrato que a Escritura nos pinta do nosso Herói. À
luz da Bíblia podemos asseverar que Jesus jamais deixou de ensinar quaisquer
verdades em respeito aos preconceitos, ignorância e tradições equivocadas
existentes nos dias de Seu Ministério terreno: assentou-se à mesa com os
publicanos e outros que, na ótica dos fariseus, viviam à margem da ortodoxia do
Judaísmo (Mt 9.11; Lc.15.1-2); mandou um homem transportar a sua cama em dia de
sábado, mesmo sabendo que dessa Sua atitude adviriam acirradas polêmicas (Jo
5.8-47), e, por fim, a morte de cruz; foi de encontro às tradições dos anciãos
(Mt 15.1-11); falou a uma mulher,
com a agravante de a mesma ser samaritana (Jo 4.9,27); expôs ao
ridículo os charlatões, e isso, sob o impacto de Sua chibata (Mt 21.12-13);
falou a verdade com autoridade jamais vista (Mt 7.29), possibilitando ao povo
ouvir algo inédito (Jo 7.46); declarou Sua igualdade com Deus (Jo 5.18); exigiu
para Si as honras reservadas exclusivamente a Deus (Jo 5.23); e disse ser um
com Deus (Jo 10.30), o que equivale a dizer que Ele é Deus (Jo 10.31-33). [Ora,
os judeus erraram ao pensar que Jesus estava blasfemando por se fazer Deus, mas
acertaram por interpretar a afirmação “Eu e o Pai somos um” como equivalente a
“Eu sou Deus” (confere com Jo 10.31-33)]. Quão diferente do nosso Jesus é o
“jesus” do Kardecismo! Este é um covarde que agrada a gregos e troianos. Mas o
Jesus da Bíblia andou na contra-mão do mundo, por cujo motivo foi odiado,
desdenhado, zombado, maltratado e rejeitado pela maior parte de seus patrícios,
os quais, por isso mesmo, o crucificaram. Ele bateu de frente com o mundo,
mesmo sabendo que isso lhe renderia o suplício do Calvário.
5.1.3. Jesus e o Consolador
Certo dia, enquanto eu expunha o
raciocínio acima a um Kardecista, este, citando Jo 16.12 me rebateu dizendo que
“Jesus deixou de ensinar algo que os
apóstolos ainda não podiam suportar naquela época, devido às imperfeições de
seus espíritos”. Mas então lhe fiz ver que o contexto demonstra não ser
este o caso, visto que dentro de poucos dias após Jesus lhes falar o que consta
de Jo 16.12, o outro Consolador veio e os guiou em toda a verdade (Lc 24. 49; Jo
14. 26; At 1. 4-5, 8; 2. 1-4 etc.). Logo, segundo o próprio Jesus, os apóstolos
receberam a Doutrina completa, já que, de acordo com a Bíblia, o Consolador que,
segundo Cristo, lhes daria maiores revelações tão logo viesse, veio dentro de
um tempo inferior a dois meses e os guiou a toda a verdade. Ademais, não é de
se duvidar que Cristo se referia também às perseguições que eles (os apóstolos)
iriam enfrentar, as quais produziriam até mártires. Certamente não era prudente
dizer a Pedro que ele um dia seria crucificado de cabeça para baixo; a Tiago,
que ele seria decapitado; a Tomé, que ele seria transpassado por flechas e
assim por diante; a André, que ele seria crucificado numa cruz em forma de xis.
Bem, a que segredo se referia Jesus em Jo 16.12? Às perseguições que os
apóstolos enfrentariam? Ou Cristo se referia também a maiores revelações da
parte de Deus, revelações estas que redundariam na composição do Novo
Testamento? Seja como for, a Bíblia é clara: Os apóstolos receberam o
Consolador que Jesus lhes prometera; e, por conseguinte, foram guiados a toda a
verdade, bem como habilitados a testificar de Cristo com propriedade e
exatidão; e isso com dano de suas próprias vidas, visto que o Consolador que eles
receberam os capacitou a tanto.
O leitor já deve ter entendido que é
sobre a falsa interpretação de Jo 16.12 que o Kardecismo foi construído. Na
ótica dos kardecistas, o Consolador é o próprio Kardecismo, isto é, a doutrina
exposta nos livros de Kardec. Acontece, porém, que Jesus não disse assim: “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós
não o podeis suportar agora. Mas, quando estiverdes preparados para tanto, eu
vos darei outro Consolador que o dirá”. Logo, os apóstolos não tinham
que se preparar mediante sucessivas reencarnações para receberem o Consolador,
mas sim, tinham que receber o Consolador para se habilitarem a maiores
revelações. Ou seja, não é a evolução que trás o Consolador, e sim, é o
Consolador quem trás a evolução. Ademais, vimos no capítulo 3 que, segundo a
Bíblia, o Consolador veio no século I, e não na segunda metade do século XIX,
como o ensinou kardec.
5.1.4. Cristo falou do Inferno
Bastar-nos-á ler a Bíblia para sabermos
que Kardec faltou com a verdade quando asseverou que Jesus se absteve de
“referir-se [...] nos seus ensinos a castigos e suplícios corporais”, visto
que, à luz da Bíblia, Jesus falou sim dos castigos e suplícios corporais, e com
a agravante de observar que tais punições serão eternas. Senão, veja estas transcrições:
- [...]
Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o
diabo e seus anjos. E irão estes para o tormento eterno, mas os
justos para a vida eterna
(Mt 25.41, 46. Grifo nosso);
- “[...]
temei [...] aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo” (Mt 10. 28, grifo nosso);
Nota: Embora de passagem, preciso
esclarecer aos que não possuem formação teológica que a palavra original
traduzida por “inferno” neste versículo (Mt 10.28) não é Sheol, não é Hades, e
nem é Tartaroo, mas sim Gehenna. E que de acordo com a Escola escatológica da
qual sou partidário, este vocábulo não designa o lugar para o qual, à morte,
vão as almas dos perdidos; antes, trata-se do lago de fogo para o qual irão os
ímpios após a ressurreição dos injustos, no Dia do Juízo Final (Ap 19.20b;
20.10, 15). E este é o motivo pelo qual Jesus nos diz que Deus fará “perecer no
inferno” não só a alma, mas também “o corpo” (Mt 10.28). Seol é o mundo das
almas dos mortos, em hebraico; Hades é a palavra grega equivalente a Seol; e
Tártaro diz respeito a um profundo abismo existente no Hades (cf.: Orlando S.
Boyer. Pequena enciclopédia bíblica, sob
o verbete Inferno).
- Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da
condenação do inferno?
(Mt 23.33);
- [...]
vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os
que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o
mal para a ressurreição da condenação
(Jo 5.28-29);
- Ali
haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó e
todos os profetas, no reino de Deus, e vós lançados fora (Lc 13.28);
- Ide
por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura. Quem crer e for
batizado será salvo; mas quem não crer será condenado (Mc 16.15, 16. Grifo nosso);
- Aconteceu morrer o mendigo e ser
levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi
sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao
longe a Abraão e Lázaro no seu seio. Então, clamando, disse: Pai Abraão,
tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do
dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama (Lc 16.
22-24. ARA).
Estas cópias constituem provas
esmagadoras de que: a) Cristo falou do castigo de modo claro e incisivo, e não “vagamente”,
como o quer o Kardecismo; b) Jesus falou, sim, de suplício e com a agravante de
observar que o mesmo será infindo.
5.1.5. Kardec __ objetivamente falso
Kardec não merece ser ouvido, pois se
apoia em dois “álibis” nem um pouco confiáveis, a saber, em sua opinião pessoal
(o que é uma subjetiva audácia) e em interpretação objetivamente falsa. Com o devido respeito à memória do falecido __
até porque ele não está presente para se defender de minhas refutações __,
declaro que Kardec não falou coisa com coisa quando tentou provar que Jesus
nunca se referiu aos castigos e suplícios corporais no Inferno. A conclusão de
que ele errou quando assim falou não depende de interpretação, e sim, de não
sermos analfabetos, para, deste modo, lermos a Bíblia com nossos próprios
olhos. Portanto, o que quero dizer com a expressão “objetivamente falsa” é que se Kardec dissesse que a Bíblia mente
quando nos diz que Jesus falou do suplício eterno para os ímpios, isso seria
uma questão de ponto de vista, e, portanto, subjetiva; mas dizer que, segundo a
Bíblia, Jesus não falou isso, é subestimar a nossa inteligência. Veja que
Kardec não diz que Jesus se equivocou quando falou do tormento eterno; também
não diz que os hagiógrafos faltaram com a verdade quando escreveram que Ele
falara isso; nem tampouco nos diz Kardec que algum copista adulterou os textos
de Mt 10.28; e 25. 41,46. O que esse infeliz diz, é que Jesus não falou isso. E
expressar-se assim é faltar com a verdade propositalmente. Até porque, como já
sabemos, Kardec não diz no texto em análise que Jesus silenciou-se sobre “castigos
e suplícios corporais eternos”, mas
sim, que Jesus silenciou-se sobre “castigos
e suplícios corporais”, o que contraria outros textos de sua lavra, já que,
como vimos, ele ensinou que as desventuras pelas quais ora passamos derivam de
nossos erros e imperfeições. Logo as mazelas desta vida são, segundo Kardec, castigos
corporais aplicados por Deus, embora a título de expiação. É grande a confusão
kardeciana!
5.1.6. Jesus falou vagamente?
Como Kardec ficou sabendo
que Jesus falou vagamente
da vida bem-aventurada? Não sei. Mas uma coisa está claro: Não foi das
Escrituras Sagradas que ele extraiu essa “pérola”. Segundo a Bíblia, o destino
da Igreja é ser arrebatada ao Céu (Jo 14. 1-3). Ora, uma promessa dessas não
pode ser tachada de “falar vagamente da vida bem-aventurada”.
Como já sabemos, Kardec
disse que Jesus falou vagamente não só sobre a vida bem-aventurada, mas também “dos
castigos reservados aos culpados”. Mas de novo digo que não foi lendo a Bíblia que
ele aprendeu isso, já que, como vimos em 5.1.4, a Bíblia diz que Jesus falou
que os perdidos serão atormentados em corpo e alma eternamente (Mt 10. 28; 25. 41,46). Ora, isso é falar “vagamente dos castigos reservados
aos culpados?” Porventura, Mt 10.28 não fala de suplícios corporais? Porventura,
Mt 25. 41,46 não nos diz que o tormento reservado aos perdidos será eterno? O
que há de vago nisso? É possível concluir que Cristo não pregou o
suplício eterno? Já sabemos que Kardec respondia positivamente a esta pergunta,
mas essa postura não condiz com os fatos. A Bíblia, o Livro no qual Kardec se
“refugiava” no intuito de provar a “autenticidade” se seus desarrazoados, muito
longe de lhe ser solidária, apoiando suas teses, depõe contra ele.
5.1.7. Pense com a sua cabeça
Os exemplos acima provam que Kardec se
expressava enfronhado duma ignorância inqualificável. Contudo, talvez o leitor
argumente dizendo que muitos homens inteligentíssimos e de vasto saber
gramatical e científico têm se encantado com a beleza do estilo literário de
Kardec! Mas aí eu lhe pergunto: Você vai pensar com sua própria cabeça ou vai
deixar que tais homens pensem por você? Você se subestima a ponto de se julgar
incapaz de raciocinar e tirar suas próprias conclusões? Você vai se depreciar a
ponto de se deixar guiar cegamente por “homens inteligentíssimos e de vasto
saber gramatical e científico”? Você vai deixar esse complexo de inferioridade
se apossar de sua mente? Caro leitor, você também tem uma cabeça em cima do
pescoço; logo, se você não é um pensador, é, pelo menos, um pensante. Portanto,
não quero que você se guie cegamente por mim, ou por quem quer que seja, e sim,
que você não tenha medo de pensar e decidir por si mesmo se o que ora exponho é
ou não racional. Se a Bíblia é ou não a verdade, é, até certo ponto, uma
questão de fé; mas que Kardec não falava coisa com coisa, é uma questão de
bom-senso. E porventura, os disparates também são belos estilos literários?
Pensem nisso os que ainda pensam!
5.1.8. Eis a calda dele
O mentor do Kardecismo foi um dos homens
mais cultos que o mundo já conheceu: doutor em Medicina; bacharel em Letras e
Ciências; linguista; poliglota; professor de Astronomia, Física, Química ...
Mas como pode um homem dessa envergadura falar de modo tão disparatado? A
resposta é que assim como ninguém consegue transformar água em ouro, também é
impossível converter mentira em verdade. Logo , os que tentam fazê-lo, conscientes
disso ou não, mais cedo ou mais tarde se revelarão estultos. Mais cedo ou mais
tarde, ficará nu e patente que laboram no engano. O próprio Kardec reconheceu
ser impossível “falsificar o
verdadeiro saber [...] sem deixar vestígio que denuncie a fraude” (O livro
dos médiuns, primeira parte, capítulo 4, nº 46). E pelo menos nesse
caso temos que concordar com Kardec. É como dizia o ex-Padre Aníbal: “O Diabo
não consegue esconder o rabo”.
5.2. OUTROS ARGUMENTOS INFERNAIS
Os argumentos de Kardec abaixo
considerados são duas vezes infernais pelas seguintes razões: 1) porque
discorrem sobre o Inferno; 2) porque procedem do “Inferno”. Neste último caso,
“Inferno” é um jargão evangélico que designa procedência satânica, embora,
etimologicamente, os vocábulos originais (Seol, Hades, Geena e tártaro) na
maioria das vezes traduzidos por inferno,
etimologicamente não sejam sinônimos de o
diabo e seus demônios.
5.2.1. É contra-senso
Vimos na introdução a este capítulo que
Kardec via a crença na existência do Inferno como um contra-senso. Mas, para sabermos
se existe ou não o castigo eterno, não podemos nos limitar à consulta do “bom-senso”;
de outro modo, poderíamos fazer acerca da existência do Inferno as seguintes
afirmações: a) Existe realmente; b) Não existe realmente; e c) Não sabemos se
existe ou não. Por que cheguei a essa conclusão? Porque encontramos pessoas
igualmente inteligentes esposando estas ideias, alegando todas, contarem com a
corroboração do bom-senso. E aí? Qual das três opiniões é a correta? Resposta:
Quando o pecador se entrega a Cristo, livra-se na hora da pena reservada aos
perdidos, independente dessa pena ser ou não eterna. Portanto, mais importante
do que se doutorar em Infernologia, é ser reconciliado com Deus. E é com prazer
que informo ao caro leitor que, segundo a Bíblia, esta reconciliação só é
possível mediante o sangue de Jesus. Consequetemente, descarte os métodos
supostamente salvíficos apresentados pelo Kardecismo, e refugie-se às pressas
no sangue do Senhor.
A verdade é absoluta. Logo, ou o Inferno
existe, ou não existe. Isso não depende do nosso parecer. Portanto, se o
Inferno inexiste, não passará a existir só porque eu o proclamo como real. Por
outro lado, se o Inferno é real, não deixará de existir por causa daqueles que
o consideram lendário. A teoria da relatividade da verdade é uma das estultices
dos boçais. Não há duas verdades diametralmente opostas. Portanto, necessariamente,
pelo menos uma de duas opiniões antagônicas tem que estar errada. Logo, o fato
de não sabermos por qual delas optarmos, não significa que estamos diante de
duas verdades relativas. Por conseguinte, se você pensa que crer na existência
do tormento eterno é uma loucura, saiba que pessoas inteligentes como você têm
chegado a outras conclusões. E estas conclusões não são mais subjetivas do que
as suas.
5.2.2. É repugnante à justiça
O que é justiça? O extinto programa de tv
intitulado “Você Decide” é um nítido exemplo do quanto a consciência humana
está atrofiada; e, portanto, impossibilitada de decidir por si só entre o justo
e o injusto: milhões de pessoas diziam “sim” e milhões diziam “não”. E se alguém
se achar no direito transformar sua opinião em lei, não poderá impedir que outra
pessoa faça lei do seu adverso ponto de vista. Sim, visto que embora
divergentes entre si, ambos se julgam de posse da razão, e têm, de per si,
milhões de simpatizantes. Assim fica claro que o homem necessita duma
autoridade suprema que lhe sirva de padrão, com a qual possa gabaritar suas
ações, bem como se certificar da autenticidade ou não de tudo aquilo que se
intitula justiça. Mas, como não quero
lhe impor o meu ponto de vista, sugiro apenas que você não se dê sossego
enquanto não tiver certeza de que já encontrou a Âncora da alma __
Jesus. Ore a Deus, pedindo-lhE para lhe mostrar a verdade. Minhas experiências pessoais
com Deus me provam que Ele vai lhe iluminar, se a Ele você invocar com fé,
sinceridade e amor. Experimente e depois me conte o resultado.
A você que acha o Inferno um exagero,
pergunto: Você é mais amoroso do que Deus? Você é mais justo do que Deus? Já
pensou na possibilidade de você estar equivocado?
5.2.3. É oposto ao amor de Deus
O que a Bíblia afirma com muita clareza,
é que existe a pena eterna e que Deus é amor. Por conseguinte, se temos
dificuldades para compreendermos o porquê da severidade de Deus para com o
pecado, o problema deve estar em
nós. O próprio Kardecismo diz: “Por que haveis de avaliar a justiça de Deus pela vossa?” (O
evangelho segundo o espiritismo, capítulo 5, nº 21).
Certamente, a passagem bíblica que mais
enfatiza, simultaneamente, a perdição eterna e o amor de Deus, é Jo 3.16. Este
versículo diz:
Porque
Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo
aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Ora,
se Deus nos deu Seu Filho para não perecermos, está provado que Ele viu que se
não no-Lo desse, pereceríamos inevitavelmente; e, visto que Ele realmente é
amor, e portanto não deseja essa tamanha catástrofe para nós, tomou medidas
drásticas e radicais contra o pecado, em defesa do pecador. Sim, este texto
bíblico (Jo 3.16) nos assegura que Deus nos deu o Seu Filho com a seguinte
finalidade: Livrar-nos de perecer e, por conseguinte, nos dar a vida eterna. A
esta altura eu pergunto aos kardecistas: O que é perecer? Vejam que estava para
nos suceder uma desgraça, o nome da mesma é perecer,
e que Deus nos deu o Seu Filho Jesus para anular tal desventura. Se não existe
a pena eterna, a que desgraça se refere Jo 3.16? Se todas e quaisquer faltas
pudessem ser reparadas através de boas obras e sofrimentos nesta e/ou noutras
encarnações, neste e/ou noutros mundos, como o ensina o Kardecismo, asseguro
que não haveria nenhuma necessidade de Deus nos dar o Seu Filho unigênito para
nos livrar de perecer, pois já teríamos em nós mesmos a solução desse
inconveniente: a abnegação e a resignação. Logo, Deus nos teria dado o Seu
Filho em vão.
Se o sacrifício de Jesus não quitasse
para com Deus o pecador que arrependido crer, seguir-se-ia que a vinda de
Cristo ao mundo teria sido inteiramente ineficaz e inoperante, não tendo,
portanto, produzido nenhum efeito positivo sobre nós. Logo, poder-se-ia dizer,
acertadamente, que ainda estamos sujeitos a tudo quanto estaríamos, se Ele não
tivesse vindo em nosso auxílio. Acontece, porém, que Jesus Cristo disse “que todo aquele que nEle crê” não perece, mas tem “a vida eterna”. O que é “não
perecer"? O que é “ter a vida eterna"? “Não pereça” significa que não
sofrerá a pena eterna? Mas para que nos daria Deus o Seu Filho para nos livrar
da pena eterna, se esta não existisse? Há! “Não pereça” significa que o cristão
não terá que sofrer as consequências dos seus pecados? Como não, se Kardec
disse que o homem não se livra de pagar o que deve, nesta ou noutra encarnação,
neste ou noutro mundo? Respondam-me, ó kardecistas, o que é o “não pereça” a
que Jesus fez menção? Está claro, quem crer vai se livrar de uma coisa ruim
chamada perecer. Essa coisa ruim não seria uma pena eterna, pois esta não
existe (segundo o kardecismo); também não é deixar de sofrer uma pena temporal,
até que o pecador expie as suas culpas, pois segundo o kardecismo, o homem sofrerá
inevitavelmente as consequências de suas faltas, como já vimos e voltaremos a
ver. Então, que é o “não pereça”?
É digno de nota que o “não pereça”, está
em aposição com o “tenha a vida eterna”, o que por si só já nos informa que
quem não perece tem a vida eterna, e que quem não tem a vida eterna, perece.
Uma vez que nós (os evangélicos) e os
kardecistas cremos na imortalidade da alma, e por “vida eterna” entendemos uma
existência feliz com Deus para sempre, “pereça” não seria o contrário disso, ou
seja, uma existência consciente, sem Deus, infeliz, para todo o sempre? Se o
leitor é kardecista, por certo está pensando: “Não pode ser, pois Deus é amor!” Mas aí eu lhe pergunto: O fato
de Deus nos ter dado o Seu Filho unigênito para nos livrar da pena eterna, à
qual estávamos sentenciados, não é, porventura, uma grande prova de amor? Sendo
a pena, eterna ou não, ao nos dar Deus o Seu Filho para nos livrar dessa pena,
Ele prova o Seu imensurável amor por nós, você não acha? E se Deus nos deu o
Seu Filho para nos livrar da pena, ainda que esta não fosse eterna, estaria
extinta por Jesus, continuando Kardec a assumir o sacrílego posto de falso
profeta, considerando que mais de dezoito séculos após Deus nos ter dado o Seu
Filho para nos salvar, ele (Kardec) escreveu o que lemos em 5.1.1. A, a saber,
que mais cedo ou mais tarde, teremos que expiar e reparar nossos desvios
inevitavelmente. E como já sabemos, os reencarnacionistas ensinam que a
expiação se dá mediante sofrimentos correspondentes ao erro cometido, e a
reparação através de um bem diametralmente oposto ao mal praticado.
Por que é inevitável as consequências
das nossas faltas, se Deus nos amou de tal maneira que nos “deu o Seu Filho unigênito para que”
ao nEle crermos deixemos de perecer e tomemos posse da “vida eterna”?
Além do que já ponderamos sobre Jo 3.16,
trazemos ainda à memória que quando o Senhor Jesus Cristo mandou pregar o
Evangelho a todas as pessoas, assegurou que “quem crer e for batizado será salvo”; e que “quem não crer será condenado” (Mc
16.15-16). Logo, os kardecistas precisam saber o seguinte: a) Jesus salva (Hb 7.25; At 10.43; 2.48; Mc 2.9; Ef 2.5, 8-9; 1Jo
1.7; Rm 3.23-28; Rm 6.23; 8.1); b)
Quem crê em Jesus não perece, tem a vida eterna, é salvo e não é condenado. E
que significa ter a vida eterna, ser salvo, não perecer, e não ser condenado?
Significa ter que pagar a dívida nesta e/ou noutra encarnação? Então vocês
atiraram Mc 16. 15-16; e Jo 3.16 na lixeira?
Se não há pena eterna, e sim, a
inevitabilidade duma punição que termina tão logo o penitente pague o que deve
através de boas obras e das borrascas da vida, pergunta-se: Quem crer no
Evangelho será salvo de quê? E quem não crer será condenado a quê?.
Eu estou apelando para a Bíblia, e os
kardecistas devem considerar isto relevante, pois como já sabemos, Kardec
recorre à Bíblia frequentemente. Para saber isto, basta ler seus livros. Quem
examina as obras de Kardec sabe que seus livros estão recheados de textos
bíblicos. Claro, já vimos no capítulo 2 que Kardec o fazia com segundas
intenções, mas, de um jeito ou de outro, isso nos confere o direito de também
irmos à Bíblia, para certificarmos se de fato a Bíblia dá ao Kardecismo o apoio
que essa seita alega receber do Livro dos livros. Sim, já que Kardec invocou o
testemunho bíblico, vejamos o que a testemunha tem a dizer. Ouçamo-la, pois!
5.2.4. Desonra a Deus
Pecado: Um hediondo
crime na ótica divina.
Já notifiquei que o
Kardecismo prega que a crença na existência do tormento eterno desonra o Deus
amoroso. Mas esse parecer é subjetivo, ou seja, essa era a sua opinião pessoal.
Sim, dependendo do ponto de vista de cada um, a verdade pode ser é
diametralmente oposta. A severa punição eterna, aplicada sobre o pecado, por si
só demonstra quão hediondo crime o pecado é; o que, por sua vez, testifica da
magnificência de Deus, bem como da magnitude da Sua Lei. Como assim? Da
seguinte maneira. A severidade divina exibe com naturalidade a magnificência de
Deus, cuja Lei não pode ser ultrajada sem horríveis consequências. O pecado,
por ser contra Deus, o qual é infinito em todos os Seus atributos (justiça,
santidade, bondade, etc.), é um crime de hediondez infinita que reclama punição
infinda. Uma punição dosada (deficiências físicas, doenças, pobreza, entre
outras desventuras), como a sugerida pelos kardecistas, seria algum tipo de
misericórdia e subsequente afrouxamento da justiça divina, o que só ocorrerá no
dia em que Deus
deixar de ser Deus. Mas, como o Senhor é Deus de eternidade a eternidade (Sl
90.2), isto é, de um passado infinito a um futuro infindo, o fogo que se
acendeu na Sua ira (Dt 32.22) jamais apagará (Mc 9.43-48); o que perpetua
infinitamente o tormento dos perdidos. Lembremo-nos que “o juízo será sem misericórdia” (Tg 2.13). A pena temporal pregada
pelos kardecistas nada mais é que uma sugestão a Deus. Mas dar essa peruada ao
Supremo Juiz é se meter aonde não foi convidado.
Pecado: um equívoco
irrelevante somente na ótica humana.
De acordo com a Bíblia, o tormento eterno não é contrário ao amor de Deus, mas
sim, oposto às consciências cauterizadas (1Tm 4.2) dos homens naturais que, por
isso mesmo, não podem compreender as coisas do Espírito de Deus, que lhes
parecerem loucura (1Co 2.14).
Embora Kardec tenha, incoerentemente,
afirmado que Jesus jamais falou de “castigos e suplícios corporais”, os
Kardecistas também creem que Deus fará justiça, punindo o pecado. O que eles
não admitem mesmo, é que a punição seja tão severa. Todavia, o castigo ao
pecado terá a duração que Deus julgar necessária, e não a duração que
gostaríamos que tivesse. Quem é o Juiz, nós ou Deus?
Não nos deve causar estranheza o fato de
os padrões da justiça divina não coadunarem com os nossos pontos de vista, com
o que também concorda Kardec: “Por que
haveis de avaliar a justiça de Deus pela vossa?”. Este conselho foi dado
por um “Espírito superior” (sei quem é), e os kardecistas fariam bem em acatá-lo,
porque neste ponto o diabo está certo.
Ainda, a respeito da alegação de que o
tormento eterno é oposto ao amor de Deus, respondo que Deus preferiu nos dar
Seu Filho Unigênito para nos livrar do Inferno, a diminuir o castigo devido ao
pecado. Deus preferiu nos dar o Seu Filho Amado, a apagar a fogueira.
O Inferno __
o desagravo que santifica o nome de Deus. A eternidade da pena do pecado santifica o nome de
Deus, pois evidencia que Ele nem de longe compactuou com o pecado, deixando de
sentenciá-lo a altura de seus méritos.
Deus não precisa afrouxar a pena do
pecado para demonstrar o Seu amor por nós, visto que o Seu infinito amor já se
descortinou no Calvário (Rm 5.8). Aliás, Deus não é obrigado a nos amar. Ele
nos ama por bondade (a benignidade Lhe é inerente), e não por dever.
Lembremo-nos que nós não merecemos nada de Deus, nem mesmo o Seu amor. Logo,
deixemos que Ele externe o Seu amor por nós como Ele bem quiser (e Ele já o fez
dando-nos o Seu Filho Unigênito), e não atrevamos a ensiná-Lo a nos amar.
O Inferno demonstra o valor
da cruz. Os horrores
do tormento eterno provam o valor do sacrifício de Jesus, visto que a grandeza
de um livramento é proporcional ao tamanho do perigo do qual se livrou. São os
livramentos das grandes catástrofes que, geralmente, nos deixam grandemente
emocionados. Quando nos livramos de um pequeno inconveniente, não nos
emocionamos muito. Assim podemos perceber quão grande é o livramento que Jesus
nos deu! Ele nos livrou dos horrores eternos! Logo, infinito é o valor do Seu
sacrifício por nós!
O sacrifício de Jesus é de valor
infinito porque o sacrificado infinito é, pois se trata do sacrifício do
Deus-Homem. Este sacrifício de valor infinito se fez necessário porque a pena é
infinita. A pena é infinita porque o pecado é crime de hediondez infinita. E o
pecado é crime de hediondez infinita porque infinita é a magnificência do Deus
contra o qual pecamos. Este Deus de magnificência infinita, por ser
infinitamente justo, lavrou uma sentença infinita contra o crime de hediondez
infinita. E por ser infinitamente bom, provê salvação infinita, através do
sacrifício de preciosidade infinita, a todos os que arrependidos aceitam a
graça infinita, oriunda do hediondo espetáculo da cruz de Cristo (Lc 23.48), de
valor infinito. Deste modo, o sacrifício infinito prova que a pena é infinita,
pois do contrário seria desperdício. E a pena infinita prova o valor infinito
do sacrifício, pois de outro modo seria insuficiente, isto é, por não ser
correspondente, não substituiria o pecador; e, portanto, não quitaria a dívida
contraída por nós.
Para que o sacrifício que se efetuou no
Calvário fosse válido, três condições teriam que ser satisfeitas: a) A vítima teria que ser perfeita. Um
pecador não pode expiar os pecados dos demais transgressores, e sim, ser
condenado com eles; b) a vítima teria
que ser humana. Foi a Humanidade que se perdeu; logo, só um ser humano
perfeito faria uma compensação a altura do prejuízo; c) a vítima teria que ser divina. Uma criatura inocente pagar pelo
erro das demais é uma injustiça. Isto posto, por uma questão moral e legal, só
o próprio Deus poderia comprar a nossa briga. E este é um dos motivos pelos
quais o nosso Salvador é Deus-Homem. Por ser Deus e por ser homem perfeito,
Jesus reuniu em Si as condições para oferecer um sacrifício de peso. E Ele o
fez na cruz. E só se salvará quem se refugiar nesse sacrifício substitutivo.
Ser ou não ser, eis a
questão. Ser ou não
ser cristão é possível; mas é impossível ser espírita e cristão simultaneamente.
Conheço muitos cristãos, bem como inúmeros espíritas, mas cristão-espírita ou
espírita-cristão, eu ainda não vi, sequer, um.
Ser ou não ser cristão é possível, mas é
impossível ser cristão sem crer na Bíblia. E é impossível (ou pelo menos deveria
ser) crer na Bíblia sem admitir o Inferno como real.
Crer ou não crer, eis a
questão. Crer ou não
crer na Bíblia é coerente, mas é incoerente não crer nela, e, ao mesmo tempo,
recorrer a ela. E pior ainda, é dizer que ela não diz o que diz, como é o caso
de Kardec que tentou provar que o dogma cristão sobre os “castigos e suplícios
corporais” eternos não se fundamenta nas palavras do Cristo, que não retificou
e nem ratificou essa crença errada, mas silenciou-se, dando tempo ao tempo, o
que faz do nosso Herói um covarde.
Cabeça pequena, eis o
porquê do estorvo. A
finita mente humana, muito aquém da de Deus, pode não entender a coexistência
do demonstrado amor de Deus, com a pena eterna; mas Jesus nos provou cabalmente
que ambos co-existem. O sacrifício de Cristo para nos salvar do Inferno prova
duas coisas ao mesmo tempo: Deus é amor e o Inferno existe. Até porque Deus não
teria que mover sequer uma palha para nos livrar de um perigo inexistente.
Ora, uma questão que esteja acima da
lógica humana não é, necessariamente, ilógica. E porventura, o Kardecismo
desvenda todos os mistérios? O próprio Kardec reconheceu que deveras há
mistérios intransponíveis, e que, portanto, é errado avaliar a justiça de Deus
pela nossa. Eis as provas: a) “Por que haveis de avaliar a justiça de Deus
pela vossa?” (O evangelho segundo o espiritismo, capítulo 5, nº
21); b) “[...] as coisas
aparentemente mais díspares têm pontos de contacto que o homem, no seu estado
atual, nunca chegará a compreender [...]”? (O livro dos espíritos. Parte
2ª, capítulo XI, nº 604); c) “Procuremos, portanto, em tudo, a sua justiça
e a sua sabedoria e curvemo-nos diante do que ultrapasse o nosso entendimento”
(A gênese, capítulo III, nº 21). Deste modo, o Kardecismo nos poupa do
trabalho de demoli-lo, visto que ele é capaz de sua autodestruição. O
Kardecismo é suicida.
Morte substitutiva de Jesus. O entendimento de que a morte de Jesus foi um ato substitutivo
integrava o patrimônio original do Cristianismo; e a principal prova disso é o
fato de que isso se acha escriturado no Evangelho. E não me venham com essa de que a
morte de Cristo não foi um ato substituinte, mas apenas um exemplo de amor,
cujo objetivo era despertar na Humanidade um maior interesse à prática do bem,
acelerando deste modo o nosso processo evolutivo em direção à perfeição,
porquanto essa doutrina não fazia parte do patrimônio original do Cristianismo.
A Bíblia prega o contrário disso. E se ela não parece confiável em matéria de
fé, pergunto: Por que Kardec amidadamente citava referências bíblicas (textos
isolados que ele julgava apoiá-lo) em abono às suas doutrinas? Se a Bíblia é
confiável, não preguemos essa salvação barata que pode ser comprada com boas
obras e sofrimentos, e proclamemos a eficácia e a eficiência do sangue de Jesus
(1Jo 1.7); e se não, abandonemo-la. Ame-a ou deixe-a. Fazendo isso, o
Kardecismo será menos incoerente e não levará para o Inferno pessoas bondosas,
sinceras e inteligentes que, não obstante, se emaranham nos seus tentáculos. Os
milhões de kardecistas espalhados pelo mundo afora demonstram quão sutil o
Kardecismo é. Ele é a cara do pai (Satã).
Muitos Kardecistas já me disseram que
“se nem nós que somos maus, teríamos coragem de submeter um filho rebelde a
torturas intérminas, é sensato inferirmos disso que Deus também não o fará; e
que, portanto, o Inferno é lenda.” Retruco-os, porém, informando-lhes que para
o Inferno só irão os filhos do diabo (Jo 8. 41-42,44). Os filhos de Deus, mesmo
os mais fracos e falhos, serão todos recebidos no Seu Reino eterno, onde
usufruirão dos infindos afagos e cafunés do Pai.
5.3. SÓ DEUS SABE SE O INFERNO EXISTE OU
NÃO
Quem nos pode dar uma posição, senão
subjetiva, quanto a se o Inferno existe ou não? As religiões não estão
devidamente preparadas para nos dar uma posição confiável sobre esta questão,
pois esposam ideias desencontradas sobre este assunto. Considerando que os
filósofos divergem acerca de quase tudo, salta aos olhos que a Filosofia também
fracassa nessa área. Aliás, a missão da Filosofia é mais indagar, intuindo nos
levar à reflexão, do que responder aos questionamentos humanos. Basta sabermos
que nada sabemos, para sermos um Sócrates na vida. Sustento, pois, que nenhuma
das ciências antropológicas __
a Filosofia, a Sociologia, a Psicanálise, a Psicologia __ é autoridade nesse campo. Logo, se o Inferno existe
ou não, nenhuma criatura (e isso inclui Kardec & Seus Guias) está a altura
de nos dar uma posição objetiva. Só o próprio Deus pode fazê-lo. Portanto,
ouçamo-Lo, se é que Ele nos disponibilizou a Sua voz em algum lugar. Mas não
percamos o nosso tempo, ouvindo os que negam a existência do Inferno em seus
próprios nomes e não em nome de Deus. É bem verdade que um “Espírito da mais
alta ordem” garantiu a Kardec que o Inferno não existe, mas se tal consultor
fosse mesmo tão excelso, e não um incoerente da mesma laia de seu consulente,
teria lhe corrigido o erro de tentar provar à
luz dos Evangelhos que Jesus não falou da pena eterna. Sim, porque se Jesus
não falou da pena eterna, então os Evangelhos são mentirosos; e se os
Evangelhos são mentirosos, é impróprio recorrer a eles no intuito de provar a
autenticidade de uma doutrina, ainda que tal doutrina contasse com sua
solidariedade. Aqui há, pois, erro ao quadrado, visto que Kardec se vale das irrefutáveis
provas de seu crime para provar sua inocência. Ele nos exorta a ouvir a
testemunha que depõe contra ele, como se ela estivesse falando a seu favor. Logo,
que Espírito superior é esse que não consegue sequer enxergar as incoerências
daquele que se voluntariou como seu Emissário?
Há quem diga que o Kardecismo é
tragicômico, este autor, porém, não comunga dessa ideia, visto que algo que
leva à desgraça eterna, longe de despertar risos e caçoadas, deve mesmo é ser
combatido com tenacidade, denodo e seriedade. O Kardecismo só seria cômico se
não fosse trágico. Sim, o Kardecismo deve ser refutado com respeito, semblante
sisudo, e não com chacotas. Lembre-se: Estamos combatendo o diabo e os
demônios, e isso é muito sério. Não subestimemos o Inimigo; antes, imitemos o
Arcanjo Miguel que, escudando-se em Deus, disse ao Arque-inimigo: “O Senhor te
repreenda” (Jd 9).
***
Do que já expus neste capítulo o Inferno
é uma questão de justiça; e a cruz de Cristo, um mesclado de justiça e amor:
justiça para com o pecado, e amor para com o pecador. E é dessa mescla __
e só dela __ que nasce a gloriosa salvação da qual tanto carecemos.
Uma
das máximas dos kardecistas é: “Reencarnação,
uma questão de justiça. Leia Kardec”. Mas a verdadeira justiça divina é
encontrada principalmente em dois lugares: Pura, no Inferno; e mesclada com
amor, no Calvário. E quem não usufrui da junção que se deu na cruz, amargará
(caso não se corrija em tempo) a justiça pura que é derramada no Inferno.
Que tal dizermos aos kardecistas: Inferno, uma questão de justiça. Leia a
Bíblia. Ou: Calvário, uma mescla de justiça e amor. Sirva-se dele.
CAPÍTULO VI
RESPOSTAS ÀS PERGUNTAS DE KARDEC
Tentando provar que os espíritos que acorrem
às sessões espíritas não são demônios, Kardec formulou nove perguntas, daquelas
que já trazem a resposta no seu bojo. Tais questionamentos constam de O
livro dos médiuns, primeira parte, capítulo 4, nº 46, pp. 59-61. A seguir, transcrevo as
ditas interrogações e as respondo respectivamente.
PRIMEIRA
PERGUNTA
Há ou não
espíritos bons e maus?
Resposta
Há.
SEGUNDA
PERGUNTA
Deus é ou
não mais poderoso do que os maus espíritos, ou do que os demônios, se assim
lhes quiserdes chamar?
Resposta
É.
TERCEIRA
PERGUNTA
Afirmar
que só os maus se comunicam é dizer que os bons não o podem fazer. Sendo assim,
uma de duas: ou isso se dá pela vontade, ou contra a vontade de Deus. Se contra
a Sua vontade, é que os maus espíritos podem mais do que Ele; se por vontade Sua,
por que, em sua bondade, não permitiria Ele que os bons fizessem o mesmo, para
contrabalançar a influência dos outros?
Resposta
Não prego que só os maus espíritos se comunicam conosco,
pois creio que os anjos e o Espírito Santo podem nos contatar (Êx 3.2 ; Dn 9.
21-22 ; Lc 1. 13, 26-28 ; At 8. 26; 13. 2; Jo 16. 13, etc.). Em se tratando,
porém, dos espíritos dos mortos, nem os maus e nem os bons vêm a nós, mas sim,
os demônios (Lc 16. 27-31).
As
manifestações do Espírito Santo e dos anjos ocorrem sob a vontade absoluta de
Deus, e as dos demônios sob a que os acadêmicos da especificidade teológica
chamam de “vontade permissiva de Deus”.
Os anjos não são almas dos mortos, visto
que seria incoerente Deus nos proibir o contato com os mortos (Dt 18.9-14) e,
ao mesmo tempo, permitir que eles nos venham ao encontro.
Claro que Deus pode mais do que os
demônios, mas Ele permite, por causa do livre arbítrio que Ele mesmo nos deu,
que desobedeçamos à Sua Lei (Dt 18. 9-14; Ap 21.8; 22.15). E a opção pela
desobediência a Deus põe-nos sob a maldição divina, de cuja deixa os demônios
se servem para ludibriar os incautos. Aliás, o próprio Kardec ensinou que as
más ações atraem os maus espíritos, e as boas, os bons (O livros dos espíritos, 74 ed. Introdução, nº VIII, pp. 31-32).
Pois bem, é isso que está acontecendo. A má ação da transgressão da Lei de Deus
atrai os demônios, os quais com muita habilidade imitam os mortos.
Para contrabalançar a influência dos
maus espíritos, temos, não a influência das almas dos que já se foram desta
vida, mas sim, a Bíblia (2Tm 3. 16-17), o Espírito Santo (Jo 16.13) e os anjos
(Hb 1.14).
QUARTA
PERGUNTA
Que provas
podeis apresentar da impossibilidade em que estão os bons Espíritos de se comunicarem?
Resposta
Nenhuma, pois como já vimos, os bons espíritos (os
anjos) estão a serviço dos servos do Senhor e nos assistem constantemente. Mas
os mortos, nem os bons e nem os maus têm acesso a nós, e a prova disso é o fato
de que Deus nos proibiu contatá-los. Os mortos salvos estão no paraíso e os
perdidos no inferno; logo, nenhum deles está zanzando por aqui (Lc 16. 19-31;
23. 42-43; 2Co 12. 2-4; Ap 6. 9-11, etc.).
Certo dia, enquanto eu argumentava
baseado em Dt 18. 9-14 que os mortos não se comunicam conosco, disse-me um dos
meus interlocutores: “Eu creio que é
possível comunicarmos com os mortos, e que Deus nos proibiu fazê-lo para nos
livrar duma possível farsa demoníaca, porquanto os demônios bem podem imitar o
falecido com quem desejaríamos falar”. Então eu lhe disse que me parece
mais evidente que o porquê da dita proibição não é nos resguardar duma possível farsa, mas sim, para nos livrar
dos demônios, os únicos que atendem às evocações aos mortos. Se este não fosse
o caso, Deus nos proibiria comunicar com os anjos também, já que o diabo pode
imitar um anjo de luz (2Co 11.14).
É digno de nota ainda que, salvo os
anjos e o Espírito Santo, os bons espíritos não se comunicam conosco, visto que,
se são bons, obedecem a Deus e ainda querem que façamos o mesmo.
QUINTA
PERGUNTA
Quando se
vos opõe a sabedoria de certas comunicações, respondeis que o demônio usa de
todas as máscaras para melhor seduzir. Sabemos,
com efeito, haver Espíritos hipócritas, que dão à sua linguagem um verniz de
sabedoria; mas, admitis que a ignorância pode falsificar o
verdadeiro saber e uma natureza má imitar a verdadeira virtude, sem deixar
vestígio que denuncie a fraude?
Resposta
Realmente,
a ignorância não pode falsificar o verdadeiro saber, nem tampouco uma
natureza má pode imitar a verdadeira virtude, sem deixar vestígio que denuncie
a fraude, mas
lembremo-nos que:
A) De ignorante o diabo não tem nada. O
diabo é mau, não bobo. O diabo está em condição de imitar quaisquer cientistas.
Para se cientificar e certificar da autenticidade desta afirmação, bastar-nos-á
lermos O consolador, fruto da
“mediunidade” do senhor Francisco de Paula Cândido Xavier (Chico Xavier), onde
um demônio, dizendo chamar-se Emanuel, fala como um verdadeiro cientista,
respondendo com muita sabedoria às perguntas sabiamente formuladas, acerca das
seguintes ciências: Química, Física, Biologia, Psicologia, Sociologia e
Filosofia. Nesta mesma obra, não obstante não ter conseguido esconder o rabo, o
dito “Emanuel” entra na área religiosa e fala dos profetas, dos anjos, dos
apóstolos, de Jesus Cristo, e assim por diante.
B) Uma natureza má pode imitar a
verdadeira virtude, pois escreveu o seguinte o apóstolo Paulo: “E não é de espantar, porque o mesmo Satanás
se transforma em anjo de luz” (2Co 11. 14 [Bíblia de versão católica, traduzida pelo Padre Antônio Pereira de
Figueiredo. São Paulo: Novo Brasil Editora Ltda.]).
C) Kardec reconhece,
como podemos ver através da pergunta em pauta, “que a ignorância pode falsificar o verdadeiro saber e uma natureza má
imitar a verdadeira virtude”; o que ele não admite é que tal falsidade se dê
“sem deixar vestígio que denuncie a fraude”. Ora, o diabo, quando
demonstra a sua sabedoria, não pode deixar vestígio de ignorância, porquanto, à
luz da Bíblia ele é mau, não tolo (Ez 28. 11-19).
D) Quanto à objeção de que “uma natureza má” não pode “imitar a verdadeira virtude sem deixar vestígio
que denuncie a fraude”, respondo que eu também entendo assim. Mas
quem disse que os espíritos que acorrem às sessões espíritas, fazendo-se passar
por São Paulo, São Luiz, Santo Agostinho, Emanuel, André Luiz... não deixam
vestígios de que são fraudulentos? Kardec não enxergou esses vestígios, mas
eles existem. Ou pensam os espíritas que nós, os evangélicos, criticamos a tais
espíritos gratuitamente? Não é assim. Afirmamos que tais espíritos são
demônios, porque temos conseguido, com a ajuda de Deus, mediante a
instrumentalidade da Bíblia, enxergar o “rabo” deles. Senão, vejamos: Como
podemos crer que esses espíritos são bons, se eles negam o perdão, dizendo que
o perdão de Deus não significa o olvido dos pecados, mas apenas forças para que
os expiemos e os reparemos, quando a Bíblia diz com clareza que os pecados
daquele que se entregou ao Senhor Jesus estão esquecidos por Deus, por terem
sido expiados e reparados pelo sacrifício substitutivo efetuado por Jesus na
cruz? (Mq 7. 19; Hb 10.17-18, etc.). Porventura, estas contradições entre a
Bíblia e tais espíritos não constituem fortes vestígios de que são demônios? Só
não enxerga isto quem não quer ver. Tenho visto os “pés de pato”, as “asas de
morcego”, os “chifres”, os “rabos”, os “garfos”, etc. desses espíritos e eis a
razão porque os denuncio.
Eu disse no parágrafo acima, bem como no
capítulo V, que, segundo os espíritos que se comunicavam com Kardec, o perdão
dos pecados não significa o olvido __ esquecimento __ dos
mesmos, mas sim, forças para que os expiemos e reparemos. E para que se veja
que de fato as coisas são assim, transcrevo de novo o que já copiei no capítulo
imediatamente anterior:
Que é o
que pedis ao Senhor, quando implorais para vós o seu perdão? Será unicamente o
olvido das vossas ofensas? Olvido que vos deixaria no nada, porquanto, se Deus
se limitasse a esquecer as vossas faltas, Ele não puniria, é exato, mas
tampouco recompensaria. A recompensa não pode constituir prêmio do bem que não
foi feito, nem, ainda menos, do mal que se haja praticado, embora esse mal
fosse esquecido. Pedindo-lhe que perdoe os vossos desvios, o que lhe pedis é o
favor de suas graças, para não reincidirdes neles, é a força de que necessitais
para enveredar por outras sendas, as da submissão e do amor, nas quais podereis
juntar ao arrependimento a reparação” (O evangelho
segundo o espiritismo. 112 ed., capítulo X, nº 17, p. 179, grifo nosso).
Deus não perdoa as nossas dívidas em
termos humanos, mas as perdoa em termos divinos, isto é, Ele anula a nossa
sentença mediante o pagamento efetuado por Jesus na cruz.
À luz da Bíblia, a salvação não é uma
forma de pagar ao homem pelo bem que ele fez, nem tampouco uma maneira de
retribuir pelo bem que não foi feito, mas um presente de Deus concedido aos que
se valem do que Cristo fez por nós na cruz.
SEXTA
PERGUNTA
Se só o demônio
se comunica, sendo ele o inimigo de Deus e dos homens, por que recomenda que se
ore a Deus, que nos submetamos à vontade de Deus, que suportemos sem queixas as
tribulações da vida, que não ambicionemos as honras, nem as riquezas, que
pratiquemos a caridade e todas as máximas do Cristo, numa palavra: que façamos
tudo o que é preciso para lhe destruir o império, dele, o demônio? Se tais
conselhos o demônio é quem os dá, forçoso será convir em que, por muito manhoso
que seja, bastante inábil é ele, fornecendo armas contra si mesmo.
Resposta
Não
é de admirar. A
resposta a esta pergunta foi dada pelo apóstolo Paulo em 2Co 11.14: “Não é de admirar; pois o próprio Satanás se
transforma em anjo de luz”.
A falsa vontade de Deus. Tais espíritos “aconselham” submissão à vontade de Deus, mas,
paralelamente impelem suas vítimas à desobediência, induzindo-as a fazerem o
contrário do que nos manda a Bíblia. Senão, vejamos:
A) Sobre a oração
Ora, dedicar-se à oração não endereçada
exclusivamente a Deus __ conforme nos ensinou Jesus (Mt 6.9) __,
mas também ao “anjo guardião” e aos “espíritos protetores” __
conforme registrou Kardec (O evangelho segundo o espiritismo, capítulo
28, nºs 11-12,14) __, não equivale a se submeter aos conselhos de
Deus, tampouco isto representa uma arma contra o império de Satanás; porém,
muito pelo contrário.
B) Sobre resignação
O homem que suporta sem queixas as
tribulações da vida, mas não aceita a Jesus Cristo como seu único e todo
suficiente Salvador e Senhor pessoal, é semelhante a um réu que foi condenado à
forca, mas não reclama do júri e nem do juiz: nem por isso deixará de ser
enforcado. A nossa salvação está exclusivamente em reconhecermos que o
sacrifício de Jesus é substituinte, e que, portanto, o Seu sangue nos purifica
de todo o pecado, quitando-nos para com a justiça Divina junto ao Fórum
Celestial, se recorrermos ao dito sacrifício. Nisto, nenhum reencarnacionista
crê; e, portanto, nenhum kardecista dispõe de alguma arma capaz de destruir o
império de Satanás. O diabo sabe que se o homem não se lavar no sangue do
Cordeiro de Deus, nunca
se salvará, por mais que sejamos abnegados, resignados, caridosos, humildes, praticantes
das máximas de Cristo, e outras mais. Por isso, Satã tudo faz para entreter os
incautos com religiões alienadas da cruz (Hb 9.22b), indiferentes ao precioso
sangue vertido no madeiro, às quais, ele __ Satanás __ enche
de fachadas, intuindo torná-las atraentes.
C) Sobre a salvação
pela graça
Está escrito que a salvação é pela
graça, por meio da fé; que não vem de nós mesmo, não vem das obras, e que é dom
(presente) de Deus (Ef 2. 8,9); mas Satanás tem ensinado o contrário aos espiritistas:
Afirma a
teologia que os homens são filhos do pecado, maus desde a origem e, portanto,
incapazes de se salvarem a não ser pela graça. Já o Espiritismo sustenta que
eles são filhos de Deus, essencialmente bons e, como tais, suscetíveis de
alcançarem a perfeição pelo próprio esforço e merecimento (Rodolfo Calligaris. Páginas de
espiritismo cristão, p. 26).
Do exposto, podemos dar, como resposta à sexta pergunta
ora em consideração, que de inábil na arte do engano, Satanás nada tem; tampouco
forneceu ele qualquer arma contra si mesmo; pelo contrário, disfarçando-se em
anjo de luz, conseguiu enganar o inteligentíssimo Kardec, e, através deste,
muitos milhões de pessoas pertencentes às mais diversas camadas sociais: do
iletrado aos grandes gramáticos, estadistas, cientistas, etc.
SÉTIMA
PERGUNTA
Pois que
os Espíritos se comunicam, é que Deus o permite. Em presença das boas e das más
comunicações, não será mais lógico admitir-se que umas Deus as permite para nos
experimentar e as outras para nos aconselhar ao bem?
Resposta
Não existe no Espiritismo as boas
comunicações, mas somente as más. Como bem o diz certo adágio, “nem tudo que reluz é ouro”.
Quando se quer pegar uma galinha, não se
pode dizer “xô”. Nessa hipótese, ela se sentirá enxotada e fugirá. Deve-se,
então, atirar milho ao chão. Pois bem, é exatamente isso que o diabo faz aos
seus consulentes: dá-lhes o “milho” dos “bons” conselhos para que eles pensem
que ele é um bom espírito, e assim continuem escravizados por ele. Tal
escravidão se concretiza da seguinte maneira: Dando o diabo “bons” conselhos,
os espíritas se convencem que estão no caminho certo, até ao dia em que
partirem deste mundo e ingressarem no Inferno. Então, não haverá mais jeito,
visto que Cristo só perdoa pecados na Terra, isto é, antes de morrermos (Mc
2.10). Depois da morte será tarde demais (Tg 2.13; Lc 16.26; Ap 20.15; 22.11).
Para nos aconselhar ao bem, Deus nos
deixou a Bíblia (Jo 20.31; 2Tm 3.16-17), não os expedientes kardecianos.
Parece-me lógico que as manifestações
dos demônios sejam permitidas por Deus para nos pôr à prova, mas o autor destas
linhas já escapou, e o leitor, se ainda não se livrou, pode sair dessa arapuca
agora, refugiando-se no sangue de Jesus.
OITAVA
PERGUNTA
Que
diríeis de um pai que deixasse o filho a mercê dos exemplos e dos conselhos
perniciosos, e que o afastassem de si; que o privasse do contato com as pessoas
que o pudessem desviar do mal? Ser-nos-á lícito supor que Deus procede como um
bom pai não procederia, e que, sendo ele a bondade por excelência, faça menos
do que faria um homem?
Resposta
Seria um monstro, o pai que deixasse o filho a mercê dos
exemplos e conselhos perniciosos e o privasse do contato com pessoas de bem que
o pudessem desviar do mal. Não! Deus não procede como um bom pai não
procederia! Não! Sendo Deus a bondade por excelência, não faz menos do que
faria um homem! Mas, e daí? O que Kardec queria dizer com essas perguntas?
Essas interrogações não constituem um bom libelo contra os que creem que os
espíritos que se deixaram consultar por Kardec são demônios. Esses
questionamentos não provam que pelo menos alguns de tais espíritos sejam bons,
para contrabalançar a influência dos maus espíritos. Deus não quis se valer desse
expediente, é o que nos diz categoricamente a Sua Palavra:
E, quando
vos disserem: Consultai os magos e os adivinhos, que murmuram em segredo nos
seus encantamentos, (respondei): porventura o povo não há de consultar o
seu Deus? Há de ir falar com os mortos acerca dos vivos? Antes à lei e ao
testemunho (é que se deve recorrer). Porém, se eles não falarem segundo
esta linguagem não raiará para eles a luz da manhã. Andarão errantes, cairão e
terão fome” (Is 8.19 -21a
[Bíblia de versão católica, traduzida pelo Padre Matos Soares. São Paulo:
Edições Paulinas, 1981]).
NONA
PERGUNTA
A Igreja
reconhece como autênticas certas manifestações da Virgem e de outros santos, em
aparições, visões, comunicações orais, etc. Essa crença não está em contradição
com a doutrina da comunicação exclusiva dos demônios?
Resposta
A “Igreja” que reconhece como autênticas certas manifestações
que se fazem passar como sendo da mãe de Jesus e outros santos, e até de
espíritos diversos, é tão incoerente quanto o Kardecismo. Logo, quem tem de
responder por essa discrepância, são os católicos; não, a Igreja de Cristo. Eu
não creio nisso; e, portanto, o filho não é meu.
Clérigos católicos __ Frei
Battistini, Frei Boaventura, Dom Estêvão Bettencourt, e outros tantos __
elaboraram diversos textos (livros, panfletos, livretos, etc.) contra o
Kardecismo, mas isso nada mais é que “o porco falando mal do toicinho”. Realmente,
é gritante contradição os clérigos católicos combaterem o kardecismo e outras
ramificações do Espiritismo, e ao mesmo tempo sustentarem que é possível se
comunicar com as almas do Além. Eles precisam repensar, sim.
Vimos no capítulo I (1.4.2 a 1-4-3) que
a Igreja Católica prega oficialmente que os mortos (tanto os que estão no Céu,
como também os que jazem no Purgatório, e até os que padecem no Inferno) podem
nos contatar e intercambiar conosco. Relembro que o Catolicismo só não sanciona
a evocação aos mortos, isto é, não se
admite que os chamemos. Entretanto, se o contado com uma alma do Além se der
por iniciativa desta, o colóquio que daí decorrer poderá vir a ter não só a aquiescência
da “Igreja”, mas até a sua sanção. E Kardec percebeu que a essa atitude falta
coerência, e argumentou forte, mostrando de maneira irrefutável a
inconsistência da mesma. E realmente, se as almas do Além podem vir ao nosso
encontro até sem ser evocadas, por que não poderiam vir, e até com mais
frequência, urgência e em maior número, se provocássemos tais aparições, pela
evocação? Aliás, invocar os Santos não é invocar os mortos? E se é permitido invocá-los,
por que não evocá-los também? E se Deus permite que eles venham a nós até sem
ser chamados, por que não permitiria que acorressem às nossas evocações? Nessa
briga, porém, não necessito me meter. Isso é lá com os católicos e os
espíritas. “Vocês que são brancos que se
entendam.” “O filho não é meu.”
CAPÍTULO VII
ENTREVISTA REVELADORA
A um companheiro de trabalho (omito seu
nome por questão de ética), kardecista convicto e portador de considerável
conhecimento de sua religião, formulei, ao longo de diversos colóquios travados
no decurso dos anos em que trabalhamos juntos, inúmeras perguntas, daquelas que
já trazem a resposta no seu bojo. Suas respectivas respostas me pareceram tão
relevantes que decidi trazê-las à apreciação dos meus leitores. Espero, com
isso, espargir mais luz sobre o tema em lide.
PRIMEIRA
PERGUNTA
Vocês
creem que Jesus é o Deus Todo-poderoso, Criador dos Céus, da Terra e de tudo
quanto neles há, como atestam Is 9.6; Mq 5.2; Jo 1.1-4, 10; 5.18; Cl 1.14-17; Hb.1.8-12
e outros textos bíblicos?
Resposta
Não.
Os apóstolos estavam equivocados. Devido às suas limitações, eles pensaram que
Jesus (o qual nada mais é que um dos espíritos perfeitos) fosse Deus. O correto
é dizermos que quando Deus criou o planeta Terra, Jesus (que já atingira a
perfeição) o ajudou. Os apóstolos Paulo e João enxergaram isto de longe, o que
os impossibilitou de terem uma visão real da coisa. Lembremo-nos que o outro
Consolador ainda não havia vindo. Só no devido tempo (isto é, no século XIX)
ele veio e revelou, ampliou, aclarou..., o que não pôde ser feito antes, devido
ao fato de a Humanidade ainda não ter se desenvolvido o bastante, para entender
a Terceira Revelação.
SEGUNDA
PERGUNTA
Vocês dizem que todos os espíritos são criados simples e
que cabe a eles se desenvolverem. Sendo Jesus um espírito criado por Deus, como
vocês creem, é lógico crermos que Ele já foi tão ignorante quanto nós
atualmente; e que Ele também passou pelo processo evolutivo em outros mundos,
encarnando, desencarnando e reencarnando repedidas vezes, até se tornar perfeito?
Resposta: Sim.
TERCEIRA
PERGUNTA
Não sabemos se Jesus foi ou não um espírito mau, pois
segundo o que vocês dizem, todos os espíritos são criados simples, mas nenhum é
criado mau, tendo todos eles o livre-arbítrio, isto é, o poder para optarem
pelo mal ou pelo bem. Assim sendo, você acha certo admitirmos a possibilidade
de Jesus __ nos mundos em que ele viveu, antes de atingir a
perfeição __ ter sido mau, como, por exemplo, estuprador, assassino,
invejoso, egoísta, suicida, etc.?
Resposta
Ainda não vi nada no kardecismo
que explique isso; mas o que você está falando é tão lógico quanto 2+2 são 4.
Logo, a resposta que eu tenho para você, é “sim”.
QUARTA
PERGUNTA
Vocês creem na ressurreição, como pregada pelos profetas
(Dn 12. 2), Jesus (Jo 5.28-29 ) e os apóstolos (1Ts 4.13-18; At 24.15; 1Co 15;
Ap 20.11-15, etc.)?
Resposta
Não. O
que os profetas, Jesus e os apóstolos chamavam de ressurreição, nada
mais é que germens da doutrina da reencarnação.
QUINTA
PERGUNTA
Vocês também estão esperando a vinda
de Jesus para serem arrebatados aos céus?
Resposta
Estamos, mas não como vocês
creem. Para nós, a vinda de Jesus é a morte. Quando morre uma pessoa, pode-se
dizer com muita propriedade que para essa, Jesus já veio.
SEXTA
PERGUNTA
Adão foi o primeiro homem?
Resposta
Não. Espíritos atrasados
foram expulsos de mundos mais evoluídos do que o nosso, e enviados para a
Terra. Ao encarnarem aqui, restou-lhes a intuição de que haviam vindo de algum
lugar melhor. A lenda de Adão e Eva sendo expulsos do paraíso foi inspirada aí.
***
Consideração
O que
o meu consultor disse sobre Adão e Eva difere um pouco do que Kardec registrou
sobre o assunto. Veja:
[...] O
homem, cuja tradição se conservou sob o nome de Adão, foi dos que sobreviveram,
em certa região, a alguns dos grandes cataclismos que revolveram em diversas
épocas a superfície do globo, e se constituiu tronco de uma das raças que atualmente
o povoam [...] (O
livro dos espíritos, 74ª edição, FEB, no 51, P.67).
Observações: a) para maiores informações sobre o
que o Kardecismo prega a respeito da espécie humana e suas raças, leia também as
perguntas 50-54 de O livro dos espíritos;
b) o mais importante dessa entrevista é que as respostas de meu consultor,
salvo pequenas variantes, representam relativamente bem, as crenças oficiais do
kardecismo. E, como sabemos, embora o conhecer uma religião não seja
imprescindível aos ganhadores de almas para Jesus, este conhecimento é, entretanto,
de grande valia aos proclamadores do Evangelho; c) como vimos, o dito consultor
crê que Jesus já atingiu o status de Espírito perfeito. Realmente, consta da
codificação cardeciana que Jesus é “o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido
ao homem, para lhe servir de guia e modelo” (O livro dos espíritos, questão 625), e que já alcançou o patamar de
“Espírito bem-aventurado; puro Espírito.” (Ibid., questão 170). Diz ainda um
dos jornais espíritas: “A Doutrina Espírita é riquíssima em informações a respeito
da necessidade da reencarnação como caminho primordial e exclusivo para o
espírito na busca do Infinito dentro de si; empreitada já conquistada pelo
excelso Mestre Jesus, situando-se na primeira
ordem da escala evolutiva que é a dos espíritos bem-aventurados ou puros.” (Correio
Espírita, Ano IX, nº 104, Niterói, fevereiro de 2014, p. 7); d) a título de
refutação às respostas do meu consultor, as quais não são cristãs, observo
apenas que aqui está mais uma demonstração de incoerência, o que já não nos surpreende
mais. E relembro que tacho isso de incoerência,
porque os kardecistas reivindicam o título de cristão.
CAPÍTULO VIII
JOÃO BATISTA ERA ELIAS?
Sabemos que os kardecistas aprenderam
com Kardec a citar passagens bíblicas a fim de “provar” que extraíram suas
doutrinas das páginas das Escrituras Sagradas. Não ignoramos ainda que isso é
desonesto por, pelo menos, duas razões: a) Citam-na fora do contexto; b)
confessam não crer nela. Contudo, ei-los novamente “indo” à Bíblia.
8.1. JOÃO __ O ELIAS QUE HAVIA
DE VIR
O Kardecismo se “funda” em Mt 11.14.
Este versículo diz que João Batista era “o
Elias, que estava para vir”. Isso, segundo Kardec, prova que o precursor
do Messias era uma reencarnação do profeta Elias (O evangelho segundo o espiritismo, 109 ed. capítulo IV, nº 3-4, p.
84). Ora, isso é apelação, já que esta passagem bíblica se explica assim:
Referindo-me a um fervoroso servo de Deus, posso dizer que o mesmo “é o apóstolo Paulo do século XXI”. E quem inferir
dessa expressão que sou reencarnacionista, estará equivocado, visto que com a
mesma viso apenas aquilatar a envergadura de um destacado servo do
Senhor, da atualidade.
8.2. JOÃO __ NO ESPÍRITO E PODER DE ELIAS
Quanto ao texto de Lc 1.17, ao qual
talvez queiram também apelar, já que o mesmo nos diz que João Batista foi adiante
de Cristo “no espírito e poder de Elias”, posso explicar assim: Isto significa
apenas que João era espirituoso, virtuoso, corajoso e franco como Elias o fora.
Para apercebermos isso, bastar-nos-á o inteirar dos significados do vocábulo
“espírito”. Este, segundo o Novo
Dicionário Aurélio, não significa apenas seres incorpóreos, como é o caso da
nossa parte imaterial, que chamamos de alma, mas também “ânimo, índole, finura, graça...”. Além disso, a Pequena enciclopédia bíblica, de Orlando
S. Boyer, editada pela Editora Vida, também dá a esta palavra várias definições,
entre as quais, “ente imaginário,
aptidão para, tendência, disposição”. Com isto concorda Nm 14.24, que
nos diz que em Calebe havia outro espírito, isto é, melhores predicados:
fé, atitude nobre, boa índole, louváveis adjetivos, etc.
Se a palavra “espírito” significasse
apenas a nossa parte imaterial, Eliseu teria recebido a alma de Elias
multiplicada pelo algarismo dois, já que
em 2Rs 2.9-12, Eliseu pediu e recebeu dobrada porção do
espírito de Elias. Veja o leitor, que em todas as traduções da Bíblia, o
vocábulo “espírito”, constante deste texto, está grafado com inicial minúscula,
o que prova que todos os tradutores reconhecem que “espírito”, neste caso, não
é uma referência ao Espírito Santo. Também, neste caso, “espírito” não pode ser
a alma de Elias, já que Eliseu o recebeu em dobro. Isto posto,
fica claro que se trata de, com a ajuda do Espírito Santo, tornar-se duas vezes
mais do que Elias no fervor, no dinamismo, na coragem, na franqueza. E basta
comparar os milagres que Deus fez através de Elias, com os que Ele realizou na
instrumentalidade de Eliseu, para se ver que, deveras, Eliseu foi mais
espirituoso do que Elias. Glórias, porém, ao Senhor.
Se Eliseu não pedisse “porção dobrada do
teu espírito”, mas apenas “o teu espírito”, provavelmente os falsos profetas já
estariam dizendo por aí que Eliseu incorporou a alma de Elias. Mas, como é
“porção dobrada”, eles têm evitado esse ridículo.
Realmente, o fato de a Bíblia dizer que
João Batista foi adiante de Jesus “no
espírito e virtude de Elias”, não constitui prova alguma de que este
reencarnara naquele. Doutro modo, poder-se-ia dizer que a alma de Elias se desdobrou
em duas e que Eliseu as incorporou. Há outra explicação mais convincente, a
qual, além de não colidir com as Escrituras, ainda se harmoniza com os
princípios estabelecidos pela Hermenêutica, entre os quais, que todo texto deve
ser interpretado à luz do seu contexto. Portanto, assim como Eliseu tinha o
espírito de Elias, sem, contudo, ser uma reencarnação deste, também João
Batista agiu “no espírito e poder (ou virtude) de Elias” sem ser aquele profeta
reencarnado. Ademais, o próprio João Batista respondeu negativamente quando lhe
perguntaram se ele era Elias (Jo 1.21). Certo kardecista disse-me que João
Batista se expressou assim, porque o reencarnado, por providência divina, não
se lembra das encarnações precedentes. Mas, felizmente, dessa vez ele não pôde
“recorrer à Bíblia” para “provar” mais essa tese.
Como bem o disse o Frei Battistini, “Quem acredita na reencarnação não é
cristão, mas pagão” (A Igreja do
Deus Vivo. Op. cit., p. 35). Portanto, sempre que um kardecista inquirir
sobre o porquê de não crermos em reencarnação, respondamos que é porque somos
cristãos. E se ele tentar provar que a Bíblia é um livro reencarnacionista,
lembremos a ele que os kardecistas não podem ir à Bíblia sem faltar com a
honestidade e sem ser incoerentes, pois assumem que não a reconhecem como
autoridade.
Acabamos de ver que os kardecistas são
reencarnacionistas e que, portanto, não são cristãos. Deste modo, aqui está
mais uma demonstração de incoerência. Querem ser vistos como cristãos sem se
qualificarem a tanto.
CAPÍTULO IX
ACERCA DO ESPÍRITO DE “SAMUEL”
É veraz a crença de que a alma de Samuel,
em atenção ao chamado da “mãe-de-santo”, voou do Seol ao point de catimbó? É o
que veremos neste capítulo.
9.1. IDENTIFICANDO O FALANTE
Inspirando-se em 1Sm 28, vários
kardecistas me disseram que a mediunidade é respaldada pela Bíblia. Mas a
verdade solene é que na sessão espírita da qual trata 1Sm 28, quem falou a Saul
foi um demônio, e não Samuel. Mas, se de fato não foi Samuel o falante,
por que diz então a Bíblia que “Samuel
disse a Saul? [...]”. Resposta: No capítulo 3º do Gênesis consta que a serpente falou a Eva, mas o contexto bíblico
não deixa dúvida de que quem confabulou com ela foi o diabo, não a cobra (Gn 3.
15; Ap 12.9; 20.2; 2Co 11.3). Temos em 1Sm 28 um caso similar. Em outras
palavras: Trata-se do registro de um fato baseado na impressão visual, sem
entrar no mérito da autenticidade ou não do que se vê, cuja interpretação fica
a cargo do contexto que, neste caso, é tanto o imediato quanto o remoto.
Desde os primórdios do Cristianismo que
os cristãos veem em Gênesis 3.15 uma
antevisão da morte vicária de Jesus (“tu lhe ferirás o calcanhar”) e da aceitação
do Seu sacrifício por parte do Pai, aceitação esta evidenciada com a Sua ressurreição
dentre os mortos (“esta te ferirá a cabeça”), “esmagando” assim a “cachola” de
Satanás, isto é, frustrando-lhe os maquiavélicos planos para levar a Humanidade
à bancarrota, salvando o homem da “boca da serpente”.
Vimos acima que há bons motivos para se
crer na autenticidade desta interpretação, já que há textos bíblicos que
identificam o diabo com a serpente, como, por exemplo, Ap 12.9; e 20.2. E, isto
posto, é só perguntarmos: Cristo foi picado por cobra? E esmagou o Senhor a cabeça
de alguma serpente?
9.2. RESPALDO BÍBLICO?
Além disso, nunca é demais relembrarmos
que os kardecistas não podem recorrer à Bíblia, sem faltar com a honestidade,
pois assumem que não a reconhecem como autoridade. Assim sendo, quando eles se
“respaldam” em 1Sm 28, não estão sendo sinceros, honestos, coesos e coerentes,
mas sim, astuciosos. Seria o caso de perguntarmos a eles por que não se
respaldam também naquelas passagens bíblicas que categoricamente sustentam que
a reencarnação, além de desnecessária é inexistente, como: a) Lc 23.43, que nos
fala de um ladrão que foi para o Paraíso imediatamente após a morte; b) Rm 8.1,
que nos diz que “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus ”; c) Jo
5. 28-29 que nos assevera que haverá ressurreição de todos os que estão nos
sepulcros; d) 1Ts 4.16-17 e 1Co 15. 52-53, que sustentam que Cristo virá outra
vez e que então, os dEle que estiverem mortos serão ressuscitados, para
juntamente com os dEle que estiverem vivos, subirem ao Céu para morarem com Ele;
e e) Hb 9. 27 que, como um tiro de misericórdia no Kardecismo, garante que “aos
homens está ordenado a morrerem uma só
vez, vindo depois disso o juízo” (ARA, grifo nosso). Por tudo isso, o fato
de os kardecista citarem 1Sm 28 é apenas mais uma demonstração de incoerência,
e, subsequentemente, mais uma prova de que não são cristãos na verdadeira
concepção deste termo. Ora, apresentar-se como cristão, sem sê-lo de fato, é
hipocrisia. E, segundo me consta, a hipocrisia ainda não se converteu à fé cristã;
logo, ela ainda não é minha amada e querida irmã em Cristo.
9.3. POR QUE NÃO A NÓS TAMBÉM?
Sempre que um espírito se manifesta em
alguém que esteja assistindo aos nossos cultos, identifiquem-se eles como
quiserem, são, sem exceção, tachados de demônios e expulsos em nome de Jesus.
Isto seria impraticável, se alguns desses espíritos fossem, de fato, almas
desencarnadas, como o querem os kardecistas. Claro, como expulsar (por
exemplo), em nome de Jesus, o espírito do apóstolo Paulo, caso este fosse
incorporado por um de nós num de nossos cultos?
Espíritos da mais “alta ordem” acorrem
às sessões espíritas e dão conselhos e instruções diversos. Pergunto: Por que
tais espíritos não nos conferem a honra de se manifestarem a nós também? Por
que essa acepção de pessoas? Realmente eles nunca nos fizeram uma visitinha,
visto que os que se atreveram a passar por tais espíritos, levaram fogo no
chifre e foram expulsos em nome de Jesus. Ora, isto seria impossível, se alguns
desses espíritos fossem, de fato, espíritos enviados por Deus para nos orientar.
9.4. VOCÊ QUER A “BÊNÇÃO” DE SAUL?
Já que os kardecistas querem usufruir de
1Sm 28 quanto à consulta aos mortos, sugiro que também desfrutem de 1Cr
10.13-14 que diz: “Assim morreu Saul
[...] porque buscou a adivinhadora para a consultar. E não buscou ao SENHOR,
que por isso o matou [...]”. Se você, ó leitor, quer receber a “bênção”
que Saul recebeu, conforme registrado em 1Cr 10. 13-14, faça o que ele fez,
dentro dos moldes de 1Sm 28.
9.5. SHEDD EXPLICA
Maiores e relevantes informações sobre
1Sm 28, constam da Bíblia de estudo intitulada A Bíblia vida nova, cujo comentarista é o erudito Dr. Russell P.
Shedd __ piedoso Pastor batista __, editada pela S. R.
Edições Vida Nova. Em refutação à crença de que foi Samuel quem falou a Saul,
Shedd discorre com muita propriedade sobre o que ele classifica como “Argumento
Gramatical, Argumento Exegético, Argumento Ontológico, Argumento Escatológico,
e Argumento Doutrinário.” Sugiro, pois, que o leitor a consulte. Esse
comentário consta também da Bíblia Shedd.
Concluímos
que o “Samuel” que dialogou com Saul, fala até hoje aos que lhe dão ouvidos. Logo,
a “benção” de Saul ainda está de pé e disponível aos que a querem. Mas há algo
melhor para nós: a Bênção de Deus.
CAPÍTULO X
O SANGUE DE JESUS VERSUS
KARDECISMO
Como se tornar espírito perfeito __
alvo este que não se alcança sem o nosso concurso, tampouco se concretiza sem
inúmeras reencarnações __, constitui uma sinopse do que podemos chamar
de O Evangelho dos Kardecistas. Estes fazem ecoar em todos os rincões do mundo
que “esse ensino não desdenha o sacrifício de Jesus, não colide com a razão, e
se harmoniza com a justiça de Deus.” Relembro que o mentor dessa dogmática
chegou a dizer que “O Cristianismo e o
Espiritismo ensinam a mesma coisa”. (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o
Espiritismo. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. 109 Ed.,
1994, p. 47). Neste capítulo, porém, questiono o mérito dessas pretensiosas
alegações.
10.1. O FUNDAMENTO DAS REENCARNAÇÕES
10.1.1. Fundamento “filosófico”
Veja abaixo as perguntas 167-171, que
Kardec formulou a um “Espírito superior”, bem como as respostas que obteve de
seu Guia Espiritual:
Pergunta 167: “Qual o fim objetivado com a reencarnação?” Resposta: “Expiação, melhoramento
progressivo da Humanidade. Sem isto, onde a justiça?”
Pergunta 168: “É limitado o número das existências corporais, ou
o Espírito reencarna perpetuamente?”! Resposta: “A cada nova existência, o Espírito dá um passo para
diante na senda do progresso. Desde que se ache limpo de todas as impurezas,
não tem mais necessidade das provas da vida corporal”.
Pergunta: 169: “É invariável o número das encarnações para todos
os Espíritos?”. Resposta:
Não; aquele que caminha depressa, a muitas provas se forra. Todavia, as
encarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porquanto o progresso é
quase infinito”.
Pergunta 170: “O que fica sendo o Espírito depois da sua última
encarnação?” Resposta: “Espírito
bem-aventurado; puro Espírito”
Pergunta 171: “Em que se funda o dogma da reencarnação?” Resposta: “Na justiça de Deus e na
revelação [...]” (O livro dos espíritos, 74 ed., nº 167-171, p. 121. Grifo
nosso).
Como se vê acima, Kardec prescindiu do
sangue de Jesus. Este se tornou supérfluo. Tudo se resolveu por intermédio de
sucessivas reencarnações. “A cada nova
existência, o Espírito” dá “um passo para diante na senda do progresso” até
limpar-se “de todas as impurezas”, quando cessará a “necessidade das provas da
vida corporal”, isto é, passará a progredir sem a necessidade de se reencarnar.
E, finalmente, tornar-se-á “Espírito bem-aventurado; puro Espírito”, a saber,
alcançará o status de espírito perfeito, e será feliz para sempre! Mas não é
isso que nos ensina a Bíblia. Esta nos garante que a bem-aventurança eterna só
será possível aos que lavam as suas vestes no sangue do Cordeiro (Ap 22.14).
10.1.2. Fundamento “bíblico”
Após recorrer à lógica humana, Kardec
procura abrigo sob o manto do Nazareno; e, para tanto, recorre à Bíblia mais
uma vez.
Reconheçamos,
portanto, em resumo, que só a doutrina da pluralidade das existências explica o
que, sem ela, se mantém inexplicável; que é altamente consoladora e conforme à
mais rigorosa justiça; que constitui para o homem a âncora de salvação
que Deus, por misericórdia, lhe concedeu.
As próprias
palavras de Jesus não permitem dúvida a tal respeito. Eis o que se lê no Evangelho
de São João, capítulo III:3. Respondendo a Nicodemos, disse Jesus: Em verdade,
em verdade te digo que, se um homem não nascer de novo, não poderá ver o reino
de Deus... (O livro
dos espíritos. 74 ed., Parte 2ª, capítulo V, nº 222, p. 153. Grifo nosso).
Das transcrições supra se pode ver que o
Kardecismo prega que a âncora da salvação não é o sangue de Jesus, e sim, a
reencarnação. Através desta, o espírito vai progredindo intelectual e
moralmente até atingir a perfeição. A Bíblia, porém, assevera que só o sangue
de Jesus pode nos purificar dos nossos pecados (Mt 26.28; At 4.12; Rm 3.25-26;
11.6; Ef 2. 8-9; 1Jo 1.7, etc.). Os kardecistas diriam que este meu argumento
não os demove, visto que não reconhecem a Bíblia como autoridade. Porém, aí
levanto as seguintes questões: a) mas vocês não se consideram cristãos? b) se
não aceitam a Bíblia, rejeitam o Cristianismo, e, portanto, vocês não podem se
considerar cristãos; c) vocês fizeram um “cristianismo” só para vocês? d) vocês
possuem um “cristianismo” de propriedade particular? e) além disso, se a Bíblia
não é confiável, porque Kardec, citando Cristo falando do novo nascimento, e
associando isso à reencarnação, afirma que “As próprias palavras de Jesus não permitem dúvida a tal
respeito”, como consta da cópia acima? f) veja, se a Bíblia não é
confiável, não sabemos sequer se Jesus realmente falou de novo nascimento. Ora,
como ousam fundar uma religião sobre algo tão incerto? Pensem nisso os que
ainda pensam.
10.2. OS KARDECISTAS CREEM NO SANGUE DE
JESUS?!
Como se todas as incoerências acima
exibidas não bastassem, Kardec registrou que Jesus derramou Seu sangue para nos
salvar.
Diante da
grande responsabilidade que assumimos para com o nosso Criador, quando nos
comprometemos a defender a Doutrina do seu amado Filho, selada com o seu próprio sangue no cimo do
Calvário, para redimir as culpas dos homens; [...] elevo o
meu pensamento [...] ao nosso Criador e Pai, e suplico [...] que se estendam as
asas do seu amado Filho sobre a Terra, colocando-vos à sombra do seu Evangelho
— garantia única da vossa
crença — segura estabilidade da vossa fé!
(A prece segundo o evangelho. 44 Ed., p. 24. Grifo nosso).
O Kardecismo me surpreendeu. Ele me
deixou embasbacado, atônito, boquiaberto, de queixo caído, maravilhado,
pasmado, perplexo, etc., pois foi muito além das minhas expectativas. É que, por
eu saber que a literatura kardeciana é reencarnacionista, eu imaginava que a
mesma negasse que Cristo verteu Seu sangue para nos redimir dos nossos pecados.
Mas, para meu assombro, vi que os escritos oficiais do Kardecismo também afirmam
que Jesus derramou Seu sangue para nos salvar. Era só o que faltava! Como Satã
é astuto e sujo! Como pode alguém afirmar que o sangue de Cristo redime “as
culpas dos homens” e, simultaneamente, pregar a reencarnação? Os que não
ignoram o porquê da cruz de Cristo sabem que, a menos que se sacrifique a
coerência, isso é impossível. Mas convenhamos que nem todas as pessoas pensam
assim. Por que isso? A resposta é que os tais, embora talvez não ignorem o para quê da morte de Jesus, não sabem,
contudo, o porquê disso. Convém,
então, que se teça um comentário, ainda que ligeiro, visando aclarar esta
questão. Portanto, norteando-se por esta meta, rumemo-nos aos tópicos abaixo.
10.3. O PORQUÊ E O PARA QUÊ DA CRUZ
Jesus morreu para quê? Quando formulamos
esta pergunta aos que se consideram cristãos (católicos, evangélicos,
ortodoxos, coptos, etc.), recebemos de imediato a seguinte resposta: “Para nos
salvar”. Mas, se perguntarmos “o que tem a ver a morte de Cristo, com
salvação?”, veremos que não são poucos os
que ficam sem saber o que dizer. Tal se dá porque a maioria dos cristãos sabe para quê Jesus morreu, mas poucos
entendem o porquê da morte do Senhor.
Sim, sabem para quê, mas ignoram o porquê. Vou, então, provar, que quando
compreendemos com profundidade o Plano de Salvação, concluímos em nossas mentes
que, deveras, Deus não perdoa pecado. E é deste entendimento que nasce a
verdadeira compreensão do porquê da cruz de Cristo. Sem compreendermos que Deus
não perdoa pecado, facilmente prescindiremos do espetáculo da cruz, julgando-o
inclusive supérfluo. É porque há pessoas que “sabem” apenas para que Jesus morreu, ignorando
completamente o porquê de Sua morte,
que muitos conseguem conciliar o sangue de Cristo com reencarnação, com
purgatório, com os supostos “méritos” das boas obras, auto justificação, etc.
Tenho bom motivo, portanto, para empreender a habilitar o leitor a responder de
cadeira e sem pestanejar, a estas duas perguntas, aparentemente iguais, mas
que, de fato, são diferentes, e devem ser respondidas de maneira diferentes.
Perguntas diferentes, respostas diferentes.
10.3.1. Para quê Jesus morreu?
Bem, quanto à pergunta “para quê Jesus
morreu?”, por ora não sou prolixo, porque, segundo me parece, respondê-la
dizendo que foi para nos salvar, é
uma boa e completa resposta. Mas, acerca da próxima interrogação, que é “Por
que Jesus morreu?” já não devo ser tão sucinto.
10.3.2. Por que Jesus morreu?
Demonstrarei que foi o pecado, mais a
justiça divina, somados ao amor de Deus, que redundaram na morte de Cristo por
nós. É deste triângulo que nasceu a cruz. A ausência de qualquer um destes três
elementos tornaria a cruz sem qualquer razão de ser.
A) O estado calamitoso
do homem
O leitor há de convir que há um mistério
na morte de Jesus. Veja, se eu lhe fizer uma ofensa e lhe suplicar o perdão,
você não terá que morrer numa cruz para me perdoar, mas simplesmente me
liberará o perdão, caso queira fazê-lo. Pergunta-se: Por que Jesus não fez
assim também? Por que Jesus só consegue perdoar, se morrer numa cruz? A
resposta clara, sintética e objetiva, que se deve dar a esta pergunta é: Porque
Deus não perdoa pecado. Você se assustou? Pois fique sabendo que eu vou lhe
provar que é isso que a Bíblia ensina. Sim, leitor, muitos pensam que Deus é
tão bom, que por maior que seja o pecado, se o pecador se arrepender e pedir
perdão, Deus, por isso mesmo, o perdoará. Mas a verdade solene é que Deus é tão
justo, que não perdoa nem mesmo o menor dos pecados, por mais que o pecador se
arrependa e peça perdão. É inútil arrepender dos pecados, chorar, pedir perdão,
se regenerar, etc. O pecado é, na opinião de Deus, uma dívida que não pode
deixar de ser paga em hipótese alguma. Segundo o infalível parecer de Deus,
perdoar a culpa, mesmo estando o pecador arrependido, é tão errado quanto punir
o inocente. E o porquê disso, é que Ele é justiça e santidade. Com afeito, o
ser humano entrou num beco sem saída, e, portanto, tornou-se de pés e mãos não
só amarrados, mas quebrados, isto é, o homem tornou-se irremediavelmente perdido.
Que poderá o homem fazer para se salvar? Que podemos fazer para sairmos dessa
situação embaraçosa e desesperadora? Nada, é a resposta honesta à luz da
Bíblia! Entramos num labirinto do qual não sairemos, por mais que lutemos para
isso! Agora, é Inferno ou Inferno! Não há mais jeito para nós! Estamos
irremediavelmente perdidos!
B) O sacrifício vicário
de Cristo
a) Nem tudo está
perdido
Apesar do exposto no parágrafo acima,
nem tudo está perdido. Ainda nos resta uma esperança. Há uma possibilidade de
não irmos para o Inferno, visto que Deus, por ser amor, concebeu um Plano para
mudar a nossa sorte. Plano este que, longe de ferir a Sua justiça, se harmoniza
com a Sua santidade. Obviamente que este plano (que nos inocenta perante o
fórum celestial) não consiste em fazer vista grossa aos pecados do pecador
arrependido, visto que já está claro que Deus não abre mão de Sua justiça e
santidade. Mas, em que consiste então o dito Plano? Resposta: Em dar-nos um
substituto; e Jesus o é. Todos os que apelam para o sangue de Jesus (isto é,
para o Seu sacrifício substituinte), ficam, na hora, quitados para com a
justiça divina, e, por conseguinte, absolvidos. E isso porque, na opinião de
Deus, neste caso, nossas dívidas não foram perdoadas, mas sim, rigorosamente
pagas por Jesus. Os nossos pecados não foram perdoados, mas rigorosamente
castigados na Pessoa do nosso substituto. E se você fizer disso a sua única
tábua de salvação, sairá da condenação neste exato momento (Rm 8.1; Jo 3.16; Lc
23.43).
Quando Adão e Eva pecaram, eles e todos
nós, sua prole, fomos destituídos da glória de Deus (Rm 3.23), isto é, nos tornamos
irremediavelmente perdidos. Mas Jesus, nosso único Advogado, recorreu da
sentença, entrando com um recurso imbatível: a substituição. E Ele o fez na
cruz. O álibi do Dr. Jesus em defesa dos seus clientes é fortíssimo: o Seu
precioso sangue vertido no lenho por nós!
b) Sem retórica
Na Bíblia há parábolas, alegorias,
metáforas, símiles, ironias, sinédoques, e outras expressões simbólicas. Por
isso, quando dizemos que Cristo nos substituiu na morte e no sofrimento, muitos
pensam que essa substituição não deve ser entendida ao pé da letra. Creem
tratar-se de um termo figurativo, e não literal. Mas é ledo engano. Jesus é o
nosso substituto na verdadeira concepção deste termo. O que o leitor entende
por substituto? Qual o significado desta palavra no nosso vernáculo? Pois é
isso que Cristo é, em relação a nós. O que você entende por substituição? Pois
é isso que Cristo fez por nós no madeiro (1Pe 2. 24). Que Cristo nos substituiu
literalmente no lenho, é, segundo a Bíblia, a verdade nua e crua, destituída de
qualquer retórica e simbolismo. Cristo é o nosso substituto, e, neste caso,
substituto significa substituto, e nada mais. E saber isso é muito importante,
pois faz saltar aos olhos que até o mais vil dos pecadores pode ser salvo
mediante essa substituição, já que Cristo substituiu a Humanidade, e não uma
parte desta.
c) Três grupos em
perigo
Muitos vão para o Inferno porque ignoram
o Plano de Salvação. Não sabem o porquê da morte de Jesus. Os tais se
subdividem em pelo menos três grupos, os quais pensam mais ou menos assim:
Primeiro grupo: “Deus é justo, e nós, miseráveis
pecadores; logo, não há jeito para nós”. Estes morrem de sede dentro de um
caudaloso rio __ o rio da salvação mediante o sangue de Jesus!
Segundo grupo: “No final, ninguém será
condenado eternamente, visto que Deus, por ser um Pai bondoso, dará um jeitinho”.
Mas como estão enganados! Aquele que não deu um jeitinho nem para o Seu Filho
unigênito, antes o entregou por nós (Mt 26. 36-46), dará jeitinho na nossa
situação? Mc 16 15-16 nos diz que não.
Terceiro grupo: Creem que podem salvar-se a si
mesmos, suportando com paciência as vicissitudes da vida, e praticando benemerências.
Estes não creem que Jesus morreu para pagar a nossa dívida, e sim, para nos
lecionar com seu exemplo de vida, estimulando-nos à prática do amor. Isto é,
creem que ao suportar a morte de cruz sem odiar e revidar, Jesus estava como
que dizendo à Humanidade o seguinte: “Siga
meus passos! Faça como eu! Pague o mal com o bem! Ame a Todos sem distinção!”,
etc. Entretanto, nada está mais longe da verdade do que essa inferência!
10.4. MAIS LUZ SOBRE O PERDÃO SOTERIOLÓGICO
Nós, os evangélicos, realmente cremos
que Deus perdoa pecado, pois a Bíblia o diz claramente (Is 55.7; Mt 6.12; Mc
2.5; Sl 103.3, etc.). Mas, neste caso, deve-se entender que perdão é um termo simples que designa a
mudança de relacionamento que se dá entre Deus e o pecador, quando este se vale
do sacrifício de Jesus. Há registro de várias ocorrências similares nas páginas
da Bíblia. Por exemplo, está escrito que Deus se esquece dos pecados por Ele
perdoados (Mq 7.19; Hb 10.17). Naturalmente, neste caso entendemos que esse esquecimento é conotativo, ou seja, não
deve ser interpretado literalmente, e sim, como uma força de expressão,
intuindo salientar a perfeição do perdão. Esta palavra (refiro-me ao vocábulo
“perdão”), por sua vez, também não pode ser entendida fora do âmbito da Soteriologia
Bíblica. Neste sentido, nada mais é que um dos nomes que a Bíblia dá à mudança
de relacionamento que ocorre entre Deus e o pecador, quando este apela para o
sangue de Jesus, isto é, quando “reivindica” (digamos assim) a sua absolvição à
base do pagamento efetuado por Cristo, na cruz. Esta interpretação que acabo de
apresentar sobre os verbos perdoar e esquecer, nos casos em lide, tem que
estar certa, por, pelo menos, duas razões: Primeira:
Se o esquecimento em questão fosse ao
pé da letra, Deus seria portador de amnésia. Logo, o que Hb 10.17 está dizendo,
é que em Cristo Deus
nos dá um “perdão” tão perfeito, que até se “esquece” dos nossos pecados. Segunda: Ainda sobre a palavra perdão, observo que se Deus, para nos
perdoar, exigisse apenas fé, arrependimento, conversão e regeneração, Jesus
teria morrido em vão. Então ,
Deus exige tudo isso, mas não se dá por satisfeito só com isso. Aliás, esses
expedientes não O satisfazem nem mesmo parcialmente. E o porquê disso reside no
fato de que em nenhuma dessas coisas, e nem mesmo no conjunto delas, há
qualquer valor salvífico. Valor salvífico só se encontra no sangue de Cristo,
isto é, na substituição efetuada na cruz.
O leitor certamente notou que aspei as
palavras perdão e esquece. Porém, não o faço para
subestimar o perdão, mas sim, para tornar protuberante que o perdão de Deus em Cristo, é diferente do
perdão na ótica humana. Em termos
humanos, perdoar é decidir por não punir o erro. Já em termos soteriológicos
bíblicos, Deus nos “perdoa” sendo punido em nosso lugar. Ele “anulou” a nossa
sentença, cumprindo a pena em nosso lugar. Deste modo, o perdão não é mera
decisão em não punir o erro; antes, refere-se ao árbitro divino de eximir o
errado da devida punição, punindo o seu erro na Pessoa de seu substituto, que,
no caso, é a Pessoa do próprio Deus (2Co 5.19). É isso que esta última
referência bíblica quer dizer, quando nos diz que “[...] Deus estava em Cristo
reconciliando consigo o mundo [...]”. Então, o que ocorre, é muito mais pagamento da dívida, do que perdão da dívida. Ou ainda, longe de ser
uma impunidade, é a rigorosa punição do erro, mas sempre na Pessoa do
substituto do cristão, que, como já sabemos, é Jesus. Sendo assim, embora não
seja errado dizer que Deus perdoa pecado, muitos cometem o erro de dizerem isso
sem saber o que estão falando. Falam sem conhecimento de causa, como o fazem os
papagaios.
Até mesmo quando eu sustentei acima que
“Ele ‘anulou’ a nossa sentença, cumprindo a pena em nosso lugar”, tive que aspar
anulou, visto que, a rigor, cumprir a
pena em lugar de alguém, não é o mesmo que anular a sentença desse alguém, e
sim, ser passivo da execução da pena. É ser substituto. Isto significa, que
dizer que Deus anulou a nossa sentença, sem conhecimento de causa, é tão errado
quanto afirmar que Deus perdoou os nossos pecados, sem entender o porquê da
cruz de Cristo. A perfeita salvação que se obtém em Cristo (Hb 7.25), só é
possível porque Jesus pagou o preço. A fé, o arrependimento, a conversão e a
obediência são condições impostas e indispensáveis, mas não são a causa
meritória. Esta é o fato de Jesus ter sido condenado em nosso lugar. E isto é
coerente, porque se Deus (repito), para perdoar o pecador, exigisse tão-somente
o arrependimento, o pedido de perdão e a regeneração, Cristo teria morrido em vão. Este argumento pode
parecer ilógico aos que, longe de verem na morte de Jesus um ato substitutivo,
pensam que a mesma é apenas uma aula exemplificada sobre o amor. digo, porém,
que a Bíblia deixa claro que a razão pela qual Jesus morreu é: O homem é
pecador e Deus é justo; por cujo motivo nos tornamos irremediavelmente
perdidos. Então o Senhor desceu do Céu para cumprir a pena em nosso lugar. E
devemos a nossa salvação exclusivamente a este gesto do Senhor Jesus. É por
isso que Jesus é o Salvador. Ele não salva com Sua Palavra, nem tampouco com
Seus exemplos, mas com Seu sacrifício expiatório. Se Ele fosse apenas o Grande
Mestre que é, não poderia nos salvar, visto que Deus exige que a dívida que
contraímos seja paga. Mas graças a Deus, Jesus, além de grande educador, é,
também, o nosso “Cordeiro” Pascoal ou o nosso “Bode” expiatório. Logo, a morte
de Jesus é, sim, um ato substitutivo. E ai de nós se não o fosse.
10.5. DA RETROSPECTIVIDADE DO CALVÁRIO
Talvez você queira perguntar: “Se não há
salvação à parte do sangue de Jesus, como se salvaram os que morreram antes de
Sua crucificação?” Resposta: Eles se
salvaram pelo sangue que no futuro seria derramado por eles, assim como nós,
servos de Deus da atualidade, somos salvos pelo sangue que no passado foi
derramado por nós. Eles foram comparados a crédito, digamos assim. Foi como se
Cristo passasse um cheque pré-datado, a ser compensado quando Ele provesse os
fundos no Calvário! Os que morreram salvos antes da morte de Cristo, olhavam
para a frente; o ladrão retratado em Lc 23. 43, olhou para o lado onde Jesus
agonizava por nós; e nós, hodiernos servos de Deus, olhamos para trás. Logo, nossos
olhares convergem, sem exceção, para a cruz, visto que dela, e só dela, procede
a reconciliação com Deus para todos os descendentes de Adão! Ai de Abel, Moisés,
Abraão... se o Calvário fosse apenas prospectivo. Mas, à luz da Bíblia, ele é
retrospectivo também. Ele abrange o passado, o presente e o futuro.
10.6. DEUS NÃO PERDOA MAS “PERDOA”
Seria correto o seguinte paradoxo: Deus
nunca perdoou, não perdoa, e jamais perdoará; mas sempre “perdoou”, ainda
“perdoa”, e por muito tempo prosseguirá “perdoando” (Is 55.6). Senão, vejamos:
a) Sobre o perdão em
Cristo
O leitor deve ter observado que grafei o
verbo perdoar com aspas, e sem elas.
O porquê disso, também já está claro, segundo me consta, visto que já expliquei
que Deus não perdoa em termos humanos, e sim, em termos próprios da Soteriologia
bíblica. Em outras palavras: Deus perdoa
em Cristo, e não perdoa fora de Cristo. Mas, que é perdoar em Cristo? Já sabemos que não é o que muitos pensam.
Geralmente pensa-se que Deus simplesmente arbitra, como o faz um Juiz, e
pronto. Mas não ignoramos que a verdade é outra. Vimos que se Deus pudesse
fazer isso, Cristo não teria que morrer por nós. Também a Bíblia não diria que
Deus perdoa em Cristo, mas apenas
diria que Deus perdoa. Relembro que a
justiça e a santidade de Deus não permitem que Ele simplesmente arbitre em
nossa defesa. Se Ele fizesse isso, negaria a Si mesmo. Portanto, à pergunta
“que é Deus perdoa em Cristo?”, podemos dar as seguintes respostas: 1) Deus se
vale ou se serve da substituição efetuada por Cristo para não punir o pecador
que se converte; 2) Cristo cumpre a pena em nosso lugar, e, por conseguinte, a
justiça e a santidade de Deus não são afetadas quando Ele absolve os que creem
em Jesus; 3) Deus considera como rigorosa e devidamente punidos, os pecados dos
que apelam para o sacrifício vicário de Jesus. Ora, isso é diferente de tudo
que, em termos humanos, conhecemos como perdão. O perdão através de Cristo não
foi dado de mão beijada, ou servido de bandeja, mas vendido por Deus Pai,
comprado e pago por Deus Filho, e presenteado aos que arrependidos creem na
eficácia do pagamento efetuado por Jesus na cruz. Logo, Deus não pode dar ao
pecador arrependido e convertido à fé cristã, aquilo que nós, seres humanos,
conhecemos por perdão; mas Ele pode
nos considerar quitados para com a Sua justiça, mediante o pagamento efetuado
por Jesus, e, consequentemente, nos reconciliar consigo. E é a esta
reconciliação com Deus, mediante o pagamento efetuado por Jesus, que a Bíblia
chama de perdão. Logo, o que, neste caso, a Bíblia intitula de perdão, não é o que geralmente
conhecemos por este nome. Ora, quando o motivo pelo qual Fulano não deve mais
nada a Sicrano, é porque Beltrano pagou a Sicrano o que Fulano devia, não
dizemos que Sicrano perdoou a dívida de Fulano. Mas a Bíblia o diz. Realmente,
embora nós, os cristãos, devamos a quitação da nossa dívida ao pagamento
efetuado por Jesus, a Bíblia diz que Deus perdoou a nossa dívida (Mt 6.12a). Então,
embora perdão de dívida e pagamento de dívida sejam termos
diametralmente opostos, contrários e auto-excludentes em termos humanos, não o
são, contudo, em termos soteriológicos. Por que isso? A resposta é: O pagante é
o próprio credor. Não temos aqui, nenhum Beltrano pagando ao credor Sicrano, a
dívida de Fulano; mas sim, o próprio Credor pagando a dívida do seu devedor
inadimplente. É como se um banqueiro depositasse na nossa conta bancária, um
valor capaz de saldar nosso débito junto ao Banco de sua propriedade. Neste
caso, tanto seria correto dizer que o dito banqueiro perdoou a dívida, como
também dizer que o mesmo pagou a dívida. Quanto a nós, Ele perdoou nossa
dívida; e junto ao Banco Central, houve um crédito na nossa Conta Corrente,
saldando o nosso débito. Similarmente, podemos asseverar que Cristo pagou nossa
dívida, como também podemos afirmar que Cristo perdoou a nossa dívida, desde
que por “perdoou” entendamos a quitação da nossa dívida mediante o pagamento
por Ele efetuado. Nós somos o Fulano,
que mais nada deve a Sicrano (justiça divina), porque Beltrano (o Deus contra o
qual pecamos) literalmente pagou a nossa dívida! Sim, Deus creditou no Seu próprio “banco” a importância que Lhe
devíamos, isto é, sofreu em Seu próprio
Ser, as nossas desventuras. E, por tudo isso, fica mais que claro que
quando a Bíblia diz que Deus perdoou a nossa dívida, está se referindo a algo
bem diferente de tudo que, nos relacionamentos humanos, conhecemos pelo nome de
perdão. E é por isso que afirmo que
Deus não perdoa pecado. O perdão que Deus nos dá não é o que, em termos
humanos, conhecemos por este nome. Temos, nestes casos, um homônimo. É algo
similar com o que se dá com a palavra manga,
que, dependendo da frase, pode significar a parte do vestuário por onde se
enfiam os braços, ou pode se referir ao fruto da mangueira, ou ainda pode
tratar-se do verbo mangar, sinônimo
de debochar. Logo, eu como manga, mas não como manga. Aclarando: Como manga
(fruto da mangueira), mas não como manga (parte do vestuário por onde se enfiam
os braços). Ou ainda, Deus “perdoa”, mas não perdoa, ou seja, Ele nos
reconcilia conSigo mediante o sacrifício de Si próprio, mas não o faz de
nenhuma outra maneira.
O exposto acima nos ajuda a entender
tanto o para quê, como o porquê da morte de Jesus. Para que Jesus
morreu? Resposta: Para nos salvar. E: Por que Jesus morreu? Resposta: Porque
Ele, por ser justo e santo, não pode perdoar a nossa dívida. Ele pode pagar a
dívida, mas não pode perdoar a dívida, salvo se por perdoar entendemos o ficar bem com Deus mediante o pagamento que
Ele efetuou na cruz. Concluo, pois, que: Não é errado dizer que Deus perdoa,
mas é errado dizer isso, sem saber o que se está falando. Do mesmo modo, não é
errado dizer que Deus se esqueceu dos nossos pecados, mas não é certo firmar
isso, sem saber o que se está dizendo. Interpretar esse esquecimento ao pé da letra, faz de Deus um débil mental. E, de
igual modo, interpretar o perdão que Deus nos dá, sem entender o porquê da cruz
de Cristo, faz de Deus um injusto.
A salvação é pela graça, mas graça sem
cruz não existe. Graça sem cruz seria um
ato irresponsável, uma impunidade, e não uma graça.
10.7. A RELAÇÃO FÉ/OBRAS
Nenhuma boa obra salva
Vimos que fé, arrependimento, e
conversão não podem nos salvar. Sim, em nenhuma dessas atitudes __ e
nem mesmo no conjunto dessas ações __ há qualquer valor salvífico.
Mas, se assim é, por que então tenho que fazer isso para me salvar? A resposta
é que se eu não entrar com o meu vale
nada, Cristo entra com o Seu vale
tudo, que é o ato de creditar em minha conta, digamos assim, os benefícios
provenientes da substituição efetuada na cruz. E é o vale tudo de Cristo que nos salva. Isso posto, ninguém se salva sem se converter, e ninguém se salva por se converter. Ninguém se salva sem
crer, arrepender e se converter; e ninguém se salva por crer, arrepender, e se
converter. Sim, fé, arrependimento, e conversão não salvam a ninguém. O que nos
salva é o sangue de Jesus. Devemos nossa salvação exclusivamente à cruz de
Cristo.
Salvação não é galardão
A Bíblia diz que as boas ações
realizadas pelos salvos, estão sendo computadas por Deus para efeito de galardão
(1Co 3.10-15; Ap 22.12), mas ao mesmo tempo nos informa que os perdidos que
tentam se salvar através de boas obras, estão redondamente enganados (At
10.1-6; 11.12-14), e que serão condenados. Isto prova que a fé no sangue de
Jesus vale o “perdão” dos nossos pecados, e a consequente salvação, a qual é um
presente; e que os bons feitos que daí nascerem, serão recompensados, isto é,
serão pagos. Logo, salvação não é o mesmo que galardão. Salvação é presente; e
galardão é recompensa ou pagamento pelo serviço prestado. Salvação é pela fé
(Rm 3.25; 11.6; Ef 2.8-9; Tt 3.5), e galardão é pelas obras (Ap 22.12; 1Co
3.14-15). Sobre estes galardões, pouco sabemos agora, mas quando chegarmos Lá,
veremos que não são irrelevantes, pois tudo que Deus faz é importantíssimo. E,
enquanto aguardamos por aquele Dia, sirvamos destes textos bíblicos que
categoricamente nos dizem que salvação e galardão são coisas distintas e
diferentes, para expormos a verdade bíblica de que a salvação não se obtém
pelas obras. Estas não possuem nenhum
valor salvífico. As boas obras não salvam, nem tampouco ajudam Cristo a nos
salvar. Obras não salvam; e fé mais obras, também não. Devemos nossa salvação
exclusivamente ao sangue de Jesus.
Paulo versus Tiago?
O apóstolo Paulo disse que a salvação
não é pelas obras, mas uma graça da qual se apossa exclusivamente mediante a fé
(Rm 11.6; Ef 2. 8-9). Já Tiago afirma que a salvação só se concretiza mediante
a soma da fé às obras (Tg 2. 20,24,26). Há contradição? Não. Então, como se
explica isso? Resposta: Paulo e Tiago não falam do mesmo tipo de fé. Paulo fala
da fé salvífica, e Tiago discorre sobre a fé natural. Esta consiste em apenas
crer na existência de Deus, já aquela retrata a conversão ao Evangelho. Ora, claro
está que ninguém se salva só porque crê que Deus existe. A salvação é pela fé em Jesus. E ninguém tem
moral para dizer que crê em Cristo sem se arrepender de todos os seus pecados e
se converter ao Cristianismo bíblico. A fé, da qual Paulo nos fala, é a
conversão ao Cristianismo, o que não se concretiza sem arrependimento e conversão
ao Cristianismo ortodoxo. E é claro que quem está arrependido de seus pecados
não vive na prática dos mesmos. Logo, todos os salvos fazem boas obras, ora por
comissão, ora por omissão, e não raramente, por omissão e por comissão. Não
praticar um determinado pecado é fazer uma boa obra por omissão. E fazer algo
oposto a um determinado pecado é obrar por comissão.
Muitos concluíram que Tiago e Paulo
tinham opiniões diferentes. Por isso, uns ficaram com Paulo, e outros optaram
por Tiago. Este autor, porém, pertence ao rol dos que concordam com ambos.
Considerando que Paulo disse que para a
efetivação da salvação basta a fé; e Tiago sustentou que a fé sem as obras não
salva ninguém, há os que tentam harmonizar estes dois apóstolos assim: Basta a
fé, mas não a fé morta, que é a fé sem as obras; mas sim, a fé viva, que é a fé
somada às obras. Os tais se dividem em dois grupos, que, de per si, esposam as
seguintes opiniões: Grupo a) Pela fé
viva se faz as obras necessárias à salvação; grupo b) pelas obras se obtém a fé viva, e, pela fé viva obtida
mediante as obras, se alcança a salvação. Mas estes dois grupos estão errados,
visto que em ambos se atribui valor salvífico às obras. Então, qual é a
sequência correta? Resposta: Pela fé viva __ a qual não existe à
parte de arrependimento e conversão __, se obtém a salvação. Assim
sendo, a verdadeira fé é constituída de duas obras positivas: arrependimento e
conversão a Cristo. Ademais, da salvação que se obtém mediante a fé viva, decorrem
obras e mais obras. A questão é que da fé viva deriva a salvação, a qual, por
sua vez, também redunda em obras que decorrem da salvação. De sorte que, onde
faltam as obras, faltou, de antemão, a salvação; e onde falta a salvação,
faltou, de antemão, a fé aludida por Paulo.
Quando a Bíblia diz que “a fé sem as
obras é morta”, não quer dizer com isso que a fé depende das obras para ser
viva, mas sim, que a existências das obras dignas de um salvo, depende de uma fé
viva. Só a fé viva é capaz de realizá-las; a fé viva as realiza
invariavelmente; logo, a falta de obras pressupõe a ausência de fé viva. Relembro
que a verdadeira fé é constituída de obras __ arrependimento e
conversão __ que, por sua vez, gera real salvação, da qual jorram
nobres ações, dignas de um filho de Deus.
A crença na salvação mediante as obras
não subsiste com a história do ladrão que, não obstante ter se convertido na última
hora da sua vida (Lc 23.43), foi para o Paraíso naquele mesmo dia. Mostrei isso
a um simpatizante do Kardecismo, o qual me disse que “essa é uma história de
impunidade, visto fazer de Deus um injusto, já que o marginal em questão não
pagou pelos seus crimes”. Há muitas maneiras de se refutar esse argumento
espiritista, sendo um deles, o fato de que Kardec (embora com segundas
intenções) disse que não há como contestar o Evangelho. Outro argumento forte, é
mostrar que Deus também discorda da impunidade,
e que este é o motivo pelo qual Ele veio ao mundo ser punido em nosso lugar. Digamos sem delonga que a dívida do ladrão
em lide não foi perdoada, e sim, paga por Jesus. Informemos que os pecados do
dito bandido não foram perdoados, mas castigados em Cristo.
O que ora digo sobre o valor da fé e a
importância das obras, pondo-as em seus devidos lugares, visa jogar por terra
tudo quanto o Kardecismo tem ensinando a respeito de Tg 2.14-26. Já sabemos que
segundo o Kardecismo, o homem tem que expiar e reparar os seus pecados. Essa
expiação se dá, segundo eles, através de sofrimentos, e a reparação ocorre
mediante a realização de boas obras a título de compensação. E se a pessoa
morrer antes de quitar-se para com a justiça divina, saldará seu débito nas
encarnações por vir. Mas, como esse não é o Evangelho que Jesus mandou pregar,
urge que, por amor, alertemos as vítimas desse engodo.
“Fora da caridade não
há salvação”
É da falsa interpretação do porquê da
cruz de Cristo, que deriva o postulado kardeciano de que “fora da caridade não
há salvação” (Obras póstumas, 26 ed.,
p. 17). Mas essa proposição colide frontalmente com o verdadeiro Cristianismo,
cuja divisa é: “Fora do sangue de Jesus não há salvação” Rm 3. 25; Cl 1.14; Ap
5.9; 22.14; At 4.12).
O Mestre que faz
Muitos pensam que Jesus veio ao mundo tão
somente para nos ensinar o que precisamos fazer para sermos salvos, mas essa
conclusão está errada. Cristo veio fazer
o que precisava ser feito para sermos salvos. Ele veio fazer, e não ensinar a fazer.
Ele não veio nos mostrar o caminho, e sim, fazer o caminho. Ele veio nos salvar, e não nos ensinar a fazer
algo para sermos salvos. Cristo não veio ensinar você a se salvar, mas sim,
salvar você.
Aclarando sobre a fé
Repito que a salvação não é pelas obras,
nem tampouco pela fé mais obras, e sim, exclusivamente pela fé. Mas a “fé” da
qual falo não é uma simples crença na existência de Deus. Falo da fé cristã, a
fé salvadora, que nos é apresentada pela Bíblia como o bastante para a nossa
salvação (Rm 11.6; Ef 2.8-9). E ninguém pode se considerar portador desta fé
sem ter dado os seguintes passos: a)
reconhecer que Deus existe (Hb11.6); b)
reconhecer que é pecador (IICr 6. 36); c) Reconhecer que
Deus é justo. A justiça de Deus vai além do que pensamos e falamos,
e às vezes colide com os nossos pontos de vista; d) reconhecer que está condenado.
Sim, contrário ao que muitos pensam, a justiça divina não condenou apenas os grandes
pecadores. Não! Deus condenou todos ao Inferno. Disse Jesus: “Se não vos
arrependerdes, todos de igual modo perecereis...” (Lc. 13:5). Disse o apóstolo
Paulo: “[...] todos pecaram e estão privados da glória de Deus” (Rm 3.23 ARA).
Isto evidencia que a justiça divina vai além do que cogitamos, e não raramente
diverge dos nossos padrões de justiça. e)
reconhecer que a morte de Jesus foi substitutiva,
como já vimos; e f) reconhecer e receber a Jesus como Salvador e Senhor pessoal.
Alguém já disse acertadamente que Cristo
não é o Salvador de quem Ele não é o Senhor.
Só o sangue de Jesus
salva
Já afirmei que se Jesus não morresse por
nós, não seríamos salvos, por mais que, arrependidos, implorássemos o perdão. E
uma verdade do mesmo tamanho desta, é que de nada nos adiantará Jesus ter
morrido por nós, se não nos convertermos. É a graça salvadora decorrente do
sacrifício de Jesus, canalizada pela nossa fé nesse sacrifício, que muda a
nossa sorte. Não que a fé, o arrependimento e a conversão, tenham, em si
mesmos, algum valor salvífico, mas sim, que os méritos oriundos do sangue de
Cristo, só nos são conferidos mediante a nossa fé nesse sangue. A salvação
depende do lado divino e do lado humano. De nós exige-se a passividade. Sim, passividade, visto que embora a fé, o
arrependimento e a conversão sejam positivos, fazer isso não ajuda Cristo a nos
salvar, mas apenas permite que Ele nos salve. Sim, o sangue de Cristo, e só
ele, é o agente ativo na transação da salvação. Assim sendo, podemos dizer que é
da junção o sangue de Cristo, mais a nossa fé nesse sangue, que provém
a nossa salvação. Mas neste caso, a conjunção aditiva “mais”, não se destina
a somar o sangue do Senhor à fé, visto que a fé atua apenas como condutor pelo
qual o precioso sangue é escoado (digamos
assim) até nós. E isso posto, então a salvação não é mediante o sangue de
Cristo mais a nossa fé nesse sangue, e sim, só mediante o sangue. O sangue de
Cristo é absoluto e onipotente quanto ao propõe: salvar o pecador. Nós não
podemos entrar com nada, a não ser o nosso vale
nada que, por nada valer, não é aproveitado por Jesus como coadjuvante no
processo da salvação.
Os passos da salvação
Os passos que conduzem à salvação, dos
quais tratamos no parágrafo acima, podem ser resumidos em um só passo: receber
a Cristo como único e todo suficiente Salvador e Senhor pessoal. Porém, os
detalhes aqui aventados se fazem necessários porque não são poucos os que
pensam que já aceitaram a Jesus, mas que, de fato, não sabem nem o que é isso.
Espero que esta exposição tenha deixado
claro que os que pregam que Cristo derramou Seu sangue para nos redimir dos
nossos pecados, sem abrir mão da tal de reencarnação, sabem, da morte de
Cristo, o seguinte: muito pouco do para
quê, e nada do porquê. Aos tais não
podemos sonegar a informação de que Cristo não salva com o brilhante exemplo
que Ele nos deu na cruz; Cristo não salva com Seus sermões; Cristo não salva
com Suas lágrimas, etc., e sim, com o sofrimento até a morte que Ele suportou em
nosso lugar no ensanguentado lenho (Is 53. 4-6). E é por não aceitar isso, que
os kardecistas conseguem conciliar a assertiva de que “Jesus derramou o seu
sangue para nos redimir”, com a auto-justificação, obtida mediante gestos
caritativos reparadores e vicissitudes expiatórias, ambos efetivados ao longo
das mais diversas existências, tanto neste, como noutros mundos.
Concluo que a imprescindibilidade do
sacrifício de Cristo para a nossa salvação reside no fato de que Deus não
perdoa pecado. Donde se vê que é impossível conciliar a fé no sangue de Jesus,
com a auto-expiação kardeciana. Pode-se até fazer isso, mas não sem sacrificar
a coerência.
CAPÍTULO XI
OUTROS ERROS E INCOERÊNCIAS
Neste capítulo abordo diversos equívocos
kardecianos, refutando-os conforme os trago a lume.
11.1. RENASCER DO ESPÍRITO
OU REENCARNAR?
O Kardecismo proclama que o fato de
Jesus afirmar que “aquele que não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”, prova que Ele via esse
expediente como a âncora da salvação, ou seja, como algo confiável, em termos
salvíficos.
Reconheçamos,
portanto, em resumo, que só a doutrina da pluralidade das existências explica o
que, sem ela, se mantém inexplicável; que é altamente consoladora e conforme à
mais rigorosa justiça; que constitui para o homem a âncora de salvação
que Deus, por misericórdia, lhe concedeu.
As próprias
palavras de Jesus não permitem dúvida a tal respeito. Eis o que se lê no Evangelho
de São João, capítulo III:3. Respondendo a Nicodemos, disse Jesus: Em verdade,
em verdade te digo que, se um homem não nascer de novo, não poderá ver o reino
de Deus [...]” (O
livro dos espíritos. 74 ed., Parte 2ª, capítulo V, nº 222, p. 153. Grifo nosso).
Alega Kardec que Jesus chamou de nascer de novo o que o Espiritismo chama
de reencarnação. Mas, à luz de Lc 23.
42-43, nascer de novo não é o mesmo que reencarnar, já que Jesus disse ao
bandido que suplicou Sua graça, o que se segue: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso”. Ora, por
ter ido o ex-ladrão naquele mesmo dia para o Paraíso, torna evidente que o novo
nascimento não é o que Kardec supôs. O raciocínio é: Se o dito ladrão se salvou
naquele dia, então ele nasceu de novo naquele dia; e se ele nasceu de novo
naquele dia, então nascer de novo não é reencarnar.
O novo nascimento é a experiência da
salvação, a qual se dá mediante a conversão a Cristo. Por que não? Por que
Cristo não poderia chamar a transformação resultante de seu perdão, de “nascer
de novo”? Porventura, o contexto bíblico não nos dá bons motivos para se chegar
a esta conclusão? E, sendo assim, os kardecistas devem, pelo menos, admitir
esta possibilidade e ficar de pé atrás com o veredicto de Kardec. Até porque,
como todos os demais mortais, Kardec nunca foi o dono absoluto da verdade. Ou,
como se não nos bastasse a suposta “infalibilidade papal”, criou-se a
infalibilidade kardecal?
Já denunciei que o Kardecismo nega a
Bíblia. Ora, se a Bíblia fosse o que os espíritas dela dizem, eles não teriam
porque se apoiarem nela para justificar suas doutrinas. Logo, por que o fazem?
Certamente esse desonesto gesto é uma incoerência. E bem sabemos desde o
capítulo II (2.3) porque Kardec o fazia: ele era hipócrita, ardiloso,
espertinho, astuto, etc. Aliás, não bem ele, mas os demônios que o usavam.
Contudo, isso não o inocenta, já que o diabo só monta em quem lhe oferece o
cangote.
11.2. SOBRE O DIABO E OS
DEMÔNIOS
Como os Kardecistas conceituam o diabo e os
demônios? Embora já tenhamos tratado disso no capítulo I, reconsidero-o aqui,
visando mais luz sobre este ponto. Disse Kardec:
Satã,
segundo o Espiritismo e a opinião de muitos filósofos cristãos, não é um ser real;
é a personificação do Mal, como Saturno era outrora a do Tempo [...] (O que é o espiritismo. 35 ed.,
p. 138).
Há
demônios, no sentido que se dá a esta palavra? Se houvesse demônios, seriam
obra de Deus. Mas, porventura, Deus seria justo e bom se houvera criado seres
destinados eternamente ao mal e a permanecerem eternamente desgraçados? Se há
demônios, eles se encontram no mundo inferior em que habitais e em outros
semelhantes. São esses homens
hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo e que
julgam agradá-lo por meio das abominações que praticam em seu nome (O livro dos espíritos. 76 ed.
Primeira parte, capítulo I, nº 131, p. 100. Grifo nosso).
[...] os
demônios [...] são [...] as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram
dos instintos materiais [...]
(O evangelho segundo o espiritismo. 112 ed., capítulo XII, nº 6, p.
201).
Das transcrições supra se pode ver
nitidamente que o Kardecismo sustenta que o diabo e os demônios não existem. O
diabo seria “a personificação do Mal”; e os demônios, “as almas dos homens
perversos”, ou seja, espíritos ainda maus, quer encarnados, quer desencarnados.
Kardec acreditava, pois, que os demônios nada mais são que “esses homens hipócritas que fazem de um
Deus justo um Deus mau e vingativo [...]”. Relembro que isso significa
que após negar a existência do diabo e dos demônios, Kardec ironiza, dizendo
que eles existem, e os identifica: É todo aquele que crê que eles realmente
existem, e que estão fadados ao tormento eterno no Inferno. Logo, nós, os
evangélicos, somos demônios, já que cremos que o diabo e os demônios sofrerão
eternamente no fogo do Inferno. Esta interpretação não está errada não. Veja
que Kardec registrou com todas as letras que se os demônios existissem e
estivessem fadados a serem desgraçados eternamente, então Deus não seria bom e
justo. Kardec registra: “Deus seria
justo e bom se houvera criado seres destinados eternamente ao mal e a
permanecerem eternamente desgraçados?” Ato contínuo se diz que os
demônios são aqueles “que fazem de um Deus justo um Deus mau e vingativo”. Em
outras palavras: O diabo e os demônios são aqueles que pregam que eles existem,
que são irrecuperáveis, e que serão eternamente desgraçados no Inferno. E a FEB
ombreia esse infeliz, já que ela o chama de “Mestre amado” e publica seus
escritos, elogiando-os sobejamente e recomendando-os ao público ledor! E não me
venham com essa de que ele apenas
registrou o que o Espírito superior ditou, porque o ônus de nossas ações recai
sobre nós, e não sobre as almas do Além.
Crer ou não na existência de Satanás
como um ser real, não é uma questão de interpretação da Bíblia, e sim, de crer
ou não nela. Os mencionados “filósofos cristãos” que afirmam que “Satã [...] não é um ser real”, mas apenas “a
personificação do Mal”, são tão cristãos quanto eu sou muçulmano. Há
subjetividade quanto a se estão ou não certos, bem como total objetividade na
afirmação de que não são cristãos.
Realmente, há quem diga que o diabo é apenas “o mal que há dentro de cada
um de nós”. Mas os tais precisam atentar para o fato de que a Bíblia diz que
Jesus foi tentado pelo diabo (Mt 4.1-11). Ora, então Jesus foi tentado pelo mal
que havia dentro dEle? Inadmissível! Que blasfêmia!
11.3. DA IDENTIFICAÇÃO DOS
ESPÍRITOS
Assim disse e desdisse Kardec:
É extremamente fácil:
Distinguir
os bons dos maus Espíritos é
extremamente fácil.
Os
Espíritos superiores usam constantemente de linguagem digna, nobre, repassada
da mais alta moralidade, escoimada de qualquer paixão inferior; a mais pura
sabedoria lhes transparece dos conselhos, que objetivam sempre o nosso
melhoramento e o bem da Humanidade. A dos Espíritos inferiores, ao contrário, é
inconsequente, amiúde trivial e até grosseira. Se, por vezes, dizem alguma
coisa boa e verdadeira, muito mais vezes dizem falsidades e absurdos, por
malícia ou ignorância. Zombam da credulidade dos homens e se divertem à custa
dos que os interrogam, lisonjeando-lhes a vaidade [...] (O livro dos espíritos, 74 ed. p. 26. Grifo nosso)
É
difícil:
Inegavelmente
a substituição dos Espíritos pode dar lugar a uma porção de equívocos,
ocasionar erros e, amiúde, mistificações.
Essa é uma
das dificuldades do Espiritismo
prático (O livro
dos espíritos. 74 ed. p.
38. O grifo não é nosso).
É
impossível:
Dir-se-á,
sem dúvida, que, se um Espírito pode imitar uma assinatura, também pode perfeitamente
imitar a linguagem. É exato; alguns temos visto tomar atrevidamente o nome do
Cristo e, para impingirem a mistificação, simulavam o estilo evangélico e
pronunciavam a torto e a direito estas bem conhecidas palavras: Em verdade, em
verdade vos digo (O
livro dos médiuns. 58 ed.,
nº 261, p. 320. Grifo nosso).
As cópias acima demonstram o quanto o
Kardecismo é incoerente. Primeiramente Kardec diz que “é extremamente fácil”
identificar os espíritos (O livro dos espíritos, 74 ed. p. 26.). Depois ele admite que “Essa é uma das dificuldades do
Espiritismo prático” (O livro dos espíritos. 74 ed. p. 38). E a seguir ratifica
que deveras um espírito pode cometer uma falsidade ideológica, imitando vozes e
assinaturas “perfeitamente”. Daqui emergem, pois, três questões
comprometedoras: Primeira: Há incoerência, e isso é indício de fraude,
pois onde há contradição não há verdade. Identificar os espíritos é, segundo
Kardec, uma coisa fácil, difícil, e impossível. Segunda: Podemos inferir que o próprio Kardecismo adverte: Você
pode estar sendo enganado. E o pior é que não há como saber se sim, ou se não.
Terceira: Um kardecista, tentando
convencer-me que o Kardecismo é, deveras, o Consolador prometido por Jesus,
disse-me: “Certa senhora,
emocionada, derramou copiosas lágrimas ao contatar numa sessão espírita, o
espírito de seu filhinho que morrera há pouco tempo. Este falou à referida
senhora palavras verdadeiramente emocionantes. Pode haver consolo maior do que
este?” Mas, lhe objetei, assim: Ora, como chorar de emoção, ao se
contatar um espírito que se identifica como sendo o de um ente querido que
tenha falecido, se o próprio Kardecismo nos previne que pode estar ocorrendo
uma falsidade ideológica? E, para acabar de desmascarar o Kardecismo, a Bíblia
diz categoricamente que os espíritos que acorrem às sessões espíritas, não são
os de nossos parentes, amigos e conhecidos que já se foram desta vida
(Lc.16:26; Ap. 20:13). Segundo Dt 18. 15 é a Jesus que devemos ouvir, não a
esse ou àquele espírito que se faz passar por alma do Além. E Is 8.19-20 nos
diz que devemos recorrer à Lei de Deus, não aos mortos. Quer consolo? Leia a
Bíblia. Quer consolo? Aceite a Jesus como seu Salvador, ou seja, como seu
pagante. Quer consolo? Receba o Espírito Santo. Quer consolo? Sinta a presença
de Deus.
11.4. REENCARNAÇÃO - UMA
QUESTÃO DE JUSTIÇA?
Muitos Kardecistas e outros
reencarnacionistas, argumentaram dizendo que por ser Deus imparcial, a
reencarnação explica e justifica diversas situações que, doutro modo, seriam
inexplicáveis ou provariam que Deus é parcial, pelas seguintes razões: Primeira: “Se um neném nasce sadio, e outro demente, das duas uma: Ou Deus faz
acepção de pessoas, ou esses dois nenéns tiveram uma existência anterior, na
qual um fez o bem e o outro o mal, sendo agora um recompensado, e o outro
devidamente castigado. Além disso, Deus, por ser justo, estaria, se não
houvesse reencarnação, impossibilitado de condenar ou salvar o referido
demente, visto que este não pode responder pelos seus atos. Como condená-lo por
ele não ser um cristão? Ele tem culpa de não ter conseguido assimilar o
Cristianismo devido às suas debilidades mentais? Salvá-lo seria também injusto,
pois como recompensá-lo pelo bem que ele não fez? Como exigir dos sadios uma
carga enorme de boas obras, para que mereçam a salvação, e do demente não
exigir nada? A doutrina da reencarnação, porém, explica e resolve esta questão
assim: O demente em questão está expurgando o seu passado e avançando rumo à
perfeição, à qual chegará, mais cedo ou mais tarde, indubitavelmente”. Segunda: “Muitos se arrependem de seus pecados na
última hora da vida, enquanto outros levam toda uma vida de abnegação e
resignação. Ora, como dar aos que se convertem no fim da vida, o mesmo Céu a
que têm direito os que possuem longas décadas de bons serviços prestados a Deus
e ao próximo?”.
Refutando os argumentos acima, faço
constar o que se segue:
A) Há outras razões
Em Jo 9.1-3 consta o seguinte:
Passando
Jesus, viu um homem que era cego de nascença; e seus discípulos lhe
perguntaram: Mestre, que pecado fez este, ou fizeram seus pais para este nascer
cego? Respondeu Jesus: Nem foi por pecado que ele fizesse, nem seus
pais, mas foi para se manifestarem nele as obras de Deus (Grifo nosso).
Esta passagem bíblica prova que além do “das duas uma”, hipótese esta
sugerida pelos reencarnacionistas, existe a razão que Cristo apresentou. E,
Quanto à alegação de que é injusto salvar ou condenar os dementes, respondo que
este argumento é um contra-senso, considerando que sempre que é justo condenar
a uma pessoa, é injusto absolvê-la; e sempre que é injusto absolvê-la, é justo
condená-la. Logo, a salvação ou a condenação de qualquer débil mental pode ser
um problema para o homem, não para Deus, que sabe o que é justo, e o que não o
é. Portanto, o homem pode até não saber como Deus vai arbitrar sobre esta
questão, mas Deus sempre soube que atitude tomar nesses casos.
Certamente, dependendo do grau da
deficiência mental, os dementes não serão condenados. Mas, se serão ou não
absolvidos, isso é lá com o Meritíssimo. Eu não me atazano com isso, pois a
causa está nas mãos daquEle que sabe o que faz ___ Jesus. Não nos preocupemos com isso, pois essa
tarefa não nos será confiada no Dia do Juízo Final. Fiquem calmos, ó
kardecistas, pois já está tudo sob controle: Jesus será o Juiz.
Deus não precisa submeter os dementes a
um processo de reencarnação para salvá-los, pois dispõe de um recurso melhor: o
sangue de Jesus. Se um demente teve razões justas para não se converter à fé
cristã, Cristo tomará a dianteira e o defenderá, usando como argumento em seu
favor, o Seu sacrifício expiatório, efetuado em prol de toda a Humanidade,
inclusive dos débeis mentais (2Co 5.14-15). Lá no Inferno só há um tipo de
pessoas: os que recusaram a se lavar
no sangue de Jesus. Mas no Paraíso há dois tipos de pessoas: os que se lavaram e os que foram lavados. Dos que se converteram, digo que se lavaram; e dos que não puderam
fazê-lo por razões justas, como é o caso das criancinhas, e, provavelmente, de
muitos portadores de retardo mental, digo que foram lavados.
Realmente, o fato de uma pessoa nascer
com deficiências físicas não constitui prova de que ela está sofrendo as
consequências de supostos males praticados numa imaginária existência anterior,
pois há outras razões para isso. O autor destas linhas já viu diversos animais
aleijados de nascença. Será que estes também estão expiando os pecados praticados
noutras existências? Lembremo-nos que a natureza está amaldiçoada (Gn 3.17; Rm
8.19-23), e que agora só nos resta aguentarmos o rojão até que a redenção do
nosso corpo, bem como a de todo o Universo, se concretize (Rm 8.23). E esta
redenção só é possível mediante o sangue de Jesus (Ef 1.7). E os kardecistas
que se cuidem.
Muitos dos que hoje seriam paralíticos,
são pessoas normais, graças à vacina poliomielite que erradicou a paralisia
infantil do Brasil e em outros países. Deduzo, pois, que se a vida presente
fosse o carma da anterior, poderíamos dizer que os cientistas puderam mais do
que Deus, visto que, os que Ele pretendia submeter a deficiências físicas para
expiarem seus pecados, se livraram de tais punições com a ajuda da Ciência.
O
recurso da Medicina chamado teste do pezinho permite que se detecte
precocemente certa anomalia congênita e, por conseguinte, pessoas que seriam especiais,
levam uma vida normal, graças à Ciência. Estaria a Ciência contra Deus, bem
como contra nós, impedindo-nos de ficarmos quites para com a justiça Divina e
alcançarmos sem delonga os mundos melhores dos quais falou Kardec? Logo, o
slogan “O acaso não existe. Leia
kardec”, embora não esteja totalmente errado, visto que deveras não há
efeito sem causa, salta aos olhos que nem tudo pode ser espiritualizado, já que
há o lado natural das coisas. Devido ao pecado, a natureza está amaldiçoada,
como já fiz constar acima. Deste modo, tudo de ruim que acontece no mundo, e
inclusive a necessidade de o próprio Deus se humanizar para reunir em Si as
condições para sofrer até morrer em nosso lugar na cruz, decorre do ingresso do
pecado no Mundo. Logo, os males não ocorrem por acaso, tampouco são carmas de
vidas pregressas. Sim, as coisas não são como os reencarnacionistas cogitam;
doutro modo, até os cães terão lá seus carmas, sendo que os vira-latas, os
sem-donos, os portadores de deficiências congênitas e/ou adquiridas, entre
outros, também estariam expiando suas más ações das vidas passadas.
E ainda sobre a afirmação de que é
injusto salvar os dementes, visto que eles não fazem as obras necessárias à
salvação, respondo que esse argumento teria lógica, se a salvação fosse pelas
obras. Mas, à luz da Bíblia, a salvação é um presente, e não um galardão. Logo,
alicerçado no sangue de Jesus, Deus está livre para estender a Sua dadivosa mão
e salvar (Is 59.1): a) as criancinhas (Lc 18.16); b) os dementes (Is 35:8); c)
àqueles que não ouviram o Evangelho, mas agiram de forma correta, em harmonia
com as suas consciências (Rm 2.12-16) [Se é que os tais existem]; e d) os
normais, portadores de discrição que não desfeitearem ao Senhor, rejeitando o
seu presente, por julgarem que podem comprá-lo e pagá-lo com os seus próprios
esforços em sucessivas reencarnações (Confere: Jo 3.16; Mc 16.15-16; Ef 2. 8-9;
Rm 11.6, etc.);
Vimos que um dos argumentos apresentados
pelos reencarnacionistas, é que é injusto dar aos que se arrependem na última
hora da vida o mesmo Céu a que têm direito os que dedicaram longas décadas à
prática do bem. Ora, os que assim se expressam, das duas uma: ou ignoram os
ensinos bíblicos ou não os têm como confiáveis. Sim, pois estas questões já
foram tratadas por Aquele que Kardec chamava de Mestre, a saber, o Senhor Jesus
Cristo. Basta-nos, portanto, ler o capítulo 15 do Evangelho segundo Lucas e aprendermos com o Mestre. Neste texto, o
grande Mestre nos propõe três parábolas: A da dracma perdida, a da ovelha
desgarrada e a do filho pródigo. Nestas três parábolas o grande Mestre nos dá
uma lição diametralmente oposta à que nos querem inculcar os
reencarnacionistas. Ao invés de a dracma perdida, a ovelha desgarrada e o filho
pródigo serem desdenhados, foram alvos de especial atenção, bem como
patrocinadores de festas. Oh! Como os reencarnacionistas precisam aprender com
o Mestre! Eles necessitam aprender com o Mestre que Ele é o Grande Salvador,
capaz de salvar instantaneamente! Eles precisam aprender que Jesus não perdoa
progressivamente!
Para enxergarmos o quanto esse argumento
é errado, basta considerarmos as seguintes questões acerca do perdão que Jesus
nos oferece: a) Ele perdoa ou não perdoa? b) O seu perdão é perfeito ou não é?
c) O seu perdão é total ou é parcial? d) O seu perdão é instantâneo ou ao lapso
de intérminos milênios? E se como respostas a estas perguntas, dissermos que o
perdão que Jesus nos dá é perfeito, total e instantâneo, não podemos imaginar
que Cristo dispense tratamento diferenciado aos seus perdoados, permitindo a
uns livre acesso à Sua Casa (o Céu), e ordenando a outros que aguardem à porta
até que os últimos rancores se esvaiam. Deste modo, os argumentos dos
reencarnacionistas só teriam lógica se a salvação fosse como eles pensam: pelas
obras. Mas, como já visto, a salvação é pelo sangue de Jesus, e não decorrente
de nossas ações.
Diferente de tudo que os kardecistas
dizem sobre o perdão, o Grande Mestre nos ensinou no capítulo 15 do Evangelho
segundo Lucas, que foram exatamente a dracma recuperada, a ovelha resgatada,
e o filho esbanjador que regressou ao lar, que motivaram grandes alegrias e
patrocinaram festas. As nove dracmas que nunca se perderam, as noventa e nove
ovelhas que sempre se mantiveram sob o cajado do Pastor, e o filho que jamais
abandonou o Pai, não causaram tantas emoções. Estas parábolas __ que
não foram narradas para incentivar à prática do mal, mas para encorajar os
pecadores ao arrependimento __ asseguram-nos que, se arrependermos,
seremos bem recebidos no Reino de Deus, mesmo sem termos longo tempo de casa.
Ora, quando (por um exemplo hipotético)
um casal constata a morte de um dos seus dez filhos, este traz, obviamente,
tristezas que os nove jamais trouxeram. Mas, se na hora de depositar a urna na
cova, o defunto for ressuscitado, seguramente produzirá alegrias que os seus
irmão jamais conseguirão produzir, a menos que também morram e sejam
ressuscitados. E esta afirmação se apoia na palavra do Mestre, que nos diz que
haverá alegria no céu por um pecador
que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de
arrependimento (Lc 15.7).
Suponhamos que há 20 anos o senhor “A” e
o senhor “B” me tenham feito uma grave ofensa. E que, cinco anos após, portanto
há 15 anos, o senhor “A” tenha se arrependido, me pedido perdão e que eu o
tenha perdoado de todo o meu coração. Vamos supor ainda, que há um minuto o
senhor “B” também tenha se arrependido, me pedido perdão, e que eu o tenha
perdoado da mesma maneira que há 15 anos perdoei o senhor “A”. Pergunto: Será que
não serei incoerente se eu dispensar a este, um tratamento diferente do
conferido àquele? Afinal, perdoei a ambos de igual modo ou não perdoei? Pensem
nisso os que ainda pensam!
Relembro aos reencarnacionistas que não
há ninguém melhor do que Deus para saber o que é justo e o que não o é. Sendo
assim, deixemos de lorotas e aceitemos o dom gratuito que Ele nos está
oferecendo através do sangue de Jesus, totalmente à parte de nossos méritos,
até porque não os possuímos (Rm 3. 23-24; 6.23; Ef 2. 8,9), e sonhar em tê-los
é utopia. A salvação é assim: Ou o pecador a aceita de graça, ou morre sem ela,
já que Deus não a vende, mas a dá gratuitamente aos sequiosos (Ap 22.17).
Nada mais injusto do que infligir pena
por um erro do qual o condenado nem se lembra. Portanto, teríamos que
lembrarmos de nossas encarnações anteriores, bem como de nossos erros então
cometidos. E disso decorre que nada é mais injusto do que a expiação kardeciana.
Deduz-se, pois, que a tal de reencarnação, longe de ser “uma questão de
justiça”, é um desdém ao Calvário. É um vaidoso “deixa comigo que eu darei o
meu jeito”. É desfeitear o Dadivoso Deus de amor, que quer nos presentear com o
que não podemos comprar e pagar, tampouco produzir com a nossa desqualificada
mão-de-obra.
11.5. SOBRE A CRIAÇÃO DO UNIVERSO
Kardec perguntou a um Espírito
“superior”: “A matéria existe desde
toda a eternidade, como Deus, ou foi criada por Ele num certo momento?”. Resposta: “Só Deus o sabe
[...]” (O livro dos espíritos. Parte 1ª, capítulo II, pergunta
21, p. 58).
Todo bom kardecista crê que este autor é
um espírito suficientemente subdesenvolvido para não entender a grandeza do
Espiritismo, e que um dia terei que expiar e reparar as críticas que ora
endereço ao kardecismo. Acontece, porém, que não obstante todo o “atraso”
inerente ao meu espírito, estou certo de que sou incomparavelmente mais
evoluído (desculpe-me pela minha “jactância”) do que o dito espírito consultor
que deu a resposta acima registrada. É que, apesar das minhas ignorâncias, já
sei que tudo quanto existe além de Deus, foi por este criado, e que, portanto,
teve um princípio. Sabemos que é irracional crer que uma criatura existe desde
toda a eternidade, como Deus. O consultor disse que “Só Deus o sabe”, porque não quis dar a Deus a glória que Lhe é
devida. Afinal, Deus é ou não é o Criador do Universo? Ele criou o Céu e a
Terra do nada, ou se valeu de matéria pré-existente? Afinal, os kardecistas
creem no Criador, ou apenas num construtor ou arquiteto? Afinal, Deus é o
Criador de todas as coisas, ou há algo além dEle tão eterno quanto Ele?
11.6. O SILÊNCIO DO
CRISTO?!
Kardec alegou que Cristo nunca disse: “Não consulteis os mortos”. Na sua
opinião, o Cristo que condenou o roubo, o adultério, o homicídio, a inveja, e
assim por diante, não esqueceria de condenar a consulta aos mortos, se os
espíritos que acorrem às sessões espíritas fossem realmente demônios. Segundo
ele, o Mestre não esqueceria de combater tão grave erro, se deveras fosse
impossível contatar os mortos.
Não veio
Jesus modificar a lei mosaica, fazendo da sua lei o código dos cristãos? Não
disse ele: — “Vós sabeis o que foi dito aos antigos, tal e tal coisa, e eu vos
digo tal outra coisa?” Entretanto Jesus não proscreveu, antes sancionou a lei
do Sinai, da qual toda a sua doutrina moral é um desdobramento. Ora, Jesus
nunca aludiu em parte alguma à proibição de evocar os mortos, quando este era
um assunto bastante grave para ser omitido nas suas prédicas, mormente tendo
ele tratado de outros assuntos secundários
(O céu e o inferno. Primeira parte, capítulo XI, nº 6, § 3).
Se o fato de Cristo não haver dito: “Não consulteis os mortos”,
justificasse a mediunidade, os kardecistas deveriam praticar a astrologia, já
que Jesus nunca disse: “Não consulteis
os astros”. Mas, contraditoriamente, basta ler o que Kardec registrou em
A gênese, 37ª edição, capítulo V,
número 12, para notar que ele e seus discípulos rechaçam a Astrologia,
tachando-a de superstição. Na página
100 dessa edição, a FEB diz, como
nota de rodapé, o seguinte: “Cai assim
a ideia supersticiosa da influência dos signos”. Relembro aos
kardecistas que o Consolador veio por volta do ano 29 do século I, para guiar a
Igreja a toda a verdade (Jo 16. 12-13) e que foi sendo guiado por este
Consolador que o apóstolo Paulo exortou os coríntios a não receberem “outro
espírito” (2Co 11.4).
11.7. UMA PROFECIA KARDECIANA
Segundo Kardec, uma pessoa boa é aquela
cujo espírito é bom; e uma pessoa ruim, é aquela cujo espírito é maldoso.
Quando um espírito bom reencarna, dá-se no seio da Humanidade a aparição de uma
pessoa boa. E, quando um espírito mau reencarna, não é surpresa se aparece
entre os homens mais um perverso. Pois bem, um espírito revelou a Kardec que
estava chegando a hora da Terra ser transformada em um lindo paraíso, pois que
os espíritos maus não mais iriam encarnar no planeta Terra, e sim, noutros
mundos. Daquele dia em diante, cada criança que nascesse neste planeta, seria a
encarnação de um espírito adiantado e propenso ao bem. Consequentemente, ao
passar a geração da qual ele era contemporâneo, surgiria na Terra uma geração
justa. Veja a prova, consultando as seguintes obras de Kardec: A gênese,
capítulo XVIII, números 6, 20 e 27; e Obras póstumas, sob o tópico
“Regeneração da Humanidade”, pp. 244-249). Acontece, porém, que a referida
geração já passou há muito tempo, e os espíritos adiantados propensos ao bem
ainda não chegaram. Isto, à luz de Dt 18.20-22, é mais que suficiente para
provar que essa previsão não procede de Deus. Veja também Jr 1.12; Nm 23.19;
1Pe 1.25; Ap 21.5, etc. Baseando-se nos escritos de Kardec, os Kardecistas
podem se defender dizendo que os espíritos não são Deus, mas criaturas finitas
e falíveis. Todo mundo erra, etc. (O que
é o espiritismo. 35 Ed. p. 17, sob o cabeçalho “Biografia de Allan Kardec”).
Mas aí, pergunto: Por que não encontramos na Bíblia nenhuma profecia falível? A
resposta a esta pergunta é que a Bíblia é a Palavra de Deus.
Da Bíblia disse Jesus:
[...] em
verdade vos digo que até que o céu e a terra passem, nem um jota nem um til se
omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido
(Mt 5.18).
Podemos dizer o mesmo dos escritos de Kardec?
É oportuno relembrar o que eu disse no
capítulo II, isto é, que Kardec alegou que o Antigo Testamento é a primeira
revelação de Deus; o Novo Testamento, a segunda; e o Espiritismo codificado por
ele, a terceira. Esta teria sido prevista por Jesus em Jo. 16.12-13; bem como
pelo autor dos Atos dos Apóstolos.
Relembro ainda que afirmei no capítulo II que o Kardecismo prega a hipótese de
que conforme a Humanidade evolui moral e intelectualmente, vai, por
conseguinte, se habilitando a maiores revelações da parte de Deus. Logo, a
segunda revelação é mais panorâmica do que a primeira, assim como a terceira é
mais ampla e perfeita do que a segunda. Ora, se das profecias constantes da
alegada Primeira Revelação,
Jesus diz que se cumprirão à risca (Mt 5.18), o que não deveríamos esperar das
predições da Terceira Revelação, já que esta está dois degraus acima daquela?
Mas não é o que estamos vendo. Por que isso?
11.8. DIGA “NÃO” À
MEDIUNIDADE
A Bíblia condena a consulta aos mortos,
e neste tópico consideramos esta questão.
A Bíblia proíbe:
Quem lê a Bíblia sabe que Moisés tachou
a consulta aos mortos de abominação,
isto é, nojeira ou sujeira. Disse ele:
Entre ti
se não achará quem [...] consulte os mortos [...],
pois todo aquele que faz tal coisa é abominação
ao Senhor [...].
O Senhor, teu Deus, te despertará um profeta do meio de ti, de teus
irmãos, como eu; a ele ouvireis (Dt 18. 10-12,15. Grifo nosso).
Neste texto, Moisés não só proíbe a
consulta aos mortos, mas também notifica que ao invés da prática mediúnica, os
seus patrícios deviam se limitar a ouvir o profeta que estava por vir, a saber,
Jesus (At 3.22-23; 7.37). Então Moisés (o instrumento que Deus usou para o
estabelecimento do Antigo Testamento), além de predizer o nascimento de Jesus
e, conseguintemente, o advento do Novo Testamento deixa subentendido que a
proibição à mediunidade seria repetida no Novo Pacto e, portanto, observada
pelo povo de Deus da Nova Aliança, a saber, a Igreja.
Kardec “explica”
Mas, segundo Kardec, o porquê das
proibições mosaicas à prática da mediunidade, reside no fato de que a consulta
aos mortos não estava sendo efetuada com o devido respeito aos mesmos; antes,
era objeto de charlatanismo. Mas, se fosse este o caso, certamente Deus tão somente
“regulamentaria o assunto para evitar
abusos”, como bem o observou o Dr. Russell Shedd, nA Bíblia Vida Nova, em
seu comentário a ISm 28, como informei no final do capítulo IX deste livro.
O prezado leitor já sabe que este autor
procura documentar todas as denúncias aqui efetuadas. E desta vez não será
diferente. Veja, pois, o fragmento abaixo.
[...] Foi
esse tráfico, degenerado em abuso, explorado pelo charlatanismo, pela ignorância, pela credulidade e pela
superstição que motivou a proibição
de Moisés. O moderno Espiritismo, compreendendo o lado sério da questão, pelo
descrédito a que lançou essa exploração, elevou a mediunidade à categoria de missão.
A mediunidade é coisa santa, que deve
ser praticada santamente, religiosamente”...(O
evangelho segundo o espiritismo. 112 ed., capítulo 26, nºs 9 e
10, p. 367. Grifo nosso).
Um kardecista
“explicou”
Certo kardecista me disse que o fato de
a Lei Mosaica proibir a consulta aos mortos, constitui evidência de que
contatá-los é possível, considerando que é ilógico proibir que se faça o
impossível. Moisés jamais diria “não
consulteis os mortos” se isso não fosse pelo menos possível. Porém, esse
raciocínio nos levaria a admitir que de fato existem muitos deuses, visto que o
politeísmo é repudiado em toda a Bíblia (Êx 20.3; 1Co 8.6; 1Tm 2.5). Mas, como
sabemos, tais deuses não existem, senão na cabeça de seus adoradores. Não seria
a proibição à consulta aos mortos um caso similar? Obviamente que sim.
Portanto, assim como do fato de a Bíblia dizer “Não terás outros deuses diante
de mim”, não se deve inferir que tais deuses existam realmente, também é má
interpretação deduzir que da proibição à consulta aos mortos se deva
subentender a possibilidade de contatá-los para um colóquio. Mas sendo ou não
possível contatar os mortos, essa questão não é tão relevante quanto a obedecer
a Deus. Deus nos proibiu consultar os mortos, e isso basta aos que querem obedecê-Lo.
Vários kardecistas “explicaram”
O espírito de Moisés se comunicou com
Jesus (Mt 17.3). Por isso já vi vários kardecistas se servindo disso para
engrossar seus argumentos em defesa da mediunidade. Todavia, esse argumento é
fraco pelas seguintes razões: a) Jesus é Senhor não só dos vivos, mas
também dos mortos (Rm 14.9). Os mortos, especialmente os salvos, podem ter
livre acesso a Cristo, já que são seus servos; b) Nem tudo que Cristo
fez e faz, nós podemos fazer também. Por exemplo, Ele aceita adoração (Mt 8.2;
28.9,17; Hb 1.6). Somos nós também dignos de sermos adorados? c) Mt 17.3
registra que Moisés falava com “Ele”, e não com “eles”. Logo,
Tiago, Pedro e João não participaram do colóquio. A conversa se deu entre
Moisés, Elias (este não pode ser citado como exemplo, visto não ter morrido
[2Rs 2]) e Cristo; d) Cristo não atuou como médium, isto é, como
intermediário entre os discípulos e o espírito de Moisés, transmitindo àqueles,
a mensagem deste; e) Os apóstolos e todos os cristãos do século I não
viram nisso nada que favorecesse a prática da mediunidade. A prova disso é o
fato de que nunca os encontramos comunicando com os mortos. Em todo o Novo
Testamento, não encontramos nada que nos induza a crer que os cultos da Igreja
Primitiva eram sessões mediúnicas. Quando os cristãos primitivos se reuniam,
não se manifestavam entre eles os espíritos de Abel, de Isaías, de Sara, de
Abraão, etc. Logo, se os kardecista estão certos, então os apóstolos foram
negligentes; e, se os apóstolos não foram negligentes, então os kardecistas
estão exagerando.
11.9. SOFRE OU NÃO SOFRE?
Fiz constar do capítulo V deste livro
que o kardecismo nega a existência do tormento eterno para os perdidos. Naquele
mesmo capítulo observei que isso é discrepante, considerando que, uma vez que o
Cristianismo prega o tormento eterno, não podemos (coerentemente) reconhecer
como cristão quem rejeita esta doutrina. Porém, como se essa barafunda não
bastasse, o Kardecismo se revela dúbio quanto a se existe ou não sofrimento
após a morte. Em A gênese, 37 Ed. capítulo XV, nº 65, p. 353, podemos
ler: [...] “o Espírito, sem corpo
material, não pode experimentar os sofrimentos [...]”. Mas, em O céu
e o inferno, 44 ed. 2ª parte, capítulo IV, nº 3, p. 286, consta que um
espírito disse: “[...] Eu urro de dor
[...].” Afinal de contas, há ou não há sofrimentos para os espíritos que
se encontram no estado que os espiritistas chamam de erraticidade, ou seja, entre a morte e a reencarnação? Talvez os
kardecistas saiam pela tangente, dizendo que kardec apenas tomou nota de tal ocorrência para fins de estudo. Mas
esse subterfúgio esbarraria no fato de que, como já vimos no capítulo XI (11.3),
não há como averiguar, mediante estudo, a autenticidade ou não de qualquer afirmação
vinda dos espíritos, posto ser possível tratar-se de uma falsidade ideológica.
11.10. SOBRE O NASCIMENTO
DE JESUS
Certo kardecista me disse que Jesus não
nasceu de uma virgem, como o ensina a Bíblia. E argumentou dizendo ser “óbvio que Deus não iria sustar uma lei por
Ele mesmo estabelecida. Deus determinou que a reprodução da espécie humana se
dê pelo concurso natural de um homem e uma mulher, e, portanto, com Jesus não
foi diferente; sendo, pois, lenda o que se diz de seu nascimento virginal”.
E esta sua pronunciação não me parece um ato isolado, visto que de fato a FEB
fez constar do frontispício de A gênese
que “Deus prova a sua grandeza e seu poder pela imutabilidade de suas leis e
não pela ab-rogação delas” (35ª Ed., p. 4).
Outro Kardecista me falou que “Kardec não se posicionou sobre esta questão,
e, portanto, eu não sei. Não tenho opinião formada sobre este assunto, que eu
considero irrelevante. O importante é a prática da caridade que o Cristo
recomendou”.
Realmente, quem já teve a desdita de ler
todos os livros espíritas procedentes da pena do senhor Kardec, como é o caso
deste autor, sabe que deveras ele não foi categórico sobre este tema,
revelando-se ambíguo acerca do mesmo. Contudo, como o diz certo poeta, ele
ficou “mais pra lá do que pra cá”. Falando do corpo de Jesus, ele nos dá uma
leve impressão de que concorda (pelo menos parcialmente), com Apolinário,
herege do 4º século d.C., já que após longo comentário sobre o corpo de Cristo,
ele disse:
Jesus,
pois, teve, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, o que é
atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe
assinalaram a existência.
[...] Não é nova essa ideia
sobre a natureza do corpo de Jesus. No quarto século, Apolinário, de Laodiceia,
chefe da seita dos apolinaristas, pretendia que Jesus não tomara um corpo como o nosso, mas um corpo impassível, que
descera do céu ao seio da santa Virgem e que não nascera dela;
que, assim, Jesus não nascera, não sofrera e não morrera, senão em aparência (A
gênese, 37 ed. capítulo XV, nºs 66-67. Grifo nosso).
Como se vê, o apolinarismo foi abraçado
e ampliado por Kardec. Este deu a Cristo dois corpos, um carnal e outro fluídico,
enquanto aquele conferiu a Jesus um corpo impassível, isto é, não sujeito às
mazelas e intempéries desta vida, como dor, sede, frio, fome, morte, etc.
11.11. SOBRE AS ORDENANÇAS
O Kardecismo é um “cristianismo” tão
diferente daquele ensinado por Jesus, que nem mesmo o Batismo e a Santa Ceia do
Senhor são observados pelos adeptos dessa religião. “Estamos noutra!”,
ufanam-se eles. Jactam de estarem sob a “Terceira Revelação.” Pensam que entendem
o que os apóstolos não entendiam. Assim sendo, nada de Batismo e Santa Ceia do
Senhor. Estes cerimoniais são obsoletos! A observância destes mandamentos
arcaicos, é coisa de quem ainda está debaixo da Segunda Revelação, e não de
quem já galgou um patamar mais elevado. Entretanto, o Novo Testamento veio para
ficar, e ficará pelo menos até que Cristo desça do Céu e estabeleça a Nova
Dispensação, no Milênio (2Co 3.6-11; Ap 2.25).
Com o argumento acima, os kardecistas
cavam a própria sepultura. Eles não percebem que essas alegações (visando justificar
as diferenças entre o Kardecismo e o Cristianismo) são uma confissão de que,
deveras, o Cristianismo e o Kardecismo não pregam a mesma coisa, e que eles
sabem disso. Afinal de contas, o Kardecismo não difere do Cristianismo, ou dispõe
de bons motivos para ter as diferenças que tem? Negar uma diferença, e, ao
mesmo tempo, justificá-la, não é um disparate?
11.12. ACERCA DA CRIAÇÃO
DOS ESPÍRITOS
O Kardecismo ensina que Deus cria
espíritos permanentemente.
A criação
dos Espíritos é permanente, ou só se deu na origem dos tempos? É permanente. Quer dizer: Deus jamais deixou de criar (O
livro dos espíritos, 76 ed. 2ª parte, capítulo I, nº 80, p. 81).
Muitos de meus consulentes sobre
Heresiologia já me perguntaram sobre que dizem os reencarnacionistas quanto à
provisão de espíritos para atender à demanda da explosão demográfica mundial.
Isto me prova que há muitos curiosos querendo saber o que os espíritas têm a
dizer sobre isto. Daí a importância deste tópico.
Vale fazer constar que a respeito da
ininterrupta criação de espíritos não há controvérsia alguma entre espíritas e
evangélicos. Sim, pois cremos que o ato de fazer uma pessoa no ventre materno, implica
na criação não só de um novo corpo, mas também em trazer à existência mais uma
alma. Se Deus está fazendo novas pessoas todos os dias, então cria novos espíritos
diariamente.
11.13. A SALVAÇÃO CRISTÃ É
FÁCIL?
Os kardecistas creem que a salvação não
se consegue sem muito suar a camisa. Da criação de um espírito até o momento em
que lhe é permitido o ingresso no Mundo dos Espíritos perfeitos, muitas águas
passam sob a ponte. Um número quase infindo de reencarnações e muitas benemerências
fazem parte do programa evolutivo. Daí ficarem boquiabertos diante de nossos
sermões, segundo os quais, a salvação pode ser obtida num piscar de olhos, sem
o auxílio das obras (Ef 2.8-9; Rm 11.6). Já me disseram diversas vezes: “Se fosse como o senhor diz, seria muito
fácil”. Porém, a verdade solene é que nós, cristãos bíblicos, cremos que
a salvação, no que depender de nós, não é algo fácil, nem tampouco difícil, mas
impossível (em termos humanos, é claro [Mt 19.26]). Porém, nem tudo está
perdido, pois Cristo comprou a nossa briga! A salvação é instantânea, e
relativamente fácil para nós, porque algo infinitamente difícil, maravilhoso e
estupendo foi feito, a saber, Deus se fez homem e cumpriu a pena em nosso
lugar! E este é o Evangelho que Jesus mandou pregar; no qual, segundo a Bíblia,
quem crer será salvo, e quem não crer será condenado (Mc 16. 15-16; Jo 3.16).
Neste Evangelho os kardecistas não creem, mas tudo farei para que troquem
Kardec por Cristo! Está, portanto, claro que cremos numa salvação tão difícil
de se obter que só Cristo pôde consegui-la para nós. Ela é tão cara que só
Jesus nos pôde comprá-la. E não foi nada fácil. É fácil morrer pregado numa
cruz?!
É
a vaidade humana que leva o homem a rejeitar a gratuidade da salvação. O homem
quer se gloriar de salvar-se a si mesmo (Ef 2.9) e, por isso, rejeita o dom
gratuito de Deus (Rm 6.23).
11.14. O ESPÍRITO SANTO E O CONSOLADOR
Vimos repetidas vezes que Kardec
proclamava que o Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus, como consta de
Jo 16. 12-13. Vimos ainda que, segundo Jo 14.26, o Consolador é o Espírito
Santo. Isto faz com que muitos pensem que os kardecistas creem que quando a
Bíblia se refere ao Espírito Santo, está aludindo ao Espiritismo. Mas não é bem
assim. E o porquê disso é que, segundo os kardecistas com os quais tenho
dialogado, o Espírito Santo não é o Consolador. Eles me disseram que o
Consolador é o Kardecismo, mas o Espírito Santo é o conjunto dos espíritos
perfeitos. Uma prova de que realmente os kardecistas creem (ou há kardecistas
crendo) que o Espírito Santo é o conjunto dos espíritos dos que morreram, é a
transcrição constante do capítulo 3 deste livro (3.2.2. letra “C”). Consta lá, que
o senhor Durval Ciamponi, kardecista de renome entre os sectários dessa
confissão, afirmou no “Jornal Espírita” de junho de 1991 que “o Espírito Santo nada mais é que a alma dos
homens que se foram [...]”. Vimos lá que Ciamponi vê o fenômeno sobrenatural
abordado em At 2, como “manifestação mediúnica”. Portanto, leitor, não pense
que eu tenha me esquecido de sobrepor o sinal gráfico na conjunção aditiva “e”,
constante da epígrafe deste tópico. Não foi à toa que a grifei. É que
literatura oficial do Kardecismo distingue entre o Espírito Santo e o
Consolador: Este é o Espiritismo, e aquele as almas dos defuntos.
11.15. DAS QUESTÕES ESCATOLÓGICAS
11.15.1. Morremos várias
vezes?
A Bíblia nos diz em Hb 9.27 que “aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disso, o juízo”. (ARA,
grifo nosso) Ora, se existisse reencarnação, o homem morreria várias
vezes, pois tantas quantas vezes reencarnasse, uma vez mais morreria. Logo,
este texto é um ótimo libelo contra o reencarnacionismo. Porém, certo
kardecista disse que
este
versículo não opõe à doutrina da reencarnação, porquanto não se refere à morte
do espírito, que não morre nenhuma vez; e sim, à morte do corpo, que de fato
morre uma só vez, visto que uma vez morto um corpo, jamais morrerá de novo.
No entanto, embora este texto
verdadeiramente não trate da morte do espírito (já que o espírito é imortal),
convém que se note que também não se refere à morte do corpo, considerando que
o corpo morto fica inconsciente e, portanto, não pode entrar em juízo. O versículo em apreço
diz textualmente: “vindo, depois
disso, o juízo”. E
considerando que o texto não está falando da morte do espírito, muito menos do óbito
do corpo, de que morte nos fala então? Fala da morte do homem em sua totalidade,
isto é, esta passagem está dizendo que o ser humano experimenta o que se
convencionou chamar de “morte” uma só vez. Isto posto, o trecho em análise
prova sim que não há reencarnação.
A morte, da qual se trata aqui, é aquela
que o Espiritismo chama de “desencarnar”, enquanto a Teologia a chama de “morte
física”, a saber, refere-se à separação entre a alma e o corpo. Sim,
refere-se à separação
em si, entre os dois elementos, e não aos elementos de per si, nem ao conjunto
desses componentes. Só para me fazer entender, digo que se déssemos à morte o
errôneo nome que o Espiritismo lhe dá, verteríamos o versículo em apreço assim:
“aos homens está ordenado
desencarnarem uma só vez, vindo, depois
disso, o juízo”.
E é errado chamar a morte de desencarnar?
Entendo que sim, porque o homem não é um espírito encarnado, ou seja, o nosso
lado espiritual não entrou em nós, mas foi criado quando da criação do corpo. A
criação do corpo e do espírito se dá em conjunto e simultâneo. A minha alma tem
a mesma idade do meu corpo. Ela não veio do Além para entrar em mim, mas é o
meu verdadeiro “eu” e parte integrante do meu ser. Logo, “morrer” não é um
simples desencarnar, mas sim, a separação das partes de um todo. E este é um
dos motivos pelos quais haverá a ressurreição da carne, como consta do Credo
Apostólico, rechaçado pelo Espiritismo. Mas esse credo é ortodoxo. Não há
nele erro algum.
11.15.2. Do arrebatamento
da Igreja
Quem crê que está em evolução, e que,
portanto, ainda tem muito que reencarnar para se tornar digno de habitar no
mundo dos espíritos perfeitos, não está, obviamente, aguardando Cisto para
arrebatá-lo ao Céu, conforme previsto na Bíblia (1Ts 4. 13-18; 1Co 15. 51). Que
prejuízo! Que dano! Como é triste não aguardar “a bem-aventurada esperança”!
(Tt 2.13). Foram enganados por Kardec, e, por isso, não aguardam o segundo
advento de Jesus. Não esperam ser transformados (1Co 15.51) e arrebatados ao
encontro de Jesus nos ares! (1Ts 4.17).
11.15.3. Do tribunal de
Cristo
A Bíblia nos diz que Cristo galardoará
os Seus naquele grande Dia, segundo o que tivermos feito por meio do corpo (no singular [1Co 5.10]).
Ora, se existisse reencarnação, o homem teria vários corpos e, naturalmente, a
recompensa seria segundo o que o espírito fizesse por meio dos corpos, e não, do corpo.
Diante dessas incoerências, pode-se ver
que o Kardecismo não é cristão, visto que cristão não é quem “segue” a Cristo à
sua maneira, e sim, quem se pauta pela Bíblia, já que certo ou errado, verdade
ou mentira, este é o livro sagrado do Cristianismo. Em Jo 7. 38 Jesus nos diz
que devemos crer nEle segundo a Escritura, e não à nossa moda.
11.15.4. Da segunda vinda
de Jesus
Certo Kardecista disse-me que a vinda de
Jesus é a morte. “Quando morre uma
pessoa, pode-se dizer que para essa, Jesus já veio”, disse ele. Mas, o
que a Bíblia ensina, mesmo, é que, quando Jesus voltar, os dEle que estiverem
mortos, serão ressuscitados. Ato contínuo, o Senhor transformará os dEle que
estiverem vivos, os quais, juntamente com os mortos previamente ressuscitados,
serão arrebatados ao Céu. E esses vivos, que serão transformados e arrebatados
ao Céu, nunca morrerão (1Co 15. 51; 1Ts 4. 16-17). Ora, se a vinda de Cristo
fosse a morte, poder-se-ia dizer que para os salvos que estiverem vivos no dia
do arrebatamento da Igreja, Jesus nunca virá. No entanto, a Bíblia diz que
Jesus virá para todos os salvos, tanto para os vivos como para os mortos, e os
arrebatará aos Céus (1Ts 4. 13-18; 1Co 15. 51). Desta maneira, pregar a vinda
de Jesus é ser bíblico. Logo, as pessoas devem, ou fazê-lo com fidelidade ao
texto Sagrado, ou negar abertamente esta doutrina. Portar-se de outra maneira é
agir incorretamente. O referido kardecista foi, pois, incoerente; mas, como
sabemos, isso é normal entre os kardecistas.
11.15.5. Do Juízo Final
Já está massificado neste livro que, segundo
o Kardecismo, ninguém será condenado eternamente. As punições divinas duram
apenas até que o espírito faltoso se arrependa, expie seus pecados (sofra as consequências de suas más ações) e repare suas faltas (faça boas obras
para compensar as más). Isso não coaduna com o que a Bíblia nos fala acerca do
Juízo Final, quando os perdidos serão lançados no lago de fogo eterno, onde
sofrerão eternamente, como já comentei no capítulo V.
11.15.6. Ressurreição
versus reencarnação
Segundo Kardec, a Bíblia corrobora a
doutrina da reencarnação, sob o título de ressurreição. Mas neste subcapítulo
veremos que, muito pelo contrário, a doutrina bíblica da ressurreição é incompatível
com essa teoria, golpeando-lhe mortalmente.
Disse
Kardec:
Não há, pois, duvidar de que, sob o nome de ressurreição, o
princípio da reencarnação era ponto de uma das crenças fundamentais dos
judeus, ponto que Jesus e os
profetas confirmaram de modo formal; donde se segue que negar a reencarnação é negar as palavras do
Cristo. Um dia, porém, suas palavras, quando forem meditadas sem
ideias preconcebidas, reconhecer-se-ão autorizadas quanto a esse ponto, bem
como em relação a muitos outros
(O evangelho segundo o espiritismo,
109 ed., capítulo IV, nº 16, p. 89. Grifo nosso).
Incoerência ao cubo
Este texto é a incoerência elevada ao
cubo, pelas seguintes razões: a) sabe-se que a crença na suposta
reencarnação é incompatível com a doutrina bíblica sobre o Inferno e da
salvação mediante o sangue de Jesus. Logo, Kardec se revela incoerente quando,
dizendo-se cristão, faz apologias desse dogma, considerando que o tormento
eterno para os perdidos, assim como a salvação mediante o sacrifício do Senhor,
verdade ou mentira, fazem parte do corpo de doutrinas do Cristianismo clássico.
Logo, é impossível ser cristão e reencarnacionista concomitantemente; b)
Kardec eleva essa incoerência à segunda potência, quando recorre exatamente ao
Livro-texto da fé cristã - a Bíblia -, cuja autoridade ele negou até à morte.
Isso é como se o réu dissesse ao juiz: “Meritíssimo,
tenho uma testemunha indigna de ser ouvida, capaz de provar a minha inocência”;
c) a partir daí, Kardec eleva essa incoerência ao cubo, visto que
a testemunha para a qual ele apela, embora depondo contra ele, o infeliz
procede como se a mesma testificasse a seu favor. Entenda-o, quem puder. A essa
altura, creio que está na hora de formularmos aos kardecistas a seguinte
interrogação: Vocês têm certeza que o Kardecismo é filosófico e científico?
***
Bem, vimos que Kardec concluiu que uma
das provas bíblicas de que Jesus era reencarnacionista é o fato de que Ele pregou
a ressurreição. Esta, segundo Kardec, difere da reencarnação apenas no nome,
isto é, quando Jesus falava da ressurreição, tinha em mente a reencarnação.
Mas, à luz de Lc 20. 35-36 Jesus afirmou que os ressuscitados não se casarão e
nem morrerão, o que prova que Jesus não cria que o termo ressurreição é sinônimo do vocábulo reencarnação. Um reencarnado pode __ segundo os kardecistas
__ plantar, colher, comer, beber, casar, gerar filhos... e, por fim,
morrer de novo. E nem poderia ser diferente, visto que reencarnar não é o mesmo
que receber ou incorporar espírito. A isto se dá o nome de mediunidade.
Reencarnar é reassumir (o espírito) um novo invólucro, numa nova existência
corporal. É literalmente nascer de novo.
São muitas as passagens bíblicas que
negam a reencarnação, sendo Zc. 12:1, uma das tais. Segundo este texto, o
espírito do homem é formado dentro dele. Isto é mais que suficiente para provar
que cada corpo tem seu próprio espírito e que este veio à existência, quando o
corpo estava em formação no ventre materno. Logo, nós não somos um espírito
encarnado, e sim, um ser constituído de alma e corpo.
Relembro que Kardec se mostra incoerente
sempre que apela para a Bíblia, considerando que ele disse repetidas vezes que
nela ele não confiava.
Haverá escassez de
corpos
Inquestionavelmente, a ressurreição de
todos os mortos é uma doutrina cristã. Jesus Cristo disse que “[...] vem a hora em que todos os que estão
nos sepulcros ouvirão a Sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a
ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da
condenação” (Jô 5.28-29). Ora, se houvesse reencarnação, não haveria
ressurreição, pois que então faltariam espíritos para ocupar os corpos
ressurrectos. Raciocine: Como ressuscitar os diversos corpos que, em épocas
diferentes foram, respectivamente, animados por um único espírito? Lembre-se
ainda que no Dia da ressurreição o dito espírito poderia não se encontrar na
tal de erraticidade, da qual fala o kardecismo, mas sim, reencarnado entre nós.
E aí? O vivo morrerá para que o morto ressuscite, ou o morto (ou os mortos) não
poderá viver por escassez de espírito?
Como vimos acima, Kardec ousou dizer que
Jesus era reencarnacionista e que Ele chamava de ressurreição o que o Espiritismo chama de reencarnação. Ora, há pelo menos três razões palas quais concluo
que esse incoerente argumento não resiste a um confronto com o contexto bíblico
e com o bom senso: ele é irracional, duas vezes incoerente, hipócrita e
anticristão. E penso assim pelas seguintes razões: a) é irracional, porque basta uma pitada de bom-senso para se
perceber que quando Jesus falava da ressurreição, não tinha em mente a tal de
reencarnação. b) duas vezes
incoerente, já que Kardec recorre à Bíblia sem reconhecê-la como autoridade, e
nega a Bíblia, dizendo-se cristão. Afinal de contas, a Bíblia é ou não é
autoridade? Se sim, por que a nega? E se não, por que recorre a ela? Kardec era
ou não era cristão? c) só sendo
muito hipócrita para lançar mão de um expediente desses; e d) é claro, esse emaranhado é, sim, anticristão. Os kardecistas
nomeiam isso cristianismo, mas eu o
rotulo de barafunda.
11.16. O PRIMEIRO HOMEM
No capítulo I informei que o Kardecismo
não aceita que Adão tenha sido o primeiro homem. Mas, se a Humanidade descende
de um tronco único, como explicar as muitas raças dentro da espécie humana?
Tenho para essa objeção duas respostas: 1ª) Nem tudo é explicável. Há mistérios
que intrigam a todos nós (inclusive aos kardecistas), e a decifração do enigma
não está em dar asas à imaginação. E, pior ainda, fazer das conjecturas que daí
nascerem, dogmas que contradigam a Palavra de Deus. 2ª) O próprio Kardecismo
diz que “as diferenças físicas [...]
que caracterizam as raças humanas na Terra” originaram do “clima,
da vida e dos costumes” (O livro dos espíritos, 74 ed. capítulo
III, nº 52, p. 68. Grifo nosso).
11.17. DOS PARANORMAIS
A seguir disserto acerca de alguns casos
deveras curiosos, dos quais os reencarnacionistas se servem para consubstanciar
o dogma da reencarnação. Ei-los:
11.17.1. Da paramnésia
Já ocorreram diversos casos, em que
alguém, ao visitar um lugar pela primeira vez, se convencer de que já o
conhecia, e até dar evidências disso. Esse fenômeno, conhecido pelo nome de
“paramnésia”, tem feito com que muitos deem asas à imaginação. E enquanto
“viajam” nesses devaneios, cogitam a possibilidade de o mesmo ser a prova científica
do dogma da reencarnação. Os tais alegam que a pessoa pode estar reconhecendo o
que já havia visto numa existência anterior. Contudo, veja estas ponderações: A)
o próprio Kardec registrou acertadamente que “o Espiritismo não é da alçada da
Ciência” (O livro dos espíritos, 74
ed. p. 29). Estão, portanto, extrapolando os limites estabelecidos pela própria
codificação espírita, os que a esse expediente se reportam, intuindo um parecer
acadêmico sobre o reencarnacionismo, o qual é apenas uma questão de “fé”; B) enquanto
muitos adeptos do reencarnacionismo se servem disso, intuindo provar alguma
coisa, os que rechaçam o dogma da reencarnação, apresentam diversas possíveis
explicações para o mesmo caso. Eis alguns exemplos: a) a pessoa pode ter visitado o local quando era criancinha. O seu
consciente não reteve o fato, mas tudo fora armazenado no inconsciente; b) a pessoa pode ter visto fotos do
lugar, e nem se lembrar disso; c) Didier
Julia (filósofo e dicionarista francês) define o vocábulo paramnésia assim: “[...] perturbação da memória, caracterizada por
uma falsa ilusão de reconhecimento [...]. O fenômeno só é encontrado [...] nos
casos de confusão mental e nos delírios de perseguição” (Didier Julia. Dicionário da Filosofia. Rio de Janeiro:
Editora Larousse do Brasil. Trad. de José Américo da Motta Pessanha, 1969, p.
242). E esta é, sem dúvida, uma boa explicação para os casos de paramnésia. E,
considerando que esta conceituação consta de um dicionário de Filosofia, aqui
está uma definição acatada por Pensadores; d)
pode ser um caso de hiperestesia. Esta palavra, dependendo do contexto, designa
a suposta capacidade de ler o inconsciente de outrem. Neste caso, a pessoa
impressionada teria estado junto de alguém que já tivesse estado lá e copiado
para o seu cérebro o que jazia no do próximo. (Não estou dizendo que creio na
existência da hiperestesia, mas sim, informando que os estudiosos do fenômeno em
questão, apresentam essas e outras explicações). E tudo isso junto, nos induz a
crer que o apelar para a paramnésia a fim de consubstanciar o dogma da
reencarnação, é uma atitude rechaçada até por renomados Pensadores. Contudo, o mais
importante não é o que os eruditos dizem da paramnésia, e sim, o fato de que Jesus
deixou claro, em Lc 20.35-36; 23.43 que o reencarnacionismo é falso. E, sendo
assim, “parafraseio” Kardec nestes
termos: “Pregar a reencarnação é negar as palavras do Cristo. Um dia, porém, suas palavras, quando forem
meditadas sem ideias preconcebidas, reconhecer-se-ão autorizadas quanto a esse
ponto, bem como em relação a muitos outros”. E: “Estes versículos, não há contestar, são dos mais importantes,
do ponto de vista religioso, porquanto comprovam, sem a possibilidade do menor
equívoco, que o reencarnacionismo é ilusão”.
11.17.2. Dos gênios
Seriam os gênios espíritos comportando grande soma de
conhecimentos acumulados no decurso de numerosas existências precedentes? A
resposta é que o dogma da reencarnação é uma questão de fé, fugindo, pois, ao
escopo da Ciência, como bem o observou Kardec. Logo, busquemos entender as
crianças-prodígios e todos os gênios à luz de pesquisas dentro dos moldes da
Metodologia Científica, e não à base de especulações religiosas. E, se dessas
pesquisas não brotar resposta imediata, não inventemos moda, mas persistamos em
perquirir cientificamente. Talvez, um dia a Ciência desvende esse mistério. Mas,
decifrando-o ou não, que nos importa, se para garantirmos nossa felicidade
eterna, bastar-nos-á fugir da ira de Deus pela senda da fé e esconder sob o
sangue de Cristo?
Apressado fugi, em Jesus me escondi,
E abrigo seguro nEle achei (Hino de número 15, constante do cancioneiro Harpa Cristã, hinário oficial da
Assembleia de Deus).
Assim como algumas pessoas vêm ao Mundo
portando retardos mentais, outras podem ser superdotadas de nascença. E isso é
totalmente natural. Ademais, há pessoas aparentemente superdotadas que, de
fato, são apenas extremamente dedicadas ao estudo perspicaz e sem dispersão.
Além disso, já se comprovou cientificamente que o que a ginástica é para os
músculos, o estudo o é para o cérebro. Este se desenvolve quando forçado à assimilação
de coisas novas e complexas. Ser gênio é tão normal quanto ser alto, gordo, baixo,
magro, robusto, etc.
11.17.3. Aprender lembrando
Há os que aprendem com uma facilidade tal, que de fato
impressionam. Mas este caso é similar ao visto no tópico acima, onde
consideramos a questão dos gênios, como é o caso das crianças-prodígio. Ora, o
estudo é uma atividade psicossomática, relacionando-se com as condições físicas
e psíquicas. Logo, não precisamos apelar ao “mundo dos espíritos”, às
“encarnações anteriores” e coisas assim, para entendermos porque uns são mais
inteligentes do que outros. Esta questão pode, sim, ser totalmente material e
natural. Até porque, não raramente, deparamos com pessoas aparentemente menos
aquinhoada em termos intelectuais, cujas mentes parecem bloqueadas para
aprender Matemática, Química, Astronomia ... mas que, de repente se despontam
como grandes advogados, famosos arquitetos, escultores de peso, pintores
fenomenais, oradores inflamados, etc. Não seria precipitado considerá-las menos
prendadas? Claro que sim, já que ninguém é excelente em tudo.
***
As questões abordadas neste tópico
(11.17.1-11.17.3) são similares àquelas que já consideramos num capítulo
anterior, quando observei que o “autor destas linhas já viu animais aleijados de
nascença” E perguntei: “Será que estes também estão expiando os pecados
praticados nas encarnações anteriores?” Claro que não. Mas, pelo que me consta,
já há quem cogite isso. Por exemplo, relembro o que já vimos no capítulo IV
(4.4), a saber, que o senhor Ciamponi levantou a seguinte questão: “Assim como acontece aos homens, os animais
encarnados têm destinos bem diferentes, quando na Terra. Uns são bem tratados,
tendo lar e carinho, outros vivem nas ruas sendo chutados, famintos e sem lar.
Pode-se dizer que isso seja dívida de vidas passadas?” Ato contínuo, o senhor
Ciamponi responde: “Bela
pergunta; resposta difícil. [...]”. Por que será que ele acha difícil responder
a esta “bela pergunta”? Imagino que é porque ele não se sente a altura de
responder a esta interrogação com segurança. Contudo, Ciamponi aventurou: “Não
se pode dizer que ele sofre por causa das dívidas passadas, mas a tendência de
seu comportamento anterior deve ser de profundo interesse para a decisão dos
espíritos encarregados da missão reencarnatória”.
Ora, assim como é totalmente natural a
desigualdade entre os irracionais, devemos encarar como normal as diferenças
entre os humanos. Eu disse acima (11.4), que “a natureza está amaldiçoada (Gn
3.17; Rm 8.19-23); e agora, só nos resta aguentarmos o rojão até que a redenção
do nosso corpo, bem como a de todo o Universo, se concretize (Rm 8.23). E esta
redenção só é possível mediante o sangue de Jesus (Ef 1.7)”. Logo, advirto: Se
você, deveras, não quer dar com os burros n’água, não by-pass a cruz que foi
fincada no cimo do Calvário, no alto da qual Cristo abriu o único Caminho de
regresso ao Pai, o qual é o “Cordeiro imolado no Altar” da cruz __
Jesus (Jo 14.6).
CAPÍULO XII
NÃO TROQUE O CERTO PELO DUVIDOSO
Bem, depois de tantas incoerências
encontradas no Kardecismo, ficou mais que evidente que ninguém pode ser cristão
e kardecista simultaneamente. Não é possível crer na Bíblia e nos escritos de
Kardec a um só tempo. Kardec sabia disso, e ele realmente não cria nessas duas
coisas. Ele tentou esconder isso e
mostrar isso ao mesmo tempo, mas acabou se expondo ao ridículo aos olhos
dos bons observadores, como é o caso deste autor. E porventura, um
inescrupuloso da laia de Kardec, merece ser reconhecido como Mestre amado,
pensador arrojado e metódico, benfeitor da Humanidade, etc., como injustamente
o louvam os kardecistas? Por acaso, não provei cabalmente que Kardec era
sofismático? Mas, talvez você ainda tenha algumas dúvidas. Neste caso, não
troque o certo pelo duvidoso; antes, siga as orientações a seguir sugeridas:
12.1. POR QUE SER ESPÍRITA?
Você tem pelo menos dois bons motivos
para não ser espírita: a) o Espiritismo prega que ninguém será condenado
eternamente. Logo, todos nós seremos salvos, independente de sermos ou não
espíritas. Ora, o supérfluo pode ser descartado sem problema algum; b) e,
considerando essa superfluidade do Espiritismo, não hesitemos de nos poupar de envolvermo-nos
com algo tão incerto quanto desnecessário. Sim, incerto, já que o Kardecismo não se responsabiliza por nenhuma
comunicação mediúnica, confessando que ter certeza de que o espírito falante é
mesmo a pessoa que ele diz ser, é algo fácil, difícil e impossível; e desnecessário, pois assegura a
universalidade da salvação (isto é, que todos seremos salvos), inevitavelmente.
12.2. OPTE PELO SANGUE DE JESUS
É Preferível confiar no sangue de Jesus,
a crer em reencarnação.
Pense : Se de fato existe reencarnação, por ela eu passarei
inevitavelmente, visto que, segundo os kardecistas eu não preciso crer em coisa
alguma para me reencarnar. Para eu me reencarnar basta-me a morte. O mesmo,
porém, não se dá com a salvação em Cristo. De acordo com a Bíblia, se eu não me
“esconder” sob o sangue de Jesus nesta vida, serei um eterno desgraçado no Além.
Deste modo, em caso de dúvida, opte pelo sangue de Cristo. Isso é uma questão
de inteligência.
12.3. A EMPÍRICA PRESENÇA DE DEUS
Quando cremos em Cristo dentro dos
moldes bíblicos (isto é, que ele é Deus; que Seu sangue purifica de todo
pecado; e que Seus mandamentos estão contidos na infalível Bíblia) recebemos um
gozo glorioso e inexplicável (1Pe 1.8). Não seria isto o cumprimento da
promessa que Jesus nos fez, de nos dar outro Consolador (isto é, o Espírito
Santo), se nEle crêssemos segundo a Escritura? (Cf.: Jo
7.38-39; 14. 16). João Batista recebeu o Espírito Santo antes de nascer, e, por
isto, pulou de alegria no
ventre de sua mãe (Lc 1.15,44). E já que nós, os cristãos bíblicos, sentimos a
mesma alegria que João sentiu quando ainda estava no ventre, não seria isto uma
prova tangível de que o Cristianismo é real e verdadeiro? Não prova isso que estamos
no Caminho certo? A experiência da qual lhe falo é empírica, pois de fato é
pessoal e intransferível, mas saiba que não é menos real do que empírica. E
posso garantir que a mesma é comum aos salvos; é privilégio exclusivo destes; e
que os que ainda não se converteram ao verdadeiro Evangelho não sabem o que
estão perdendo. Você também quer sentir o consolo do Espírito Santo? Então,
peça-o a Cristo já, e receba-o agora. Se você pedir com fé e contrição, Deus
lhe fará sentir Sua presença, traduzida numa alegria indizível, agora. Uma
alegria diferente de tudo que você já sentiu, tornar-se-á real na sua vida
neste exato memento. Ore. Tente. Converse com Jesus sobre isso. Diga a Ele que
se isso é verdade, então você também quer sentir. Vamos! Abra o seu coração!
Ore!
12.4. VOCÊ ESTÁ SEGURO DISSO?
Para que se ceda o corpo a um espírito
que se diz, por exemplo, o da mãe de um consulente, ter-se-á que assegurar de
não estar sendo enganado. E, como vimos em 9.5, Kardec reconheceu que não é
possível se certificar com precisão e invariável inerrância da identidade dos
espíritos. Ora, quando se soma a proibição bíblica à prática da mediunidade, às
incertezas espíritas, porventura não se chega ao resultado de que é preferível
não se envolver com isso?
12.5. UMA INFALÍVEL RECEITA
Seja um cristão de verdade e você jamais
receberá espírito de “defunto”. Por exiguidade de espaço, dou apenas duas
provas disso: a) o fato de que não encontramos em toda a Bíblia nenhum servo de
Deus incorporando as almas dos mortos. Não é isto digno de nota? b) o livro Nos bastidores dos espíritos narra a
história da conversão do senhor Héber Soares, o qual, por ser católico, e,
portanto, não se simpatizar com o Espiritismo, recusou por longo tempo a
proposta de um espírito que se lhe aparecia, dizendo-lhe que ele (Héber Soares)
havia sido eleito para uma grande e sublime Missão de caridade. Mas Soares teve
que ceder aos apelos do dito espírito, pois percebeu, após passar por diversos reveses,
que se não assentisse aos assédios do dito cujo, iria a óbito por acidente ou
por loucura. Então passou a incorporar um espírito que, usando suas mãos, realizava
nos que aceitavam se valer desse expediente, cirurgias diversas, o que o tornou
famoso no Brasil e no exterior. Os jornais da década de sessenta do século
passado, amiudadamente estampavam notícias como estas:
Médium amazonense que já curou 85 mil
pessoas está na Guanabara (Caio Fábio. Nos
bastidores dos espíritos. Niterói: Produção independente. 2 Ed., 1986. Capa);
Centenas de pessoas buscam e obtêm diariamente
na casa de HÉBER SOARES a cura que a Ciência humana lhes negou (Ibid.);
Médium repete em Manaus os fenômenos
de Zé Arigó (Ibid.).
Mas, num belo dia, Soares creu no
verdadeiro Evangelho, e recebeu a Jesus como seu Senhor e Salvador pessoal! E nem
preciso dizer que esse passo marcou o fim da atuação do “espírito de luz” que
por tanto tempo o escravizara nas trevas.
EPÍLOGO
Nem
todas as heresias kardecianas são abordadas neste livro; mas as que aqui
catalogo, refuto academicamente.
Creio que provei o que asseverei no Prólogo
e na quarta capa, a saber, que a
asserção kardeciana de que “O
Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa” (O Evangelho
Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. 109
Ed., 1994, p. 47) não sobrevive a uma análise séria e imparcial. De fato, embora
mui respeitosamente, não me parece exorbitante e jactancioso asseverar que
desmascarei o Kardecismo, expondo suas incoerências e refutando-as com cadência.
Sim, a incoerente “dogmática” kardeciana é diametralmente oposta ao genuíno
Cristianismo. São, pois, felizes os autores dos fragmentos abaixo pinçados:
A macumba é o veneno para os que
querem morrer [...]. Todavia, o espiritismo kardecista é o jantar gostoso que
se serve ao homem que ama a vida e que não deseja morrer. Ambas são estratégias
do diabo para atingir pessoas diferentes. Com a macumba, ele oferece veneno aos
desesperados. Com o espiritismo, um jantar envenenado aos bem-intencionados. (Nos bastidores dos espíritos. Op. cit. p.
68).
Espiritismo:
Fraude cativante. (Rafael
Gason, ex-espírita convertido à fé evangélica).
Fraude cativante é o título de um livro (ver
detalhes na Bibliografia de [referência], no final deste livro) de autoria do
irmão Rafael Gason, no qual este autor descreve a sua trajetória das trevas
para a luz, ou seja, dá o maravilhoso testemunho de sua conversão ao verdadeiro
Evangelho. Gason era um famoso adepto do Espiritismo Europeu, mais conhecido
por Espiritualismo, e atuava na
Inglaterra, sua terra-natal.
Aspiro ardentemente que o conhecimento
dessa triste história real o livre da desdita de crer nO Evangelho Segundo o Espiritismo.
Embora o presente livro priorize o
Kardecismo, certamente está claro ao leitor que o mesmo pode levar luz a todos
os espíritas (umbandistas, candomblecistas, legionários da boa vontade, etc.),
já que a Bíblia __ e, por conseguinte, o Cristianismo clássico __
é rejeitada por todas as correntes espiritistas. Este livro pode, também, como
já visto, ser útil aos católicos e outros simpatizantes do Espiritismo. E não
me parece exagerado dizer que os evangélicos têm aqui um forte companheiro no
labor evangelístico. Recomende-o, pois, irmão, aos seus amigos e irmãos em Cristo. Use esta obra
como livro-texto na Escola Dominical e em Seminários Semanais
nas igrejas e nas instituições teológicas. Baseando-se neste Tratado, dê
palestras nas igrejas, nas faculdades, nos retiros espirituais, etc. Convide
seus parentes, visinhos, amigos, etc., para estudarem juntos, este livro.
Nestes casos, é importante que cada participante tenha um exemplar deste
Tratado.
Estudar este livro na Escola Dominical?
Sim. Por que não? Considerando que o Preâmbulo deste livro tem material
suficiente para se intitular Capítulo I,
podemos dizer que, de certo modo, este livro é constituído de treze capítulos. Ora, num trimestre há
exatamente treze domingos. Poucos
são os trimestres com catorze domingos.
Finalmente, dou a redação deste livro
por concluída, entregando-o ao usufruto e juízo do público ledor. E desde já,
agradeço aos que me conferirem a generosa honra de compulsar estas singelas
páginas.
Quanto
aos inevitáveis frutos espirituais que este livro pode render ao Reino de Deus,
vê-los-emos na eternidade.
P.S.: Prezado leitor, dê-me o prazer de
encontrá-lo no Céu! Sentir-me-ei bem recompensado se estas linhas contribuírem
para a sua salvação. Dispa-se dos preconceitos! Renegue a paixão pelo erro!
Se você é espírita, saiba que o seu
envolvimento com o poder das trevas o tornou muito íntimo de Satanás. Por isso,
é de se esperar que tão logo ele note que Deus lhe abriu os olhos do
entendimento, e que você deseja trocá-lo por Cristo, que ele faça algo para não
perder a presa. Certamente que ele tentará até mesmo matá-lo. Porém, não o
tema. Ore mais ou menos assim: “Senhor
Jesus, cobre-me com o Teu sangue! Perdoa os meus pecados mediante o Teu
sacrifício na cruz! Salva a minha alma!”. Diga a Satã e a todos os
demônios: “Saiam em nome de Jesus”.
Fique firme na fé. Não desista da jornada rumo ao Céu! Ver-nos-emos na Casa do
Pai! Até lá, na Paz do Senhor!
BIBLIOGRAFIA:
I
–Obras (livros, revistas, jornais) espíritas:
Allan Kardec, livros de:
_____O
livro dos espíritos
_____O
livro dos médiuns
_____O
evangelho segundo o espiritismo
_____O
céu e o inferno
_____A
gênese
_____O
que é o espiritismo
_____A
prece segundo o evangelho
_____Obras
póstumas
Outros autores espíritas:
CALLIGARIS,
Rodolfo. Páginas de espiritismo cristão
PIRES,
J. Herculano. Visão espírita da Bíblia
XAVIER,
Francisco de Paula Cândido (Chico Xavier). O consolador
XAVIER,
Francisco de Paula Cândido (Chico Xavier). Vozes da outra margem
Periódicos espíritas:
O
reformador (revista
editada pela Federação Espírita Brasileira)
Revista
internacional de espiritismo
(revista editada pela Casa
Editora
O Clarim)
Jornal
espírita –
(periódico editado pela Federação Espírita do Estado de São Paulo. Diversos
exemplares)
Visão
espírita (revista
espiritista editada pela SEDA Produções)
II
- Livros evangélicos e outros
ALMEIDA,
Abraão de. O sábado, a Lei e a graça. Rio de Janeiro:
CPAD. 1980.
BATTISTINI
(Frei). A igreja do Deus vivo. Petrópolis: Editora
Vozes, 33 Ed., 2001.
BETTENCOURT,
Estêvão. Católicos perguntam. São
Paulo: O
Mensageiro de Santo Antônio. 7 Ed.,
1997.
______Crenças, religiões, igrejas & seitas:
quem são? São Paulo: O
Mensageiro de Santo Antônio. 6 Ed.,
2003.
Bíblia - Várias versões, e inclusive
diversas Bíblias de estudo, tanto
católicas quanto evangélicas.
BOYER,
Orlando S. Pequena enciclopédia bíblica.
Flórida: Editora Vida. 10 Ed. 1986.
CABRAL,
J. Religiões, seitas e heresias. Rio de Janeiro: Editora e
Gráfica Universal. 4 Ed. 2000.
CARUSO,
Elizabeth. Axé. Das trevas para a luz. Rio de Janeiro:
Editora e Gráfica Universal, 1994.
Catecismo
da Igreja Católica.
Petrópolis: Editora Vozes. 1 Ed. 1993.
Compêndio
do catecismo da Igreja Católica.
Ipiranga: Edições
Loyola, 1 Ed. 2005.
Compêndio
do Vaticano II. Petrópolis:
Editora Vozes, 29 Ed. 2000.
COSTA,
Jefferson Magno da. As grandes defesas do Cristianismo.
Rio de Janeiro: CPAD. 4 Ed. 1994.
FÁBIO,
Caio. O espiritismo segundo o Evangelho.
______Nos bastidores dos espíritos. Rio de
Janeiro/RJ. Produção
independente.
2 Ed. 1986.
GASON,
Rafael. Espiritismo: fraude cativante. Rio de Janeiro:
Emprevan Editora, tradução de Edgar S.
da Cunha, 1 Ed.
1969.
HOLANDA
FERREIRA, Aurélio Buarque de. Rio de Janeiro: Novo
dicionário
Aurélio. 1 Ed. 14ª
impressão. Editora Nova
Fronteira S.A.
JUSTUS,
Amilto. Vinte razões porque não sou testemunha-de-jeová.
Curitiba:
A. D. Santos e CIA Ltda. 8 Ed.
KLOPPENBURG, Boaventura (Frei). Espiritismo.
Orientação para
os
católicos. São Paulo: Edições Loyola. 7 Ed., 2002.
LIGÓRIO,
Afonso Maria de. (“Santo” católico). Glórias de Maria.
Aparecida: Editora Santuário,
14 Ed. 2005.
LIMA,
Delcyr de Souza. Analisando crenças espíritas e
umbandistas. Rio de
Janeiro: JUERP, 4 Ed.
1979.
MATHER,
George A; e NICHOLS, Larry A. Dicionário de religiões,
crenças
e ocultismo. São
Paulo: Editora Vida, 2000.
Mensageiro
da paz (Periódico
evangélico). Rio de Janeiro: CPAD.
Órgão oficial das Assembleias de
Deus no Brasil.
OLIVEIRA,
Raimundo F. de. Seitas e heresias, um sinal dos tempos.
Rio de Janeiro: CPAD, 1994.
KOOGAN,
Abrahão/HOUAISS, Antônio. Enciclopédia e
Dicionário. Rio de Janeiro:Editora Guanabara
Koogan, 1993.
Série
Apologética.
Jundiaí: ICP_ Instituto Cristão de Pesquisas. 1 Ed.
2002, Volumes I, II, IV e V.
SOARES,
R. R.. Os falsos profetas. Rio de Janeiro:Graça Editorial,
1985.
WELDON,
John; ANKERBERG, John. Os fatos sobre os espíritos
guias. Porto Alegre: Obra Missionária
Chamada da Meia-
Noite, 1996.
_______Os
fatos sobre a vida após a morte. Porto
Alegre. Obra
Missionária Chamada da
Meia-Noite, 1997.
O Espiritismo Kardecista prega a
“boa-nova” de que “ninguém será condenado
eternamente! Mais cedo ou mais tarde, todos, sem exceção alguma, seremos
salvos! Um dia, todos atingiremos a perfeição moral e intelectual, e, então,
viveremos felizes para sempre!” E, como alcançar essa tão desejada
felicidade eterna com Deus (alvo este que, segundo o Kardecismo, não se atinge
sem o nosso concurso, nem tampouco à parte de inúmeras reencarnações),
constitui o que podemos chamar de O
Evangelho dos Kardecistas, o qual está fundamentado em oito livros. Os
adeptos dessa religião fazem ecoar em todos os rincões do mundo, que: “esse ensino não desdenha o sacrifício de Jesus, não colide com a razão, se
harmoniza com a justiça de Deus, foi confirmado por espíritos superiores, e se
calca nas palavras de Jesus Cristo”. O mentor dessa dogmática, cujo
pseudônimo é Allan Kardec, chegou a dizer que “O Cristianismo e o
Espiritismo ensinam a mesma coisa” (O
Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: Federação Espírita
Brasileira. 109 Ed., 1994, p. 47). Porém,
nestas linhas questiono o mérito dessas alegações. E o faço à luz da razão
pura, sem, sequer, recorrer à Bíblia, como tira-teimas. Realmente, creio que a
Bíblia é a infalível Palavra de Deus, mas não me valho dela neste livro. Sim,
foge ao escopo deste trabalho, fazer apologias à Bíblia. E uma de minhas razões
para isso, reside no fato de que, considerando que por ora me limito a trazer à
baila as incoerências kardecianas, então o bom-senso nos basta.
O autor
1) Analisando
a congregação cristã no Brasil; 2)
Análise bíblica do catolicismo romano; 3) Análise
da “cristologia” dos testemunhas-de-jeová;
4) A
teoria da evolução à luz da Bíblia, da ciência e da razão; 5)
A “Virgem” Maria é uma deusa?; 6)
Evangelismo e discipulado; 7) Igreja
Adventista do Sétimo Dia: que seita é essa?; 8) Igreja Messiânica: que
seita é essa? 9) Igreja mórmon: que seita é essa?; 10)
Lições soteriológicas; 11) O culto a Maria à luz da Bíblia e da História;
12) Pode um cristão ser
maçom?; 13) considerando as doutrinas da Igreja Católica na Escola Dominical; 14)
Sinopse escatológica em ordem cronológica;
15) Só 144.000 vão morar no céu? (Esgotado); 16) Testemunhas de Jeová __
que seita é essa?; 17) Transfusão de sangue não é pecado
(Esgotado);
DADOS DO AUTOR
O
autor pertence à Assembleia de Deus de Angra dos Reis/RJ e colou os seguintes
graus de teólogo: 1) Bacharelado (livre); 2) Bacharelado (meciano); e 3) Mestre
Honoris Causa. Ademais, é acadêmico de Letras, Professor de Teologia,
conferencista, apologista da fé cristã, e autor de 18 títulos, dos quais, o
presente livro é o décimo a vir a lume.